Observatorio Economía Latinoamericana. ISSN: 1696-8352
Brasil


EMPREEDEDORISMO E SUSTENTABILIDADE NA CADEIA PRODUTIVA DOS EMPREEDIMENTOS CRIATIVOS ASSESSORADOS PELA INCUBADORA AMAZONAS INDÍGENA CRIATIVA (AMIC)

Autores e infomación del artículo

Raí Alves Fragata*

Sandra Helena da Silva**

Universidade Federal do Amazonas

rai.fragata@outlook.com

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Resumo
O presente trabalho pautou-se em analisar as características a cadeia produtiva do artesanato nos empreendedores incubados na AmIC, ressaltando que esta atividade ressalta a identidade de uma sociedade, no sentido econômico esta surge como alternativa para impulsionar a economia local. A incubadora Amazonas Indígena Criativa-AmIC localiza-se no município de Parintins, no estado do Amazonas, atua no fomento de empreendimentos criativos com enfase nas raízes culturais indígenas e caboclas dos povos do Baixo Amazonas. A cidade de Parintins é reconhecida pela realização do festival folclórico dos bumbas Capricohoso e Garantido e tem destaque no cenário nacional e internacional pela grande expressão artística e folclórica. O festival é extremamente relevante para o período de maior produção e comercialização de artesanatos no município, abastecendo a demanda oriunda da atividade turística. A metodologia utilizada caracteriza-se pela pesquisa qualitativa com aborgagem exploratória e descritiva, realização de pesquisa de campo, tendo como instrumentos a observação e o formulário. Os resultados apontam que a cadeia produtiva do artesanto a apartir dos casos estudados caracterizam-se por não estarem organizados por um modo de produção formal e outro elemento relevante é a escassez da matéria-prima nesta atividade produtiva. 
Palavras chave: Desenvolvimento local, Cadeia Produtiva do Artesanato, Produção Artesanal
Abstract
This work was aimed to analyze the characteristics of the craft production chain in entrepreneurs incubated at AMIC, noting that this activity highlights the identity of a society, in the economic sense this is an alternative to boost the local economy. The Amazon Indigenous Creative-Amic incubator located in the city of Parintins, state of Amazonas, operates in the development of creative projects with emphasis on indigenous cultural roots and caboclas people of the Lower Amazon. The city of Parintins is recognized for conducting the folkloric festival of bumbas Caprichoso and Garantido and has featured in national and international scene for the great artistic expression and folk. The festival is extremely important for the period of higher production and marketing of crafts in the city, catering to demand from the tourism. The methodology is characterized by qualitative research with exploratory and descriptive aborgagem, conducting field research, with the instruments to observe and form. The results show that the production chain of handicrafts starting of the cases studied are characterized by not being organized by a formal mode of production and another important element is the shortage of raw material in this productive activity.
Keywords: Local Development. Supply Chain Crafts. Artisanal production



Para citar este artículo puede uitlizar el siguiente formato:

Raí Alves Fragata y Sandra Helena da Silva (2016): “Empreededorismo e sustentabilidade na cadeia produtiva dos empreedimentos criativos assessorados pela incubadora Amazonas Indígena Criativa (AMIC)”, Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, Brasil, (noviembre 2016). En línea:
http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/16/amic.html

http://hdl.handle.net/20.500.11763/br16amic


1. INTRODUÇÃO
O artesanato é uma das representações da identidade cultural de uma região, pode ser caracterizado por ser utilitário, conceitual, decorativo, litúrgico e lúdico. Artesanato é toda atividade produtiva que resulte em objetose artefatos acabados confeccionados manualmenteou com a utilização de meios tradicionais ou rudimentares, com habilidade, destreza, qualidade ecriatividade (SEBRAE, 2004, p.21).
É importante ressaltar o valor da organização dos aglomerados produtivos para a consolidação econômica da atividade. O artesanato é uma atividade produtiva que exalta em seu processo de criação e realização dos produtos os elementos característicos do lugar, valorizando o desenvolvimento local a partir de seu contexto cultural e social.
O Brasil é rico em diversidade cultural, em um viés estreitamente inserido neste contexto destaca-se a produção de artesanato, cada região do país possui suas particularidades, para tal destaca-se a produção artística da região norte, sobretudo do estado do Amazonas. A diversidade de produtos, formas de produção e insumos utilizados engrandecem este segmento no mercado, segmento do setor criativo.
No município de Parintins destaca-se grande expressão artística e folclórica em decorrência de um dos maiores festivais folclóricos do mundo. O festival dos bois bumba Caprichoso e Garantido, realizado no último fim de semana do mês de junho. Esta festa popular acontece anualmente na cidade e configura-se como motor da economia criativa no municipio de Parintins, aquecendo a demanda da produção de artesanatos com intenção de abastecer a demanda oriunda da atividade turística.
Abordaremos a cadeia produtiva e suas funcionalidades, investigando dois empreendimentos inseridos na Incubadora “Amazonas Indígena Criativa”. A especificação de cadeia produtiva refere-se a todas as organizações/indivíduos, direta ou indiretamente, envolvidas na produção, transformação e distribuição de um produto para o consumo, ou seja, refere-se ao lado da oferta de um bem ou serviço que será exposto à sanção do consumidor final. Nesta pesquisa buscaremos evidenciar a cadeia produtiva do artesanato no município de Parintins, tendo como destaque a organização do trabalho de dois empreendedores desse ramo.
Para tal, justifica-se a pesquisa como uma forma de analisar o artesanato como agente de desenvolvimento local, exaltando a cadeia produtiva e a representatividade da Incubadora AmIC como organização da aprendizagem nesse processo de construção e consolidação da atividade como estratégia para impulsionar a economia local.
2. PRODUÇÃO ARTESANAL
Analisando o contexto tradicional, a produção artesanal está inserida na técnica reproduzida geracionalmente entre pessoas de uma mesma familia, dentro da tradição das antigas corporações de ofício. Com a inserção das ações de capacitação para o setor, as técnicas produtivas são inseridas também por meio de treinamentos para grupos de potenciais artesãos como uma maneira de aliviar a situação de desemprego, reinclusão social ou de baixa renda e em muitas ocasiões em atos relacionados ao aprimoramento individual (FREITAS, 2004).
Souza (1991) pressupõe a conceituação do artesanato como uma tarefa difícil, há uma grande polêmica em sua classificação, existem aqueles que procuram defini-lo como uma atividade socioeconômica e os que a definem como uma atividade que expressa a cultura de um povo, região ou raça. O autor afirma ser essa uma atividade com finalidades comerciais, podendo ser desenvolvida com ou sem o uso de máquinas rudimentares, onde predomina a habilidade manual e a criatividade de seu agente produtor, e desde que a sua produção não se realize em série.
Os principais entraves e ameaças na consolidação de um sistema de produção adequado para esta atividade socioeconômica nestes aspectos artesanais são expostos por Peralta (2005), onde estão inteiramente ligadas a elementos importantes para a competitividade de um segmento produtivo, tais como: a capacidade empresarial, principalmente nos aspectos relacionados à gestão; a modelagem da produção; a comercialização e o mercado, tais itens classificam-se como elos frágeis de uma cadeia produtiva artesanal.
Contudo, vale ressaltar que todas as ações de cunho produtivo necessitam ter principalmente como valor agregado o respeito aos valores socioculturais e técnicos do artesão. Neste caso o valor dado à cultura, aos saberes e conhecimentos, ao “dom” do artesão, além dos ambientais, são diferenciais agregadores de valores aos produtos. A análise o processo produtivo artesanal a ser estudada propõe a definição das tipologias de produto, o aprimoramento técnico sem deixar de lado as técnicas predominantes na região, à organização da produção e estratégias de inserção do produto no mercado.
2.1. CADEIA PRODUTIVA DO ARTESANATO
Silva (2005) classifica a Cadeia Produtiva, ou supply chain. De forma simplificada, pode ser representado como um conjunto de elementos, sendo, organizações ou sistemas de produção que interagem em um processo produtivo para oferta de produtos ou serviços ao mercado consumidor. Este autor ainda pressupõe alguns itens direcionados a entender os conceitos da cadeia produtiva:

  • Visualização da cadeia de forma integral;
  • Identificação das debilidades e potencialidades;
  • Motivação ao estabelecimento de cooperação técnica;
  • Identificação dos gargalos e elementos faltantes;
  • Desenvolvimento de fatores condicionantes de competitividade em cada segmento.

Acerca dos aspectos conceituais de cadeia produtiva, tais se fazem referência à ideia de um produto, bem ou serviço colocado à disposição de seu usuário final por uma sucessão de operações efetuadas por unidades, possuindo atividades diversas. Cada cadeia é constituída por uma sequência de atividades que se completam, ligadas entre si por operações de compra ou de venda. Estas sequências são decompostas em segmentos desde a extração da matéria-prima e a fabricação de bens e equipamentos, até a distribuição ao consumidor final bem como os serviços ligados ao produto, neste caso podemos ressaltar como exemplo a logística reversa (SELMANY, 1983).
A especificação de cadeia produtiva refere-se a todas as organizações/indivíduos, direta ou indiretamente, envolvidas na produção, transformação e distribuição de um produto para o consumo, ou seja, refere-se ao lado da oferta de um bem ou serviço que será exposto à sanção do consumidor final. Nesta pesquisa buscaremos evidenciar a cadeia produtiva do artesanato, tal termo possui várias aplicabilidades para cada modelo de produção.
Em caráter econômico habitual, pode-se definir a cadeia produtiva como sendo o conjunto de atividades econômicas que se articulam progressivamente desde o início da elaboração de um produto, isto inclui desde as matérias-primas, insumos básicos, máquinas e equipamentos, componentes e produtos intermediários, até o produto acabado, a distribuição, a comercialização e a colocação do produto final junto ao consumidor, constituindo elos de um ciclo de consumo.
2.2.  DESENVOLVIMENTO LOCAL, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE
Partindo do contexto conceitual, o desenvolvimento consiste em um processo de aperfeiçoamento de um conjunto de valores ou uma atitude comparativa com respeito a esse conjunto, sendo esses valores condições e/ou situações desejáveis para a sociedade (BORBA, apud COCCO, 2000).
Ferraz et all (2003) afirma que o crescimento de determinada atividade tem por objetivo possibilitar maior geração de valores econômicos, neste caso, maior retorno financeiro, e de mudança estrutural que favoreça a distribuição de riquezas entre os mais variados estratos sociais e regiões. Com isso, para avaliar o desenvolvimento, é de suma importância considerar as variáveis políticas, tecnológicas, ambientais e de qualidade de vida da população, estas refletem a realidade na atividade econômica (OLIVEIRA, 2007).
Quanto à sustentabilidade e inovação no artesanato, estes estão amplamente manifestados através das funcionalidades e representatividade na cadeia produtiva do artesanato. Podem-se relacionar ambas as delimitações desses termos ao bom gosto e a qualidade, estabelecidos pela evolução dos materiais e processos, através das fases de um serviço ou produto, isto é, caracterizada no local de estudo através da adoção de insumos sustentáveis ou recicláveis bem como a implementação e resgate de técnicas tradicionais e modernas na produção.
A inovação nos dias atuais é caracterizada como uns dos principais fatores de competitividade, neste contexto, Engler (2009) esclarece que esta característica deve estar em constante utilização na organização ou processo produtivo, a sistematização das iniciativas voltadas para a apresentação de um novo produto, vinculadas as estratégias de negócio o que de fato gera oportunidades, agregando mais valor ao produto. A sustentabilidade direciona um entendimento mais concreto acerca de vários tópicos que estão inseridos na cadeia produtiva, tais como fatores sociais, ambientais e econômicos. Estes proporcionam a averiguação de como funciona o sistema de produção.
Bistagnino (2009) caracteriza a sustentabilidade como aspecto desafiador para artesãos atuantes na área, destaca-se a suma importância da aprendizagem social, mudança de comportamentos e principalmente a adequação ao novo modelo de produção.
3. ASPECTOS METODOLÓGICOS
Esta pesquisa classifica-se como qualitativa, tendo como natureza a característica exploratória, o que de certa forma vai proporcionar uma visão ampla acerca do objeto de estudo. Para tal, a análise do problema não faz uso de procedimentos estatísticos, a compreensão dos resultados se dá através do contexto da observação e pesquisa de campo e como suporte para análise dos resultados o estudo bibliográfico (SAMPIERI, 2006).
Como abordagem, será utilizado o método descritivo, pois se delimita a expor a cadeia produtiva em geral do objeto de estudo, neste caso aplica-se o conhecimento acerca do ciclo de produção do artesanato alinhado à sua importância para o desenvolvimento local do município.
O local do estudo desta pesquisa se restringiu aos empreendimentos assessorados pela Incubadora “Amazonas Indígena Criativa (AmIC), inserida na Universidade Federal do Amazonas, campus situado na cidade de Parintins-AM. O artesanato e demais produtos derivados desta atividade possuem características muito peculiares, podendo estar inserido em vários segmentos no mercado, esta amplitude se somada a grandiosidade do contexto cultural, bem como acerca do potencial turístico da região engrandecem a viabilidade deste estudo.
No decorrer na pesquisa, o universo desta será composto pelos artesãos atuantes nesta atividade produtiva com fins economicos na cidade de Parintins. Como amostra teremos dois empreedimentos assesorados pela AmIC, denominados como “KBÇAS GNIAIS”, tendo como artesãos responsáveis o casal G. Duque e K. Brito e o empreendimento “MURUMURU BIOJÓIAS” gerenciado pelo artesão J. L. Alfaia.
Acerca dos instrumentos de pesquisa utilizados, evidencia-se a pesquisa descritiva, mais especificamente como acerca da exposição de características de determinada população ou fenômeno, esta facilita a descrição do perfil socioeconômico dos artesãos, bem como a produção e comercialização do artesanato e derivados. Especificando estes métodos, expõe-se esta como sendo uma pesquisa centrada na observação, no registro, na análise, na classificação e na interpretação dos fatos, sem que o pesquisador lhes faça qualquer interferência, pois este estuda os fenômenos do mundo físico e o método pesquisa de campo, por se tratar de um trabalho a ser construído com base em observações diretamente no local de sua ocorrência, mais detalhadamente a aplicação de formulários e observação in loco.
Lakatos (2007) classifica a pesquisa de campo como o objetivo direcionado a conseguir informações ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. Para a coleta dos dados, foi utilizado um modelo de formulário elaborado e aprovado em uma banca de doutorado por Silva (2006),entitulada como “Por uma teorização das organizações de produção artesanal: habilidades produtivas nos caminhos singulares do Rio de Janeiro” (Fundação Getúlio Vargas).
E por fim para formar os limites da análise da cadeia produtiva do artesanato inseridos nos empreendimentos assessorados na AmIC, utilizou-se como base teórica o conceito de sistemas, definido por Castro et al. (2002, p. 4) como “o produto de partes interativas, cujo conhecimento e estudo devem acontecer sempre relacionando o funcionamento dessas partes em relação ao todo”, isto é, a relação entre teoria e resultados encontrados.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. CARACTERIZAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS ASSESSORADOS PELA AMIC E SUA REPRESENTATIVIDADE NA ECONOMIA LOCAL
Ressaltamos preliminarmente a importância do Festival Folclórico de Parintins, sendo esse um dos fatores que contribui significativamente para impulsionar a economia do município, ampliando as vendas e consequentemente a melhoria na renda monetária dos artesãos que dependem desse segmento para sua sobrevivência.
Para os artesãos pesquisados o período do Festival Folclórico é considerado a época mais favorável para a melhoria nas vendas, gera uma renda diferenciada, seria como um decimo terceiro salário, em especial para aqueles que só comercializam seus produtos no próprio município. Barreto (2007) corrobora essa assertiva indicando que o aumento da atividade turística gera mais oportunidades de negócios referentes aos produtos artesanais, beneficiando à economia local.
Parintins/AM por ser uma cidade turística agrega muito valor ao artesanato, os artesãos entrevistados expuseram que os navios transatlânticos que atracam no município não geram o mesmo volume de vendas se comparados ao período do festival folclórico. Conceituando, navios transatlânticos são embarcações de grande porte voltadas para passageiros instigados por viagens mais clássicas, destaca-se a grande quantidade de pessoas da terceira idade viajando nesses navios. Parintins possui um caladendário anual para receber esses navios, neste período as organizações folclóricas e trabalhadores informais se organizam para atender estes turistas. Alguns motivos podem ser classificados como aspectos que dificultam este desempenho, tais como a moeda estrangeira usada como forma de pagamento, além da dificuldade de comunicação com os clientes, visto esses falarem predominantemente no idioma inglês. Vale ressaltar como estes aspectos estão intrinsicamente inseridos na cadeia produtiva, mais detalhadamente  no processo de comercialização.
A Incubadora Amazonas Indígena Criativa – AmIC é uma organização da aprendizagem vinculada a Universidade Federal do Amazonas, campus Parintins, gerida por professores doutores, mestres e acadêmicos. Esta surgiu com a proposta de trazer todo o conhecimento teórico adquirido em sala de aula para ser aplicado na prática. A área de atuação da incubadora engloba atividades econômicas inseridas na Economia Criativa, tais como artesanato, turismo, biojóias e outros. Os artesãos proprietários dos empreendimentos "KBÇAS GNIAIS” e “MURUMURU BIOJÓIAS” participaram ativamente das atividades de sensibilização da comunidade, foram selecionados e hoje fazem parte do quadro de organizações incubadas da AmIC.
Em um primeiro momento, estes participaram da fase de pré-incubação, mais detalhadamente trata-se de um processo de organização do empreendimento, bem como a elaboração do plano de negócios. Atualmente os empreendimentos incubados estão participando de oficinas e capacitações de variados temas relacionados à gestão do negócio.
Neste trabalho foram abordados dois empreendimentos, o primeiro tem como nome fantasia “KBÇAS GNIAIS” classifica-se de forma geral como uma organização de base familiar, o comando do empreendimento se dá pelo casal de artesãos G. Duque e K. Brito. Acerca do processo produtivo estão inseridos filhos, familiares e vizinhos. Segundo dados coletados através do formulário aplicado, diretamente estão envolvidos no processo produtivo 6 pessoas, todos pertencentes a familia dos artesãos, e cerca de 10 pessoas envolvidas indiretamente, estas decorrentes da demanda de produção para Festival Folclórico de Parintins. Os artesãos atuam nesse segmento há aproximadamente 20 anos, em sua linha de produtos estão inseridas camisas customizadas, lembranças com pontos turísticos da cidade confeccionados em madeira, colares e brincos com matéria-prima reutilizável dentre outros.
O outro empreendimento investigado tem como nome fantasia “MURUMURU BIOJÓIAS”, tem como artesão e proprietário o senhor José Lázaro Alfaia, com base nas informações adquiridas com a aplicação do formulário, este empreendimento atua na área das biojóias. Seu foco de produção está na confecção de peças como colares, brincos, anéis e adornos tendo como matéria-prima principal, insumos recicláveis e reaproveitáveis. Esse artesão atua nesse segmento há aproximadamente 15 anos, em sua linha de produção estão envolvidos em torno de seis pessoas, sendo necessário aumentar o número de colobarodares temporários de acordo com a demanda destinada ao Festival.
Com base na aplicação do formulário para ambos os artesãos, foi possível diagnosticar alguns pontos fortes e fracos no que diz respeito à cadeia produtiva, expostos na tabela abaixo:

 

Fatores Negativos

Fatores Positivos

Produto

• Pouca demanda de mercado no comércio local;
• Grande demanda externa de mercado e sistema logístico inadequado.

• Produtos com identidade regional e com design próprio;
• Variedade de produtos artesanais.

Matéria Prima

• Falta de método de padronização do tipo de matéria prima aplicada pelos artesãos;
• Distância entre artesãos e fornecedores
elevam de algumas matérias-primas;
• Muitos artesãos trabalhando com
Matéria-prima comum (fios e tecidos) o que de fato gera grande quantidade de produtos similares não apresentando demanda para compra.

• Matéria-prima de fácil acesso totalmente sustentáveis
• Produtos a base de sementes, madeira e de materiais recicláveis

Técnicas

• Pouca tradição no domínio de técnicas específicas;
• Oferta baixa de capacitações relacionadas principalmente ao design;

• Transferência de conhecimento por meio de palestras, oficinas e cursos;
• Implantação e adaptação de novas técnicas;

Produção

• Sistema de produção informal
• Mão-de-obra escassa
• Maquinários utilizados na produção insuficientes e artesanais
•Estrutura física não apropriada

• Produtos com qualidade;
• Embalagens padronizadas disponibilizadas pelo Artesão (Inovação nos serviços)
• Insumos utilizados na produção recicláveis ou reaproveitáveis

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Tabela 01 - Fatores positivos e negativos da cadeia produtiva do artesanato dos empreendimentos assessorados pela AmIC
Fonte: Análise SWOT adaptada pelo autor
Nesta tabela, analisamos os fatores relacionados a Matriz SWOT, integrando-os aos critérios evidenciados nesta pesquisa, tais como, matéria-prima, técnicas de produção, produção e produto. Foram destacados os elementos elancados como fatores positivos e negativos de cada item proposto, no que diz respeito a máteria-prima, destaca-se este como fator inicial na cadeia produtiva, os aspectos negativos relacionados a padronização da matéria-prima utilizada no processo produtivo e a dificuldade de  fornecimento de alguns insumos espécificos, bem como a valorização da identidade regional e cultural como aspectos positivos. Quanto as técnicas, caracteriza-se a difuldade na adesão de novas técnicas como fatores negativos e como fatores positivos as facilitações acerca de cursos e capacitações disponibilizados pela AmIC.
No aspecto produção, podemos destacar como fatores negativos a informalidade no sistema de produção, este decorrente da infraestrura básica e artesanal utilizada pelos artesãos, bem como algumas matérias-primas consideradas de dificil acesso, já acerca dos fatores positivos, destaca-se principalmente a adoção de técnicas para tratamento e reaproveitamento de insumos recicláveis.
O produto, de forma geral, classifica-se como parte final do processo da cadeia produtiva, neste destacanmos os aspectos relacionados ao produto e sua logistica até ao consumidor final, como aspectos negativos evidenciamos a pouca demanda relacionada ao comércio local e a grande demanda no comércio externo, onde este tem como principal gargalo o sistema logpistico inadequado e falho. A variedade de produtos artesanais derivados de insumos reaproveitáveis ou recicláveis classficam-se como fatores positivos, bem como a representatividade acerca da divulgação que o Festival traz consigo.
É importante ressaltar que estes empreendedores já são cadastrados como Micros Empreendedores Individuais – MEI e já possuem uma organização básica para atuar no mercado. O espaço destinado à produção funciona nas dependências das residências dos artesãos.
Quanto à importância econômica da atividade para o desenvolvimento, considera-se principalmente a oportunidade na geração de emprego e renda no município, valorizando os aspectos culturais e economicos.  Todos estes aspectos estão inseridos neste ciclo, desde o fornecimento da matéria-prima até a chegada ao consumidor final. O trabalho amplamente informal expõe a realidade da categoria, evidencia-se a responsabilidade do poder público é evidente e necessária para a consolidação desta atividade como ponto forte na economia local, sendo este um gargalo ou fator negativo interferente.
4.2.  AQUISIÇÃO DE INSUMOS, PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DO ARTESANATO
Para entender melhor a funcionalidade do processo de aquisição de matéria-prima, confecção e comercialização dos artesanatos inseridos no ambiente organizacional dos artesãos investigados, inicialmente foi observado e questionado como estes direcionam a cadeia produtiva de forma geral em seus empreendimentos. Os artesãos responderam que uma das estratégias utilizadas é a aquisição de matéria-prima reutilizável ou reciclável. Esta estratégia valoriza o produto e reduz os custos de produção. Ambos os empreendimentos investigados têm em sua maioria como colaboradores, pessoas da própria família, este fator gera uma integração maior se comparada à outra organização com colaboradores distintos.
 Cada artesão estudado possui suas particularidades em seu processo produtivo, que de certa forma dão corpo ao empreendimento. O casal de artesãos que gerencia o empreendimento ”KBÇAS GNIAIS” possuem ponto comercial localizado no Aeroporto Júlio Belém em Parintins, para tal é necessário uma produção maior para abastecer e atender a demanda de pessoas dos voos diários, para tal a produção não se centraliza apenas com matéria-prima reutilizável ou reciclada, nestes destacam-se os insumos derivados da tipologia Mineral ou Animal, tais como argila, fibra, couro, madeira, chifre e osso, os insumos Naturais estão identificados pelas matérias-primas penas e plumas, massa e metais, os insumos Processados utilizados na produção delimitam-se apenas ao uso de vidro e papel e os Recicláveis ou Reaproveitáveis identifica-se o plástico e a borra de café que de certa de caracteriza como a matéria-prima que mais agrega valor aos produtos.
Quanto ao artesão e proprietário do empreendimento “MURUMURU BIOJÓIAS”, ressalta-se em seu contexto um modelo de produção centralizado em insumos que seriam descartados no lixo, isto é, insumos recicláveis ou reaproveitáveis, tais como pontas de madeira, osso bovino e sementes de frutas e arvores nativas da região, a utilização de matérias-primas de origem Mineral ou Animal, bem como as Naturais são destinadas apenas para o processo de acabamento dos produtos, com isto destacamos que o processo de seleção da matéria-prima ideal para a produção é realizada apenas pelo artesão, a experiência facilita a identificação do que será aproveitado ou não, tal processo é pertencente a próxima fase do ciclo de produção.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio - MDIC (2012) o artesanato abrange toda a produção resultante da transformação de matérias-primas, manualmente por um sujeito que tem o domínio absoluto e várias técnicas, ligado a criatividade, habilidade e valor cultural, podendo no procedimento de sua atividade precisar do auxílio restrito de máquinas, ferramentas, artefatos e utensílios.
Neste contexto, ambos os empreendimentos investigados possuem uma organização adequada a realidade acerca da produção. Contudo, a estrutura física é considerada inadequada, não há divisões por seções, o processo de tratamento, montagem e acabamento dos produtos artesanais é concentrado no mesmo local, isto tudo de forma precária, desde as técnicas de produção até utensílios utilizados nesse processo.
O processo de comercialização se divide nos aspectos relacionados a encomendas e vendas diretas para clientes fixos. Destaca-se neste contexto o empreendimento “KBÇAS GNIAIS” que possui um stand situado no aeroporto Júlio Belém em Parintins, este se caracteriza como ponto estratégico, pois o fluxo diário de pessoas ajuda no fator praça.
O empreendimento “MURUMURU BIOJÓIAS” focaliza na produção intitulada pelos artesãos como conjuntos, isto é, este agrupa na mesma peça artesanal outras peças, como exemplo, um colar produzido a partir de fibra natural, junto ao reaproveitamento do osso bovino, com uma pulseira produzida com sementes e mais um anel produzido a partir do caroço do tucumã. O processo de comercialização deste empreendimento se concentra nas encomendas em grandes proporções e destaca-se também a utilização do e-commerce como fator diferenciador. O artesão possui uma página na rede social facebook e por meio desta divulga e comercializa seus produtos.
E por fim, ambos os empreendimentos trabalham na produção para atender a demanda no Festival Folclórico de Parintins, o alto fluxo de turistas facilita a comercialização e a lucratividade dos produtos.


5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ressaltamos que o artesanato é uma atividade bastante representativa para a economia do Brasil, milhões de famílias dependem para seu sustento, com esta pesquisa buscamos verificar discussões e reflexões sobre desenvolvimento local, sustentabilidade e cadeia produtiva tendo como local de estudo os empreendimentos inseridos na Incubadora Amazonas Indígena Criativa na cidade de Parintins/AM.
Para tal, esta pesquisa possibilitou obter uma melhor visão acerca dos aspectos inseridos na cadeia produtiva predominante no ambiente investigado. Foi possível identificar as lacunas intrinsecas ao ciclo de produção ao qual possibilitou diagnosticar os principais obstáculos para a consolidação econômica da atividade.
Portanto, conclui-se esta pesquisa como um diagnóstico acerca da relação da cadeia produtiva do artesanato com o desenvolvimento econômico local, destaca-se a geração de emprego e renda no município e a valorização dos aspectos culturais decorrentes da utilização de insumos e técnicas da região, tais procedimentos estão amplamente inserido cilco  da cadeia produtiva, desde o fornecimento da matéria-prima até a chegada ao consumidor final. Como fator falho nesta abordagem, ressalta-se a responsabilidade do poder público como agente fomentador da atividade no cenário econômico local, por meio da implemnetação de políticas públicas destiandas a proporcionar a valorização economica e cultural da atividade.


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* Graduando em Administração na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) Campus Parintins-AM. Atuante em programas de iniciação a pesquisa, bolsista na Fundação de Amparo a Pesquisa do Amazonas (FAPEAM), nas área de Economia Agrícola e Produção Agropecuária como fator de desenvolvimento regional e em Estudos acerca da Cadeia Produtiva do Polo Moveleiro de Parintins-AM para verificação e implantação de indicadores de produção. Bolsista na Incubadora de Empreendimentos Criativos “Amazonas Indígena Criativa”, atua na acessoria e pesquisa direta com os empreendimentos incubados. Participante ativo em projetos de Extensão à comunidade, nas áreas de Empreendedorismo Solidário, Economia Criativa e Tecnologias Sociais. Os interesses de pesquisa concentram-se em Empreendedorismo, Sustentabilidade, Responsabilidade Socioambiental Empresarial, Organizações do Terceiro Setor, Cadeia Produtiva nas Indústrias, Resíduos Sólidos e Políticas Públicas Ambientais.

** Docente Dra em Ciências Ambientais pela Universidade Federal do Amazonas - UFAM


Recibido: 23/08/2016 Aceptado: 17/11/2016 Publicado: Noviembre de 2016

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