POLÍTICA CAMBIAL E MACROECONOMIA DO DESENVOLVIMENTO
Paulo Gala
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As principais perguntas a serem respondidas por esta pesquisa relacionam-se à
questão da não neutralidade da taxa de câmbio no processo de desenvolvimento
econômico de longo prazo. O nível da taxa de câmbio real tem influência sobre
possíveis trajetórias de crescimento? Um câmbio real relativamente apreciado ou
depreciado pode desencadear dinâmicas benéficas ou maléficas de desenvolvimento?
Os processos de acumulação de capital e inovação tecnológica podem ser
influenciados pela posição do câmbio real? O objetivo principal do trabalho será
analisar a hipótese de que haveria uma relação negativa entre nível do câmbio
real e taxas de crescimento per capita. Câmbios reais relativamente
desvalorizados seriam benéficos para processos de desenvolvimento enquanto que
níveis excessivos de apreciação cambial seriam maléficos.
Do ponto de vista analítico, discutiremos alguns dos
fundamentos teóricos que sustentariam a proposta de um câmbio relativamente
desvalorizado como dinamizador do processo de crescimento econômico.
Analisaremos também os possíveis problemas trazidos pela sobrevalorização
cambial. Do ponto de vista empírico, estudaremos alguns casos de sucesso da
estratégia de desenvolvimento com câmbio subvalorizado como Indonésia e Chile,
por exemplo. Faremos também uma comparação entre políticas cambiais adotadas na
América Latina e Ásia, além de uma análise de painel para estudar os impactos da
evolução do nível do câmbio real no crescimento de países em desenvolvimento nas
últimas três décadas. A literatura de crescimento afirma já com razoável
consenso que o sucesso de alguns dos países aqui destacados se deveu a um
conjunto de políticas acertadas, não sendo possível reduzir seu desempenho a um
único fator. Nossa preocupação central no trabalho será a análise da condução da
política cambial em relação ao nível da taxa de câmbio real e
o papel que esta pode ter desempenhado em processos de
desenvolvimento econômico. O trabalho se divide em 5 capítulos além desta
introdução e da conclusão. O próximo capítulo apresenta alguns fatos estilizados
da literatura econômica acerca das tradicionais causas de ciclos de
sobrevalorização cambial. Destacam-se os episódios de populismo econômico e
planos de estabilização implementados na América Latina nos últimos 30 anos que
acabaram por resultar em inúmeras crises de balanço de pagamentos. Apresenta,
ademais, um estudo de caso para evolução da política cambial no Chile
considerada emblemática quanto às preocupações deste estudo. O terceiro capítulo
trata dos já conhecidos casos de “Dutch Disease” que afetam negativamente o
setor de manufaturas e o desempenho exportador, sendo encontrados especialmente
em países ricos em recursos naturais. Discute ainda a evolução da política
cambial na Indonésia, um dos principais exemplos de superação desse problema. O
quarto capítulo apresenta possíveis canais pelos quais a administração cambial e
o nível do câmbio real podem afetar a acumulação de capital. Destaca o problema,
largamente ignorado pela literatura de crescimento econômico, da substituição de
poupança interna pela externa presente nas estratégias de crescimento com
poupança externa. O quinto capítulo compara o manejo da política cambial e a
evolução dos níveis do câmbio real no Leste da Ásia e América Latina, sugerindo
possíveis padrões regionais. As trajetórias de política cambial nessas duas
macro-regiões apresentam características bastante distintas com tendências a
sobrevalorização na América Latina e subvalorizações na Ásia. O sexto capítulo
faz uma análise de painel sobre a relação entre nível do câmbio real e
crescimento per capita para países em desenvolvimento. Apresenta uma resenha dos
principais trabalhos da área, discute a metodologia de medição do câmbio usada
por estes estudos e propõe uma nova forma de medida. Os resultados nessa área
parecem bastante consolidados e a literatura apresentada co ntém conclusões
praticamente consensuais: câmbios relativamente desvalorizados estão associados
a maiores taxas de crescimento per capita.
Na última parte do texto encontram-se as principais
conclusões da pesquisa, a lista de referências bibliográficas e um apêndice com
os gráficos e tabelas utilizados. Os resultados do estudo apresentados na
conclusão tendem a confirmar nossa hipótese principal: câmbios reais
relativamente desvalorizados contribuem para o processo de desenvolvimento
econômico. Por questões de escopo e espaço, o trabalho não tratará de dois temas
pertinentes à discussão aqui apresentada: a escolha de regimes cambiais presente
na literatura de “optimal regime choice” e o debate sobre possíveis efeitos
contracionistas ou expansionistas de desvalorizações cambiais tratado na
literatura de “contractionary
Objetivos, metodologia e organização do trabalho