POLÍTICA CAMBIAL E MACROECONOMIA DO DESENVOLVIMENTO
Paulo Gala
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Ainda sobre a questão de externalidades positivas e “spill-overs” tecnológicos,
Popov e Polterovich (2002) desenvolvem um modelo seguindo os padrões da literatura de
crescimento endógeno que procura formalizar o argumento. Partem de uma pequena
economia aberta em desenvolvimento. Na modelagem principal, fluxos de capital
não são permitidos. O modelo trabalha com a distinção entre comercializáveis e não comercializáveis e três setores: bens de consumo, bens de investimento e um
setor de exportação. Os autores demonstram que, sob determinadas condições, a trajetória
ótima em termos de crescimento e bem estar será a acumulação de reservas e a
administração de um superávit em contas correntes permanente.
O cerne do argumento está em supor que o setor de exportações é dominante no
processo de acumulação de conhecimento. Assim, em linha com os modelos de crescimento endógeno do tipo AK, a relativa desvalorização do câmbio real decorrente da
acumulação de reservas estimula o setor de exportações que produz externalidades positivas,
acelerando os ganhos de produtividade e crescimento econômico (Popov e Polterovich, pg.27).
Segundo os autores, numa estratégia de crescimento com câmbio subvalorizado, a
economia deverá operar com superávits em contas correntes em “steady state” no
que chamam de um regime desbalanceado. É importante registrar que a acumulação de
reservas significará um maior estímulo ao setor de exportações apenas na ausência de
fluxos de capital decorrentes de endividamento externo. Os autores têm em mente uma
situação em que os ganhos de comércio exterior traduzidos em superávits em conta corrente
são mantidos através da compra permanente de reservas. Numa situação de elevados
déficits em contas correntes financiados pela entrada de capitais externos, a aquisição
de reservas não terá o mesmo efeito sobre o setor exportador já que o câmbio real estará
numa posição muito mais apreciada do que no caso de superávits recorrentes.
A acumulação de reservas provoca subvalorização cambial, crescimento liderado
pelas exportações e aumentos de taxas de lucro e investimentos. A competição no
mercado mundial ajuda a evitar a criação de investimentos improdutivos típicos do
processo de industrialização substitutiva de importações. Nos termos de Popov e Polterovich
(2002), “the resulting greater involvement into the international trade ensures that new
investment would not be used to create industrial dinosaurs enterprises of the sort of
“white elephants” or “Egyptian pyramids” that were often created under the import substitution
policy. On the contrary, capita l productivity and TFP increase due to externalities associated
with greater participation in the international trade” (Popov e Polterovich 2002, pg.44). Em
análises empíricas, os autores encontram correlações positivas entre acumulação de
reservas e subvalorização do câmbio medida como desvios de PPP. Câmbios reais mais desvalorizados estariam também associados a maiores taxas de investimento
agregado. Em termos mais gerais, câmbios competitivos correlacionar-se-iam com altas taxas de
crescimento per capita como discutiremos em detalhe no último capítulo.
Nível do câmbio real, inovações tecnológicas e externalidades positivas