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Ensaios de Economia
de Luis Gonzaga da Sousa
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Ciência Econômica tem dado uma grande e eficaz contribuição aos seus pesquisadores, assim como aos comentaristas laicos que procuram entender as leis e os princípios da economia, frente às diversas ciências que lhe dão suporte. É verdade que a economia tem muito que explicar, não só no que diz respeito aos fatos que ela precisa decifrar; mas, aos próprios conceitos que foram explicados, e que dinamicamente já foram superados. A economia vive numa eterna mutação, pois, os relacionamentos sociais fazem com que os fatos estejam sempre enfrentando novas experiências, portanto, factíveis de serem postos para aprovação, ou não, pela Ciência. Tudo só tem tornado a economia, mais interessante, envolvente, e mais criticável, dentro dos princípios do avanço da Ciência Econômica.
Como se pode observar, os fazedores de política econômica têm feito o máximo que podem para conduzir a economia pelos caminhos da estabilidade, de tal maneira que qualquer desajuste econômico é eventual, e facilmente ajustável pelas forças competitivas. Entretanto, os problemas sociais e econômicos que acontecem, não são questões que dizem respeito a problemas normais unicamente da economia, mas provocados por agentes não econômicos que querem tirar proveitos de quaisquer desregularidades da situação. Estas desregularidades são do tipo, exploração ao trabalhador, acumulação e concentração de capital, atuação de latifúndios déspotas, formação de trustes e cartéis, isto no que diz respeito ao setor industrial, também comercial, e financeiro, e muitas outras formas de espoliação econômica.
Numa pequena digressão, pode-se verificar que a Teoria Econômica deu passos bastante importantes para a Ciência Econômica, desde o momento em que começou a estruturar a economia como fez Adam SMITH (1723-1790), pois, foi o fato histórico mais considerável que essa ciência pode lançar. Foi com ele que a economia adquiriu a sua base, seus conceitos básicos e seus fundamentos, necessários para uma ciência econômica, mas, antes de Adam SMITH (1776) a economia já existia, como existe há milhares de séculos, no entanto, não tinha a precisão do velho mestre que a resgatou das mãos dos filósofos e sofistas do passado, que faziam os seus passeios transcendentais para uma busca de soluções aos casos reais do dia-a-dia. Depois do mestre, surgiram diversos outros que deram maior impulso ao desenvolvimento da economia.
Um dos primeiros passos da economia foi a criação de um mediador de valor, um instrumento que servisse como meio de troca, sendo assim neste clima, que surgiu a moeda. A moeda tem contribuído surpreendentemente para a economia, a tal ponto de viabilizar uma maior quantidade de transações econômicas, entretanto, o fato de uma simples convenção dinamizar a economia, pode considerar um ponto de importância que tem a moeda para o sistema como um todo. Com o surgimento da moeda, a vida da economia mudou de maneira assustadora. Houve uma maior viabilização dos recursos escassos da sociedade, e, evitando-se conduzir grandes volumes de bens, para as trocas com algum outro produto que se necessitasse, apenas se levaria um certificado de garantia para as compras (Warrant).
Na verdade, a economia ainda precisa encontrar meios mais viáveis de dinamizar as aplicações econômicas, de tal maneira que possa acabar, ou pelo menos minorar os desajustes estruturais que existem, tanto nos países periféricos, como nos centrais. A evolução do sistema monetário tem trazido muitos problemas para os investimentos diretos; e, desta forma, é inegável que a defasagem existente entre a demanda e a oferta agregadas culmine com desemprego, crise e, sobretudo, inflação. Está claro que a economia do passado era bem menos complexa do que a economia atual; e isto faz com haja uma maior dificuldade na detecção dos problemas existentes na nação, que vive sob um regime oligopolista, cujos grupos organizados dominam o sistema econômico.
Porém, são os desajustes sociais que dificultam o bom andamento do sistema econômico, tendo em vista que a ganância entre os seres humanos, e o egoísmo próprio daqueles que buscam o máximo lucro, não conseguem a estabilidade da economia, tão bem ensinada pelos neoclássicos. Essa questão parte, do simples fato da existência de duas classes opostas, que historicamente, têm se arraigado na mentalidade dos agentes econômicos das nações, especificamente pobres, que não possuem condições de conseguir uma eqüidade no sistema econômico. A formação das duas classes sociais, patrões e trabalhadores tornam bem distante uma harmonia na população como um todo; pois, cada um procura o seu bem-estar, resultando em brigas entre ambos que pensam individualisticamente, hedonísticamente.
Nos tempos modernos a economia tem recebido um novo tipo de agente econômico de fundamental significado dentro da atividade econômica, que é o capital humano; contudo, tem-se demonstrado que a produção gerada traz consigo um acréscimo, por conta da sagacidade do homem, e independente de melhoramentos técnicos. Com isto, a economia dá mais um avanço formidável quanto a uma ciência que progride de maneira fantástica, embora a tecnologia tenha sido vista como uma técnica neutral, para em seguida, se ver o progresso tecnológico como uma variável independente e, agora, mais especificamente, ter-se uma determinação do real significado desta variável de desenvolvimento econômico. Todavia, não pode ser esquecido que este progresso só serviu para acumular e concentrar nas mãos de poucos potentados que estão à frente no mercado de bens e de fatores de produção.
A economia avançou, no entanto, deixou para traz os agentes econômicos que têm crescido em algumas áreas, e retroagidos em outras, como é o caso do capital humano, que em sua maioria é desqualificado, e com poucas oportunidades de se desenvolver, para se obter uma maior produtividade, e sobrepor como um fator de produção de maior relevância para a economia. É o capital humano que gera riqueza, mas, é o capital físico, ou investimento em imobilizado, que proporciona ao dono do capital a maior participação na acumulação e concentração de riquezas nas mãos de trustes e cartéis, que vivem da exploração do ser humano, elevando à idolatria os recursos financeiros, e por tabela as riquezas materiais.
O importante em economia não é uma apologia aos grandes capitais e nem uma pieguice aos pequenos, que vivem ocupando os espaços que os poderosos determinam, para aqueles empresários que têm parcos recursos financeiros e não encontram outra saída na concorrência intercapitalista. O capitalismo nacional, ou internacional cria uma mentalidade nas cabeças de toda uma estrutura econômica de que o importante é o laissez faire, quer dizer, que os princípios pregados no mundo capitalista conduzem ao respeito à propriedade privada, aos donos do poder e, conseqüentemente, faculta a estes poderosos uma maior mobilidade, frente aos agentes econômicos participantes da economia. Desta forma, os oligopólios ficam mais fortes, e a exploração capitalista é mais intensiva e desumana, devido aos conflitos participativos.
O capitalismo avançou de maneira absurda, praticando uma distribuição de renda de maneira concentradora em benefício do capital, quer dizer, o processo de acumulação se intensificou, e as taxas salariais ficaram cada vez, menores, provocando uma pauperização da massa trabalhadora e enriquecimento ilícito de poucos aventureiros. Foi nesse contexto, que surgiram os sindicatos, tentando minorar as condições dos trabalhadores que geraram altas mais-valias para o processo de acumulação dos patrões, que cada vez mais, mecaniza o seu processo produtivo, formando os conhecidos desempregos tecnológicos do século XVIII, e do XXI. Os sindicatos têm a função de reivindicar para os trabalhadores, melhores condições de trabalho e de vida para esse agente produtivo, sempre fora de um esquema partidário da estrutura política local.
Mas, é com a dominação de poder pelos oligopólios, que a economia tem contraído as maiores dívidas do século XX, simplesmente para assegurar aos donos do capital as suas bases sólidas de hegemonia; porém, assegurando os exorbitantes lucros às sociedades anônimas para conseguirem se manter nos países periféricos, como apenas coletor dos recursos escassos de sociedades pobres para aplicações em suas matrizes. Isto é o que fazem as multinacionais, as transnacionais, e os monopólios, que têm o poder de açambarcar as riquezas de países pobres, para aumentar o poderio de países ricos, e em troca deixam a miséria, a infelicidade e o sacrifício de organizar a sua decadência irrecuperável. Foi esta a herança deixada aos países do terceiro mundo, que buscam sobreviver, e não conseguem nem se quer ter uma idéia de como sair de tal situação.
Desta feita, a economia mundial e os países do terceiro mundo, passam por uma transformação que não se pode imaginar o tamanho dos problemas, que se têm que resolver o mais rápido possível, isto no que diz respeito à teoria econômica em si, e frente aos problemas reais em que os países pobres passam no dia-a-dia. A Ciência Econômica exige reformulações rápidas em seus conceitos e técnicas de soluções para problemas econômicos atuais, e não tem conseguido avançar muito, aos problemas da ciência como um todo, porque antes surgem as dificuldades mais urgentes, que é uma solução aos casos de países pobres que sofrem a questão da dívida externa, do desemprego estrutural, do decrescimento econômico e de muitas outras questões que devem ser resolvidas já, e não encontram respaldo na teoria econômica moderna. Desta forma, a Economia precisa de um ultimato, é preciso um avanço da economia para depois se ter um avanço dos povos.
O que se observa no mundo atual é uma desregularidade no sistema econômico, que não tem uma economia planificada, procurando implementar um planejamento em toda a sua economia; pois, uma organização da estrutura produtiva, das disponibilidades da nação e de seu acervo de capital e mão-de-obra, não há como se sacrificar com os desajustes econômicos. Isto ocorre mais facilmente em países do terceiro mundo, cuja dependência ao capital internacional não proporciona suportes adequados para um bom desenvolvimento econômico, como tem aparecido em países com bases suficientes para suportar os problemas que envolvem o processo de dominação, e é nesse ponto, que entra a política do entendimento entre os interessados no assunto em pauta.
O fato do planejamento econômico não ter dado certo em países do terceiro mundo, decorre simplesmente da estrutura de disposição da classe empresarial, como se pode ver pela dominação existente na economia. O comum nesses tipos de países é a hegemonia de poucos grupos econômicos dominarem a atividade produtiva, pois qualquer decisão que as autoridades econômicas e/ou políticas tomem, não pode ser em detrimento da classe dos poderosos, porque a resposta é rápida, provocam crises que o governo federal não tem condições de resolver. A verdade é que o governo procura avançar nos espaços que podem ser preenchidos e, deixar que todos ganhem, isto quer dizer, tanto os poderosos donos do capital quanto a população que precisa do benefício da economia.
Qualquer tipo de radicalismo conduz sempre as diversas convulsões sociais que ao invés de construírem a nação, furam um buraco bem maior do que o sistema econômico poderia passar se os dirigentes da nação fossem políticos, a ponto de não se sectarizar contra ninguém. É preciso que não existam economistas comprometidos com os sistemas políticos atuantes dos países em dificuldades; mas, é imprescindível, que os políticos se comprometam com as idéias dos economistas que buscam sempre a eqüidade social da humanidade e, para tanto, a política faz por em prática os sacrifícios de estudiosos que buscam construir um mundo melhor para todos, indistintamente de raça, classe social e religião. Não se pode com ditadura resolver os problemas do mundo; todavia, pode-se com o beneplácito de todos, solucionar os graves problemas que a sociedade atual enfrenta passivamente.
Todas essas dificuldades conduzem a problemas maiores que é o interrompimento do processo produtivo, e uma degradação quase, ou total da economia; porém, quem mais perde são os trabalhadores que dão tudo de si para a manutenção da atividade econômica, e terminam desempregados, sem alguma perspectiva de solução. As crises fazem diminuir os salários e engrandecer os lucros, mesmo sabendo que nessa conjuntura, até mesmo os lucros são decrescidos, quando se observa pelo lado do poder de compra internacional, porque o valor da moeda se deteriora, portanto, mesmo que se ganhe mais, significa menos, frente ao seu valor intrínseco. Com isto, aparecem as greves, os baderneiros e, por conseqüência, aqueles que têm interesse em demolir as instituições e acabar com a nação em crise.
O mais comum num país em crise é o terrorismo, qual seja de esquerda, ou de direita. Então, pergunta-se normalmente, para quem serve o terrorismo? A resposta é fácil para os agitadores populares, que a ninguém aparentemente interessa, mas, a todos beneficia em seu modo de pensar. Como justificar isto? É fácil, pois o terrorismo tenta demolir a seriedade das coisas e anarquizar o seu conjunto para alguém se locupletar e isto, tanto do ponto de vista de esquerda como de direita. Observa-se que, quando a direita quer incriminar a esquerda, incita esta facção e até mesmo pratica o ato para carrear a opinião pública contra esse grupo para daí começar a guerra de ideologias, que do lado da esquerda, ela assume seus atos usando tal instrumento como uma maneira de derrubar quem está no poder e tentar ditar as suas políticas.
Dentro dessa conjuntura, as empresas pequenas entram num processo de falência e as grandes tendem à concentração e centralização de poder, alastrando-se a defasagem entre os salários dos trabalhadores, assim o que sobressai nesta hora é a habilidade da classe empresarial. O processo de reivindicação se intensifica, causando diferenciais, cada vez maiores entre os trabalhadores, acirrando dentro da própria classe uma briga que ao invés de unir, cria uma ruptura de tamanho tal, e, quem ganha com isto são os capitalistas. Isto faz com que se inicia uma fase de descrédito na economia como um todo, originando dificuldades na saída desta crise que parece ser provocada por grupos radicais de qualquer lado, que quer unicamente subir ao poder em detrimento de uma consciência geral da população.
Esses problemas têm colocado os países dependentes em situação difícil, tendo em conta a submissão que existe em diversos aspectos, tais como a questão tecnológica, o problema do suprimento de matérias-primas, e o problema da dívida externa da nação. Como se observa, um país subdesenvolvido não apresenta uma tecnologia poupadora de mão-de-obra, mas intensiva com este fator, porque os métodos de trabalho ainda são precários, e precisa-se buscar em países desenvolvidos ou industrializados, tecnologia que melhore o processo de produção, para fazer melhorar o nível de vida de seu povo. O mesmo acontece com as matérias-primas que precisam ser importadas, para suprirem a produção de bens básicos, e melhorar a questão da dívida interna, que é o mais premente na atualidade.
Ainda quanto ao processo tecnológico que convive dentro dos países pobres, ou atrasados, constatam-se métodos rudimentares de produção, tais como eram utilizados nos tempos dos primatas, que para absorver qualquer tecnologia eram precisos séculos e séculos, pelo simples fato de que os aprendizados eram feitos ao longo da história e pelo método do aprender fazendo. Com isto, os ganhos da humanidade em termos tecnológicos eram pequenos, entretanto, alguns povos chegaram a participar dos avanços em tecnologias muito tempo depois, e com a ajuda daqueles que já conheciam alguns ganhos de facilidade nos processos de produção, pois hoje a humanidade goza de tudo preparado pelos avanços que os cientistas conseguiram, e ainda procuram criticar, injustamente os pressupostos que já foram superados ao longo da história.
No entanto, ao se observar o problema do subdesenvolvimento pelo lado da matéria-prima é fundamental se colocar como isto envolve o fato. A matéria-prima é um insumo que participa da produção necessária para suprir as necessidades de um povo, pois um povo pobre, demanda no exterior alguns insumos básicos para industrializar determinados produtos que são confeccionados internamente, mas que não existem matérias-primas para a sua produção. Isto é um fato, tendo em consideração que os países pobres se voltam naturalmente para a produção de bens de primeira necessidade e se especializam na produção de um, ou poucos produtos primários, tal como, o arroz, o café, o açúcar, o trigo, ou alguns outros produtos, mas de maneira especializada, como manda a divisão internacional do trabalho.
Neste contexto, não poderia faltar de ser explicada a questão da dívida externa de países periféricos que vivem em eterna dependência de países centrais que têm como objetivo fundamental a exploração, a pobreza das nações que não têm condições nem de subexistir no planeta terra. E, como a dívida externa pode influir na economia dos países do terceiro mundo? Vejam, os débitos que os países pobres contraíram, força a uma dependência exagerada dos devedores com os ricos, a ponto de se fazer transferências constantes como os chamados pagamentos da dívida, forçando a um empobrecimento mais forte desta nação. Isto tem trazido multiproblemas ao país e um emperramento da dinamização da economia local, com desemprego, desinvestimentos, e uma multiplicidade de dificuldades internas.
Entre todos os problemas que mais afligem uma nação está uma dívida nacional interna que o governo, ou os governos contraem, considerando que o seu pagamento vai culminar com a utilização de uma implementação de política fiscal, que trará maiores dificuldades para a nação envolvida na questão. Com respeito a isso, deve-se colocar que esta variável está estritamente ligada com a taxa de juros que, além de ser um determinante sério no montante da dívida interna e externa, também influencia nos investimentos no mercado de capitais; portanto, um desajuste na taxa de juros implica desequilíbrios na economia como um todo, que se não tiver os devidos cuidados para com a dinâmica da economia, a crise será o resultado mais próximo que se terá do sistema como um todo.
Finalmente, este trabalho tenta proporcionar aos leitores da área de economia, um pouco de conhecimento quanto às variáveis que são significantes no sistema econômico, e que é preciso reconhecer as suas repercussões em todas as atividades que a economia executa. Assim, foi um pequeno esforço despendido com o objetivo de contribuir com a Teoria Econômica, no afã de que todos que desejam saber como funciona a economia, possam ter uma noção das reais condições de funcionamento de uma estrutura de um sistema econômico nacional e internacional. Portanto, é preciso que se conheçam os pressupostos econômicos, para se poder discutir com maior intimidade a dinâmica de uma economia; pois, o que se observa nas rodas de amigos e nos calçadões da vida, são as mais diversas discussões sobre economia, onde, na verdade, pouco se entende sobre os fatos econômicos de maneira mais cabal e sincera.