Revista: TURYDES
Turismo y Desarrollo local sostenible / ISSN: 1988-5261


A COMPETITIVIDADE DE DESTINOS TURÍSTICOS EM ÁREAS PROTEGIDAS NATURAIS

Autores e infomación del artículo

Sabrina da Rosa*

Francisco Antônio dos Anjos**

Universidade do Vale do Itajaí, Brasil

sabrinarosa@edu.univali.br


RESUMO

O tema da competitividade dos destinos turísticos é complexo, com diversos modelos sendo construídos, com poucos destinos dedicados a áreas naturais protegidas. Para essas áreas, a competitividade pode ser uma ferramenta poderosa para a conservação do meio ambiente e o desenvolvimento socioeconômico da comunidade local. O objetivo principal da pesquisa foi verificar a aplicabilidade da teoria da competitividade existente em destinos com turismo baseado na natureza, em que as principais atrações são áreas naturais protegidas. Como metodologia foi realizada pesquisa bibliográfica e documental, validados os indicadores com painel de especialistas, utilizando a técnica Delphi. Os resultados destacam a possibilidade de utilizar os fatores de competitividade dos destinos turísticos em áreas naturais protegidas e apresenta 53 indicadores validados que podem ser utilizados para avaliar a competitividade do turismo em áreas naturais protegidas.

Palavras Chave: competitividade de destino; índice de competitividade; atributo de competitividade; turismo baseado na natureza; área protegida.

ABSTRACT

The competitiveness theme of tourist destinations is complex, with several models being built, with few destinations dedicated to natural protected areas. For such areas, competitiveness can be a powerful tool for the conservation of the environment and socioeconomic development of the local community. The main objective of the research was to verify the applicability of the existing theory of competitiveness in destinations with tourism based on nature in which the main attractions are natural protected areas. As methodology was carried out bibliographical and documentary research, validated the indicators with panel of experts, using the Delphi technique. The results highlight the possibility of using the competitiveness factors of tourist destinations in natural protected areas and presents 53 validated indicators that can be used to assess tourism competitiveness in natural protected areas.

Keywords: destination competitiveness; competitiveness index; competitiveness attributes; nature-based tourism; protected area.

Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Sabrina da Rosa y Francisco Antônio dos Anjos (2018): “A competitividade de destinos turísticos em áreas protegidas naturais”, Revista Turydes: Turismo y Desarrollo, n. 25 (diciembre / dezembro 2018). En línea:
https://www.eumed.net/rev/turydes/25/areas-protegidas.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/turydes25areas-protegidas


1 INTRODUÇÃO
O crescimento do turismo pode ser especialmente benéfico para os países em desenvolvimento, cujas economias são tradicionalmente dependentes do setor agropecuário ou extrativista, particularmente aquelas centradas na exportação dos recursos naturais. A produção agropecuária das nações sul-americanas totaliza 30% no mercado mundial de grãos e de 28% nas trocas globais de proteína animal (USDA, 2015), e simultaneamente o mesmo território recebe a pressão para conservar a maior biodiversidade do mundo (MONGABAY, 2016). Uma alternativa para aumentar a proteção do uso sustentável da Terra e garantir a manutenção da biodiversidade, é o turismo. Em tais situações, o turismo é competitivo quanto mais conservado forem os recursos naturais, consequentemente se eleva a consciência do valor da conservação (Boley & Green, 2016), e com possibilidade de agregar valor.  
O turismo, o maior setor econômico e de maior crescimento no mundo, respondeu em 2017 por 10% do PIB mundial, 7% do comércio global e criou um em cada dez novos postos de trabalho (UNWTOa, 2017). Apesar de uma escassez de dados quantificáveis e comparáveis, o turismo baseado na natureza tem sido frequentemente relatado como sendo um grande e crescente segmento dentro do mercado global de turismo (Hassan,2000; Balmford et al., 2015; Baric et al.,2016; Hardiman & Burgin,2017; Dinica, 2018). Englobando a maior parte das atrações turísticas dos países em desenvolvimento (Bwalya-Umar & Mubanga, 2016), sendo capazes de gerar renda substancial tanto para a conservação da biodiversidade quanto para o desenvolvimento socioeconômico das comunidades locais (Hardiman & Burgin,2017).
O Turismo em ambiente natural tem sido denominado de forma variada, como "turismo de natureza”, “turismo baseado na natureza” ou "turismo de áreas naturais" (Barić et al.,  2016). Adotaremos neste estudo o termo turismo baseado na natureza, pois entendemos ser mais abrangente por incluir o ecoturismo, o turismo de natureza e o turismo de aventura. O Ecoturismo, essencialmente baseada na natureza, defende meios de viagem responsáveis, enfatizando a educação ambiental e o uso sócio-ecologicamente sustentável do ambiente natural e cultural (Orams, 1995; Weaver, 2001; Barić et al., 2016; TIES, 2017; Brasil, 2018; Lee & Jan, 2018), necessitando de processos especiais de gestão para minimizar o impacto negativo sobre o ecossistema (Santarém, 2018; UNWTOb, 2018). O turismo de natureza está relacionado à observação ou contemplação da flora, fauna ou paisagem, ou seja, a atratividade da própria natureza, sem considerar aspectos socioculturais ou questões gerenciais (Barić et al., 2016). O turismo de aventura é percebido como um tipo de viagem para lugares remotos e exóticos com experiências que frequentemente envolvem certo risco e desafio pessoal (Dantas & Pires, 2015; Barić et al., 2016) ou físico que pode ser real ou percebido (UNWTOb, 2018), de caráter recreativo e não competitivo (BRASIL, 2018).
O turismo baseado na natureza se configura como um dos produtos turísticos mais importantes para muitos destinos (Huybers & Bennett, 2003; Ramkisson & Mavondo, 2014), em grande parte em áreas protegidas naturais, estas que estão sendo ampliadas nos países para cumprir as Metas de Aichi para a Biodiversidade. As áreas protegidas naturais são categorizadas pela Internacional Union for Conservation of Nature (IUCN), com categorias de manejo padrões globais, reconhecidas por organizações internacionais como as Nações Unidas (IUCN,2018). Destacam-se entre as categorias os Parques Nacionais (Balmford et al., 2009), que apresentam características diversas e muitas vezes únicas, servindo como ícones e fortes marcas de turismo (Puustinen, Pouta, Neuvonen & Sievanen, 2009; Ramkisson & Mavondo, 2014).
Dado o cenário competitivo para o turismo em parques, é crucial a diferenciação como estratégia central nos processos de para planejamento e gestão de visitantes. Nos países desenvolvidos, o turismo é tratado como uma importante atividade para as economias, como por exemplo a França, Espanha e Estados Unidos, que foram os países que mais receberam turistas estrangeiros em 2017 (UNWTOa,2018), com crescimento de visitações nos Parques Nacionais.
Os Parques Nacionais franceses receberam 8,5 milhões de visitantes (Parcs Nationaux de France, 2018), enquanto  a Espanha, que no último ano substitui os Estados Unidos como segundo destino turístico mais popular do mundo, investe no turismo com estratégias de competitividade, como o Monitor de Competitividade Turística de Cidades (URBANTUR,2018), os dados de crescimento são expressivos, nos 15 parques nacionais espanhóis, quando os dados demonstram um total de 15,43 milhões de visitantes em 2017 (aumento de 61,84% comparado ao total de 2012) (MAPAMA,2018).  
Nos Estados Unidos, o turismo nos Parques Nacionais é um seguimento consolidado, como no exemplo do Great Smoky Mountains National Park (GSMNP), que recebeu 11,2 milhões de visitas em 2017 (aumento de 17% comparado ao total de 2012), por mais que mantenha altas taxas de visitações, quase o dobro do Grand Canyon National Park, o segundo mais visitado (aumento de 41,46% comparado ao total de 2012), ambos conseguem manter a taxa de crescimento (NPS,2018). O GSMNP possui a maior extensão de paisagem florestal no oeste dos EUA, localizado na região mais povoada do país, destacando-se pela biodiversidade e diversidade topográfica, e por fornecer diversas atividades para diferentes segmentos (Dye & Shaw, 2007).  
O desafio de manter as visitações e ainda mais, de ter crescimento em mercados consolidados são possíveis em destinos competitivos. A competitividade do destino está relacionada a capacidade de aumentar a receita do turismo (Ritchie & Crouch, 2003), com produtos e serviços de forma eficiente (Heath, 2003) com qualidade, inovação, ética e atrativos, a fim de alcançar a sustentabilidade dentro de sua visão global, aumentando o valor agregado do turismo, otimizando sua atratividade e benefícios tanto para os visitantes quanto para a comunidade local de forma sustentável (UNWTO b, 2018).
As pesquisas recentes sobre turismo baseado na natureza ganham destaque em algumas temáticas, notadamente a atratividade (Puhakka & Saarinen, 2013; Souza, Thapa & Castro, 2017; Ariya, Sitati & Wishitemi, 2017), a qualidade percebida do serviço (Rodger, Taplin & Moore, 2015; Taplin, Rodger & Moore, 2016; Thapa & Lee, 2017) e imagem do destino (Kihima,2014; Rosa, Carvalhinho & Soares,2018), citando apenas os artigos relacionados a temática publicados bases de dados da EBSCO nos últimos cinco anos. Percebem-se poucos estudos com foco na competitividade (Law & Lo, 2016; Blanco-Cerradelo et al., 2018; Kruger, Vilijoen & Saayman, 2017), apesar do reconhecimento de que nível competitivo influencia a atratividade de um destino (Dwyer & Kim, 2003; Law & Lo, 2016) e possibilita que o destino possa criar e integrar produtos de valor agregado que sustentam seus recursos, mantendo a posição de mercado em relação aos concorrentes (Hassan, 2000).
Com a competição intensificada entre os destinos, as preocupações com recursos e reconhecimento da competividade com um fator crítico de sucesso, contribuíram para expansão da literatura sobre a competitividade de destino turístico. Modelos de Competitividade de Destinos Turísticos (Crouch & Ritchie, 1999; Hassan, 2000; Dwyer & Kim, 2003; Huybers & Bennett, 2003; Enright & Newton, 2004; Gooroochurn & Sugiyarto, 2005; Mazanec, Wöber & Zins,2007; Gomezelj & Mihalič ,2008; Perles Ribes, Ramón Rodríguez e Sevilla Jiménez, 2008; Crouch, 2010; Bornhorst, Ritchie & Sheehan,2010; Zhang et al., 2011; Andrades-Caldito, Sánchez-Rivero  & Pulido-Fernández, 2012; Caber, Albaryrak & Matzler, 2012; Bagarić & Žitinić, 2013; Dwyer et al. , 2014; Knežević Cvelbar et al., 2016; Chin, Haddock-Fraser & Hampton,2015; Augustin & Liaw, 2017; Blanco-Cerradelo et al., 2018; Wong, 2018) são largamente utilizados pela literatura da gestão do destino.
O principal questionamento do presente estudo se pauta em “Quais fatores da competitividade de destino turísticos são aplicáveis aos destinos com turismo baseado na natureza?". Assim, o objetivo central da pesquisa a verificar a aplicabilidade da teoria existente de competitividade em destinos com turismo baseado na natureza em que os principais atrativos sejam áreas protegidas naturais.
Para o desenvolvimento do estudo foi realizada pesquisa bibliográfica dos modelos de competitividade de destinos turísticos com levantamento dos fatores e atributos aplicados a competitividade destinos baseados na natureza. O artigo está dividido nos seguintes tópicos: competitividade turística: modelos e medições; metodologia; avaliação da competitividade em áreas protegidas naturais e considerações finais.

 

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* Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade do Vale do Itajaí em 2013. Cursando Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí. Possui interesse nas áreas de planejamento urbano e planejamento do espaço turístico.
** Tem graduação em Geografia (1992) com especialização em Turismo e Hotelaria (1995) pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. Mestre (1999) e Doutor ( 2004) pela Universidade Federal de Santa Catarina. Fez pós-doutorado na Universidade Estadual Paulista - UNESP (2006) e na Universidade Politécnica da Catalunha - Espanha (2007). Professor e pesquisador da graduação, do mestrado e do doutorado na Universidade do Vale do Itajaí -UNIVALI. Entre 2012 e 2017 atuou como coordenador do programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria (Mestrado e Doutorado ). Atua no campo científico do turismo, Foi Diretor-Científico no Biênio 2011 e 2013 e Diretor-presidente nos Biênios 2013-2015 e 2015-2017 da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo - ANPTUR. Atua no campo científico do turismo, , bolsista de Produtividade em Pesquisa no Turismo pelo CNPq desde 2013, desenvolve pesquisas na área de Turismo nas suas interfaces com o Planejamento Urbano e a Geografia, com financiamento da CAPES, FAPESC e CNPq. Lidera o grupo de pesquisa PLAGET - Planejamento e Gestão do Espaço Turístico. Destaca-se na sua produção artigos científicos publicados em periódicos nacionais e internacionais, livros e capítulos em coletâneas e artigos publicados em Anais de eventos. Participa de conselhos científicos de diversas revistas científicas de turismo. Exerceu de 2017 e 2018 a função de Secretario Adjunto de Turismo, Cultura e Esporte do Estado de Santa Catarina Brasil.


Recibido: Noviembre 2018 Aceptado: Diciembre 2018 Publicado: Diciembre 2018



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