Este texto forma parte del libro
Ensaios de Economia
de Luis Gonzaga da Sousa
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O FUTURO DA ECONOMIA



A Ciência Econômica tem procurado dar uma explicação aos problemas ligados à economia como um todo, ao se falar em macroeconomia; e, às partes, quando se quer justificar o aspecto microeconômico de uma nação, de uma região, ou do mundo inteiro, ao considerar uma economia aberta, com relação internacional. Os clássicos tinham as suas respostas para as questões da época, que podem ser tomadas como pressupostos, e foi isto que foi feito, para que a economia, como teoria, avançasse acompanhando os tempos. A superação das hipóteses que não tinham mais consistência foi dando lugar àquelas que iriam explicar novas realidades ditadas pelos costumes, criatividades e até mesmo, deformações políticas, e institucionais. A imperfeição da estrutura econômica não é criatividade da teoria, nem tão pouco charme da Ciência Econômica, na ânsia de tentar mostrar as impurezas da vida em termos da economia, para se conseguir um público apologético em busca de fama, e prestígio em troca de nada.
Na época dos clássicos, tais como Adam SMITH (1767), David RICARDO (1817), Jean Baptista SAY (1803), Robert MALTHUS (1798), Stuart MILL (1864) e muitos outros, conseguiram explicações aos problemas econômicos, através da própria estrutura da economia, pois, observou-se que, sendo os produtores ou vendedores, e os compradores ou consumidores livres, como eram naquele momento, a economia funcionava como se existisse uma mão invisível, arrumando a casa nos momentos de desajuste de curto prazo, que porventura viéses pudessem acontecer. Era a filosofia do laissez faire, ou como dizem alguns outros, do laissez passez, quer dizer, deixe estar como está para ver como fica, é o princípio de que muita gente está se encontrando com muita gente; e, por si só, conseguem determinar seus desejos, suas dificuldades, e não precisam de forças externas para ajudar neste processo, isto é, está aqui o pressuposto de que a economia é livre para todo mundo que queira participar dela, de maneira direta, ou indireta.
Está claro que mesmo na época dos clássicos, o princípio hedonístico já existia, e com bastante relevância, mas, não se levava em consideração, tendo em vista a economia como um todo, viver sem precisar invocar questão pessoal de cada um para explicar o processo de acumulação, a se apresentar já naquela instante. É óbvio que as concentrações que existiam naquele momento, e as acumulações que eram necessárias, não incomodavam a quaisquer dos agentes econômicos, como, consumidores, produtores e governos (mandantes); pois, sem observar esta consideração é que o processo se agravou ao longo da história, e foi neste sentido que o hedonismo teve que ser levado em consideração. O hedonismo significa, cada um por si e Deus por todos, ou em outras palavras, o máximo de prazer com o mínimo de sacrifício para as pessoas, entretanto, este princípio não foi tomado para a sociedade como um todo, mas, de maneira individualizada.
No entanto, foi com a superação de alguns pressupostos clássicos que entraram em pauta, que os neoclássicos, deixando de fora a corrente filosófica divergente criada por MARX (1867), onde explicaram que os princípios econômicos levantados pelos clássicos só serviriam para dar apoio à classe exploradora, quer dizer, aos capitalistas, é que, tais princípios tomaram novos rumos na explicação dos fatos econômicos. Na perspectiva da visão neoclássica, a Teoria Econômica começa a dar novos passos em direção a um progresso da Ciência; entretanto, não se deixou de lado o fundamento de que a economia capitalista seria uma economia exploradora, na consideração de que o homem ficasse em segundo plano, e o capital (recursos e máquinas) fosse o agente principal, propulsor do desenvolvimento econômico e social; mas, perdurava a característica essencial de que o hedonismo é fundamental, quer dizer, cada um por si, não interessando os outros, e a humanidade sofrendo a dependência mortal.
No sistema capitalista a economia constitui uma ciência dinâmica, pelo fato das constantes crises provocarem revisões em todo momento; desta forma, aparecem novas soluções às questões econômicas que servem para resolver os problemas em pauta e para implementar o acervo intelectual da Teoria Econômica, dentro do processo de aceitação, ou rejeição das hipóteses imprecisas da teoria em análise. Talvez seja uma das vantagens que a economia burguesa ofereça aos cientistas da economia, pois, dentro de uma estrutura científica ajustada, obviamente sem distúrbios, não há condições de avanço da Ciência; contudo, se uma estrutura política dá condições de não se aceitar quaisquer proposições sem autocrítica, é verdade que a Ciência se aprimora e avança para maior aceitação das verdades, como é o caso das teorias complementares à economia burguesa, tais como, os clássicos, os neoclássicos, os keynesianos e algumas outras correntes coadjuvantes, ou divergentes.
O estudo da Ciência Econômica passa por diversas dificuldades de fundamental importância, pois, observa-se que não se leva em consideração a questão da atividade econômica, no âmbito de uma economia periférica; mas, somente de uma economia central, quer dizer, os estudos não diferenciam o problema de uma nação ser subdesenvolvida, de uma desenvolvida, ou em desenvolvimento. A Ciência Econômica é geral, desta forma, uma análise feita para países centralistas, ou de primeiro mundo, não se pode ter as mesmas respostas para países terceiro mundistas, periféricos, pois, as realidades em todos os níveis são totalmente diferentes. No sentido tradicional, não existe uma Ciência Econômica para países pobres, nem para países ricos, mas uma ciência econômica; sim, para uma economia burguesa, e não para uma economia socialista, e isto tem agravado muito mais as crises de países capitalistas que só buscam acumulação e concentração de capital.
A Ciência Econômica tem se preocupado; contudo, não tem dada a atenção devida as muitas questões que teriam cunho qualitativo, como por exemplo, problemas quanto ao meio ambiente, tais como devastação de matas, a questão do petróleo, a utilização dos rios, até mesmo o mar, problemas que dizem respeito a distribuição de renda, que tem gerado constantemente as desigualdades entre os seres humanos, e tem matado muita gente por falta de comida, saúde, educação, habitação e muitas outras formas de diferenciação social, problemas que levam em consideração a poluição de qualquer tipo, que fazem com que alguém pague por desajuste, que ele não cometeu e muitas outras formas de atuação e explicação da Ciência Econômica dos tempos modernos. Estes são problemas de difíceis soluções, pelo menos, a curto prazo, porque qualquer pagamento que se faça às custas de externalidades negativas, não compensam aos desajustes da economia como um todo.
Inegavelmente, a Economia já começa a se preocupar com esses fatores que em sua maioria são qualitativos, todavia, deve-se estudar uma maneira de se internalizar essas dificuldades, já que são provocadas por externalidades positivas, ou os ganhos em excesso para alguns originam falta para outros, e esta ganância, na busca de altos lucros, ou rápido crescimentos, ou máximas vendas monopolistas, fazem com que as desigualdades, cada vez mais, elasteçam-se, fomentando as lutas de classe. Esses problemas se intensificaram devido a um rápido progresso da ciência, e a comunidade mundial não estava em condições de receber tão grandes benefícios no planeta terra; mas, se os avanços ocorridos no que diz respeito a tecnologia, no campo da engenharia, da medicina, da física, da química, acontecessem acompanhado por uma avaliação econômica, de causa e efeito, talvez as inovações não tivessem deixado tantas seqüelas na humanidade.
A coisa não está pior, porque MARX (1867) abriu os olhos da humanidade, no que diz respeito à exploração dos aproveitadores, para se locupletarem com a desgraça alheia, tais como: baixo salário, deformação social na comunidade onde vive, impondo representantes para tolherem os direitos dos trabalhadores, e não poderem ter uma vida condigna com a sua participação no produto total, que ele consegue produzir. Foi a partir desta visão, que se formaram os sindicatos, as associações nas fábricas e até mesmo, associações de empresas pequenas, com objetivo de se defenderem dos grandes trustes internacionais e até nacionais, quando estes últimos, tem por meta combater a competição dentro do território nacional em seu proveito. Como se ver, a Economia tem muito que trabalhar para mudar seus pressupostos, para se adaptar aos grandes avanços que a ciência técnica tem conseguido, mas, sem olhar o bem-estar da humanidade como um todo que é o maior objetivo do homem na terra, fica muito complicado.
Mesmo com a formação dos sindicatos, de associações de qualquer tipo, o processo de conscientização não anda muito bem, tendo em vista que os princípios do poder, sempre têm dominado no processo exploratório da humanidade, através de seus mecanismos de ludibriação, de promoções forjadas, de propagandas enganadoras pelos meios de comunicação que estão ao seu dispor, como televisão, rádios, jornais e muitos outros mecanismos. Com isto, o processo de conscientização da humanidade passa por muito longe, continuando o poder sempre dominando a maioria que é a classe dependente, por conta, única e exclusivamente, de um salário de miséria. No entanto, esse salário deixa nos cofres do dono do capital, vultosas somas, frutos do suor do trabalhador indefeso e sem condições de organizar-se em conglomerados ativos que busquem conscientizar, não só trabalhadores, mas o homem de maneira em geral para restabelecer a igualdade entre os povos e entre o capital e a mão-de-obra.
A Ciência Econômica precisa de uma reformulação urgente. A Ciência Econômica já passou por diversas fases de explicação dos fenômenos econômicos, tanto no que diz respeito à problemática das populações carentes, isto é, quanto aos trabalhadores explorados e, quanto à problemática do ponto de vista do capital espoliador. Essa assertiva diz respeito às teorias marxistas, que desmascararam as fases ocultas daqueles que utilizam do trabalho alheio para ir em busca de grandes empreendimentos individualizados e personalísticos, como bem demonstrou também, como o dono do capital pode aplicar suas grandes somas de recursos em detrimento do bem-comum. Hoje em dia, a Ciência Econômica precisa de mesclar a filosofia marxista com os pressupostos de uma economia burguesa, para que o seu avanço seja tal, que, tanto o dono do capital e a mão-de-obra dependente caminhem juntos na busca de um objetivo só - o bem-estar social e econômico da humanidade.
O futuro da Economia é partir para conseguir, ou pelo menos tentar minorar, os problemas sociais que a humanidade enfrenta nos tempos hodiernos, tendo em vista que, existem mais variáveis de ordem qualitativas do que quantitativas que se deve levar em consideração numa análise econômica séria, e não se tem tomado consciência do valor desses dados, frente ao conjunto de uma realidade social. Propõe-se uma nova ordem econômica internacional, no sentido de que a Ciência Econômica atenda a uma explicação mais séria, levando-se em consideração sua situação política e social; pois, soluções para países pobres devem ser extraídas dentro do raciocínio de uma conjuntura de suas disponibilidades de recursos de todos os tipos, tais como, financeiros, físicos e intelectual. Portanto, a solução deve ser urgente, para que não se faça elastecer muito mais, os diferenciais de desigualdades entre os países centrais e periféricos, quais sejam economia burguesa, ou não; o importante é uma união entre todos os povos.