TERRITÓRIOS DO CINEMA. REPRESENTAÇÕES E PAISAGENS DA PÓS-MODERNIDADE

TERRITÓRIOS DO CINEMA. REPRESENTAÇÕES E PAISAGENS DA PÓS-MODERNIDADE

Fátima Velez de Castro
João Luís J. Fernandes
(Coordinadores)

Universidade de Coimbra

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Geografia, a Literatura e o Cinema – olhares cruzados. A Selva – Ferreira de Castro (1929) e  Fitzcarraldo- Werner Herzog (1982)

Fernanda Cravidão
CEGOT
Departamento de Geografia e Turismo
Universidade de Coimbra
cravidao@fl.uc.pt

Tiago Cravidão
Realizador Largo Filmes tcravidao@hotmail.com

“Eu devia este livro a essa majestade verde, soberba, enigmática que é a selva amazónica, pelo muito que nela sofri durante os primeiros anos da minha adolescência [...] E devia-o sobretudo aos anónimos desbravadores, que viriam a ser meus companheiros , meus irmãos gente humilde que me antecedeu , gente sem crónica definitiva, que A’ extração da borracha entregava a sua fome , a sua liberdade e a sua existência. [...] A luta dos cearenses e maranhenses nas florestas da amazónia é uma epopeia de que não ajuíza quem, no resto do mundo, se deixa conduzir, veloz e como- damente num automóvel com rodas de borracha – da borracha que esses homens, humildemente heroicos, tiram a selva misteriosa e implacável” Ferreira de Castro (1929)

Breve nota introdutória

Os estudos de obras literárias sob a perspectiva da geografia não são recen- tes. Desde os anos de 40 do seculo XX que geógrafos franceses, começaram a consolidar linhas de investigação neste domínio. Nessa época emergem para retratar aspetos geográficos em romances, contos, poesias e crônicas. Trata-se, no essencial e como afirma Claval (1999.) de trabalhos onde a literatura é uma fonte de questões, sobretudo, de natureza social.
Os anos 70, 80 do seculo passado, quer pelas alterações na relações politicas, sociais e económicas, no contexto mundial, quer pela assunção dos movimentos ecológicos, do desenvolvimento tecnológico e pela progressiva valorização da cultura, surgem novas interpretações, onde espaço-lugar-cultura-significado- -identidade e cotidiano corporizam, como centro de análise, o ser humano.
Segundo Corrêa e Rosendahl (2003) a nova Geografia Cultural que daqui emerge no início da década de 1990, “vive” uma grande efervescência na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil…” A geografia e a literatura inscrevem-se nessa corrente de pensamento. Uma busca de novos paradigmas que respondam e correspondam às exigências da sociedade atual, como também a de redefinir conceitos, elaborar e organizar sistemas explicativos.
Cosgrove (2003) salienta que para essa Geografia a cultura ocupa uma nova centralidade devido ao seu empenho de compreender o mundo vivido de grupos humanos. Esse pensamento é compartilhado por Mello (1990, p.92), quando assim assinala: “com base na experiência vivida a Geografia Humanística interpreta o sentimento e o entendimento dos seres humanos a respeito do espaço e do lugar”.
Portugal não fica completamente alheio deste movimento. A investigação geográfica, tendo por base a produção literária, teve em Amorim Girão e Orlado Ribeiro geógrafos percursores. Porém a ligação com o cinema é mais recente.
De facto o geografo não tem a exclusividade do território. Outros o lêem, o descrevem, o cantam, o pintam, o filmam, o tocam...O geógrafo deve saber utilizar estas e outras formas de o olhar, para assim melhor o reflectir, melhor o entender, melhor o explicar.

È indiscutível que o campo da Geografia é a paisagem ou espaço em sentido genérico, mas tal como afirma P. Claval (1987), ”não nos devemos esquecer que a Geografia Humana não resolve os problemas que a descrição do mundo levanta, senão com condições de fazer um grande percurso pela abstracção”.
Será que nos é difícil reconhecer que os escritores, os poetas,  os cineastas,
os escultores, os pintores poderão ser à sua maneira geógrafos. Como afirma R. Jacinto (1995), “quando lemos algumas obras, consultamos certas monografias ou contemplamos certos quadros, somos levados a pensar que a produção geográfica pode não ser exclusiva dos encartados no ofício de geógrafo. Serão aquelas obras meros instrumentos de consulta e contemplação ou corresponderão a outros modos de exprimir a mesma realidade, embora utilizando métodos e seguindo regras diferentes para analisar o mesmo objeto?”
E o Cinema não será ele também uma fonte onde o geógrafo pode encontrar
outros olhares dos territórios. Dos territórios físicos, dos territórios sociais., dos territórios culturais.…Como afirma M.H. Costa (2006) “Através do texto e da linguagem, o espaço fílmico auxilia na interpretação da realidade, das espacialidades presentes na realidade concreta conectando-as aos indivíduos. O espaço geográfico no filme é assim imagem e símbolo que, a um só tempo, “molda” nossa visão do mundo em geral e do espaço em particular (re) produzindo a “verdade” do lugar”.
No mesmo sentido situam-se Stephen Daniels e Denis Cosgrove (1988)
chegam a conclusão similar no seu trabalho sobre a ideia de paisagem consi- derando-a uma imagem cultural que estrutura e simboliza os lugares.
Sendo parte da realidade, como poderia o filme ser apenas uma cópia dela? Filmes não são mais que signos culturais do mundo real. Por isto a persis- tência na correspondência ou interligação entre a realidade espacial (aquela que existe ou, presumidamente, faz parte do mundo físico, real) e a imagem da realidade revelada através das imagens culturais que influenciam as atitudes dos elementos e objetos que interagem no mundo real.
Um exemplo desta cumplicidade, entre o espaço fílmico e o espaço geográfico é o trabalho do realizador alemão Win Wendwers que pode ser considerado um cineasta de cidades. Um dos seus filmes chama-se mesmo Alice nas Cidades (1974). Através dele podemos percorrer os lugares, “inventariar a estranheza inevitável e as surpreendentes intimidades que passam entre os seus habitantes, a sua luz e os seus sons [...] são memórias cruzadas de um cineasta para quem o gesto de filmar se enraíza numa geografia feita de mapas puramente interiores, porventura secretos” (Arnaldo Saraiva,1995).
Se procurar-mos a mais recente produção cinematográfica portuguesa
deparamos, também, com um conjunto de fitas cujas histórias se centram em fenómenos que tem atravessado a sociedade portuguesa: a e/imigração, o êxodo rural, a guerra colonial, o desemprego, a exclusão social.
Neste vasto cenário, para continuar a utilizar uma linguagem cinemato- gráfica, a literatura e o cinema podem nem sempre ter o papel principal, mas seguramente constituem uma fonte inesgotável de investigação geográfica.

Cinema e Literatura – o lugar da Geografia

Este texto cruza-se com literatura através da obra de Ferreira de Castro A Selva-, e com o cinema através do filme Fitzcarraldo do realizador Werner Herzog, (1982) Têm como território de referência a mesma Selva Amazónica e como traço comum o Sonho. Sonhos diferentes, mas que se entrelaçam na relação quase utópica com a Floresta. Enquanto na obra de F. de Castro a sel- va é simultaneamente lugar de produzir riqueza e miséria humana, o cineasta Herzog traz-nos para o ecrã a utopia de um melómano que contra a corrente transporta a “Europa” de Manaus para Iquitos. Ao cortar a floresta para fazer transportar o barco Molly Aida entra numa luta balizada pelo ritmo das chuvas, seis em seis meses, uma batalha constante com a malaria, com os autóctones, com a selva. Só neste lugar este livro e este filme fazem sentido.
Dois modos de ler a selva amazónica que se completam.“A ideia operática da tarefa impossível, do mito maior que o Homem, instila-se neste filme através da cons- trução de um ambiente irreal. Ambiente assegurado pelo décor, pelo difícil quotidiano das filmagens, pela representação teatralizada, pela música, e pelo ator principal”. (T. Cravidão, 2012) Tal como na Selva. Os seringueiros subiam o rio na ilusão de um dia o descerem ricos, barões da borracha, principal personagem de Werner Herzog. Mas também eles encontraram um ambiente irreal. Nunca pensado.

Ferreira de Castro nasceu no concelho de Oliveira de Azeméis (1898 - 1974) e toda a sua obra é profundamente marcada pela pobreza em que viveu devido à morte prematura de seu pai. A emigração para um seringal da Amazónia foi o percurso escolhido. Igual a muitos milhares de portugueses que “viam” naquela região brasileira o território sonhado, ficcionado.
A partir da sua linguagem simples, sem artifícios ao nível da narrativa téc- nica, é possível descodificar o seu texto e fazer dela quase um mapa. Um mapa geográfico, onde se vê a paisagem, se retrata a floresta, se lhe sente o cheiro, se leem as cores, se representam os lugares, se deslocam as personagens. Onde se ouvem as conversas, os encantos e os desencantos. Por outro lado é um autor que retrata o país. Na sua vasta obra teve a preocupação de dar ao povo o pri- meiro plano e oferece à investigação esse mesmo povo como elemento principal, vivo e participante. Aquele que emigra para o Brasil e se embrenha na floresta e é por ela quantas vezes sufocadas (A Selva); o jornaleiro contrabandista que sofre nas terras do Barroso (Terra Fria) ou o trabalhador agrícola que já casado e com a filha em idade de casar emigra para o Brasil e volta de lá mais pobre e sem mulher (Emigrantes).
E também porque só, viveu o inquietante mundo quando emigrou para Amazónia, em 1911, com pouco mais de 12 anos de idade, para trabalhar num seringal, dotaria José Maria Ferreira de Castro da capacidade de mostrar todo esse universo. “Teve uma aprendizagem pouco comum entre escritores portugueses: foi seringueiro no Brasil, o que significa pouco mais que escravo numa plantação de borracha.”
A Selva foi escrita de 9 de abril a 29 de novembro de 1929.Quase 15 anos
passados depois de ter abandonado o Brasil.
“Foi à uma hora da noite, noite densa, quente e húmida de 28 de Setembro de 1914, que parti do seringal onde decorre este livro, la longe nas margens escalavradas do madeira [...]”.Ainda disse adeus com um lenço mas ninguém me respondeu “Eu tinha então dezasseis anos e dos quatro que passar ali, não houve um só dia em que não desejasse evadir-me para a cidade. Libertar-me da selva, tomar o barco e fugir, fugir de qualquer forma, mas fugir”( p.18). “E agora que [...] que a cadeia abria as suas portas, que os dementados ramos das árvores deixavam de se emaranhar sobre o meu destino eu partia desejando ficar…havia-me apaixonado pela única rapariga que existia, como um brinde inverosímil, em toda a enorme extensão do seringal Paraiso” p.19.
O filme Fitzcarraldo data de 1982 mas reporta-se ao início do seculo XX
(1901/02) época em que Manaus ainda conservava muito do seu esplendor de- vido a exploração da borracha. A mesma borracha que tinha levado Ferreira de Castro aquele lugar. Onde se morria de malaria. Onde a solidão era companhia permanente e a que Ferreira de Castro chamou Paraíso.

A Selva – geografia (s) e a ficção

O Brasil desde há muito que constitui um espaço de chegada da popula- ção de quase todo o Mundo. Os portugueses integram, também, esta grande diáspora que transformou o Brasil num mosaico de culturas que tem a uni-las a mesma língua. O Brasil foi e é um território mítico, um espaço de ficção. Não foram suficientes as inúmeras publicações que atravessaram todo o século XX para desmistificar o mito que as terras brasileiras ainda hoje representam no imaginário de muitos portugueses. Porem, a selva amazónica é ainda hoje para o mundo e para o Brasil um espaço mítico, místico, ficcionado. È certo que a estas imagens não é alheio o papel da cultura da borracha, que durante anos permitiu enriquecimento fácil. Os barões da borracha transformaram Belém do Pará numa cosmopolita cidade quase a beira do Atlântico. Perto da Europa. Para Ferreira de Castro, Belém é sempre o ponto de partida e quase sempre o cais de chegada.
Em Fitzcarraldo Manaus, é o centro. Em plena Amazónia, declara-se aos sons de Caruso ou Puccini parecendo o que não é. O teatro Amazonas, inau- gurado em 1896, constitui mais um alicerce para dar corpo a esse espaço de ficção que é a Selva. Ainda hoje quando se chega a esta cidade e, sobretudo, quando iniciamos a subida da longa escadaria que nos leva ao interior do teatro nos quedamos perplexos. Com aquela construção, naquele lugar. Como se de repente Fitzcarraldo nos acompanhasse na visita. Como de repente o Atlântico não existisse e a Itália estivesse ali. A Selva de Ferreira de Castro permite, tam- bém, estas viagens nos diferentes tempos. Permite perceber como aquele espaço geográfico contem tudo, ou quase tudo, para se transformar num território de ficção. Um cenário cinematográfico cheio de contradições. De paradoxos. Como no filme de Herzog. Como na narrativa de Castro.

Do espaço sonhado ao espaço real

Todos os territórios migratórios são, também, territórios imaginados, fic- cionados.
“Palavra mágica, o Brasil exercia ali, um perene sortilégio e só a sua evocação era motivo de visões esplendorosas, de opulência, deslumbramento e vidas liberadas” afirma Ferreira de Castro.
“Quando desembarcara em Belém, ido de Portugal, a borracha ainda tinha altas cotações e exercia profundo sortilégio sobretudo sobre aqueles que davam ao dinheiro a maior representação da vida […] Muitos dos empregados de comercio, vendo a pequenez dos seus ordenados […] desertavam dos escritórios e dos balcões tentando essas estradas liquidas que cortavam a selva imensa […].Era então a amazónia um imã na terra brasileira e para ela convergiam copiosas ambições dos quarto pontos cardeias, porque a riqueza se apresentava de fácil posse […]. Com os rebanhos idos do sertão do Noroeste demandavam a selva exuberante todos os aventureiros que buscavam pepitas de ouro ao longo dos caminhos do mundo E como não era na brenha espessa que se encontrava, para os ligeiros de consciência, a aurífera jazida, quedavam-se ladinos em Belém e Manaus, a traficar com o esforço mitológico dos que entre os perigos, se entregavam a extração da borracha”. Fora assim que o seu tio enriquecera e já tinha duas quintas em Portugal. “aos que desbastavam a saúde a vida no centro da floresta , vendiam por cinquenta o que custava  dez e compravam por dez o que valia cinquenta. E quando o ingénuo conseguia triunfar de toda essa espoliação e descia, sorridente, e perturbado pelo contacto com o mundo urbano, a caminho da terra nativa […] la estava Macedo(emigrante português) com os colegas e as suas hospedarias , que o haviam explorado na subida e agora o exploravam muito mais ainda […]” De um dia para o outro o seringueiro de “saldo” via-se sem nada e sem saber como o haviam despojado. De novo pobre, com a família e a terra a atraírem-no de longe ele sufocava …e regressava ao seringal, tão miserável como na primeira hora em que lá aportara. “Todos os cais de Belém a Manaus falavam desse dramas anónimos dos logros feitos à agente rude que ia desbravando, com desconhecido e heroísmo a selva densa e feroz”. Nestas paginas Ferreira de Castro mostra-nos várias Selvas. A Selva do ponto de vista biogeográfico e a selva enquanto palco de relações sociais. A selva “paraíso” dos sonhos, como ele escreve. Tal como para Fitzcarraldo. O sonho transportado pelo Molly Aida . Por terra! Ao som da música, quase hipnótica, que se alongava rio acima.
Ao longo do filme é possível perceber, os rios e a importância dos mapas,
o que a floresta permite ver e o que esconde. E se as imagens de Herzog o mostram, Ferreira de Cadastro descreve-o: “Na subida lenta […] se os olhos se dirigiam para  frente ,  a saída tornava-se tão misteriosa quanto fora a entrada-
-tudo selva, selva por toda a parte fechando o horizonte do monstro liquido … os olhos inexperientes não encontravam referencias nessas margens sempre iguais
, na vegetação que se repetia, na espécie , no entrelaçado, despersonalizando o individuo em prol do conjunto, único que ali se impunha. Cada curva perecia outra curva, cada reta com a reta antecedente […] o espirito quedava-se” já passei aqui ou é primeira vez que aqui passo? (pag. 66). Muitas vezes (…) tornava-os necessário andar da margem direita para a margem esquerda, no centro do rio ou juntinho a terra, porque o canal tinha caprichos de serpente e era versátil como uma a mulher.
Em Fitzcarraldo  o corpo de Klaus Kinski fala, também,  outra linguagem:
a linguagem dos corpos que exprimem uma vontade sobre-humana. Corpos que não são amaciados pelas convenções dos estados, nem pelos pudores de Deus. Corpos com pontos fracos e fortes noutros sítios. Corpos-rio. Que ora se deixam ir serenamente, ora se agigantam sobre os obstáculos para os tragar sem misericórdia. Sempre e sempre em direção do mar. (T. Cravidão, 2012). Como o Amazonas, veia principal desse corpo gigantesco que é a Selva.

Em síntese

A geografia é uma das pontes que liga estes territórios onde a ficção e o real se cruzam. O rio imenso. A viagem. A exploração humana. Sempre dependen- tes da subida ou da descida do nível das águas. Sempre de seis em seis meses. Como é o ciclo das chuvas àquelas latitudes. Ontem como hoje. A (s) luta (s) entre o Homem e Natureza, que não perdoa. O encontro ou o desencontro com o outro. Estas duas obras quase separadas por um seculo mostram como a geografia, o cinema e a literatura se aproximam no olhar que é simultaneamente utópico e visceral sobre o Floresta.

Referências bibliograficas.

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