Óscar Crespo Argibay e Joám Evans Pim
Instituto Galego de Estudos de Segurança Internacional e da Paz
argibay@igesip.org | evans@igesip.org
Introdução
A “ciência pura”, é dizer, aquela que se topa em um maior grau de
consanguinidade com a linguagem matemática, obtendo de esta a sua metodologia na
elaboração de modelos adquire um nível de precisão e objectividade que
dificilmente podem alcançar as disciplinas do nunca bem delimitado orbe
humanístico, as quais sempre se têm movido em uma nebulosa de indefinição, sendo
que as suas propostas em muitos casos acabam por se contradizer. É portanto que
se faz necessário um aproveitamento de esta potencialidade fornecida por uma
linguagem rígida e precisa, mas não se deve cair na tentação da divagação
metafísica, enfermidade da qual a “ciência pura” tem estado adoecida desde o
mesmo momento em que se iniciou o processo de formalização da matemática. E é
precisamente este o perigo que se corre quando se abandona o proceder do que
tradicionalmente se conhece coma método científico, ou o que é o mesmo, o guião
das três etapas que levam à elaboração de uma teoria: A observação, a
experimentação, e por último a inferência de uma regra ou lei de carácter
matemático. Método que é garante da objectividade que sempre tem qualificado o
discorrer científico, na medida em que proporciona a possibilidade de uma
verificação independente, fronte à nova metodologia à hora da elaboração de
teorias, e cuja tipologia queda bem definida pela denominação de Ad Hoc quedando
imediatamente achacada de subjectividade e imprecisão.
Este texto fue presentado como ponencia al
Pulsando aquí
puede solicitar que le enviemos el Informe Completo y Actas Oficiales en CD-ROM Si usted participó en este Encuentro, le enviaremos a la vez su certificado en papel oficial. Vea aquí los resúmenes de otros Encuentros Internacionales como éste VEA AQUÍ LOS PRÓXIMOS ENCUENTROS CONVOCADOS
|
Pelo qual é necessário acentuar o feito de que o valor da ciência encontra-se na
sua plasmação prática, no que tem que ver com a racionalização, explicação e
predição da fenomenologia que se dá em aquilo que percebemos coma realidade,
assim coma com a resolução das problemáticas que de esta hão surgir. Desde aqui
é que se procura aplicar estar premissas no estudo da paz, na sua consecução e
mantimento através da resolução dos conflitos declarados, assim coma mediante a
previsão dos que podam acontecer, permitindo de esta maneira que seja possível
seguir as actuações que for preciso para evitar que se chagassem a produzir.
Entre outras, são duas as vertentes que cabe explorar em este senso, por uma
banda no que tem que ver com a compreensão da realidade, é obrigado obter um
entendimento do que é o devir e evoluir do sistema económico que nos abrange,
desde a sua concepção até a sua projecção no futuro. Em este caso a tarefa é
abordada desde o marco das teorias de onda longa visando de este jeito tirar
conclusões sobre os acontecimentos políticos, sociais, económicos, tecnológicos,
etc…, tanto passados coma presentes, assim coma obter uma certa previsão sobre o
que possa estar por ocorrer. E é em este ensaio que se há fazer um percorrido
sobre o que são estas teorias, de tal modo que se deixe entrever a sua
correlação e implicação com as diversas variáveis que se misturam no denso
tecido que dá forma à nossa existência.
A outra que cabe mencionar, mas não será desenvolvida no presente trabalho, e
que entra de cheio no que é a resolução do conflito social, ou chegado o caso,
bélico, é a aplicação prática da vertente operacional da estatística,
nomeadamente, teoria da decisão, teoria de jogos, e programação matemática,
tratando de jeito achar a melhor forma para a resolução do conflito social y/ou
bélico. Na linguagem económica, disciplina na qual tem cobrado uma grande
importância e desenvolvimento nos últimos tempos, trata-se de maximizar o
benefício minimizando o custo y/ou perda, assim coma conceber a melhor
estratégia possível para a consecução de este objectivo. Mas como dizíamos queda
isto pendente para futuros estudos.
1. As Teorias de Ciclos na História Económica
O presente trabalho pretende ser um achegamento científico, ao que a dia de hoje
não deixa de ser
algo evidente, a relação existente entre a economia e o conflito humano, mais
ainda quando todas as relações humanas vem-se impregnadas pelo factor económico,
sem que nada já, pelo menos aparentemente, possa escapar a dita esfera. O homem
político transformou-se em homem económico, a política já pouco tem a ver, mudou
para não ser mais que mera administração, administração de empresas diríamos,
por quanto isto é no que ao fim se tem convertido o Estado. A guerra já não é
mais a continuação da política por outros meios, senão a prolongação da economia
de mercado mediante a imposição.
A dificuldade de esta tarefa aparece por duplicado, já que não só topamos com a
complexidade que representa o estudo em si de qualquer fenomenologia que se
encontre dentro do marco da actividade humana, ao ser a criatura humana o enigma
por excelência da criação, senão que também assistimos a um processo de
crescente banalização do estudo científico, com a conseguinte perda de crédito
que isto supõe. E uma breve reflexão há que fazer ao respeito de isto último,
propondo como exemplo uma polémica tão actual que sem dúvida é bem conhecida por
todos, a do denominado câmbio climático. Aqui topamo-nos com duas posições bem
opostas dentro do que é o sistema económico imperante, nomeadamente o
capitalismo, as duas ditas por científicas, e abofé que o são, ou não?, ambas
apresentam-se encabeçadas por prestigiosos científicos e em base a rigorosos e
sisudos estudos dos dados empíricos que se têm recolhido ao longo do tempo. Por
uma banda está o posicionamento de aqueles que argumentam que a exploração do
meio natural carece de um limite físico, ou que em todo caso, de o haver, este
será solucionado por implementações tecnológicas futuras. Sirvam como exemplo:
não haverá futura crise energética pelo esgotamento dos hidrocarburos, já que em
tal ponto o avanço da ciência físico-química tê-los-á substituído pelas novas
energias baseadas no hidrogeno, e pelo grande totem do messianismo tecnológico,
a fusão fria, energia de custo nulo, a esgalha e não contaminante. Esta hoje
este sector representado ao mais alto nível, e visivelmente na administração
Bush, junto com o seu empório de interesses corporativos, pelos que se deram em
chamar “neo-cons”, ainda que ironicamente uma boa parte de eles provêm de uma
esquerda marxista-trotskista que acabou por abraçar o ultraliberalismo
finisecular, nada mais do que uma transmutação formal de um messianismo erigido
no alvo da revolução francesa, e que de forma tão excelsa é descrito por Francis
Fukuyama no seu Fim da História. Pela outra banda temos aos do desenvolvimento
sostível. Estes, coma os anteriores são devedores das graças do Paris
revolucionário, e adscritos como aqueles ao Fim da História, e à chegada de um
profetizado “mundo feliz” cujas bondades alviscam-se na visionária novela de
Aldous Huxley Um Mundo Feliz. Com a sua panaceia do tratado de Tokio, de certo
se podem gabar de ter aberto um novo nicho mercantil, o da comercialização dos
direitos de emissão de gases de efeito invernadeiro, para um melhor entender, os
países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento mercam aos países pobres a
quota de emissão que lhes for prescrita, topando-nos ao final com que não se
produzirá uma redução efectiva e real da contaminação atmosférica responsável da
dramática aceleração de um câmbio climático, evento de todo natural dentro do
cíclico devir do clima, que encontra a sua anormalidade precisamente na
velocidade que a actuação da mão do homem lhe está a imprimir. Então, ante tão
óbvia contradição, que é o que falha?, o método científico? Não, a questão está
na subordinação da ciência actual a certos interesses, que como não poderia ser
de outra forma são de tipo económico, respondendo pelo tanto as distintas
elucubrações, especulações, opiniões, e em grande parte simplesmente pura
propaganda, que se tem por científica, à conveniência das distintas famílias que
ostentam o domínio do único poder hoje real, o económico.
E ainda mais, até o de agora, e apesar do desenvolvimento paulatino das ciências
exactas, está ainda por formular uma lei que governe factos históricos,
sequenciais ou isolados, ao longo dos séculos, colocando a denominada ciência
histórica na actual encrucilhada idenditária, uma vez que a primeira e principal
propriedade da Ciência é a presença de leis definitivas integramente reguladoras
dos fenómenos que nos rodeiam. Mas, revendo a própria história, mesmo a mais
recente, dá para ver que, embora com inusitadas excepções, nem os mais
prominentes intelectuais têm logrado predizer o futuro imediato dos seus países,
guerras ou revoluções (Tchijevsky, 1971:11). Sirva como exemplo o estrepitante
fracasso dalguns dos mais prestigiados sovietólogos que não só não souberam
adiantar a queda da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, mas predizerem
mesmo desenlaces radicalmente opostos.
Com razão, até bem pouco, a história era reconhecida como conhecimento e não
ciência, mas nem sempre foi esta a aproximação dominante. Assim o deixava ver
Schopenhauer (1788-1860) no seu Die Welt als Wille und Vorstellung ou ainda
antes De Fontainaille no século XVIII quando afirmava que “L’historie n’est qu’une
fable convenue”. Assim, a história, essencialmente antropomórfica, estaria
conformada pelos discursos efectivos consensuados, comunicados e positivamente
acolhidos pelos integrantes de uma comunidade humana (os espectadores),
resultando, por tanto, apenas uma construção baixo as normas arquitectónicas da
linguagem. O real, essa maranha de eventos aparentemente desprovidos de relações
de causa ou temporalidade, semelha informe, fazendo-se precisas ferramentas para
a sua estruturação. As primitivas teorias da mudança histórica tinham
precisamente uma natureza cíclica, natureza que viria a ser negada ou ignorada
pela maioria dos historiadores contemporâneos, que não vão além da utilização de
estatísticas simples e bases de dados numéricas pontuais. Entre as grandes
figuras do passado, sirvam como exemplo Empédocles, Marco Aurelio, Aristóteles
ou, mais recentemente Giambattista Vico, que em 1725 lançou seu Scienza Nuova, e
Edward Gibbon (s. XVIII) destacam defensores destes padrões. Nos últimos tempos,
especialmente com o 11-S e o eventual ‘desencanto’ pós-soviético, vêm retomando
força a teoria da mudança histórico de Spengler (1920) ou mesmo alguns textos de
Toynbee (1934-1939).
A própria teoria marxiana, retomando o modelo espiral hegeliano, chegou a
apresentar um modelo de desenvolvimento societário em cinco fases (comunismo
primitivo, escravismo, feudalismo, capitalismo e comunismo pós-industrial) sendo
a última um retorno ao estado inicial embora com um mais elevado nível de
desenvolvimento social. Por outra banda achamos os modelos linhais que, com base
na tradição judeo-cristã de descrição histórica como uma sequência de eventos
desde a criação até o apocalipse, plasmou Santo Agostinho no seu De ciuitate Dei
(413) e que depois retomaria Immanuel Kant. Esta visão providencialista da
história teve grande incidência na Idade Meia, mas continuaria a ser retomada em
diversos tempos. Sirva como exemplo a Chronica del Rey D. Ioam I de Fernám Lopez
(Monteiro, 1988), na qual se plasma uma História de Portugal com a impronta da
consciência de nação superior, de nação que, de acordo com o próprio cronista,
estava vivendo a Sétima Idade, a idade do Império de Cristo na Terra. Mais
tarde, o épico Camões não somente registra as façanhas do Luso, como exalta a
nação às alturas da nação do V Império, baseando-se na profecia de Daniel. Mais
um exemplo disso é a Mensagem, de Fernando Pessoa, que retoma personalidades da
história portuguesa, bastante traçadas por Lopez, para reconstruir uma nação
esperada por Deus para receber Cristo na Terra; isso também em um momento de
crise: o advento da república após o regicídio de 1908 (Saraiva, 1984).
No entanto, como crítica ao positivismo, surge a teoria caótica da história com
Geyl (1955) e Karl Popper à cabeça, afirmado que a realidade existe
independentemente das ideias que a ela fazem referência, resultado a nossa
imposição de sentido sobre um fluxo de eventos uma mera (e açarosa) forma de
construir realidades subjectivas ou, simplesmente, fluxos estocásticos
(Estocástico, do grego στωχος, é aquilo radicado na esfera do aleatório, do
azar. Nos estudos longitudinais de eventos entende-se como uma componente de
fluxo conformada por um polinómio, um componente cíclico baseado em
autocorrelações ou séries de Fourier, assim como num componente aleatório, ou
fluxo estocástico, a ser eliminado). No fundo, o Logik der Forschung (1934) de
Popper não deixa de ser apenas uma reafirmação e/ou reformulação da lógica
kantiana, numa linha similar à de Fukuyama (1992), que cada vez semelha menos
viável.
Vista a crise de identidade do saber historiográfico, Goethe apontara já que é
quando está maduro que o saber, o conhecimento, se torna ciência. Para isso a
crise é um passo inevitável, pois a diferença entre os que separam o singular
(das Einzelne) representando-o de forma exclusória e aqueles que sustentam o
universal (das Allgemeine) como forma de integração do particular faz-se obvia.
Mas é necessária precaução face ao ‘novo esoterismo das ciências exactas’ ao que
se referia Duhamel, embora esse ‘esoterismo abstracto’ possa “longe de ter uma
aliança com a mística, permit[ir] uma Allgemeingültigkeit nunca antes sonhada”
(Rodrigues, 1996). E em isto é que alguns têm apontado para uma nova
hermenêutica hipotética visando a compreensão analítica da diferença epocal, o
que vem a implicar a morte do tempo cronológico tal e como nós o entendemos,
contrariado por um movimento de complexificação e pluralização dos tempos do
tempo. Chegamos assim à história quantitativa, cujo principal impulsor fora
Lewis F. Richardson, que, entendendo que o passado poderia servir como guia para
o futuro, pois o que frequentemente tem acontecido provavelmente venha a
acontecer de novo, aplicou métodos estatísticos na procura de pautas, padrões,
associações e sequências regularmente reiteradas (Richardson, 1960). Os métodos
da história quantitativa não são outros que os da estatística, enforçados e
grandemente auxiliados pelos algoritmos computacionais para a análise e
visualização de dados.
Aborda-se este estudo desde uma óptica científica não dogmática, é dizer, não
vencelhada, nem atada ao sistema que pretende estudar (que como veremos em este
percorrido centra-se no estudo da economia capitalista atravesso dos ciclos de
ondas longas e a sua relação com os ciclos belígenos), e dotada do rigor de um
método científico que alheia a especulação tão ao uso em estes tempos,
particularmente no campo da economia, mais não só.
Eis aqui pelo tanto as premissas que limitam o recorrer da presente exposição.
2. Uma aproximação antropológica à teorização económica
A problemática descrita anteriormente, e que surge quando se afronta o estudo do
sistema de economia capitalista, que atinge à esfera terrestre no seu conjunto,
tem um fundo ou raiz de marcado carácter antropológico, que não é algo que entre
na discussão de este breve ensaio, mais sim serve para introduzir a teoria de
ciclos.
Trata-se em fim da forma que temos de compreender o mundo, a realidade que nos
contorna. Fronte ao homem chamado arcaico, adjectivo que aqui leva uma notável
carga negativa, ergue-se o homem moderno. O primeiro concebe-se a si mesmo como
ser ahistórico, é dizer, o feito, o acto carecem de valor irreversível ao estar
este homem inserto em um processo contínuo e cíclico de criação-destruição,
carecendo pelo tanto da noção de “progresso” e “desenvolvimento”. Em consonância
com esta cosmovisão temos o papel do meio natural do que o homem se sente parte
indistinguível, não alheado, jungido pelos laços da unidade primordial de todo o
cosmos.
A este entendimento do mundo como processo cíclico onde todo participa de todo
impossibilitando o desmembramento do mesmo, pelo qual seria impensável o
nascimento de uma ciência reducionista e estruturalista tal como a conhecemos,
opõe-se a cosmovisão do homem moderno, radicalmente oposta à mesma. Em ela, o
homem abandona o seu carácter ahistórico para converter-se em criador de
história, ou pelo menos assim o crê, ou lho fazem crer, na sua soberba absoluta
e infinita coma bem nos explica Mircea Eliade em duas das suas obras reveladoras
O Mito do Eterno retorno: Arquétipos e repetição, e Tratado de história das
religiões. O tempo cíclico e substituído pelo linhal e progressivo, o progresso
e desenvolvimento sem fronteiras, sem barreiras de qualquer tipo. O homem já não
é mais consubstancial ao seu entorno, afasta-se de ele dando forma a uma
existência externa, convertendo-se este em elemento de exploração ao serviço do
avance. A unidade primordial esfuma-se em infinidade de formas e partes, nasce o
estruturalismo científico, o relativismo de quem olha desde cada uma de elas,
tendo uma perfeita alegoria no wagneriano Ocaso dos Deuses, com a vitória do
vácuo niilismo e a imposição da sua imberbe tirania.
Tendo em conta o antedito não em vão podemos afirmar que o carácter cíclico
impregna-nos com a sua atávica atracção. De feito, e bem certo que reconhecemos
de forma intuitiva que grande parte da nossa vida bule baixo constantes
flutuações de tipo harmónico, sendo aquelas que nos volvem situar em um ponto
similar ao anterior sobre uma linha sinusóide ao longo do tempo. Sucedem-se o
dia e a noite, as estações do ano, as revoluções redor o sol, as migrações das
aves, as mares, o ciclo luar… e inclusive podemos ser conscientes da variação
cíclica do ecossistema. Mais o fervor cego na fé do progresso, a sua
mistificação, fez-nos surdos e cegos fronte ao feito de que também os
acontecimentos humanos constituem séries cíclicas, não sendo a actividade
económica do homem alheia a esta realidade.
A modo de exemplo podemos citar que Durante as suas pesquisas nos anos sessenta
entre a tribo dos Tsembaga-Maring da cordilheira de Bismarck na Nova Guiné, o
antropólogo Roy Rappaport veu a produzir sua excelente monografia Porcos para os
devanceiros, uma das mais citadas na área da antropologia ecológica e das
religiões. Nela aborda-se um fascinante problema que se vem estudando desde a
antiguidade: o da porcofília e porcofobia, isto é, o paradoxo de que alguns
povos e civilizações amem este mamífero, com estatus de animal sagrado, enquanto
para outros resulte mesmo sacrílego (Rappaport, 1987). A diferença de judeus e
muçulmanos, os Maring são porcófilos, dando-se um estado de comunidade total
entre o homem e o animal. Criam-se como membros da família, dormem com eles,
chora-se por eles quando caem em doença e são-lhes proporcionados os melhores
alimentos. O clímax deste amor produz-se com o sacrifício, com a incorporação da
carne do porco à do seu anfitrião e do seu espírito ao dos devanceiros.
Cada dúzia de anos, aproximadamente, os Maring celebram um grande festival
chamado kaiko e que tem uma duração de um ano. Dois ou três meses depois,
inicia-se uma conflagração com os clãs inimigos das proximidades. Os porcos que
não se consumiram durante o festival ficam para a luta, de modo que as partes
beligerantes devem cessar as hostilidades uma vez não ficara porco nenhum para
oferecer aos devanceiros. Então, os varões de ambos bandos plantam
colectivamente uma pequena árvore, o rumbim, enquanto o feiticeiro promete aos
devanceiros que estando em pé o rumbim não se reiniciará a guerra. A partir
desse momento os esforços centram-se na cria de porcos até que, doze anos depois
se celebre um novo kaiko, se volte arrancar o rumbim, e se inicie uma nova
conflagração (Rappaport, 1987; Harris).
Embora não deixe de ter um carácter anedótico, fica sensivelmente ao descoberto
a existência de um ciclo de recorrência periódica à luta armada, isto é, um
ciclo belígeno regular, consistente e permanente. E este comportamento rítmico
tem a sua lógica, do mesmo jeito, como veremos, a tem os ciclos identificados em
Oriente e Ocidente. Trata-se de um complexo ecossistema autorregulado em função
das dimensões da população humana e animal e os recursos disponíveis. Embora não
exista um número exacto de porcos ou de anos para que se desenlace o kaiko
(embora este seja muito regular) a decisão resulta crítica, e é equivalente ao
processo de tomada de decisão nas nossas sociedades, pois um indivíduo ou grupo
chegam à conclusão de que devem infringir e suportar a morte numa confrontação
com outro grupo, seja ou não com o beneplácito dos deuses. Os estudos comparados
de ciclos belígenos podem ajudar a explicar, ou quanto menos clarificar, um
processo extremamente complexo e produto de um grande leque de determinantes
como são as conflagrações. Com isto não apenas se poderia chegar à predição com
certo rigor, senão, e muito mais importante, à identificação daqueles factores
críticos que determinam a iniciação e terminação das hostilidades.
Para a nossa desventura, estes factores são mais facilmente explicáveis no caso
dos Maring que nas nossas devastadoras conflagrações. A cría dos porcos e a
produção de alimentos, fundamentada num sistema tradicional de tala e queima,
recai principalmente nas mulheres do clã. As extensões a cultivar, fundamentais
para alimentar às crescentes populações humana e animal requerem de um também
crescente esforço devendo cultivar superfícies de maior extensão e mais
separadas da aldeia. Os porcos adultos, que andam livres, sendo que este facto
não deixa de ter uma transcendência significativa, pois estando livres e não
concentrados, o balanço energético dos animais resultava muito pobre, gastando
aproximadamente tanta energia como a que se obtinha. Mas, como demonstrou
Rappaport, o processo lograva um equilíbrio com outros factores de difícil
predicibilidade como a densidade da população, as dimensões do território, a
mata secundária disponível e as situações e intenções dos grupos inimigos. Eles
começam a invadir as zonas de cultivos produzindo conflitos vizinhais,
dispersando-se os lares num rádio mais amplo para estarem mais perto dos
cultivos, o qual faz que a insegurança e nervosismo da população aumente, assim
como os problemas familiares, pois as mulheres não são capazes de atender a
alimentação e cuidado do crescente número de porcos e filhos. Chegado um ponto
de insustentabilidade (o que Rappaport explicou como “porcos de mais são caros”)
as famílias perguntam-se se haverá ou não suficientes animais, e trás
inspeccionar o rumbim, inicia-se o kaiko, quando a prática totalidade dos
animais são sacrificados. Uma alta percentagem da carne é distribuída entre
familiares e aliados, ganhando a sua lealdade antes de iniciar as hostilidades,
sendo conscientes da relação entre o êxito da cria de porcos e o poderio militar
que distribui eficientemente homens, animais e recursos em toda a região.
Constituída a ciência moderna nos parâmetros antes expostos, não é de estranhar
que o regresso a uma concepção cíclica no campo das ciências sociais, nas quais
se entronca a ciência económica, tarde em chegar, e desde logo distando muito de
alcançar qualquer tipo de unanimidade, ao igual que acontece com todo tipo de
formulação teórica afastada do dogma proeminente do progresso indefinido. De
feito, esta só se deixa entrever nos ciclos de onda curta, que são os que vêm
dar cobertura teórica às conjunturas económicas de crescimento e recessão nas
economias capitalistas (virtualmente todas as do mundo), mais sempre vistos
desde a perspectiva de uma tendência progressiva crescente, que se pode dizer
semelhante ao suposto da teoria política de “um passo atrás e dois para diante”,
simples ajustes na recta de pendente positiva que dizem os espertos da imprensa
económica.
3. A teoria de ondas longas na economia. Uma descrição do modelo capitalista
Se vem sim é corrente ouvir falar dos ciclos curtos na economia, inclusive de
uma teoria de ciclos curtos, mesmo ao nível da imprensa e médios de comunicação,
não se a ver apenas uma linha ao respeito dos de onda longa. São os grandes
desconhecidos, mesmo no campo académico.
O primeiro do que devemos fazer menção é o eido no que se realiza esta análise.
O estudo da economia baixo o prisma da teoria de ondas longas leva-se a cabo só
para o caso particular da economia capitalista de mercado, para a qual se têm
recolhido os dados estatísticos que fornecem a capacidade de levar a fim uma
avaliação de este género. Os intentos de extensão a períodos protocapitalistas
ou mesmo anteriores contam com a ostensiva falta do elemento empírico, não sendo
de este modo concludentes os trabalhos ao respeito. Também há que apontar o
marco geográfico ao que faz referência a maior parte da bibliografia existente,
que se restringe maioritariamente aos países onde historicamente se desenvolveu
o capitalismo de forma primaria alcançando um maior grado de avance e
sofisticação, abarcando pelo tanto todo o que é a região anglo-saxã, Estados
Unidos e o Reino Unido primordialmente, junto com o mundo centro europeu.
Não pode esquecer-se pôr de manifesto que em um princípio estes estudos
elaboram-se desde uma vertente que fica restrita no seio económico, sem ter em
conta outras variáveis que sem dúvida se retroalimentam com a que cá é objecto
de estudo. Mencionamos a modo de exemplo algumas de elas: as inovações
tecnológicas (que como veremos, para alguns constituem o verdadeiro motor que se
esconde trás o cíclico evoluir económico), os câmbios políticos e sociais junto
com as suas implicações, coma no caso da guerra, e citamos por último a
incidência no meio ambiente, tanto coma a cíclica expressão da economia influi
na agressão ao meio, coma reciprocamente, as condições cambiantes do meio
(câmbio climático, míngua de recursos, etc.) influem no ciclo. Isto último tem
significada importância se temos em conta a mais que previsível aparição de
conflitos bélicos (ligados intimamente como veremos à fase do ciclo de onda
longa na que nos encontramos) a grande escala motivados pela escassez das
matérias primas que accionam o motor capitalista (petróleo, agua, etc…), e ante
isto cabe perguntar-se, é a guerra do Iraque só o prelúdio do que está por vir?
Já no século XIX alguns economistas apontaram a possibilidade de que a economia
capitalista se comportava segundo um movimento de vaivém de longo período, mas
não será até a chegada do trabalho do professor de Harvard Joseph A. Schumpeter
quando podamos dizer que se põe de manifesto no orbe ocidental a natureza
cíclica dos fenómenos económicos. Schumpeter aborda primeiramente a questão das
ondas longas na sua obra The Analysis of Economic Change, e posteriormente em
Business Cycles: A Theorical, Statistical Analysis of the capitalist Process.
Vem a apontar a existência de três tipos de ciclos, que levam o nome dos seus
descobridores, ciclos de Kitchin ou de onda extracurta (de uns quarenta meses),
de Juglar ou de onda curta (entre oito e dez anos), e os que aqui nos incumbem,
os ciclos de Kondratieff ou de onda longa (entre quarenta e sessenta anos).
Schumpeter considera a inovação técnica como a faísca que prende o processo
cíclico do desenvolvimento económico, baseando-se a divergência na longitude dos
distintos períodos na própria natureza da inovação matriz que incita a origem do
ciclo. Pelo tanto, para Schumpeter o determinante tecnológico é o que motiva o
carácter cíclico da economia, e no caso do ciclo de onda longa a origem do mesmo
topar-se-á em importantes achamentos de tipo técnico. Neo-schumpeterianos coma
Freeman e Pérez, que acreditam na explicação antedita que gera os distintos
ciclos, assinalam uma relação causal entre as inovações, a lucratividade e as
expectativas económicas que elas possam criar, para ai derivar na produção de
novos produtos e técnicas com a introdução de uma nova indústria responsável da
parte crescente do ciclo ou fase ascendente de uma onda longa.
Mas será o economista russo Nikolai D. Kondratieff quem, atravesso da sua obra,
mais tenha influído na concepção cíclica da economia capitalista, enquanto até é
usual utilizar os termos de onda longa e onda de Kondratieff coma sinónimos,
ainda que bem haja autores que discernem outras ondas longas com período
distinto ao dado por Kondratieff. Em todo caso, é o científico russo um dos
primeiros em tentar mostrar com precisão e em base a dados de origem puramente
estatística (utilizando o material estatístico mais completo da época que é o
que se podia obter ao respeito das economias dos Estados Unidos, o Reino Unido e
a França) a existência de ondas longas que debuxam na marcha económica de um
país capitalista pendentes de auge ou depressão, vindo durar o conjunto binómico
crescimento-decrescimento uma média de cinquenta anos. Logo tratar-se-á
brevemente [1] a evidencia empírica que nos permite concluir que é possível
traçar o devir da economia moderna coma uma onda sinusoidal que avança no eixo
de abcissas no tempo, entanto que o de ordenadas indica o grão de actividade
económica. No caso de Kondratieff, estuda séries relativas aos preços (que será
a variável que melhor se amolda ao carácter cíclico), à taxa de juros, à
evolução salarial, à evolução do volume de comércio exterior, ao consumo e
produção de ferro, carvão e chumbo entre outras.
Deve-se fazer notar o fato biográfico referente a Kondratieff no qual surge a
sua teoria. O seu trabalho data do ano 1926, tendo sido com anterioridade
vice-ministro da Alimentação baixo o governo de Kerensky, fundando no 1920 o
Instituto de Moscovo para a Pesquisa Conjuntural. Será o governo soviético o que
encarrega a Kondratieff a realização de um estudo que leve à confirmação, desde
um ponto de vista puramente empírico, da ortodoxia marxista que assinala a queda
do capitalismo como um fato irreversível do devir histórico. Uma vez mais, e
agora na pessoa de Kondratieff mostra-se coma ciência especulativa (ciência da
história, materialismo histórico, ou simples digressão dialéctica) e ciência
empírica não são conciliáveis. A sua honestidade científica, em um tempo no qual
a União Soviética e governada com mão de ferro por Estaline, levou-o a finar em
um Gulag na Sibéria pela altura do 1938. As suas conclusões não podiam ser mais
decepcionantes para os mandatários soviéticos, justamente ao mostrar que se bem
o capitalismo desde o seu início efectivo, situando-o ele no 1789 (Ano
paradigmático, não só pela revolução que encheria a França de sangue, mas também
porque neste ponto pode-se situar o começo da impressão de papel moeda, ou o que
bem ser o mesmo, a entronização da usura coma sistema, o comércio da déveda),
sofre crises periódicas, a estas seguem-lhe períodos de recuperação e bonança,
sendo ao seu entender de tipo endógeno as causas que incitam estes pulos e
quedas de natureza rítmica. Podemos enumerar algumas de estas descobertas que
tanto acirrariam aos comunistas soviéticos:
• As séries estatísticas estudadas mostram a existência de grandes ciclos,
manifestando-se estes em períodos quase iguais em todas as séries escrutinadas.
• Para as séries de preços estudadas, os grandes ciclos apresentam um movimento
ao redor do nível médio.
• Os pontos onde alcançam máximos e mínimos as séries examinadas correspondem-se
com exactidão.
• Identificam-se três grandes ciclos, um primeiro que dataria do ano 1789 ao
1849, um segundo que estaria compreendido entre o 1849 e o 1896, e um terço que
teria começado no 1896 e que abrangeria toda a vida do autor, que não veria o
seu final.
• Os ciclos de onda longa têm um âmbito de aplicação internacional, existindo
uma clara correspondência para os países examinados.
Cabe mencionar cá as objecções feitas desde o marxismo e trotskismo à teoria de
Kondratieff. Por uma banda está o próprio Trotski quem entende que não se trata
de uma evolução cíclica, ao considerar que os fatos que explicam o devir cíclico
são de carácter exógeno de tipo casual e aleatório, coma podem ser a integração
de novos países e continentes ao mercado mundial, o achamento de novos recursos
minerais, energéticos e técnicos, ademais de guerras e revoluções.
O marxista Ernest Mandel propõe uma explicação abrangendo distintas causas que
explicariam o fenómeno, não pondo o acento tanto na observação de séries
estatísticas coma em fases de acumulação acelerada de capital e acumulação
desacelerada que delimitariam a fase de crescimento e de decrescimento
respectivamente em cada ciclo.
Mas o modelo cíclico não só é motivo de exploração em um mundo de académicos
folgados de mais e teóricos da economia política visando achar uma justificação
científica às suas lérias, também topa aplicação na realidade, e é utilizado por
inversores e analistas financeiros no dia a dia, vejam-se senão newsletters coma
Gold and Tecnology Stocks (http://www.miningtocks.com), Resource Investor
(http://www.resourceinvestor.com), ou The Long Wave Analyst (http://www.thelongwavenalyst.ca)
do anglo-canadiano Ian Gordon, quem ademais é um reputado investigador do
trabalho de Kondratieff.
Analisemos concisamente o modelo que Gordon propõe para o ciclo de onda longa.
Partindo da pauta inicial sublinhada por Kondratieff, Gordon confirma os dois
primeiros ciclos por ele estabelecidos, dando data de feche ao terço no ano
1949, iniciando-se assim mesmo um quarto ciclo que duraria até os nossos dias. É
de fazer notar que existe uma falta de prospecção neste eido, já que se bem há
certa concordância ao respeito dos ciclos propostos por Kondratieff, não se topa
tal quando o que se trata é de indicar o final do terço ciclo e o ponto no que
estamos actualmente dentro do quarto ciclo, seguramente devido a uma falta de
perspectiva.
Gordon analisa cada ciclo dividindo-o em quatro fases perfeitamente
distinguíveis, quedando cada uma de elas totalmente caracterizada. Elas recebem
o nome respectivo de Primavera, Verão, Outono e Inverno. Segundo Gordon, cada
uma queda descrita pelos seguintes fatos:
Primavera:
• O emprego e a confiança do consumidor emergem desde níveis muito baixos.
• Os preços são baixos e começam a incrementar-se em uma tendência que se
continua ao longo de toda a estação.
• Os preços das acções tiram à alça, também desde uma situação de baixa, ante a
iminência da recuperação económica.
• O índice de interesse inicia a sua ascensão lentamente desde uns níveis
historicamente baixos.
Verão:
• A guerra, que se mostra coma uma constante na fase de crescimento do ciclo,
induz a aparição da inflação, levando os preços a um constante incremento que
alcançara o seu cume ao final do verão.
• Incrementa-se o preço do ouro, fundindo-se no remate do verão.
• Incrementa-se o interesse do dinheiro também culminando no fim do verão.
• O mercado de valores permanece à expectativa.
Outono:
• O valor das acções aumenta desde o final do verão.
• A inflação e os preços das matérias primas caem rapidamente, deflação.
• A déveda alcança níveis históricos, volve-se astronómica.
• O mercado de valores chega a máximos históricos, desata-se a euforia
inversionista, mas isto dá o sinal que nos leva ao inicio do Inverno.
Inverno:
• Produz-se a queda da confiança do consumidor, e um estado de desesperação
abarca-o todo conforme avança o Inverno.
• Aumenta o desemprego rapidamente desde níveis baixos.
• A altíssima déveda acumulada leva a uma bancarrota generalizada em todos os
sectores, desde o governo, passando pelas grandes corporações e chegando aos
pequenos negócios e aos consumidores.
• Crise bancária.
• O crédito fica esmagado, o índice de interesse medra.
• Acontece uma crise internacional no sistema de divisas, o ouro converte-se em
um refúgio de garantia.
Em base a análise de Gordon, situamo-nos nos alvores do Inverno do quarto ciclo,
e os seus argumentos têm como alicerce o já acontecido nos três ciclos
anteriores, e em especial no terço, o mais achegado e melhor conhecido, tanto
pela cercania na linha temporal coma pelos dados que estão ao nosso dispor. No
terço ciclo, a entrada na estação invernal vem fixada por um dado bem conhecido,
o funesto crack de 1929, de cujas consequências são bem sabedores tanto europeus
coma americanos. O detonante, uma acumulação de déveda insostível tanto ao nível
estatal, empresarial coma particular que leva à criação de uma economia irreal
não baseada na produção senão na especulação. Gordon considera esta a descrição
correcta da situação que hoje vivemos, e diz-nos que só nos Estados Unidos a
déveda está totalizada em uns trinta e sete trilhões de dólares, algo nunca
visto no passado, de feito segundo ele os primeiros sintomas da entrada em
recessão geral, própria da estação invernal na parte descendente do ciclo, e
visível na mais que olhando a situação das grandes corporações norte-americanas,
especialmente no sector automobilístico (crises de General Motors e a Ford) e
nas linhas aéreas (cuja quebra foi notícia nas últimas semanas. O catorze de
Setembro de 2005, Delta e Northwest airlines declaram-se em bancarrota com
dévedas de 28.3 e 17.92 bilhões de dólares respectivamente). Ao fim, segundo o
autor este tramo tem a missão de aniquilar a déveda adquirida, ainda que o preço
a pagar seja muito alto, sobre todo se temos em conta realidades coma que em
1929 só um 5% das famílias norte-americanas tinham interesses no mercado de
valores, entanto que hoje esta percentagem chega ao 50%, o qual deve servir para
fazer-nos uma ideia do que aconteceria de se produzir um crack semelhante ao de
aquela data.
Chegados a este ponto, é necessário fazer uma menção referente à evidência
empírica que possibilita a adopção da teoria de ciclos como explicação da
economia capitalista. O professor de Yale Joshua S. Goldstein chega à conclusão,
logo de ter examinado as distintas escolas existentes ao respeito da teoria
cíclica, de que são sete as variáveis cujos dados resultam proeminentes à hora
de examinar a consistência da mesma:
1. Preços.
2. Produção.
3. Inovação e invenção.
4. Investimento de capitais.
5. Salários reais e conduta da classe obreira.
6. Comércio.
7. A guerra.
É de indicar o esquecimento a respeito da acumulação de déveda, atribuível ao
feito de que esta variável não seja determinante na configuração dos dois
primeiros ciclos, mas como mostra Gordon é óbvio que o foi no terço e o está
sendo em este.
Em todo caso, de estas sete tomam-se por determinantes as três primeiras que são
as que mais atenção têm espertado entre os pesquisadores, ainda que esta eleição
vai depender dos interesses que movem às distintas escolas de pesquisa em este
eido.
Sem dúvida onde existe um consenso unânime é nas séries de preços de bens e
matérias primas, convertendo-se assim no principal argumento em favor da
hipótese da onda longa. No que a produção se refere a controvérsia é grande.
Aponta Goldstein que entanto a escola marxista topa uma relação consistente
entre o aumento de produção, preferentemente industrial, e o período de alça da
onda, outros estudiosos procedentes de diferentes escolas teóricas não dão
confirmado este fato ou só mostram pequena evidência que o sustente. O trabalho
de Cleary e Hobbs não só realça o feito case inquestionável em referência às
séries de preços mas também indicam que os dados fornecidos pela produção de
energia, a inovação, e o índice de interesse tendem a indicar a consistência da
teoria, sendo a produção industrial um item a desbotar. Ao respeito da inovação,
o desacordo entre os especialistas é a tónica dominante, já desde o mesmo
momento em que não existe unanimidade na designação do que se pode considerar
inovação, sendo sem embargo a escola neo-schumpeterariana a que maior ênfase
ponha na sua análise.
4. Conflito e ciclo de onda longa
Pode-se explicar a guerra?, pode-se racionalizar?, e mais, é possível achar uma
regra geral que nos permita compreender porque se origina?, e portanto, é
plausível predizê-la? Dada a complexidade do fenómeno, a riqueza de matizes e
factores que em ele podem influir, antolha-se que a resposta há ser negativa.
Como muito uma comedida ambição há-nos levar, não ao estabelecimento de leis
perfeitas coma as da mecânica, senão mas bem à proposição de tendências, é
dizer, à possibilidade de afirmar quando é mais provável que se desate um
conflito e de que tipo há ser. Vejamos pelo tanto o que se tem que dizer desde a
teoria de ciclos de onda longa.
Clausewitz afirmava que a natureza da guerra fica determinada pelos objectivos
políticos, mas hoje, nesse processo de substituição do político pelo económico,
a Raison d’Etat do conflito armado vem-se trocando por uma nova dimensão na que
a guerra constitui mais bem a prolongação da economia de mercado por outros
meios. Como temos visto no Iraque, a guerra passa a ser uma acção de carácter
económico.
Neste marco referencial inscreve-se a pretensão de determinar a relação entre os
ciclos económicos e o processo dual guerra-paz. Se bem são conhecidas e
amplamente aceitados os fins/consequências dos conflitos armados nos ciclos de
período curto, a vigência dos ciclos longos, como a Onda de Kondratieff, resulta
mais problemática.
Desde uma perspectiva multidisciplinar, achegando dados e ferramentas de
trabalho das matemáticas, história, antropologia, economia e polemologia,
analisa-se a conveniência das proposições de carácter nomotético sobre a
existência e regularidade de ciclos belígenos desde as teorias de ondas longas.
O professor Goldstein conclui que são numerosos os projectos de investigação
cujos resultados permitem afirmar que é consistente o fato da existência dos
ciclos de onda longa na economia em correlação com os que se podem achar no
desencadeamento da guerra, na política exterior dos estados e nos valores que
caracterizam a uma sociedade em uma determinada época.
Será Klingberg quem sugira a hipótese, ao respeito do accionar político nos
Estados Unidos, de que existem períodos onde o peso da política exterior
ultrapassa o da interior, seguindo a estes outros em que se inverte a relação,
recebendo os nomes respectivos de período de extroversão e período de
introversão. Leva a cabo este apontamento trás examinar o contido dos discursos
dos presidentes, os câmbios nos orçamentos de defesa, assim coma as intervenções
militares e diplomáticas. Klingberg conclui que existe uma sincronização entre
os seus períodos de extroversão e introversão e a onda longa de Kondratieff,
coincidindo a época de extroversão com a fase crescente na onda económica, e a
de introversão com a decrescente. Suporte a ideia lançada por Klingberg há vir
de aqueles que têm estudado as transições entre administrações democratas e
republicanas na Casa Branca. Schuman e Rosenau apontam o dato de que todos os
presidentes que alcançaram o cargo na parte álgida da onda longa económica e
continuavam no cargo no começo da depressão conseguinte cumprem as três
condições:
• Todos são liberais.
• Todos foram relevantes pela acção da sua administração assim coma pela grande
influência do seu pensamento no futuro.
• E todos seriam continuados por presidentes conservadores.
Exemplificam isto com os casos dos presidentes Madison, Lincoln e Wilson, o qual
leva-os a constatar a relação existente entre o fenómeno por eles estudado e o
da onda longa. Beckman há abundar em esta realidade desde a perspectiva da
psicologia de massas para dar uma explicação à reconhecida existência de uma
tendência “esquerdista” na parte em alça da onda e uma “direitista” quando a
queda vê a sua alba.
Outros trabalhos, especialmente os de Namenwirth e Weber chegam a conclusões
semelhantes tanto para os Estados Unidos coma para o Reino Unido. Weber
determina um ciclo para a actividade política que vem coincidir com o dado por
Kondratieff para a actividade económica, de tal jeito que a parte crescente da
onda económica concorda com um maior interesse pelos assuntos internacionais,
entanto que o período no qual a economia está em recessão produz uma viragem
cara a política doméstica.
Ligado ao anterior, também parece ter algo que dizer a teoria psico-social, de
tal modo que os tempos de excelência económica vão aparelhados com uma maior
propensão ao liberalismo, o cosmopolitismo e a subversão dos valores
tradicionais da sociedade, entanto os de crise tornam-se épocas conservadoras
visando o refúgio em aqueles valores tradicionais esquecidos (acordar-se de
santa Bárbara quando troa), Deus, família, pátria, etc… É este um argumento do
que tiram os sociólogos que por exemplo tratam de explicar o êxito da revolução
fascista na Europa.
Em esta situação, a guerra, intimamente ligada à política de estado e à
psicologia das massas também deveria adoptar um padrão cíclico, vejamo-lo.
Para Goldstein, os períodos de crescimento económico estável, quando as arcas do
estado ficam cheias e pelo tanto a capacidade de inversão militar se incrementa,
são os que têm uma maior probabilidade de ver emergir uma conflagração de
grandes dimensões e de carácter internacional, entrementes os de grande
depressão levam aparelhados não tanto intervenções no exterior coma revoltas e
revoluções de tipo interno visando trocar a ordem constituída e reverter a
penosa situação. Também assinala Goldstein que esta situação de propensão ao
conflito internacional na época de enchente se vê agravada pela incremental
necessidade de obter novos e mais recursos assim como o abrir novos mercados que
permitam a expansão do período de bonança. Os dados proporcionados tanto pela
densidade de batalhas coma pelo número de baixas em elas acontecidas parecem
confirmá-lo.
Em este contexto, e recordando que nos estamos a referir às grandes economias
capitalistas, parece que se satisfaz uma ligação entre prosperidade e guerra
internacional, e entre depressão e revolução interna. E dentro da casuística do
conflito internacional permitir-se-á apontar a existência de três tipos de
diferente natureza. Por uma parte aqueles que se desencadeiam impulsionados sem
dúvida pela capacidade económica que possibilita a obtenção de material bélico,
formação de exércitos, capacidade de despregue de forças, mas motivados por
outras razões coma podem ser as disputas fronteiriças, invejas, ódios seculares,
e outras razões de tipo psico-sociológico. Os que surgem da disputa entre
potências emergentes que rivalizam por recursos e mercados. E por último aqueles
impelidos pela necessidade de propagação da economia capitalista dada a sua
própria natureza que só é capaz de abolir a recessão mediante um crescimento
continuo que a acaba avocando a uma expansão de tipo imperialista. Esta última
classe de conflito visa pelo tanto:
• A acumulação e o controle dos recursos necessários para permitir um contínuo
incremento da produção.
• A obtenção de novos mercados que dêem saída à produção que já não posse ser
absorvida por um mercado doméstico saturado.
• Os contratos para a reconstrução impostos sobre o vencido visando fortalecerem
a própria indústria.
• A criação de mais déveda para financiar a guerra, incentivando a indústria
própria, e evitando a deflação pela queda do consumo, ou o que é o mesmo, a
entrada em recessão.
• Impressão de nova déveda (papel moeda) pela introdução de novos consumidores (cidadãos
liberados de tiranos e regimes terroristas, dirá a sua propaganda. Para Hoskins
o fenómeno da imigração joga este mesmo rol).
Para lograr estes objectivos, e não se acabe volvendo contraproducente, é
necessário que reúna as seguintes características:
• Deve ser de carácter limitado no espaço e o tempo.
• Não deve abranger o território nacional da potência agressora.
• A motivação da mesma deve fornecer os laços entre os nacionais da nação
atacante.
Tendo todo isto presente talvez seja possível começar a entrever o que está em
jogo trás a tramóia da nomeada Guerra contra do Terrorismo ou a cínica Aliança
de Civilizações. Quando menos serva a teoria de ciclos de onda longa para ajudar
a uma melhor análise de esta realidade tão complexa na que nos tem tocado viver.
5. Políticas económico-sociais e ciclos de onda longa
A constatação empírica da inter-relação existente entre o ciclo de onda longa na
economia e a prática política do estado moderno, tal coma temos visto, tanto na
sua vertente doméstica como no âmbito das relações exteriores, permite-nos
entender como vem evoluindo a situação na esfera das políticas econômico-sociais
desde o século XVIII até os nossos dias, assim como entrever qual é o possível
encaminhamento que estas hão tomar no futuro, particularmente no campo das
políticas de ajuda ao desenvolvimento. As seguintes linhas constituem um breve
estudo exploratório visando a compreensão articulada dos factores supracitados.
Ante este panorama debruçado perante nós cabe perguntar-se, tem isto algo a ver
com a determinação das políticas de ajuda para o desenvolvimento?, tem a teoria
de onda longa uma aplicação na explicação e predição do que são e hão de ser
este tipo de actuações no futuro? Estas questões apresentam uma dificultosa
resposta por enquanto temos que este tipo de acções são só estudáveis a partires
do final da segunda guerra mundial, ao ser inauguradas pelo plano Marshall (tratando-se
da única grande intervenção de tipo internacional que se tem efectuado a este
nível), o qual não nos dá uma perspectiva suficiente no tempo para o estudo
segundo uma disciplina que abrange ciclos com uma duração de mais de médio
século. Em tudo caso e cingindo-nos pelo menos à sua formalização teórica (na
praxis os resultados não podem ser mais desalentadores) sim cabe ver a presença
de uma certa consistência entre as características socio-políticas supracitadas
do período de alça na onda longa económica que se iniciou em 1949 (Gordon) e que
dura até os nossos dias, e que podemos resumir como de uma maior “abertura” das
sociedades, o qual em conjunção com o pleno conhecimento que da situação do
mundo provêem os meios de comunicação, levam a uma sensibilização pelos
sofrimentos e penúrias que passam os “outros”, sobretudo quando aqueles que são
objectivo de estas campanhas (voluntárias ou involuntárias) viver no paraíso da
abundância capitalista. Como se dizia acima isto concretizou-se em uma ampla
teorização no campo dos denominados direitos humanos, com todo tipo de
declarações e acordos internacionais, em particular atravesso da Organização das
Nações Unidas, que visam ser de aplicação universal, ainda que a realidade só os
faça ficar negro sobre branco, assim como também na promulgação de todo tipo de
planos para o desenvolvimento das nações mais deprimidas do planeta, tanto desde
a ONU, passando pelos estados nacionais, e rematando nos apêndices de estes
últimos, as mal chamadas organizações não gubernamentais, quedando
maioritariamente ao igual que o caso anterior no limbo do “mundo das ideias”,
como assim o verificam ano trás ano os reportes de Amnistia Internacional, ou o
informe de 2005 elaborado por Action Aid e que levando por título Real Aid
mostra um desolador cenário no que se refere às ajudas do mundo rico para com o
pobre, tanto mais quando as fontes do seu documentado trabalho provêm das
supostas entidades prestadoras de tal assistência que sem rubor algum não
duvidam em contradizerem as suas vácuas e pomposas declarações com a realidade
do seu accionar.
Por outra banda cabe prever que uma entrada em recessão generalizada como supõe
o modelo de ciclos para uma economia desligada da produção real e portanto
altamente especulativa levaria ao esquecimento dos “outros” para concentrar
todos os esforços na recuperação trás a queda, pelo qual o pouco ou muito que se
tem feito desde 1945 nesta matéria passaria a uma melhor vida no caixão dos
olvidos.
6. O paradigma tecnológico coma motor do ciclo de onda longa. A situação actual.
Tem-se apontado para a profusão e declive de sistemas técnico-económicos como
motor dos ciclos de ondas longas de modo que a mudança histórica das tecnologias
antigas por outras mais modernas seria descritível por normas simples aplicando
modelos matemáticos de substituição lógica. Este processo endógeno de sucessivas
revoluções viria reproduzindo de forma vertiginosa durante os dois últimos
séculos, resultando num comportamento cíclico de fases ou sequências
repetitivas. Hoje, com os espectaculares desenvolvimentos nas tecnologias da
informação e uma sociedade mediática globalizada, resulta necessário reexaminar
estas teorias através de uma análise actualizadora.
A teoria de ciclos de onda longa permite-nos realizar uma análise da realidade
desde um ponto de vista distinto do predominante no mundo académico. Procurando
causalidades e não apenas casualidades torna-se-nos para a época na que a
ciência tinha como único objectivo o reconhecimento de padrões na natureza, de
modo que fosse possível enunciar leis que não deixassem lugar para a especulação
banal, tão comum hoje no mundo científico.
A estas alturas seria difícil discutir o facto de que todo esse amplo espectro
ao que denominamos Cultura é um produto elaborado de forma industrial, o que o
converte num bem, que passou de estar apenas ao alcance de um muito delimitado
estrato social a ser acessível por uma grande parte da população, quanto menos
no que faz referência ao primeiro mundo. Mas não apenas a acessibilidade se tem
flexibilizado no referente ao desfrute da mesma, senão que paralelamente
poderíamos dizer também que se culminou o processo de democratização no que
conforma a possibilidade de dispor dos meios de produção cultural, hoje
virtualmente ao alcance de todos.
Resulta apropriado portanto analisar as condições que fazem possível a
transfiguração de uma actividade de tipologia artesã numa que adopta o standard
da produção industrial. E na industrialização dos bens culturais é sem dúvida o
que se deu em chamar como revolução tecnológica a principal motivação na hora de
dar a luz a este novo sector industrial.
Ao introduzir a teoria de ondas longas em economia e procurar o elemento raiz
que induz a geração de um comportamento cíclico no decorrer da actividade
económica através da linha de tempo, achamos que uma das principais escolas que
a dia de hoje se ocupa do estudo e optimização de dita teoria é aquela que
considera a inovação tecnológica, que mesmo chega a ser catalogada de revolução
tecnológica, quando a aportação provinte desta novidade leva consigo uma radical
mudança de paradigma da realidade técnico-económica, como a pedra rosseta que
nos permite decifrar as chaves fundamentais na hora de levar a cabo uma
descrição coerente das causas que impelem à economia a adoptar um comportamento
cíclico segundo o modelo binómico crescimento-decrescimento.
Schumpeter (1939) inaugurará e dará nome a esta escola de pensamento económico,
embora será o próprio Kondratieff o que adiante a importância fundamental da
inovação como elemento dinamizador e moldeador da economia, como bem se reflecte
ao sentenciar: “During the recession of the long waves, an especially large
number of important discoveries and inventions in the technique of production
and communication are made, which, however, are usually applied on a large scale
at the beginning of the next long upswing” (Kondratieff, 1935:111).
Schumpeter chega a catalogar na história da economia capitalista três mudanças
de paradigma tecno-económico devidos a outras tantas inovações fundamentais ou
cluster de inovações radicais, a saber:
A revolução industrial e seu brutal impacto nas formas de produção tradicional
que pouco a pouco se veriam substituídas. Isto implicaria a desaparição do laço
comunitário expressado através da congregação gremial e seu remplaçamento por um
crescente individualismo que tem sua raiz genealógica no homem assalariado;
A posterior idade do aço e do vapor que terá uma incidência primordial no
acurtamento das distâncias geográficas mediante a introdução dos caminhos de
ferro, de modo que a indústria deixe de estar ligada à fonte de matéria prima
podendo agora achar-se alonjada da mesma milheiros de quilómetros;
Depois chegará a revolução introduzida pela aparição da electricidade, a
química e os motores de explosão interna, variando radicalmente uma forma de
produção que agora já está em disposição de pôr no mercado de forma simultânea e
em lugares longínquos uma grande quantidade de um mesmo bem (ubiquidade e
sincronia).
E embora o autor não chega a catalogar uma quarta revolução tecnológica, sim o
chegam a fazer seus discípulos, ficando esta caracterizada pela invenção do
plástico, a generalização do uso do autocarro que tanto deve à cadeia de
montagem e ao carro do povo (Volkswagen) ou carro popular utilitário, assim como
a aparição da electrónica e a consequente aparição do transístor que fez
possível a miniaturização dos aparatos electrónicos. Trata-se sem dúvida dos
cimentos sobre o que se assenta o que actualmente se chama revolução
tecnológica, também conhecida como sociedade da informação, ao ser precisamente
o tratamento e acesso à informação o centro sobre o que gravita toda esta série
de inovações de consumo que dia a dia se nos oferecem.
A inovação paradigmática ou radical que produz a ruptura com a fase terminal do
ciclo e ilumina o início da seguinte cumpre uma série de prerrequisitos
necessários para que tal processo possa levar-se a cabo:
Deve introduzir novas técnicas que aprontem o aumento da eficácia produtiva
mediante a aparição de novas e mais efectivas ferramentas;
Leva consigo a elaboração de novos produtos e bens que se põem a disposição do
consumidor;
Imperativamente obriga a uma reorganização da actividade económica com a
aparição de novos modelos de estruturação.
Descrito o processo que possibilita na teoria de ondas longas o que a um período
de recessão venha continuado por outro de crescimento mediante a aparição de um
cluster de inovações, assim como aqueles elementos que marcam este cluster como
paradigmático, a discussão centra-se em se a revolução tecnológica da sociedade
da informação que deu lugar às denominadas indústrias culturais pode se
considerar como um grupo de inovações paradigmáticas ou simplesmente se trata de
inovações secundárias, incrementais ou adaptativas surgidas ao calor da
revolução electrónica, sendo simples direccionamentos dela. A falha de
perspectiva e as perturbações que estão a distorsionar a percepção económica
dificultam a emissão de qualquer diagnóstico, de modo que apenas o tempo nos
permitirá a posteriori conhecer se realmente estamos vivendo uma mudança de
paradigma ou se devemos aguardar a outras profetizadas revoluções tecnológicas
como a da nanotecnologia e suas computadoras quánticas.
Notas:
[1] Não trata de ser este mais que um estudo preliminar dos ciclos de onda
longa, uma introdução, adereçada com uma reflexão sobre a relação causal que
parece existir entre eles e os distintos tipos de conflitos armados, o qual
desemboca na consideração da guerra coma um fenómeno que também pode ser
adscrito ao proceder cíclico. Inscreve-se dentro de um ambicioso projecto de
investigação que está a levar a cabo o Instituto Galego de Estudos de Segurança
Internacional e da Paz (http://www.igesip.org), particularmente pelo seu Núcleo
de Ciência Aplicada, e que, Deus mediante, verá a luz no transcorro do próximo
ano 2006. Constará de uma preliminar exposição e comentário sobre a deriva que
está a seguir a ciência actual, mais preocupada por satisfazer as suas fontes de
financiamento que pela rigorosidade do método científico, o qual está a ter como
consequências por uma banda a queda de qualidade dos trabalhos científicos, e
por outro um conseguinte grado de desprestígio. Continuar-se-á com um estudo
sobre a percepção cíclica desde a óptica antropológica, já mencionada no
presente. Logo abordar-se-á uma completa história da teoria de ciclos, cuja
parte central será a análise da economia capitalista desde a teoria de ondas
longas fazendo finca-pé no escrutínio dos dados empíricos que permitem a
elaboração de esta, assim como a avaliação da sua consistência ou não. Por
último fazer-se-á uma profunda aproximação aos distintos tipos de guerra que se
podem considerar, centrando-se em aquelas que possam ter uma relação causal com
o devir do ciclo económico.
Referencias
ACTION AID. (2005). Real AId: An Agenda for Making Aid Work.
http://www.actionaid.org/wps/content/documents/real_aid%20final.pdf
AGUSTÍN, Santo (1992): La ciudad de Dios. Barcelona: Alma Mater.
BAKER, R. (1976): New and Improved – Inventors and Inventions that have changed
the Modern World, London, British Museum Publications.
BARNETT, Vicent (1998) “Dating the Long Cycle Turning Points: Kondratiev and
After”. In MAKASHEVA, Natalia, Ed., The Works of Nokolai Kondratiev. London:
Pickering & Chatto, pp. xxxv-xlix.
BECKMAN, Robert. (1983): The Downwave, Portsmouth, Milestone Publications.
BERRY, Brian J.L. Long wave rhythms in economic development and political
behavior. Baltimore: The Johns Hopkins University Press.
BERRY, Brian J.L.; KIM, Heja; KIM, Hak-Min (1993) “Are Long Waves Driven by
Techno- Economic Transformations?”. Technological Forecasting and Social Change,
n. 44, pp. 111-135.
CAMÕES, Luís de (2004): Os Lusíadas (ed. fac-símile). Braga: Universidade do
Minho.
CHASE-DUNN, Christopher and PODOBNIK, Bruce (1995). “The Next War: World-System
Cycles and Trends” in Journal of World-Systems Research v. 1(6).
CLEARY, M.N. and HOBBS, G.D. (1984): “The Fifty Year Cycle: A Look at the
Emperical Evidence” in Long Waves in the World Economy. London: C. Freeman.
Páxs. 164-82.
CUBELLS, Fernando (1979): Los Filósofos presocráticos: Estudios inéditos de
filosofía Antigua (Empédocles. Orígenes históricos de la ciencia ética).
Valencia: Facultad de Teología San Vicente Ferrer.
DE MIGUEL, Amando (1986): España Cíclica. Madrid: Fundación Banco Exterior.
ELIADE, Mircea (1992): O Mito do Eterno Retorno: Arquetipos e Repetição. Lisboa:
Edições 70.
ELIADE, Mircea (2002): Tratado de História das Religões. São Paulo: Martins
Fontes Editora.
FREEMAN, Christopher. Long wave theory. Cheltenham: Edward Elgar Publishing.
FREEMAN, Christopher and PÉREZ, Carlotta (1988). “Structural Crisis of
Adjustment, Business Cycles and Investment Behaviour” in Dosi, Freeman, Nelson,
Silverberg and Soete Change and Economic Theory. London: Francis Printer
Publishers. Pags. 38-66.
FUKUYAMA, Francis (1993): The End of History and the Last Man. New York: Harper
Perennial.
FURTADO DE ARAÚJO, Paulo Henrique (2001). “Comentários sobre algumas Teorias de
Ondas Longas” em Rev. Univ. Rural, ser. Ciênc. Hum., v.23, n.2. Rio de Janeiro:
Universidade Federal Rural de Rio de Janeiro. Pags. 169-182.
GEYL, P. (1995): Debates with historians, London, Collins.
GIBBON, Edward (2000): Historia de la decadencia y caída del imperio romano,
Barcelona,
Alba.
GOLDSTEIN, Joshua S. (1988): Long Cycles: Prosperity and War in the Modern Age.
New haven:
Yale University Press.
GORDON, Ian (2005): The Long Wave Analyst, En-línea, Disponível em [consult.
30/09/05]:
<http://www.thelongwaveanalyst.ca>.
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich (1995): Lecciones sobre la historia de la
filosofía. México: Fondo de Cultura Económica.
HOLMES, Jack E. (1985): The Mood/Interest Theory of American Foreign Policy,
Lenington,
University Press of Kentucky.
HOSKINS, Richard K (1994). War Cycles, Peace Cycles. Virginia. Pub. Co.
HIRSCHMAN, Albert O. (1982). Shifting Involvements. Private Interest and Public
Action.Oxford: Martin Robertson.
HUXLEY, Aldous (1998): Brave New World. New York: Harper Perennial Modern
Classics.
IMBERT, Gaston (1959) Des mouvements de longue durée Kondratieff.
Aix-en-Provence: La pensée universitaire.
KANT, Emmanuel (1991): Antología. Barcelona : Península.
KLINGBERG, Frank L. (1952). “The Historical Alternative of Moods in American
Foreign Policy”, in World Politics 4, 239-273.
KONDRATIEFF, N. D. (1935) “The Long Waves in Economic Life”. The Review of
Economic Statistics, vol. XVII, n.º 6, pp. 105-115.
KONDRATIEFF, N.D.; et al. (1979) Los ciclos económicos largos. Madrid: Akal
Editor.
KONDRATIEFF, N.D.; GARVY, G (1946) Las ondas largas de la economía. Madrid:
Revista de Occidente.
KONDRATIEFF, N.D. (1984): Long Wave Cycle. Richardson and Snyder.
MARCO AURELIO, Emperador de Roma (1978): Pensamentos para mim próprio. Lisboa:
Estampa.
MARTÍNEZ BARBEITO, Josefina; VILLALÓN, Julio G. (2003): Introducción al cálculo
estocástico aplicado a la modelación económico-financiero-actuarial. A Corunha:
Netbiblo.
McMASTER, R.E. (1977) Cycles of War. The next six years. Kalispell: War Cycles
Institute.
MONTEIRO, João Gouveia (1988): Fernão Lopes, texto e contexto. Coimbra: Livaria
Minerva.
NAMENWIRTH, J. Zvi (1973). “Wheels of Time and the Interdependence of Value
Change in America”, in Journal of Interdisciplinary History III, 649-683.
NEUMANN, Manfred (1997): The Rise and Fall of the Wealth of Nations. Cheltenham:
Edward Elgar
Publishing limited.
PAGÁN, Alberto (2000): A Voz do trevón : unha aproximación a "Finnegans Wake".
Santiago de Compostela: Laiovento.
POPPER, Karl (1985): La Lógica de la investigación científica, Madrid, Tecnos.
RAPPAPORT, Roy (1987): Cerdos para los antepasados: el ritual en la ecología de
un pueblo de Nueva Guinea. Madrid: Siglo Veintiuno.
RICHARDSON, L. F. (1960): Statistics of deadly quarrels, Pacific Grove, Boxwood
Press.
RODRIGUES, João Resina (1996): “Notas sobre a espistemologia das ciências da
natureza”. In MORIN, Edgar, O problema da epistemológico da complexidade.
Mem-Martins: Europa- América, pp. 44-51.
SARAIVA, António José (1984): Iniciação na Literatura Portuguesa.
Europa-América: Mira- Sintra.
SCHOPENHAUER, Arthur (2004): El Mundo como voluntad y representación, Madrid,
Trotta.
SCHUMAN, James B.; ROSENAU, D. (1972): The Kondratieff Wave, New York, World
Publishing.
SCHUMPETER, Joseph A. (1939): Business Cycles. New York: McGraw-Hill.
SPENGLER, Oswald (1998): La Decadencia de occidente: bosquejo de una morfología
de la
historia universal, Madrid, Espasa-Calpe.
TCHIJEVSKY, A. L. (1971): “Physical Factors of the Historical Process”, em
Cycles,
January, pp. 11-27.
TOYNBEE, Arnold Joseph (1991): Estudio de la historia. Madrid: Alianza.
VICO, Giambattista (1974): Principios de una ciencia nueva en torno a la
naturaleza común de las naciones. Madrid: Aguilar.
WEBER, Robert F. (1981). “Society and Economy in the Western World System”, in
Social Forces 59, 1130-1148.
WILKINSON, D. (1980): Deadly quarrels: Lewis F. Richardson and the statistical
study of war. Berkeley: University of California Press.
WRIGHT. Quincy (1942). A Study of War. Chicago: University Of Chicago Press.
Pulsando aquí puede solicitar que
le enviemos el
Informe Completo en CD-ROM |
Los EVEntos están organizados por el grupo eumed●net de la Universidad de Málaga con el fin de fomentar la crítica de la ciencia económica y la participación creativa más abierta de académicos de España y Latinoamérica.
La organización de estos EVEntos no tiene fines de lucro. Los beneficios (si los hubiere) se destinarán al mantenimiento y desarrollo del sitio web EMVI.
Ver también Cómo colaborar con este sitio web