TURISMO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO: UMA ANÁLISE URBANO-REGIONAL BASEADA EM CLUSTER
Jorge Antonio Santos Silva
Esta página muestra parte del texto pero sin formato.
Puede bajarse la tesis completa en PDF comprimido ZIP
(480 páginas, 2,35 Mb) pulsando aquí
2.1.4 Tibor Scitovsky – Economias externas tecnológicas e economias externas pecuniárias
Em artigo originalmente publicado em 1954 (Two concepts of external economies), Scitovsky declara que o conceito de economias externas é um dos mais vagos da literatura econômica. Aqui se estará referindo à versão deste artigo publicada em Agarwala e Singh (1969).
De acordo com Scitovsky (1969), há uma concordância de que economias externas signifiquem serviços, e também desserviços, prestados livremente por um produtor a outro, ou seja, sem compensação. No entanto, quanto à natureza e forma desses serviços ou às razões dos mesmos serem prestados livremente, já não há concordância. Também se concorda que as economias externas são uma causa da divergência entre lucros privados e sociais e, conseqüentemente, para que a concorrência perfeita não conduza a uma situação ótima, porém, muitas são as razões que contribuem para que isto ocorra, não ficando claro como as economias externas inserem-se nas mesmas.
Scitovsky (1969) afirma que o conceito de economias externas atua em dois contextos completamente distintos, um corresponde à teoria do equilíbrio e o outro à teoria da industrialização nos países subdesenvolvidos. Em função disso, Scitovsky defende uma tese, segundo a qual há duas diferentes definições de economias externas, sendo que as economias externas definidas na teoria da industrialização incluem e ultrapassam as economias externas da teoria do equilíbrio.
Na teoria do equilíbrio geral, quando o equilíbrio não ocorre através do mecanismo de mercado, e sim em função da interdependência direta entre os agentes econômicos, esta interdependência, para Scitovsky, representa a causa do conflito entre o lucro privado e o social. Scitovsky (1969) distingue quatro tipos de interdependência direta, que não se verificam através do mercado:
interdependência da satisfação dos consumidores - a satisfação de uma pessoa pode depender não só da quantidade de produtos e serviços que consome, mas também da satisfação de outras pessoas, a renda e o consumo elevado de uns afetam outros;
influência direta do produtor sobre a satisfação pessoal – a satisfação de uma pessoa pode ser influenciada pelas atividades dos produtores, por meios que não operam através do mercado, por exemplo, uma fábrica que prejudica os seus vizinhos poluindo o ambiente em que vivem;
a produção pode ser influenciada pela ação direta de certas pessoas, que propiciam o aparecimento de invenções as quais geram facilidades para a produção e os produtores podem dispor das mesmas sem ter que pagar por elas;
interdependência direta entre os produtores – a produção de uma empresa pode depender não apenas do emprego dos seus fatores produtivos, mas também das atividades de outras empresas, é o que constitui as economias e deseconomias externas.
Um quinto tipo de interdependência, que não se enquadra na classificação acima, é a que ocorre, conforme Scitovsky, quando a sociedade em geral presta serviços sociais por meio de ação comunitária, com esses serviços sendo disponibilizados de forma gratuita, tanto às pessoas como às empresas.
Seguindo Meade (External economies and diseconomies in a competitive situation, 1952), Scitovsky apresenta uma definição rigorosa da interdependência direta entre os produtores, segundo a qual as economias externas existem sempre que a produção de uma empresa depende não só dos fatores de produção que ela utiliza, mas também do produto e da utilização de fatores produtivos de uma outra empresa ou de um grupo de empresas. As economias externas, portanto, são inerentes à função de produção e, por isso, Scitovsky crê ser conveniente denominá-las de “economias externas tecnológicas”, que “[...] são as únicas que podem surgir devido à interdependência direta entre produtores dentro do esquema teórico do equilíbrio geral [...]” (SCITOVSKY, 1969, p. 305).
Já a definição de economias externas no âmbito da teoria da industrialização nos países subdesenvolvidos, analisa Scitovsky, utiliza-se do conceito relacionando-o à questão específica da distribuição da poupança entre oportunidades alternativas de investimento.
Esta definição de economias externas inclui, [...] a interdependência direta (ou de fora do mercado) entre os produtores [...]. No entanto, é muito mais ampla que a definição [anterior], pois além da interdependência direta entre os produtores inclui também a interdependência entre os produtos através do mecanismo de mercado. Este último tipo de interdependência pode ser chamado de economias externas pecuniárias, a fim de distingui-lo das economias externas tecnológicas de interdependência direta.
O investimento numa indústria leva à expansão de sua capacidade e pode, assim, provocar diminuição dos preços de seus produtos, elevando os dos fatores empregados. A diminuição dos preços dos produtos beneficia os usuários dos mesmos. Quando estes benefícios vão ter às empresas, em forma de lucros, são economias externas pecuniárias; Marshall as chamava ou as teria chamado (assim como aos benefícios que vão ter às pessoas) de excedentes do consumidor e do produtor, respectivamente. (SCITOVSKY, 1969, p. 306-307).