Antônio Hélton Vasconcelos dos Santos*
Cláudio Jorge Moura de Castilho**
Valéria Sandra de Oliveira Costa***
Universidade Federal de Pernambuco, Brasil
heltomvasconcelospenet@hotmail.com.
Resumo:
O presente artigo visa analisar os desafios enfrentados pelo turismo religioso no santuário de São Severino dos Ramos localizado no município de Paudalho – Pernambuco. Para tal, foi realizado levantamento da literatura, pesquisa documental das principais obras, leis e documentos com a finalidade de caracterizar as atividades turísticas no santuário em apreço. Em seguida, efetivou-se visita de campo na área com o intuito de identificar os impactos ambientais e as dificuldades enfrentadas nas práticas turísticas e religiosas. Para tanto, foram empregadas como técnicas entrevistas semiestruturadas com comerciantes e romeiros, conjuntamente com o check-list dos impactos ambientais. Dessarte constatou-se que o santuário apresenta precariedades em inserir a comunidade local na participação das práticas turísticas, assim como na infraestrutura gerando problemas ambientais como: poluição e contaminação dos recursos hídricos e do solo, desflorestamento, poluição e contaminação do solo, diminuição da biodiversidade e infestações de espécies invasoras. É possível concluir que a falta de planejamento das ações tem afetado o desenvolvimento socioespacial, os sistemas ecológicos e consequentemente a saúde dos frequentadores. Além do mais os proprietários e o poder público pouco fazem para minimizar tais problemáticas.
Palavras-chave: Romaria, Impactos Ambientais, Desenvolvimento socioespacial.
THE CHALLENGE FACED BY TOURISM-RELIGIOUS PRACTICES IN SANTUARIO DE SÃO SEVERINO DOS RAMOS IN PAUDALHO, PERNAMBUCO
Abstract:
This article aims to analyze the challenges faced by religious tourism in San Severino dos Ramos Sanctuary located in the municipality of Paudalho – Pernambuco. For this, a survey of the literature, documentary research of the main works, laws and documents was carried out with the purpose of characterizing the tourist activities in the sanctuary in appreciation. Afterwards, a field visit was carried out in the area in order to identify the environmental impacts and the difficulties faced in the tourist and religious practices. For that, semi-structured interviews with traders and pilgrims were used as techniques, along with the checklist of environmental impacts. It was found that the sanctuary presents precariousness in inserting the local community in the participation of tourist practices, as well as in the infrastructure generating environmental problems such as: pollution and contamination of water and soil resources, deforestation, soil contamination and contamination, biodiversity decrease and infestations of invasive species. It is possible to conclude that the lack of planning of the actions has affected the socio-spatial development, the ecological systems and consequently the health of the regulars. Moreover, the owners and the public authorities don´t do effective actions in order to minimize such problems.
Keywords: Pilgrimage, Environmental Impacts, Socio-spatial Development
EL DESAFÍO ENFRENTADO POR LAS PRÁCTICAS TURÍSTICO-RELIGIOSAS EN EL SANTUARIO DE SÃO SEVERINO DOS RAMOS EN PAUDALHO, PERNAMBUCO
Resumen:
El presente artículo busca analizar los desafíos enfrentados por el turismo religioso en el santuario de San Severino de los Ramos ubicado en el municipio de Paudalho – Pernambuco. Para ello, se realizó el levantamiento de la literatura, la investigación documental de las principales obras, leyes y documentos con la finalidad de caracterizar las actividades turísticas en el santuario en aprecio. A continuación, se efectuó una visita de campo en el área con el objetivo de identificar los impactos ambientales y las dificultades enfrentadas en las prácticas turísticas y religiosas. Para ello, fueron empleadas como técnicas entrevistas semiestructuradas con comerciantes y romeros, junto con el check-list de los impactos ambientales. De este modo se constató que el santuario presenta problemas en lo que concierne la inclusión de la comunidad local en la participación de las prácticas turísticas, así como en la infraestructura generando problemas ambientales como: contaminación de los recursos hídricos y del suelo, deforestación, contaminación del suelo, disminución de la biodiversidad e infestaciones de especies invasoras. Es posible concluir que la falta de planificación de las acciones ha afectado el desarrollo socioespacial, los sistemas ecológicos y consecuentemente la salud de los asistentes. Además, los propietarios y el poder público poco hacen para minimizar tales problemáticas.
Palabras clave: Romería, Impactos Ambientales, Desarrollo socioespacial.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Antônio Hélton Vasconcelos dos Santos, Cláudio Jorge Moura de Castilho y Valéria Sandra de Oliveira Costa (2018): “O desafio enfrentado pelas práticas turístico-religiosas no Santuario de São Severino dos Ramos em Paudalho, Pernambuco”, Revista Turydes: Turismo y Desarrollo, n. 24 (junio / junho 2018). En línea:
https://www.eumed.net/rev/turydes/24/santuario-severino.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/turydes24santuario-severino
1. NOTAS INTRODUTÓRIAS
Por volta da década de 1960, a discursão do termo turismo religioso tem ganhado destaque no âmbito acadêmico. Destarte, tornou-se relevante compreender de forma crítica outras relações do homem com as divindades, ou seja, como fenômeno social e econômico na dinâmica espacial das comunidades receptoras de turistas (Perilla & Perilla, 2013), sobretudo no período da acumulação flexível sob o qual as atividades produtivas deixaram de ser utilizadas pelas elites locais como as principais promotoras do crescimento econômico e, por conseguinte, as mais favoráveis à geração de emprego e renda.
Portanto, torna-se importante a discussão de tal fenômeno no Brasil por sua grande representatividade no país, uma vez que, segundo o censo do IBGE (2010), cerca de 86,8% da população deste país são constituídas por cristãs, sendo 64,6% católicos. Essa antiga prática social agora em tempos de globalização e desterritorialização, constitui-se em visitar lugares considerados sagrados, usando-se da estrutura de hospedagem local, acaba sendo também adjetivado de turismo esotérico ou místico (Oliveira, 2004).
São Severino dos Ramos destaca-se por ser um centro tradicional de romaria no estado de Pernambuco, para onde deslocam-se várias pessoas em peregrinação ou romaria. Em movimentos de deslocamento para fins religiosos, segundo Pereira (2014, p. 28):
[...] estão presentes em praticamente todas as religiões como expressão de fé e de experiência com o sagrado. As tradições religiosas judaico-cristãs, por exemplo, registram as romarias ou peregrinações como parte integrante da fé de um povo. Desde Abraão – considerado o Pai na fé – até nossos dias, os peregrinos cruzam as mais variadas veredas em busca de espaços tidos por sagrados (seja um rio, uma cidade, uma igreja), onde a experiência com o transcendente torna-se mais forte. As peregrinações nascem justamente dessa necessidade que o homem religioso tem de demarcar um espaço como sendo hierofânico (lugar de manifestação do sagrado).
Castilho (2015) relata que, por se tratar de uma produção humana e, por conseguinte, um fenômeno social, o turismo não se limitar a uma simples atividade econômica, sendo formado por um conjunto complexo de práticas socioespaciais nas quais as pessoas participantes satisfazem suas necessidades voltadas para o lucro, o trabalho e o lazer, servindo-se do espaço geográfico como instância social, que é produzido permanentemente.
No santuário de São Severino dos Ramos destaca-se a atividade religiosa constituindo um centro da rede geográfica do sagrado que interliga diversos outros centros de devoção em todo estado de Pernambuco. A peregrinação religiosa para o referido santuário efetua-se pela população em diversas formas, seja de modo espontâneo ou organizado, a pé, de cavalo, de carro, motocicleta e principalmente ônibus (Marinho, 2008; Rocha, 2013; PMP, 2018).
Segundo Rocha (2013), muitos frequentadores 1 do centro em epigrafe participam desta manifestação devido a inúmeros problemas pessoais, em busca da intervenção divina para saná-los ou ainda como gratidão por alcançar uma graça, sobretudo em lugar como os que se situam em regiões-problemas como o Nordeste.
Atualmente, consolida-se a movimentação de trabalho informal na localidade, representando uma fonte de renda importante na dinâmica econômica da região. Tal comércio passou a vender de tudo, desde artigos religiosos (imagens, terços, folheto de santos), bebidas, utensílios domésticos, cosméticos entre outros. Aos domingos, o clima festivo é ainda maior, podendo ouvir sons embaladores, show ao vivo em bares e restaurantes.
Sobre isso, Castilho (2008) afirma que, dentre os conjuntos de atividades econômicas que se encontram ligadas ao turismo, destacam-se os serviços pessoais responsáveis por fornecerem estruturas como alojamento, restaurantes, agências de viagem e locação de veículos entre outros, assim como atividades encontradas em pontos de localização de monumentos e lugares históricos.
A economia dos serviços compreende, assim, uma base socioeconômica formada por diversas atividades ligadas ao “terciário” que se fazem presentes num determinado lugar, configurando uma estrutura socioeconômica vital à dinâmica geográfica. [...] esta estrutura socioeconômica constitui dimensão de uma totalidade – a da formação socioeconômica e territorial – a qual se acha em contínuo movimento em algum sentido: seja no da reprodução dos interesses do mercado ou no da reprodução dos interesses da sociedade como um todo. Neste modelo da “economia informacional”, os chamados serviços pessoais constituem representações vivas e dinâmicas do que M. Castells chama de protocapitalismo, mas que, junto a outras atividades, reformulam-se e ganham expressivo e constante impulso no período histórico, atual, segundo as necessidades sempre diversificadas e dinâmicas do capitalismo (Castilho, 2008, p.17).
Os serviços, na contemporaneidade, representam uma das alternativas de reestruturação da crise sofrida pela indústria, logo suas atividades são funcionais às produções industriais, servindo de suporte à recuperação do trabalho humano. Cabe salientar que na conjuntura capitalista em que estamos inseridos torna-se pertinente repensar as práticas turísticas, que muitas vezes atendem aos interesses do capital, desrespeitado o meio ambiente e a população de onde se realiza. Deste modo, necessita-se ressignificar o turismo de base local na perspectiva de uma atividade solidária de aprendizagem entre povos e culturas, além da oportunidade de negócios, em municípios e comunidades, como uma atividade que promova o desenvolvimento das potencialidades regionais, mesmo realizando o objetivo original para o qual foi planejado (Coriolano, 2012).
O turismo – como qualquer outra atividade humana – que preze pelo desenvolvimento socioespacial só se concretizará quando, em seu processo de formação, levar em consideração as condições de cidadania dos seus agentes envolvidos, possibilitando a eles: acesso a qualidade a bens e serviços sociais fundamentais para a existência humana; civilidade ativa e criativa; participação efetiva nos processos de decisão e execução de ações para melhoria do lugar; comprometimento e aprazimento das pessoas, bem como melhoria das condições de vida do seu lugar. Porém muitas vezes o turismo é usado como fabula, mascarando a realidade social concreta para atender os interesses dos seus promotores, incluindo precariamente a comunidade local (Castilho, 2015).
Essa perversidade, proporcionada, também, pelo turismo como fábula, contribui para a produção e consumo demasiado do espaço, permitindo o avanço de impactos ambientais negativos, pois várias mudanças serão realizadas no território para atender as atividades turísticas, sem efetivamente um planejamento que respeite o meio ambiente, o que por ventura acarreta a destruição da natureza afetando as próprias condições que caracterizam a atividade como mercadoria. Logo, esses lugares passam a ser desvalorizados em pouco tempo (Rodrigues, 1999; Castilho, 2015).
Em referência ao santuário de São Severino dos Ramos, Santos et al. (2017) apontam graves problemas ambientais provenientes da falta de infraestrutura por parte da família proprietária do espaço, da Prefeitura Municipal de Paudalho (PMP) e da Compesa (Companhia de Saneamento de Pernambuco) que não investem na estruturação dos equipamentos essenciais para atender as necessidades básicas dos comerciantes, religiosos, visitantes e da comunidade adjacente. Problemas que, por outro lado, fazem parte de uma região em que a cidadania ainda não se completou.
O município de Paudalho, intitulado por Soares (1990) como a Terra dos Engenhos, desde quando era distrito de Olinda, participou ativamente do auge da economia açucareira com grande representatividade. Destes empreendimentos, havia o engenho Ramos fundado por Manoel do Rego Bacharel onde se localiza hoje o Santuário em apreço que, de acordo com Mota (1983), constituiu uma referência para a obra de Gilberto Freire Casa Grande e Senzala ratificando a magnitude não só religiosa, turística, histórica, mas também literária deste espaço.
O santuário é constituído por uma capela 2 em estilo arquitetônico simples com detalhes do barroco apresentando duas torres (uma sineira e outra do relógio). Situado ao seu lado esquerdo encontra-se a sala dos ex-votos repleta de fotos, utensílios de diversas ordens e origens que testemunham a conquista da graça de inúmeros devotos, juntamente com o velatório onde os romeiros acendem velas como forma de agradecimento e devoção ao santo.
No fundo da igreja se localiza o cemitério da família Mello e ainda após 1 km a gruta dos milagres, uma fonte de água onde se atribui inúmeras graças alcançadas, pois se acredita que a ingestão da água pode evitar e curar doenças. Está presente também vestígios das ruínas do antigo engenho como: casa grande, senzala e o galpão usado para estocar o açúcar. Destaca-se em meio à paisagem a grande quantidade de veículos principalmente ônibus usados para transportar os visitantes (Figura 1). Cabe destacar que atualmente o entorno desses espaços apresentam-se sufocados por bares e músicas de um universo profano que cresce paralelamente ao ambiente sagrado (Marinho, 2008; Pereira, 2014).
Quando o lazer acontece de forma estruturada em ambientes sagrados atrelando-se ao turismo, esta associação pode até contribuir para estimular o sentimento de fé e devoção intrínsecos nas peregrinações e romarias. Do mesmo modo, quando o turismo religioso associa-se ao lazer, isto também pode incrementar o sentimento religioso. Isto porque a boa hospitalidade e o entretenimento dos envolvidos permite a satisfação e, por sua vez, a garantia de retorno dos romeiros (Christoffoli et al., 2012).
De acordo com a PMP (2018), no domingo de Ramos do ano de 2018 estima-se que o município recebeu cerca de mais de mil ônibus com visitantes de vários lugares da região nordeste. A recepção desse pessoal inicia-se já no sábado quando os romeiros acampam ou se hospedam nas dependências comerciais adjacentes ao engenho.
A devoção a São Severino dos Ramos constitui uma manifestação religiosa ainda importante no fortalecimento da religiosidade e cultura do estado de Pernambuco, tendo sido mencionada por João Cabral de Melo Neto em sua obra Morte e Vida Severina 3. Rege a tradição local segundo a qual uma das proprietárias do engenho tinha um filho sacerdote que foi à Europa e que de lá trouxe como presente à sua genitora a imagem de São Severino 4. Até meados do século XVIII existia, na capela, um grande caixão de zinco no qual veio da Itália a milagrosa imagem (Soares, 1990; Marinho, 2008; Rocha, 2013; Pereira, 2014).
Diante do exporto, o objetivo deste trabalho é apontar os desafios enfrentados pelas práticas turístico-religiosas no Santuário de São Severino dos Ramos em Paudalho, Pernambuco, visando ao exercício de uma reflexão a fim de contribuir para um planejamento sustentável da atividade.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O santuário São Severino dos Ramos está localizado na latitude 7º53’51.71’’ Sul e longitude 35º09’11.73’ Oeste da zona rural do município de Paudalho, Mata Norte do estado de Pernambuco, pertencente à propriedade privada, na qual se situam os domínios do engenho Ramos (IBGE, 2010).
De acordo com Pereira (2014), ele está incluso entre os 16 maiores centros religiosos de devoção espalhado pela região Nordeste do Brasil, atraindo multidões de devotos, como já vimos.
A pesquisa é de natureza exploratória e descritiva. O caráter de pesquisas exploratória reside no fato de que possuem o objetivo de proporcionar maior familiaridade com o problema investigado com vistas a torná-lo mais explícito ou de construir hipóteses (Gil, 2002). Ao mesmo tempo ela se caracteriza como descritiva em razão de procurar descrever a realidade das dinâmicas turísticas no santuário de são Severino dos Ramos, apontando os impactos ambientais presentes.
Assim sendo, ambos os caráteres acima destacados são de fundamental importância para a explicação do problema delimitado, o que se faz necessário para se encontrar as saídas à sua solução. Para a caracterização das atividades turístico-religiosas em São Severino, foi feito levantamento da literatura em relação à temática da pesquisa, por meio de livros, revistas, artigos, resumos expandido em eventos, dissertações e teses, conjuntamente com pesquisa documental no arquivo público de Paudalho. Com o intuito de identificar os problemas na infraestrutura e seus impactos ambientais, foram realizadas visitas de campo ao Santuário entre junho de 2017 e março de 2018 usando como técnica o check-list (lista de checagem) conjuntamente com registro fotográfico.
A técnica de check-list desenvolve a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) de modo prático facilitando sua interpretação multidisciplinar, adequando-se às circunstâncias em que os dados são escassos, bem como quando se torna eficiente para as avaliações as quais necessitem de um breve espaço de tempo. Tal técnica é vantajosa por propiciar baixos custos e ser de fácil compreensão para vários públicos. No entanto, por assumir um caráter qualitativo requer um alto grau de subjetividade em sua análise, ademais depende do Georreferenciamento via SIG (Sistema de Informações Geográficas) para especializar os impactos ambientais listados (Ranieri et al., 1998; Cremonez et al., 2014).
A compreensão dos desafios enfrentados pelos romeiros e comerciantes na execução de suas práticas turísticas no Santuário foi efetuada a partir de levantamento de informações pertinentes, empregando entrevistas semiestruturadas5 como técnica de escutar as pessoas que vivenciam o problema, portanto as únicas capazes de apontar as suas causas. Participaram da investigação 26 comerciantes e 23 romeiros os quais foram selecionados por aleatoriamente.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As práticas turístico-religiosas desenvolvidas no Santuário de São Severino dos Ramos traz uma série de benefícios para os frequentadores, as pessoas do lugar e a formação do espaço geográfico do município e do estado.
No entanto, o que se destaca com mais frequência, sobretudo pelas elites locais, refere-se ao seu papel econômico, uma vez que, em Paudalho, o comércio e a prestação de serviços ligadas ao Santuário de São Severino dos Ramos aparecem juntamente com a produção de cerâmicas vermelhas, as atividades hortifrutigranjeiras e a monocultura da cana de açúcar como os principais responsáveis pela geração de renda e, consequentemente, para o sustento dos munícipes.
Como constatação do que se disse acima, 58% dos comerciantes entrevistados6 afirmaram que atividade é a sua única forma de trabalho e 76% relataram que é a principal fonte de renda da família como percebemos na fala do comerciante 6:
Se não tivesse isso aqui (comércio) aí eu ia fazer o quê? eu ia ter que partir pra outra coisa que era trabalhar pros outros, isso se eu conseguisse (sic), porque se não fosse isso daqui pra gente era muito ruim, lá em casa porque esse ramo aqui é o sustento de todo mundo que trabalha aqui. [...] Depois que ele acaba mermo a gente sente falta [...] Oxe, tempo de inverno mesmo, a gente sai daqui pra ir pra feira porque aqui fica ruim e sentimos muito no bolso o nó aberta lá em casa.
Cabe destacar que esses empreendimentos 7 fazem parte da herança cultural e econômica das famílias envolvidas em que cada geração de seus membros participa, ativamente, labutando e aprendendo e ensinando as artimanhas do negócio familiar como se observa na fala do comerciante 20:
Olhe, eu não imagino minha vida sem isso daqui é o que sei fazer é de onde eu tiro meu sustento desde pequeno quando vinha como minha mãe vender esteiras (sic). [...] quando era pequeno vinha com meu pai e hoje trago os meus filhos para trabalhar, como é final de semana não atrapalha os estudos deles. [...] quando o movimento está fraco ou quando não tem romaria as coisas apertam lá em casa por isso, temos que trabalhar dobrado quando tem muito movimento aqui.
O comércio, neste lugar, tem se intensificado a cada ano, mostrando uma grande diversidade em termos de produtos e serviços; assim, foram totalizados cerca de 545 estabelecimentos fixos (Tabela 1), além de inúmeros vendedores ambulantes que, devido à sua constante locomoção, torna-se impossível a contabilização pelos pesquisadores.
O curioso é que a maior parte dos produtos vendidos não é constituída de artigos religiosos, o que mostra que a religião vem estimulando o crescimento de outros segmentos econômicos. No que concerne à lucratividade, os comerciantes são unanimes em relatar que esta depende muito do fluxo de frequentadores no local, sendo relevante o bom acolhimento e a infraestrutura para a satisfação dos romeiros que para ali se deslocam. Quando questionados sobre a importância da realização de capacitações para aprimorar o atendimento ao público e a contabilidade comercial na melhoria de suas atividades, apenas 7,5% dos comerciantes interrogados relataram que já têm participado de cursos como essa natureza, ministrados inclusive pelo SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Porém, eles afirmam que se torna difícil frequentar os cursos pelo fato dos dias e horários serem inconvenientes uma vez que coincidem com seu tempo de trabalho.
Eu já fi um curso mais a muito tempo pelo Sebrae [...] quando aparece fica difícil fazer por causa dos os dias e horários eles botam durante a semana [...] gostei do curso a professora era muito boa e eu inte hoje uso o que apendi [...] seria muito bom fazer outro curso mai tem que ser no horário que não atrapalhe eu fazer as coisas (sic) [...] tem muita gente que precisa fazer esse curso porque não atende bem os clientes (Comerciante 11).
A formação dos comerciantes torna-se imprescindível para a hospitalidade com relação aos turistas, pois, como dito anteriormente, a partir dela é possível aprimorar a receptividade, conjuntamente, com a qualidade dos serviços prestados. Apurou-se que 36% dos romeiros8 entrevistados declararam terem sido mal atendido em algum estabelecimento. 43,3% deles relataram incomodados com os comerciantes pela sua insistência para que comprassem seus produtos. Todos os entrevistados reclamaram da ausência de higiene de muitos vendedores. Questionados se pretendem retornar ao santuário, 15% responderam não ter tal interesse, e dentre os motivos desta decisão se destacam falta de estrutura receptivas bem cuidada, distancia percorrida, problemas de saúde e idade avançada.
Apesar da relevância para a economia local, o Santuário possui precária infraestrutura explicitada, ressaltada por todos os comerciantes entrevistados: ausência de sanitários, estacionamentos, saneamento básico, abastecimento de água, sinalizadores, acessibilidade, equipamento de segurança, profissionais da saúde conjuntamente com a segurança, treinamentos e capacitações para os vendedores. Como afirma o comerciante 18:
É muito difícil trabalhar aqui ninguém é por nois (sic) [...] muitos que trabalham com comida tem que pegar água do poço e tem que ser cedo porque a fila é muito grande, se tivesse água encanada mesmo ninguém precisaria passa por isso [...] e outra coisa, se você quiser usar o banheiro aqui tem que pagar [...] veja como é desorganizado, tudo misturado os carros, os ônibus os comércios, quando a missa é fora da igreja aí é que piora tudo, [...] isso aqui deveria ser tudo organizado cada coisa no seu lugar [...] Eu num sei como tem gente vindo aqui ainda, com certeza vem por conta da fé.
Em relação à violência, 58,5% dos trabalhadores do comércio demonstraram preocupação com a segurança do local, dos quais 45,5% já sofreram assaltos ou conhecem alguém que passou por algum tipo de violência desta natureza; o que tem a ver, sobretudo, com a natureza de uma sociedade que, caracterizada por fortes desigualdades territoriais e grande número de pessoas ainda em estado de subcidadania, deixa os seus membros desprotegidos.
Os trombadinhas vêm de moto, de carro aí vem muito assalto, muita gente drogada. A gente trabalha com medo, assustada. Eu graças a Deus nunca fui assaltada não, mas minha irmã já foi várias vezes. [...] Eu acho que a gente se sentiria mais seguro se prefeitura participasse mandando guardas porque a prefeitura fica dizendo: não, não a segurança aqui é do estado. O estado num fai nada aí fica um jogando pro outro, aí fica assim ruim do jeito que tá (Comerciante 11).
Outro fato importante digno de menção refere-se à exploração financeira sofrida pelos comerciantes que pagam 15 a 20 reais semanalmente à família dona da propriedade, pelo uso do solo, independente da obtenção do lucro pela venda dos produtos ou serviços; e ainda desembolsam a mais cinco reais para pagar os seguranças privados para garantir a seguridade do local de trabalho.
Não existe uma associação que represente os interesses dos trabalhadores do Santuário de São Severino dos Ramos o que torna ainda mais difícil pleitear melhorias efetivas para o lugar. Quando indagados sobre a questão descrevem a importância e vontade de participarem de tal instrumento de representatividade.
Seria bom ter uma associação [...] porque quando tem uma associação tudo melhora. eu vejo isso na televisão viu? [...] eu vejo tudo tem uma associação, e na associação tem alguém para resolver, tomar a frente, eu acredito que isso é assim. E seria muito bom para nois ter alguém pra falar por a gente, sabe isso é muito bom (Comerciante 13).
Também, por unanimidade os romeiros entrevistados reafirmaram as dificuldades estruturais do Santuário, relatando a precariedade de acessibilidade ao local, assim como do saneamento básico, insuficiência dos sanitários, hospedagens inadequadas, higiene dos estabelecimentos, ausência de profissionais da saúde e segurança, falta de atividades e locais para a prática do lazer. Tais fatos podem ser observados nos discursos do romeiro 14:
Fazem muito tempo (sic) que vim aqui e está tudo do mesmo jeito, se duvidar está pior porque antes não tinha tantos carros e agora num da nem para passar direito [...] a gente que vem de fora precisa de um banheiro aqui não tem um bom [...] outra coisa é lugar para sentar porque temos que comprar alguma coisa nos bares para poder usar a cadeira [...] nem as crianças têm um lugar para brincar [...] as barracas e restaurantes aqui são muito sujos também eu mesmo não como porque não sei de onde eles pegam as coisas para fazer as comidas e fica tudo descoberto cheio de moscas.
Portanto, o turismo religioso em São Severino dos Ramos tem enfrentado grandes problemas que impedem a concretização do seu desenvolvimento territorial. Nos relatos das entrevistas, constatou-se a negligência por parte dos proprietários do Santuário e da gestão municipal com a organização do espaço o que também foi evidenciado pela observação in loco. Não há, por exemplo, estrutura sanitária na área para os frequentadores, que são obrigados a usarem o canavial ou pagarem a comerciantes que improvisaram banheiros precários construídos, muitas vezes, de compensados e sem vaso sanitário, expondo os dejetos diretamente às margens do rio Capibaribe; alguns dos quais se acham localizados próximas, inclusive, a algumas de suas nascentes consideradas como Área de Proteção Permanente (APP).
Cabe destacar que existem dois tipos de estruturas sanitárias: os banheiros de alvenaria que cobram de acordo com as necessidades fisiológicas dos usuários de um a dois reais (como podemos constatar na placa fixada na porta do recinto na Figura 2A); e os de compensados denominados de chãozinho que não possuem w.c., apenas um piso simples de concreto e as necessidades fisiológicas são feitas em sacos plásticos que são jogados no canavial ou no rio Capibaribe, para o que se cobra um real (Figura 2B e C).
Devido à precariedade no conjunto de serviços de infraestruturas do abastecimento de água potável, coleta, tratamento de esgoto, drenagem e manejo das águas pluviais, formam-se no lugar vielas improvisadas onde transcorrem todos os esgotos a céu aberto que desaguam dentro de veredas e no rio Capibaribe. O que emite fortes odores e causa poluição dos recursos hídricos, contaminação do solo, atraindo animais indesejáveis (como ratos, baratas, moscas, escorpiões entre outras) (Figura 3).
Nota-se, então forte impacto ambiental negativos ocasionado pela inexistência de coletores para os resíduos sólidos, causando, desde modo, grande acúmulo de lixos no local (Figura 4A). Ademais, só no dia posterior à romaria é que é recolhido o lixo pelos profissionais, que por seu turno, lança-o na margem do rio ou no canavial (Figura 4B).
Outro grave problema que afeta diretamente a saúde de todos refere-se à qualidade da água para ser ingerida por fiéis em rituais litúrgicos ela é oriunda “dos milagres” – uma nascente considerada milagrosa – (Figura 5A), como também das cacimbas (Figura 5) para o consumo da população adjacente e dos comerciantes, uma vez que não acontece abastecimento de água saneada na região. Analises físico-química e microbiológica com periodicidade mensal feitas por Vasconcelos-Filho et al. (2014) apontaram a presença de escherichia coli e coliformes fecais, apresentando resultados fora dos limites exigidos pelo Ministério da Saúde, que suscita a urgência de uma interdição imediata.
Além disso, numa sociedade em que muitas pessoas ainda vivem sob condição de subcidadania, os bens naturais constituintes do seu ambiente de existência também não são respeitados. Um exemplo patente refere-se ao estado do rio também é contaminado pelos resíduos gerados nas residências e nos estabelecimento comerciais, através dos esgotos.
Segundo dados da CPRH, na estação de monitoramento (referência da estação CB2- 40), no rio Capibaribe, a jusante da cidade de Paudalho, na ponte da BR-408, os indicadores que registram a qualidade da água se apresentam com valores fora dos padrões aceitáveis determinados pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, principalmente no que se refere a presença de coliformes fecais e outras substâncias como, cloreto, amônia, fósforo e outros (PMP, 2002, p. 16).
A despeito de tal poluição, o rio Capibaribe ainda está sendo utilizado para banhos, e quando questionados sobre o uso das águas para o banho, os banhistas afirmaram desconhecerem a contaminação do rio e não demostraram preocupações com problemas futuros à saúde, como se percebe no relato a seguir do romeiro 14:
Nós tomamos banho aqui por conta do calor [...] acho que não tem problema de poluição não, porque a água é corrente e leva toda a sujeira [...] eu já tumei (sic) foi banho aqui e nunca morri tô vivo ainda [...] vem todo mundo a mulher os meninos já trazemos outra roupa para isso [...] ficar no calor é que não quero [...] isso aqui é muito bom.
Tal fato mostra também a necessidade de se terem ações educativas que visem sensibilizar a população quanto às doenças provocadas pelo banho no rio Capibaribe, bem como para amenizar a disposição incorreta dos resíduos sólidos e a higienização dos alimentos produzidos e vendidos nos estabelecimentos comerciais.
Outra condição em termo de preocupação iminente refere-se às deteriorações estruturais do patrimônio arquitetônico da capela, do museu, do venatório, da casa grande do engenho e do cemitério, comprometendo a continuidade do turismo na área, do mesmo modo que a segurança dos visitantes. Encontra-se nos prédios rachaduras, infiltrações, ausência de pinturas, piso e revestimento de alvenaria.
Além do mais, mesmo com um amplo fluxo de pessoas de diferentes lugares, não existe unidade de pronto atendimento médico, apenas técnicas de enfermagens que aferem a pressão arterial, cobrando 2 (dois) reais por pessoa. Enquanto se estava visitando o Santuário para a obtenção das informações notou-se que vários idosos apresentaram afecções repentinas; salienta-se que o recinto requer atendimento especial, uma vez que seus visitantes passam ou passaram por fragilidades emocionais, físicas e psicológicas e buscam superação na fé e devoção pelo santo.
As glebas localizadas no entorno do Santuário vêm a cada dia perdendo os requisitos ainda existentes da mata atlântica (bioma típico das áreas dos domínios morfoclimáticos de mares de morros). Tal desflorestamento é motivado pelo plantio de eucaliptos e pela expansão secular da monocultura da cana de açúcar. Estas espécies exóticas, para o lugar em epigrafe, além de ocasionarem uma série de desequilíbrios no ecossistema local, interferem diretamente no dia a dia dos romeiros, na medida em que não propicia a projeção promovendo a sombra pela copa das arvores; o que, por outro lado, aumenta o contato com a radiação solar, deste modo, intensificando a sensação de calor.
Diante do exposto, mais uma vez, constata-se o imperativo de um turismo obrigatório, anulando qualquer possibilidade do acontecer histórico de um turismo consequente. Segundo Yázigi (2003), enquanto que o primeiro refere-se a uma forma de execução de ações improvisadas voltadas para a atenção de pessoas a fim de incrementar ganhos econômicos que beneficiam apenas empresários e políticos locais, deixando apenas algumas migalhas para as classes sociais subalternas que “se viram” mediante táticas informais de atividades de sobrevivência; o segundo, ainda inexistente no Brasil, referir-se-ia a práticas do turismo respeitadoras dos direitos das pessoas e do ambiente do lugar onde acontece.
Portanto, sob as condições em que acontece, e em lugares cuja lógica de formação territorial baseia-se na racionalidade do desenvolvimento histórico-geográfico desigual, jamais se terá o turismo consequente, o qual se faz gerador efetivo de desenvolvimento na medida em que, primeiramente, pensa no bem-estar das pessoas do lugar promovendo ações, por exemplo, voltadas à formação da cidadania; e somente depois nos turistas.
Neste sentido, defende-se a realização, antes de mais nada, e pelo menos, do direito ao entorno, o qual, apesar de ser encontrado nos livros, nas leis e nos discursos políticos, ainda está longe de ser realizado. A introdução deste tema no debate da teoria social crítica suscitou uma importante reflexão.
Que dizer, por exemplo, das mudanças brutais que se operam na paisagem e no meio ambiente, sem a menor consideração pelas pessoas? A lei é a do processo produtivo, cujos resultados ofendem, expulsam e desenraizam as pessoas, e não a lei que assegure o direito à cidade ou, ao menos, o direito ao entorno. Fala-se em ecologia, mas frequentemente o discurso que conduz à maior parte das reivindicações se refere a uma ecologia localizada, enraivecida e empobrecida, em lugar de ser o combate por uma ecologia abrangente que retome os problemas a partir de suas próprias raízes. Estas se confundem com o modelo produtivo adotado e que, por definição, é desrespeitador dos valores desde os dons da natureza até a vida dos homens (Santos, 1987, p. 47).
Enfim, já dizia Cazes (1989) que, sob os mesmos parâmetros acima ressaltados, que não é o turismo que desenvolve o lugar, mas o lugar já desenvolvido – o que implica na formação do espaço do cidadão – que faz do turismo um fator de desenvolvimento. Deste modo, antes do turismo, ou de qualquer outra atividade como fator de desenvolvimento, deve-se pensar nas pessoas do lugar; o que, no caso do Brasil nos remete a ideia da consolidação da cidadania para todos e todas.
CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES
É possível concluir, que o Santuário de São Severino dos Ramos apresenta potencial de valor econômico, histórico, cultural, literário, religioso e social. Todavia, este espaço necessita de atenção mais efetiva dos gestores públicos locais (agentes públicos, privados e terceiro setor), liberando suas ações do imperativo do turismo obrigatório e caminhando na direção de um turismo consequente respeitando as pessoas do lugar e os bens naturais contidos nos seus ambientes de existência. A promoção, portanto, do direito ao entorno é o grande desafio a ser superado com base, por exemplo, nas atividades turístico-religiosas no âmbito dos que participam de sua dinâmica territorial.
Para tal, recomenda-se a implementação efetuação de ações conjuntas entre romeiros, comerciantes, comunidades adjacentes, proprietários e poder público que visem á superação dos problemas. O cumprimento da Lei nº 11.445/ 2007 a qual estabelece o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab); se não factível no momento, que, pelo menos, sejam desenvolvidas mediadas paliativas como a disposição de coletores de resíduos sólidos, assim como, seu descarte corretamente; abastecimento de água no mínimo com carros pipas a construção de canais adequados para que ocorra o escoamento e a drenagem dos esgotos e das águas pluviométricas, evitando seu maior contato com a população e com as nascentes do rio Capibaribe, minimizando desta forma os impactos ambientais, como também, os constantes alagamentos. Devem, ainda serem feitos também, sanitários apropriados para a diversidade de frequentadores, como crianças, idosos e deficientes.
Precisa-se executar o planejamento e a organização de ambientes propícios para estacionamento dos carros e ônibus, diminuindo a grande aglomeração de pessoas, sem o controle necessário dos fluxos a fim de controlar a capacidade receptiva do lugar.
Conjuntamente à criação do parque da feira local, destinado aos comerciantes, é necessário a realização de cursos profissionalizantes para participação dos comerciantes e funcionários com o intuito de recepcionar bem os turistas e aprimorar o desempenho comercial. Viabilizando melhorias nas relações interpessoais, assim como estruturais entre os turistas e a comunidade local. Isto a fim de propiciar a satisfação dos visitantes, contribuindo posteriormente para seu retorno e ajudando a divulgação para atrair outros frequentadores. A formação de uma associação dos trabalhadores locais também se faz necessário visando promover articulação com o poder público e os proprietários do Santuário na busca de benefícios para a realização do oficio.
O aumento da frota de seguranças, com vistorias da polícia militar do estado, para inibir as práticas de crime, fortalecendo a segurança das pessoas. Também deve ser disponibilizada uma equipe de profissionais da saúde para o atendimento da população, devido ao grande fluxo de visitantes do santuário. Porém, se os proprietários empenharem-se não apenas para a obtenção de lucros, mas, ao mesmo tempo, com o bem-estar do povo, sob a arbitragem do Estado promovendo o direito das pessoas do lugar ao entorno, já se terá uma base, para se fazer algo mais sustentável.
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