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"Contribuciones a la Economía" es una revista
académica con el
Número Internacional Normalizado
de Publicaciones Seriadas
ISSN 16968360
MAIS ADMINISTRAÇÃO, MENOS ECONOMIA
Graccho M. Maciel
PhD Consultores Ass. Intl
phd2@terra.com.br
A intenção deste trabalho foi compartilhar idéias críticas com os Administradores do séc. XXI, aqueles que estão, direta ou indiretamente, trabalhando para desconhecidos, mas não perdem a esperança e desejam aprender urgentemente como administrar sua própria vida. Pensei, de início, em repetir as palavras de Frei Boff quando pergunta: “Será que o Homem tem Jeito?”. Depois achei melhor trazer a poesia de uma música que diz, melhor que tudo, o senti-mento destas pessoas – os novos heróis do futuro.
CIDADÃO
Canta :Zé Ramalho – Composição : Lúcio Barbosa
Tá vendo aquele edifício, moço, ajudei a levantar.
Foi um tempo de aflição, era quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar. Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto, mas me vem um cidadão
E me diz desconfiado: "Tu tá aí admirado ou tá querendo roubar?"
Meu domingo tá perdido, vou pra casa entristecido, dá vontade de beber
E pra aumentar meu tédio, eu nem posso olhar pro prédio que eu ajudei a fazer.
Tá vendo aquele colégio, moço, eu também trabalhei lá.
Lá eu quase me arrebento, fiz a massa, pus cimento, ajudei a rebocar
Minha filha inocente vem pra mim toda contente:"Pai vou me matricular"
Mas me vem um cidadão: "Criança de pé no chão aqui não pode estudar"
Essa dor doeu mais forte, por que é que eu deixei o norte, eu me pus a maldizer.
Lá a seca castigava, mas o pouco que eu plantava, tinha direito a comer
Tá vendo aquela igreja, moço, onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo, enchi minha mão de calo, lá eu trabalhei também
Foi lá que valeu a pena, tem quermesse, tem novena, e o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse: “Rapaz deixe de tolice, não se deixe amedrontar”.
Fui eu quem criou a terra, enchi o rio, fiz a serra, não deixei nada faltar,
Mas o homem criou asas e na maioria das casas, Eu também não posso entrar"Esta realidade é fruto de decisões humanas, decisões míopes, tomadas todos os dias por administradores ou alguém ocupando seus lugares, que não conseguem ver o Sistema, não percebem o caminho flexível e imprevisível do vai e vem dos ciclos, nem se preocupam com o que pode acontecer no futuro. Até quando ?
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Graccho M. Maciel: “Mais Administração , Menos Economia" en Contribuciones a la Economía, noviembre 2006. Texto completo en http://www.eumed.net/ce/
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en formato PDF comprimido ZIP (22 páginas, 286 Kb)1. DESNUDANDO A ECONOMIA
Quando os mercados foram inventados, começaram como feiras livres, ofereciam um espaço para que os produtores, normalmente agricultores e artesãos viessem trocar suas mercadorias. Podemos recriar essa história através de um exemplo bem aproximado da realidade como ainda podem ser vistos nas feiras de troca de objetos usados das periferias urbanas. Suponhamos dois
Manoel e Francisco foram à feira pela manhã para trocar seus produtos. Era um tempo em que ainda não havia a moeda. Armaram suas barracas de lona no lado da pracinha destinado aos agricultores e colocaram seus produtos para exposição aos passantes e outros barraqueiros.
Os Melões de Manoel eram amarelados, cheiravam a fruta nova, adocicada, enchiam a boca dágua só de olhar.Já Francisco era mais refinado. Havia construído um moinho de vento com uma pedra de moer, ou Mó como chamavam, comprava trigo ou milho e moía trazendo sacos de farinha para trocar.
O problema era decidir quantos melões valiam um saco de farinha ou quanta farinha valia um melão. Os dois resolveram então fazer os cálculos de como poderiam chegar a um acordo. Fizeram uma tabela fazendo na vertical a Farinha por quilo, e na horizontal os melões inteiros.
Tabela 1
FARINHA
Deste ponto de vista, Manoel indicava as quantidades de melões que queria trocar e Francisco decidia quantos quilos de farinha estava disposto a dar por aquela quantidade de melões. Manoel não ficou satisfeito achando que a decisão final ficava só com Francisco e decidiu inverter. Deixaria que Francisco indicasse quantos quilos de farinha queria trocar e ele diria quantos melões trocaria pela farinha.
A tabela mudou de feição e se inverteu:
Tabela 2
MELÕES
Onde eram trocados 5 melões por 3 quilos de farinha passou a ser 3 melões por 5 quilos de farinha, e assim em todas as casa da tabela.
Era difícil dizer em que ponto da tabela os dois estariam de acordo, talvez somente naqueles em que as quantidades eram iguais, 3 melões por 3 quilos de farinha ou 5 por 5, ou 1 por 1. Fora destes haveria discordância e cada um gostaria de levar a maior quantidade do produto do outro que fosse possível, porém esbarraria num limite: o outro não aceitaria a célula da tabela de trocas quando sua intuição lhe dissesse que não valia a pena. Por exemplo, Francisco não aceitaria trocar 6 quilos de farinha por um melão porque achava que o trabalho de fazer a farinha teria sido maior. Do outro lado Manoel também não aceitava trocar 6 melões por 1 quilo de farinha pela mesma razão.
O problema então era: como comparar a quantidade de trabalho de cada um?
Talvez pelas horas gastas no trabalho. Mesmo assim, como comparar o tempo que um melão levava desde quando se plantou a semente até ficar maduro com o tempo gasto para plantar o trigo, esperar crescer, amadurecer a espiga, colher o grão, bater, descascar e moer a farinha? Ainda deve ser considerado que nas duas atividades o maior tempo de produção é gasto pela natureza, a terra, a chuva e o sol é que fazem brotar a semente, crescer a planta e dar o fruto. Ao produtor cabe apenas cuidar de repor o solo gasto, eliminar outras plantas, semear, limpar e colher.
Intuitivamente os dois foram elaborando uma idéia que mais tarde veio a se chamar Custos de Produção: Manoel e Francisco trocavam seus produtos pelo aluguel da terra, adubos, sementes, água, alimentação de si próprios e de suas famílias, roupas, uso da carroça, ferramentas e suas casas, e as horas de trabalho na lavoura.
Mesmo assim, na troca destas mercadorias Manoel calculava seus custos em melões e Francisco em quilos de farinha. Tudo que podiam receber da natureza, a terra, a água do riacho, a chuva, o sol, o vento para mover o moinho, todos eram dádivas dos céus, não eram atribuídos custos para eles.
Havia necessidade de se estabelecer um padrão para o valor de troca. Analisando estas práticas na sua época, David Ricardo descreve:
“Passou a ser de conhecimento geral que 1 libra de carne vale 4 libras de pão, como também vale 1 libra de queijo, ½ galão de trigo, ¼ de galão de vinho, duas tiras de couro curtido, etc., todos de qualidade média. Dessa forma cada mercadoria mede o valor de troca de todas as outras e é, por sua vez, medida por qualquer uma delas.”(RICARDO, D. - Princípios de ...pág 19).
Para garantir que somente as pessoas de sua Clan ou do seu povo teriam direito trocar alimentos na praça, os governos mandaram cunhar pedaços de metal com sua face, um retrato do soberano da época ou uma marca da nação à qual pertenciam e as protegiam e as distribuíram uma para cada família, de tal forma que elas tivessem livre acesso às bancas de troca.
Os estrangeiros que se infiltravam para trocar alimentos, por não terem a placa de identidade daquele povo eram reconhecidos e expulsos ou mortos.
Os comerciantes organizaram uma área que logo se transformou numa praça onde os produtores vinham mostrar seus produtos e trocar uns pelos outros, desde que tivessem suas placas de identidade. Nascia a Feira.
Logo os comerciantes começaram a emprestar a algumas famílias as suas placas de identidade em troca de uma percentagem de alimento recebido. Em pouco tempo os soberanos viram que suas placas podiam servir como instrumentos de troca: eles forneciam aos que produziam uma quantidade de placas de acordo com a sua produção. Com estas placas os que produziam podiam trocar seus produtos pelas placas de outro, o que lhes possibilitava trocar de novo por outros produtos em outras feiras nas quais suas placas fossem aceitas. Como as placas eram feitas de metais brilhantes e que não se desgastavam facilmente, foram adquirindo a confiança de que tinham valor, e maior seria quanto menos se manchassem ou deteriorassem, como ouro, prata, estanho ou cobre, os metais mais conhecidos da época.
É fácil deduzir que a invenção da moeda como meio de troca havia nascido e nunca mais se extinguiu.
Também é fácil perceber que a moeda era e ainda é um monopólio do soberano, hoje dos governos, e igual ao uso das placas, quem não tiver a moeda de um país não compra nada nas feiras deste país, salvo se algum comerciante aceitar a troca pela moeda do outro, mas não é garantido.
Com a moeda os comerciantes puderam calcular os termos da troca. Armaram uma tabela onde se colocavam os valores em moedas que seriam pagos pelos produtos, fossem melões, farinha, tecidos de lã, pratos de louça ou qualquer coisa.
Tabela 3
MOEDAS/UNIDADE
Fazendo os cálculos de todas as casas da tabela teremos:
Tabela 4
MOEDAS/UNIDADE QUANTIDADE TOTAL DE MOEDAS
Na primeira coluna estão as quantidades de MOEDAS POR UNIDADE DE PRODUTO (Y/X ) pretendidas pelo Vendedor, e na última linha estão as quantidades de produtos em QUILOS,( X ) que o comprador poderá comprar. As duas servem de matriz para os cálculos e a Moeda passou a ser uma régua para medir o valor da troca.
Os valores de cada casa da tabela significam o resultado da multiplicação de [Y/X x X] = Y, ou seja, as quantidades de moedas Y que o comprador deverá entregar ao vendedor para levar aquela quantidade de produto X.
Fazendo um gráfico destes valores, cada linha significa o valor em Moedas que troca por quilo de produto.
Gráfico da Tabela 4
As linhas crescentes na tabela indicam a mais simples das relações: se o comprador quiser mais produtos deverá entregar mais moedas por eles.
Imaginemos que as moedas foram inventadas e voltemos ao caso de Manoel que vendeu seus melões por 6 moedas, gastou uma em água e transporte e dispõe de 5 para comprar, enquanto Francisco traz a Farinha.
Francisco coloca uma PLACA onde escreve um número – é a quantidade de moedas que ele quer receber por um quilo de farinha. Esta quantidade de moedas foi chamada PREÇO.
Manoel faz as contas e chega à mesma tabela anterior: se o número de moedas ou preço por um quilo de farinha for 1, suas cinco moedas compram 5 quilos, mas se for 2, só compra 2,5 quilos, ou seja, quanto maior o número de moedas por quilo de farinha, menos quilos Manoel poderá levar PORQUE SÓ TEM CINCO MOEDAS.
Manoel fez outra tabela, calculando quanto poderia comprar de farinha com suas cinco moedas variando o número de moedas por quilo de farinha (preço) desde 1 até 5 moedas por quilo.
Tabela 5
Y MOEDAS GASTAS NA TROCA
PRODUTOS
A tabela diz que se o preço for 4 moedas por unidade de produto e ele só tiver 2 moedas só poderá comprar 0,50 unidades (metade) do produto escolhido mas se tiver 4 moedas poderá levar 1 unidade inteira e assim em diante.
Para comparar ele fez um gráfico a partir desta nova tabela:
Gráfico da Tabela 5
Como era de se esperar, esta é, e será sempre, uma função Decrescente, porque parte da divisão de um valor fixo, (as Cinco Moedas de Manoel), por valores que crescem, os Preços, dando como resultado as Quantidades de farinha que ele pode comprar. Poderíamos chamar esta função de Demanda das Teorias de Economia mas ainda não podemos dizer isto, por duas razões:
Primeiro porque os eixos do gráfico estão invertidos em relação à maneira como são apresentados nos livros de economia, Preços estão no eixo OX e Quantidades gastas de moedas estão no eixo OY, ao contrário dos Manuais.
Segundo porque não representa uma Demanda, palavra reservada para a ação de demandar, mover ação judicial, processo, litígio, combate, peleja. (Dicionário do Aurélio 1998). A palavra alternativa Procura, ação de procurar, esforçar-se por achar, encontrar, e também “o conjunto das produções e dos serviços que se pedem na indústria ou no comércio”(Aurélio, 1998). Preferimos a palavra Comprar, - do latim, comparare – comparar coisas entre si, adquirir por dinheiro; ganhar, adquirir ou obter com sacrifício ou prejuízo material ou moral ( Aurélio, 1998).
O Gráfico mostra esta última acepção – as compras podem ser feitas com o sacrifício de suas moedas, ou em troca delas. Quando os preços são baixos, uma quantidade fixa de moedas pode comprar maiores quantidades do que quando estão altos. Constatação da propriedade da operação de divisão – Dividindo-se uma quantidade fixa por valores crescentes, os resultados serão decrescentes matematicamente.
Para Manoel, agora na posição de comprador, a tabela ajudou muito. O que Manoel e Francisco estão descobrindo em matemática é o conceito prático de Função que devemos também conhecer.
2. O CONCEITO DE FUNÇÃO EM MATEMÁTICA.
Primeiro, para entendermos O QUE É FUNÇÃO é necessário voltar aos conceitos básicos de números reais e de Variável.
1. Números Reais – Incluem os números inteiros e os números fracionários positivos e negativos, e também o símbolo da ausência de alguma coisa, representada pelo Zero, 0, considerado também um número, formam o conjunto dos números Racionais. Além destes existem também os números irracionais, aqueles que nunca terminam, como na divisão de 10 por 6, cujo resultado é 1,66666... e nunca encontramos o fim da divisão, até que resolvemos escrever uma aproximação para 1,667. Estes números irracionais como o número ∏, (PI), 3,4142, a raiz quadrada de 2, e outros, junto com os números racionais formam o conjunto dos números REAIS, porque são encontrados nas operações aritméticas simples.
Suponhamos que são conhecidas as propriedades mais elementares destes números e que se sabe como efetuar sobre eles as operações fundamentais da aritmética.
2. Variáveis reais – Os números reais servem para exprimir o valor numérico da medida de grandeza contínua, por exemplo, a altura de uma parede pode ser expressa com números na unidade de medida de altura que adotamos, o metro. Mesmo que a régua seja precisa, a altura da parede pode ser de 3,5 metros, ou 3,52 metros, ou 3,58967 metros. De qualquer forma varia a precisão mas entre um valor e outro sempre existirá a parede, o que dizemos ser ela uma grandeza contínua.
A altura, o peso, o volume, ou outra característica de um material ou produto podem ser também considerados grandezas contínuas, assim como os valores de um produto em moedas que se podem fracionar. Isto ajuda a facilitar a vida das pessoas na sociedade mercantil.
Qualquer uma quantidade que pode variar de valor, por exemplo, as alturas das pessoas, o tamanho das árvores, os tipos de peixes, ou o riso das crianças , é chamada de VARIÁVEL. O que ocorre é que classificamos o mundo em grupos, pessoas, árvores, peixes, crianças, para identificá-los em uma classe que terá um nome e um significado, facilitando a comunicação. A palavra peixe é conhecida por mim que estou escrevendo e por você que está lendo, e formamos na cabeça uma imagem de um peixe. Nossos peixes não serão iguais mas todos serão peixes.
Ao individualizar um elemento de uma classe suas características serão únicas, podendo ou não apresentarem um mesmo valor que o de outro elemento da mesma classe. Uma pessoa pode ter a mesma altura que outra dentro da classe das pessoas, ou pode ser diferente. Esta diferença traduz o que chamamos de Variação, e as características que apresentam Variações são aquelas que chamamos de Variáveis.
Assim a altura de uma pessoa, o volume da copa das árvores, o peso dos peixes, ou o sorriso das crianças são variáveis.
Nos três casos citados primeiro, a altura, o volume e o peso podem ser medidos objetivamente e expressos por um número. No último, o sorriso não permite uma quantificação ou ser expresso por um número. Não faz sentido dizer que aquela criança tem um sorriso 4, ou 2, porque 4 ou 2 não dizem nada sobre o sorriso. Estamos no limite das grandezas que se podem medir e coisas que apenas se podem observar e falar sobre quantas vezes aconteceram. Estamos pisando na terra da Qualidade e ainda com o outro pé na terra da Quantidade. Aqui falamos de grandezas. Na terra da Qualidade falaremos em Atributos, que podemos contar e dizer um número de ocorrências observáveis.
Apesar disto, muitas vezes sabemos como provocar um sorriso numa criança e não sabemos como aumentar a copa de uma árvore. Este COMO FAZER, a maneira de fazer com que o sorriso aconteça ou a copa da árvore aumente, é o que chamamos de Função. Elas são melhor entendidas quando dizemos que
SE ISTO FOR FEITO (Se varia X) ACONTECE AQUILO (faz variar Y) ou, dito de outra forma, SE ESCOLHO UM VALOR DE X, A FUNÇÃO ME DARÁ UM VALOR DE Y.
Se aumentar as cócegas, pode aumentar o sorriso de um bebezinho, mas há pessoa que detestam cócegas; Se aumentar a água e o adubo a árvore pode ficar maior mas em outras pode reduzir a resistência a fungos e a planta morrer.
Chamamos de causa a variável X ou variável INDEPENDENTE porque seus valores estão dados ou predefinidos, bem como seu campo de variação. Este valor é o que pode ser escolhido. Eles têm um intervalo para variar, às vezes muito grande, de um a alguns milhões, como a população de um país, outras vezes muito pequeno, como numa tolerância de um valor que oscila entre mais ou menos 5%.
Quando as duas variáveis envolvem decisões de pessoas ou suas atividades, a variável independente significa que as decisões já foram definidas por uma delas, por exemplo, um vendedor define os preços que quer colocar nos seus produtos, pode até definir que para uma compra de maior quantidade o preço será menor, po-rém a decisão continua sendo sua.
Neste caso, caberá à outra pessoa apenas ver na Função qual o valor que lhe corresponderá ao escolher um valor da variável Independente. Se este valor da função estiver dentro de seus limites de aceitação ela executará a decisão.
Foi esta característica que fez com que Manoel recalculasse a primeira tabela feita por Francisco,(tabela 1) invertendo a posição de quem tomaria as decisões. Naquele momento Manoel e Francisco tinham mercadorias para trocar. Quando a moeda entra em cena, Manoel tem que vender seus melões a quem tenha moedas para depois ir até Francisco e comprar a quantidade de farinha que caiba na sua renda. Francisco por sua vez também tem que vender alguma coisa para obter meios de comprar matéria prima, energia, água, pagar algum empregado, pagar os impostos, e ainda os transportes até a feira. Cada um, no seu momento, são compradores e vendedores de alguma coisa.
No momento em que é vendedor cabe a ele definir os preços. Estes preços variam, seja numa loja ou entre lojas diferentes. As pesquisas de preços de um mesmo produto alertam os consumidores em potencial quando algum preço de um mesmo produto sofre variações maiores que 20% ou 25%. A loja com o preço maior está condenada e passa a idéia de que está abusando dos consumidores. Porém, quando a de menor preço esgota seu estoque, ou está muito longe para um comprador, as de maior preço também começam a vender. Noutras vezes os preços variam muito pouco, não compensando o deslocamento até a de menor preço.
Diante destes fatos, observamos o que acontece na maior parte das vezes e assumimos certos pressupostos sobre o que estamos observando, e o mais importante deles é que as condições permanecerão estáveis e o sujeito da ação não irá mudar seus motivos, daí podemos acreditar que o fato observado irá se repe-tir.
Este pressuposto vêm da Mecânica de Newton quando estudava os movimentos, mas resolvia todos procurando uma expressão para expressar o e-quilíbrio que, para ele, estava na ausência de movimento. É muito importante anotar este pressuposto do equilíbrio como ausência de movimento, que na física será expresso como duas Forças de igual intensidade e sentido contrários, uma contra a outra.
Como assumimos pressupostos, não se está dizendo taxativamente que alguma coisa Y se modifica se ocorrer X, ou que a variação acontecerá com certeza, simplesmente porque ainda não somos donos do futuro. No mundo material dos tijolos podemos afirmar com muita convicção “o que acontecerá se...”, a parede chegará a três metros se forem colocados os tijolos suficientes, e estará na vertical porque na sua construção foi usado o fio de prumo.
Com os seres vivos a coisa é radicalmente outra. Imaginem se cada tijolo da parede fosse um ser vivo. Cada um iria querer ficar do modo mais confortável para ele, isto se concordasse em ir para a parede. Um tijolo poderia ficar doente hoje. Pouco tempo depois a parede pareceria uma escada voltada para o lado mais bonito da paisagem ou talvez já tivesse caído. Basta observar como se comportam os torcedores no estádio assistindo a um jogo de futebol e comparar com a assistência de um concerto musical.
Este novo conceito que diferencia o Possível do Provável é extremamente importante para quem quer entender o comportamento das pessoas. Seus comportamentos podem mudar simplesmente porque estão sendo alvo de observação. Muitas vezes as pessoas se comportam dentro das regras quando estão sob vigilância e mudam quando a vigilância cessa ou a elas se dá um crédito de con-fiança. Outras vezes elas se comportam conforme um figurino tomado por modelo esquecendo o que são.
A outra razão pela qual os comportamentos podem mudar, e efetivamente mudam, é quando ocorre uma aprendizagem, processo de guardar uma informação ou mensagem nas memórias ativas e aplicar o novo significado para guiar suas ações. Nestes casos elas parecem acreditar que uma nova relação entre a ação e seu resultado tem maiores vantagens que as conhecidas antes da aprendizagem.
Quando um selvagem usa pela primeira vez uma faca de aço ele aprende que seu corte é mais certeiro e mais rápido.
Quando um aluno usa os métodos de Estudos de Tempos e Movimentos ele consegue explicar como quatro pneus podem ser trocados em apenas 8 segundos, e ainda fazer o abastecimento de gasolina. Na Fórmula Um ele aplica o conceito de Produtividade e as maneiras de como conseguir mais eficiência.
O efeito da mudança por Aprendizagem altera as probabilidades de que uma coisa provoque o acontecimento de outra, o que põe em dúvida todas as afirmações e teorias que se construírem sobre os comportamentos humanos, simplesmente porque “eles não são máquinas, homens é que são”(C. Chaplin)
Assim ele saberá a quantidade de produtos que poderá comprar com suas cinco moedas quando Francisco, o vendedor, mudar os preços. E da mesma forma ele procederá quando for vendedor na feira.
O que Manoel e Francisco estão descobrindo é o conceito prático de Função em matemática que devemos também conhecer.
3. VOLTANDO AO MUNDO REAL
Tomemos um exemplo do cotidiano: entremos numa loja de supermercado logo que é aberta às 7:00 horas da manhã. Encontramos quase todas as gôndolas já abastecidas e ainda alguns promotores modificando o lugar de algumas marcas nas prateleiras e alguns preços. Alguns preços são menores do que antes, mas na maior parte das vezes eles aumentam, principalmente se compararmos com a compra do mês anterior.
A ação dos compradores é simplesmente pegar o que pode comprar e colocar no carrinho. Suas ações são em grande parte definidas pelos seus hábitos de consumo e pela quantidade de dinheiro disponível naquele momento. Algumas vezes a curiosidade por um produto desconhecido ou de embalagem atraente o leva a colocar algum no carrinho, porém sem a certeza de que irá comprá-lo. Na hora de pagar, muitos destes produtos levados por impulso são abandonados.
Analisando a quantidade de dinheiro disponível, o consumidor pode fazer a seguinte tabela, supondo que ele está levando 20 moedas e pode gastar quantas quiser:
Tabela 6
QUANTIDADES PARA 20 MOEDAS
Ela mostra as contas que toda pessoa faz na hora de comprar: se o preço do produto é 1 (uma) moeda ele poderia levar no máximo 20 unidades, conforme fosse sua necessidade ou desejo de comprar. Poderia querer fazer uma reserva porque o preço poderá subir na outra semana, ou por qualquer razão. Da mesma forma se o preço fosse 5, ele só poderia levar até 4 unidades.
Convertendo esta tabela em um gráfico, temos:
Gráfico da Tabela 6
O que estamos vendo é A VARIAÇÃO DAS QUANTIDADES CONFORME VARIAM OS PREÇOS, ou seja, AS QUANTIDADES SÃO UMA FUNÇÃO DOS PREÇOS.
Assim, o Gráfico terá os Preços no eixo OX e as Quantidades em OY. Caso um aluno nas aulas de produção ou administração fizesse como nos manuais de economia levaria Zero e faria de novo até acertar.
Isto também significa que os Preços são definidos pelo Vendedor, tendo o Comprador pouca ou nenhuma interferência neste processo.
A variação das quantidades se deve a fatores pessoais do comprador que não fazem mudar as estruturas de preços depois de estabelecidos.
A primeira nos indica a existência de um SISTEMA DE PREÇOS, um conjunto de condições que determina aos produtores quais os preços eles devem colocar em suas mercadorias para que seja compensador continuar a produzi-las.
Desta forma, verificamos duas coisas neste mundo real:
A primeira conclusão a que se chega é que o Consumidor jamais teve nem terá influência ou poder sobre os preços dos bens no mercado.
1. OS PREÇOS ASSIM COMO O PRODUTO E AS UNIDADES EM QUE SÃO VENDIDOS ESTÃO DEFINIDOS PELO VENDEDOR EM FUNÇÃO DOS SEUS CUSTOS E DE SUA EXPECTATIVA DE LUCROS.
2. AS QUANTIDADES COMPRADAS VARIAM EM FUNÇÃO DA QUANTIDADE DE DINHEIRO DISPONÍVEL, QUE SERÁ DIVIDIDA ENTRE AS NECESSIDADES ESPECÍFICAS, AS EXPECTATIVAS E BENEFÍCIOS PELO USO OU POSSE DO PRODUTO, OU A SIMPLES EXIBIÇÃO DE PODER GASTAR DINHEIRO OU DA SUA POSSE.
A primeira condição deste Sistema foi expressa por David Ricardo quando afirma que o produtor define seu preço pela soma dos custos de matéria prima, aluguéis, salários, impostos, desgastes e falhas de máquinas, perdas em geral, atrasos e multas, mais alguns fatores diversos, e o seu lucro. Tudo isto dará o preço pelo qual ele estará disposto a vender seu produto.
De forma geral pode-se escrever
PREÇO = Custos + Depreciação + Despesas Administrativas + Despesas de Vendas + Impostos + Juros + Perdas + Provisões + Lucros
Caso ele encontre outros vendedores oferecendo o mesmo produto a preços menores, ele será forçado a baixar o seu ou criar para ele um diferencial que justifique o preço mais alto. Às vezes uma simples mudança na embalagem pode solucionar o caso. Outras, uma reunião com os outros produtores e um acordo sobre um preço comum é que traz a solução que agrada a todos.
Mesmo assim, não há uma certeza de que o produto será aceito pelos compradores e será vendido em quantidade compensadora.
Novamente voltamos aos conceitos do Possível e do Provável.
4. A BUSCA POR UMA FUNÇÃO DE OFERTA.
Qualquer pessoa que se dedique a Produzir para Vender e não só para seu consumo próprio irá manter sua atenção voltada para os dois fatores mais importantes da Produção – a Competência para Produzir e os Custos de Produção. Talvez um de nós tivesse o conhecimento suficiente para construir um avião, mesmo um de dois lugares usando o motor de um carro antigo de oito cilindros, mas o Custo desta aventura é desanimador. Santos Dumont fez isto com ajuda de mecânicos e ele tinha dinheiro suficiente para pagar a todos e ainda os materiais e o motor.
Outras pessoas acham que sabem fazer muito bem uma roupa e abrem uma loja de costura, e muitas vezes se afundam em dívidas que terminam inviabilizando seu negócio. Grande parte dos que empregados que foram demitidos durante as privatizações usaram o dinheiro recebido para abrir negócios. Quase todos fecharam e muitos ainda estão de volta ao mercado de trabalho procurando emprego para pagar as dívidas Portanto, a preocupação do empresário não são os preços, são os Custos.
Assim sendo, podemos descrever uma Função de Oferta de Bens e Serviços como a função que relaciona a variável Independente CUSTOS com a função QUANTIDADES produzidas e ofertadas para venda, a um Preço que cubra todos os Custos, a partir dos custos de produção, as Perdas na produção, o retrabalho, os transportes aos pontos de venda, os custos de propaganda e vendas, os impostos, a depreciação dos equipamentos e instalações, os empréstimos e os juros e custos imprevistos.
Vemos que não incluímos o Lucro nesta lista. A oferta só saberá se terá ou não Lucro quando chegar ao mercado e verificar qual o preço pelo qual produtos semelhantes estão sendo vendidos. Caso o seu custo esteja muito abaixo do preço de mercado ele poderá ter um Lucro excepcional. Porém se estiver muito acima, sua única saída será voltar para sua fábrica e melhorar seus métodos de produção para reduzir o custo. Assim, os Preços de Mercado podem servir de baliza para definir qual o máximo custo permissível para um produto, embora, de modo geral, a tecnologia escolhida é quem define uma parte do Custo de Produção, enquanto os Métodos de produzir definem a outra parte e estes são de responsabilidade da Gerência de Produção. O caso mais típico que ilustra esta afirmação é a diferença de métodos entre o sistema Just in Case da Ford e o Just in Time da Toyota. Uma mudança de Métodos gerenciais colocou a Toyota no topo dos produtores de automóveis.
Um produtor deve começar com algum capital para investir e custear os primeiros meses. Para proteger seu capital e faze-lo crescer ele pode (e deve) fazer uma tabela para verificar uma razão muito simples:
UMA EMPRESA CAPITALISTA É UMA APLICAÇÃO DE CAPITAL.
PORTANTO, SE ELA NÃO RENDER MAIS QUE UMA APLICAÇÃO FINANCEIRA, É MELHOR NÃO EXISTIR.
A Tabela a que nos referimos é acompanhar todos os dias ou todo o mês o valor do Rendimento de aplicações Financeiras no Mercado de Capitais. Se uma aplicação em títulos de mercado futuro render 10% ao ano, por exemplo, e sua empresa tem a esperança de render 12 ou 15%, então vale a pena. Afinal, ser empresário dá estatus, cria empregos, pode abastecer o próprio dono a preços melhores, dá uma renda quando o dono administra, o pro-labore, e ainda serve à comunidade.
Porém se o rendimento for quase igual ou menor, esqueça. Não vale o prazer de dizer que é empresário apenas para correr atrás de dívidas, problemas com os empregados, fiscais do governo, impostos, chegar antes de todos e sair por último. Talvez valha a pena enfrentar tudo isto quando se tem um conhecimento especial que permite garantir um certo volume de vendas com preços compensadores. Este conhecimento pode ser com fornecedores, com cadeias de varejo, com organizações públicas, entre outros. Também deve ser incluído neste conhecimento alguns procedimentos capazes de reduzir custos deixando de pagar determinadas despesas, por exemplo ajuizando ações contra recolhimento de certos impostos, ou conseguindo empréstimos com taxas especiais, ou aproveitando os incentivos fiscais, ou...ou...
O fato bem definido é que a OFERTA é resultante de QUANTIDADES colocadas para venda definidas como uma FUNÇÃO DE CUSTOS. Uma tabela da Oferta seria:
Tabela 6.2
QUANTIDADES MÁXIMAS PARA 20 MOEDAS
O que estamos vendo é que a Demanda e a Oferta têm a mesma função:
Gráfico da Tabela 6.2
A ANÁLISE DA Função Oferta mostra que ela depende dos Custos de Produção para definir um valor da Função, as Quantidades e, mais importante, ela também é decrescente como a de Compras ou Demanda. Quanto maiores os Custos menores são as Quantidades Produzidas. Por exemplo, um avião à jato é produzido por encomenda, mas um sabonete é produzido em massa aos milhares.
No nosso exemplo tomamos um Produtor que dispõe apenas de 20 Moedas para investir na sua fábrica ou loja, desde o Registro Legal, a escolha do ponto, o primeiro aluguel, o design da loja, o lay-out da produção, o contrato dos primeiros empregados, a compra da matéria prima, as contas do mês de água, luz, telefone, transportes, registro da marca, a placa e a iluminação, a propaganda, etc....etc...etc.
O que vemos, NESTE MOMENTO, é que o Produtor é um mero Consumidor, igual a todos os outros. Seus Custos são os preços de outros fornecedores, inclusive os seus próprios quando permite desperdícios, retrabalho, horas ociosas, atividades inúteis ou improdutivas, luxos inadequados como querer distinguir seu espaço de trabalho de todos os demais só porque é o patrão ou é o Chefe...entre outros.
Estabelecendo então que, em nenhum mercado ou fornecedor médio conhecido, os preços são aumentados ou diminuídos quando alguém compra mais ou menos quantidades, podemos tentar decifrar o que pretende a economia quando afirma tamanhos absurdos com as consequências que todos conhecemos: a degeneração da vida de milhões de pessoas, o esgotamento do planeta inteiro, para benefício e luxo de alguns.
Ainda não chegamos à função clássica com que é apresentada a Demanda, e muito menos a da Oferta. Para que elas apareçam, artifícios terão que ser feitos.:
Primeiro teremos de esquecer que duas pessoas normais estão num mercado real tentando fazer negócios. O artifício exige que o mundo seja apenas imaginário.
O que iremos estudar é a função de um Comprador que deseja gastar sempre uma quantidade fixa de moedas, a sua renda, e a de um Vendedor que define os limites para estabelecer os preços.
5. COMO FUNCIONA A ECONOMIA DOS ECONOMISTAS
Um dos conhecidos manuais de economia usado nas universidades, A Economia Moderna do Prof. e Dr. Kelvin Lancaster, 590 páginas da editora Zahar, apresenta o seguinte estudo:
Tabela 9
MERCADO DE MELANCIAS NOS ESTADOS UNIDOS
(Quantidades expressas em milhões de toneladas por ano)
Preços (Cent/libra) Quant demanda p/ renda de US$ 2.750 Quant demanda p/ renda de US$ 3.000 Quant ofertada p/ salário agrícola US$ 8,20 Quant ofertada p/ salário agrícola US$ 7,50
Classicamente a Função Demanda é apresentada sem maiores explicações como uma curva decrescente, cujos valores podem ser encontrados numa tabela como a de cima. Os Manuais apresentam uma tabela com duas colunas, numa os números crescem de baixo para cima e na outra de cima para baixo como acima.
O Dr. Lancaster demonstra ser mais criterioso que seus colegas. Seu exemplo apresenta duas séries de números a serem analisados. No primeiro os preços médios praticados em centavos de dólar por libra-peso de melancia são comparados com a demanda em milhões de toneladas/ano, PARA DUAS FAIXAS DE RENDA diferentes, ou seja, refere-se ao caso da quantidade fixa de moedas para gastar que vimos na Tabela 6 e na Tabela 8. Quando se divide um número fixo por uma quantidade que aumenta o resultado tem de ser uma série decrescente de valores. O gráfico desta tabela ficaria assim:
Gráfico da Demanda da Tabela 9
Como já havíamos demonstrado, o gráfico apenas retrata o resultado da divisão de uma renda ou quantidade de moedas quase fixa por um valor que aumenta, dando como resultado uma curva decrescente, indicando que PARA UMA RENDA MENOR AS QUANTIDADES DIMINUEM.
O problema aqui não está na curva mas na descrição da Função. Da forma com é apresentada as quantidades são a variável independente, decididas pelo comprador, cuja variação faz mudar as decisões do vendedor variando os níveis de preços, ou seja, os preços são função das quantidades.
A segunda série de números compara as variações dos preços com as quantidades de melancia ofertadas para diferentes NÍVEIS DE CUSTOS, no caso o salário médio agrícola. O gráfico desta segunda série ficaria assim:
Gráfico da Oferta da Tabela 9
Estas curvas chamadas de Oferta são tomadas para níveis diferentes de Custos ou seja, quando os custos de produção indicados pela sua maior parcela, os salários, ao diminuir de US$8,20 para US$7,50 faz com que as quantidades aumentem saindo de 1,26 para 1,41 toneladas. Isto é o que o manual de Lancaster chama de Oferta.
Curioso porque, se os salários diminuem há menos renda para comprar melancias, em consequência a demanda deveria diminuir como foi mostrado no gráfico anterior. No entanto, se ela cresce, significa que não existe relação entre as quantidades ofertadas e os preços.
Daí a construir-se uma teoria e tomar estas curvas como uma “LEI”, é no mínimo irresponsabilidade, ou autismo como querem alguns, ou má fé como disse o Phd em Economia, Alfred Malabre Jr., editor chefe da Wall Street Journal, talvez o mais importante jornal de negócios do mundo, no livro Os Profetas Perdidos onde descreve os erros sucessivos das previsões econômicas:
“Proponho uma descrição mais apropriada que seria a de que a economia constitui, na melhor das hipóteses, uma pseudociência e, na pior, um jogo de adivinhação praticado por vigaristas expertos.”(MALABRE, A. cap.I, pág 1)
Podemos rastrear até os finais do século XVIII as razões pelas quais alguns estudiosos da riqueza, não só das nações como de poucas famílias, procederam desta forma, manipulando os gráficos para dar uma impressão de estarem praticando uma ciência. Na época, as explicações religiosas do mundo não faziam mais parte do saber, enquanto a Mecânica de Newton dominava a cultura sendo obrigação de qualquer aspirante a cientista demonstrar que tudo obedecia às Leis da física do equilíbrio de forças, inclusive os comportamentos das pessoas na sociedade.
A explicação do porque algumas famílias ficavam ricas e outras continuavam pobres deveria ser explicado pela mecânica e não mais pelos desígnios de Deus.
Assim, a primeira constatação é que o comportamento relativo à riqueza, ou econômico, deveria vir sob a forma de duas forças opostas e de igual intensidade para que um equilíbrio fosse atingido.
Era o caso clássico de Uma Solução Em Busca De Um Problema.
O problema seria encontrar duas variáveis quaisquer cujo gráfico mostrasse duas curvas se cortando, uma ascendente e outra descendente.
Baseando-se no comércio, criou-se a curva decrescente da demanda a partir das quantidades compradas por uma renda fixa como já mostramos, e uma curva crescente de oferta conforme os custos de produção diminuíssem, ou numa correlação com os preços em aumento que induziriam os vendedores a ofertar mais. Assim, os preços seriam o resultado do choque destas duas forças e sempre encontrariam um ponto de equilíbrio, sendo então recomendados como um sistema de informações que permitiriam entender o comportamento econômico dos mercados.
Daí em diante, toda a economia passou a sofrer da SÌNDROME DO X, doença que induz o profissional a procurar duas séries de números, uma crescente e outra decrescente, tais que se cortem pelo meio do gráfico. Neste ponto estará criada uma nova explicação inquestionável da desigual distribuição da riqueza e da produção.
6. A SOCIEDADE QUE FEZ AS TEORIAS ECONÔMICAS
O feudalismo estava agonizando e o feudo, palavra para a propriedade ou posse de terras, estava sendo re-dividido. Transferências de terras só por doação ou conquista. O feudo era composto por três porções:Uma para uso do Senhor, a demesne, donde vem a palavra domínio;outra era arrendada e cultivada pelos camponeses em que uma parte da colheita era do senhor, correspondente à uma taxa. Este não era um arranjo contratual ou de mercado. A quantidade do senhor lhe pertencia por direito de herança. A terceira parte era a área comum com moinhos e florestas e de uso de todos. No caso de má colheita o senhor tinha o dever de atender a seus camponeses e a igreja mantinha a ordem social centrada nos princípios do cristianismo.
Com as revoluções sociais e a industrialização a Sociedade se dividiu em três classes e uma sub-classe :
a. Os Donos dos Empregos – herdeiros dos invasores que tomaram as terras, legalizaram a invasão, com a propriedade conseguem dinheiro nos Bancos(muitas vezes não pagam e fica por isso), compram mais terras, máqui-nas, montam fábricas, e criam empregos para que quiser trabalhar pelos salários que estão dispostos a pagar(o mínimo para a subsistência);
b. Os Trabalhadores – que são donos de seus corpos e de suas habilidades, que vêm humildemente pedir um emprego para trocar por moedas pois, sem elas, morrerão de fome ou de frio. São classificados como Pobres pela OIT – Organização Mundial do Trabalho – e como de Baixa Renda pelos Autistas. Eles foram coagidos a se aperfeiçoar para entender as máquinas, para administrar situações de trabalho, gastaram muitas moedas nisso, mas este custo de educação e treinamento feito por eles, retirando do total que seria dividido por sua família, este custo não é reembolsado pelos Donos dos Empregos.
c. A Confraria dos Autistas – herdeiros dos escribas e sacerdotes (também considerados aRtistas), passavam o tempo estudando e copiando os livros antigos, elaboravam complicadas fantasias para explicar o mundo e porque ele era como era.
[O termo Autista não foi escolhido nem inventado aqui. Ao contrário, sua origem se deve a este Manifesto:
Manifiesto de los Estudiantes de Economía Post-autísticos = Carta abierta de los estudiantes a los profesores y responsables académicos
Nosotros, estudiantes de economía en la Universidad Autónoma de Madrid (UAM), nos declaramos insatisfechos con la enseñanza que recibimos.
Esto se debe a las siguientes razones:
1- Queremos escaparnos de mundos imaginarios!
La mayoría de nosotros hemos escogido la carrera de económicas para comprender mejor los fenómenos económicos con los que se enfrentan los ciudadanos. Pero la enseñanza que se nos ofrece (básicamente las teorías neoclásicas y derivados) no responde a es-tas expectativas.
O restante do manifesto Post Autistico pode ser visto na Univ. Autônomade Madrid. N.A.]
Suas fantasias jamais deveriam ser discutidas e muito menos postas em dúvida, desde a criação do mundo pelo Deus bíblico, a Terra no centro do Universo, os cometas como portadores de doenças que eram semeadas nas cidades, a geração espontânea de moscas na carne podre, Colombo havendo chegado às Índias, os poderes ocultos das mônadas, os grãos de matéria, entre outras. Duvidar destas verdades era uma heresia, punida com a fogueira ou a forca. E são Autistas mesmo, porque criam uma fantasia e usam seu ar doutoral para obrigar os demais a acreditar e a usam para adormecer as mentes e os pensamentos da Classes dos Trabalhadores e dos Marginais, fazendo-os acreditar que:
1. Salários são baixos porque são muitos que procuram um emprego;
2. Preços são altos porque são muitos que procuram comprar mercadorias escassas; (a escassez jamais será ou é programada;
3. Só a Classe dos Donos dos Empregos podem criar empregos.
4. Os preços são regulados pelo Mercado, ninguém pode alterar isto.
5. O Governo deve sempre privilegiar a Classe dos Donos dos Empregos. São eles que fazem a riqueza geral crescer (o PIB), e se não forem privilegiados irão eliminar todos os empregos acabando com quase toda a Classe Trabalhadora, dilapidando a riqueza existente e o Governo será expulso e empobrecido.
d. A Sub Classe dos Marginalizados – Muito confundida com marginais porque abriga também muitos criminosos, traficantes, e viciados, que nunca tiveram oportunidade para mudar seu destino. A maior parte, no entanto, é composta de miseráveis, gente humilde pedindo apenas uma chance para ter uma vida digna produzida por seu trabalho. São Marginalizados conforme a terminologia da OIT – Organização Mundial do Trabalho – porque estão À MARGEM dos benefícios sociais, assistência social, saúde, educação, transporte, trabalho, moradia, vestuário, e outros.
NOTA do Autor – Esta Classe dos Marginalizados começou a descobrir suas possibilidades de escapar da ditadura do emprego, está se agrupando e encontrando sua força nas democracias onde tomaram consciência do poder do seu voto para escolher seus representantes e, além disso, a convivência nas prisões com presos políticos lhes ensinou lições de estratégia e guerrilha. O PCC – Primeiro Comando da Capital – sediado nas “prisões de segurança máxima”, provocou uma das mais claras demonstrações de sua organização e dos destinos do atual modelo econômico neo-liberal.
Jean Pinatel, criminologista francês em A Sociedade Criminogênica, apresenta a tese de que o crime é gerado pela própria estrutura social do capitalismo liberal. Para ele a criminalidade tradicional era gerada pela pobreza existindo laços estreitos entre a miséria, o alcoolismo e a tuberculose (modernamente o câncer e a AIDS) com a prostituição, o roubo, a mendicância e a vadiagem. As novas formas de criminalidade que aparecem nos meados do século XX e se aprimoram são o crime organizado, a criminalidade do “gran-fino” , da classe média “educada”, e a violência gratuita, todas ligadas ao crescimento econômico e não à pobreza.
O Microcrédito do Prêmio Nobel Mohamad Iunus mostrou que os pobres pagam suas dívidas em dia, enquanto os médios e ricos, ou atrasam ou não pagam.
Chega-se a uma constatação bastante chocante:
A ETAPA SUPERIOR DO CAPITALISMO É O CRIME ORGANIZADO.
2.6. CONCLUSÕES
O que sobra desta “lei da Oferta e da Demanda” é uma justificativa defendida pelos Donos do Emprego:
A. Ao estabelecer preços para seus produtos, a “lei” justifica todos os aumentos de preços que a oferta julgue necessárias para vender seus produtos.
B. Ao contrário, quando a mão de obra tenta vender seu trabalho, ela não tem o direito de estabelecer seu preço, o salário, justificado pela mesma “lei”.
Quando o vendedor aumenta os preços é porque muitos procuram seu produto, mas quando os trabalhadores querem vendem seu trabalho o salário é baixo porque muitos oferecem seu produto...Dois pesos, duas medidas. Esta é a lei.
Isto explica a brutal desigualdade na distribuição de renda que a lei conseguiu. Também explica porque alguns fatores de produção que compõem os custos são transferidos a outras instâncias, algumas irreais. Por exemplo, o ferro usado na indústria tem sua disponibilidade sempre decrescente. Cada tonelada extraída aumenta sua escassez, portanto a próxima tonelada deveria ter seu preço aumentado, e isto para todos os recursos minerais e energéticos não renováveis. Não é o que acontece. Os preços destes materiais são controlados por cartéis cujo exemplo melhor é a OPEP dos produtores de petróleo.
O outro fator do custo que é transferido ao meio externo é a deposição dos lixos industriais e urbanos. Por vezes, quando os venenos ambientais destroem partes da biosfera passam a ser manchetes da mídia mas nada é feito para coibir.
MAS NÓS PODEMOS SONHAR. SEMPRE PODEREMOS SONHAR.
Talvez, um dia, um governo em algum lugar considere que a produção industrial é uma fonte de transformação de elementos vivos existentes na natureza em elementos mortos ou venenos que aumentam as doenças da modernidade e multiplicam as pilhas de lixo não degradável.
Talvez ele faça uma LEI, cercando as indústria numa redoma de vidro e tudo o que entrar terá que ser pago pelo valor de sua destruição, particularmente o valor da escassez; e tudo que for sair da redoma terá que ter um preço, inclusive a fumaça, os dejetos, e o sacrifício humano.
Talvez ele obrigue a todo Dono de Emprego a pagar grande parte da qualificação que exige do trabalhador, e ainda lhe pague o suficiente para cobrir todas suas necessidades e as de sua família, inclusive as da previdência.
Talvez ele faça uma lei determinando a quantidade de carros particulares que uma cidade pode ter em função do espaço disponível de suas ruas.
Talvez ele faça uma lei obrigando a todos os donos de veículos a custearem todas as obras de estradas e pontes.
Talvez ele faça uma lei obrigando as CIDADES, grandes consumidoras de produtos naturais e apenas produtoras de Lixo, doenças e viciados, a pagar para depositar seu lixo em algum lugar no ambiente, depois de ter sido esterilizado.
Talvez ele faça uma lei obrigando toda a imprensa, escrita, falada e televisada, a pagar aos cidadãos comuns o direito de arena ou que outro seja, quando são alvo de suas reportagens e aparecem nas páginas, nas telas e nas no-tícias, pois são matéria prima gratuita vendida pelos jornalistas.
Talvez ele faça uma mudança na missão institucional das Forças Armadas fazendo com que elas ampliassem por todos os municípios suas escolas militares, uma vez que são reconhecidas como dentre as melhores do país, a exemplo o ITA, o IME e os Colégios Militares, sem falar na Escola Naval e na Aeronáutica. A educação teria a mesma qualidade destas escolas.
Em continuação, as Forças Armadas teriam o Ministério da Produção Social, e seriam encarregadas das Obras de Infra-Estrutura, da Distribuição de Terra a Agricultores, da Construção de Moradias de baixo custo, das obras de Saneamento básico, de captação e tratamento de água, e muitas outras semelhantes, fazendo o recrutamento de pessoal para estas obras os desempregados, os excluídos, os sem teto, sem terra, sem opção.
Por fim, um setor especial de engenharia social organizaria os que trabalhassem nas obras acima em associações, consórcios ou cooperativas que receberiam terras para produzir e financiamento para beneficiar a produção, industrializar e vender, ficando todo o capital em depósito nas Cooperativas Militares de Crédito, o que evitaria possíveis fraudes.
Talvez este governo eliminasse muitos órgãos públicos nesta mudança, sem demitir nenhum funcionário. Todos seriam recrutados para trabalhar nas obras físicas, econômicas ou sociais dos demais Ministérios com a condição de que deveriam apresentar mensalmente um Relatório de Produção tal que seus vencimentos fossem pagos pelos benefícios efetivamente produzidos
Talvez neste ponto o governo fosse obrigado a pagar ou a descobrir a fonte de recursos para custear estas obras e pessoas.
Bastaria se lembrar que o Banco Central é subordinado à Presidência da República, e é ele quem emite dinheiro, o produto mais lucrativo do mundo pois uma nota de R$100,00 é fabricada por menos de R$1,00. Assim, ele pode ter todo o dinheiro necessário DESDE QUE não faça emissões para pagar amigos, dívidas pessoais, enriquecer quem já é rico, perdoar impostos só porque alguém vai instalar uma fábrica para ganhar dinheiro, ou para benefício próprio. Se o dinheiro pagar obras e os salários de quem produz, se houver inflação será porque os Senhores dos Empregos aumentaram seus preços de novo para ganhar sem trabalhar. Então, serão confrontados com empresas iguais às suas, só que de propriedade dos trabalhadores e auto gerenciada.
E a última fonte de recursos seriam os Impostos, que seriam cobrados pelo valor de mercado das propriedades registradas de cada um. Seu terreno, fazenda, fábrica, casa de campo, casa de veraneio, carros, eletrodomésticos de luxo(excetuavam-se os essenciais), espaços de lazer, etc. etc.
Tudo em nome de um futuro possível.
Como talvez é sonho, e sonhar não paga, sonhemos;
Como livros e idéias não mudam o mundo, mas pessoas mudam;
E como todo problema tem sempre três soluções – a que a gente gosta, a que agente não gosta, e a que resolve;
Se esta solução resolve para a maioria, então deve ser pensada.
Daí deve ser posta em prática.
Sabendo que, o caminho, se faz ao caminhar.
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