Revista: TURYDES
Turismo y Desarrollo local sostenible / ISSN: 1988-5261


ECOTURISMO, CONSERVAÇÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO EM SAN ROQUE DE CUMBAZA, PERU

Autores e infomación del artículo

Rodrigo Galvão Adrião *

Vanice Santiago Fragoso Selva **

UFPE

rodrigo@mardelseva.com.br


RESUMO
Este artigo se propõe a uma análise do ecoturismo em San Roque de Cumbaza, Peru, para perceber a relação da atividade turística com a conservação ambiental e desenvolvimento econômico no local. O distrito de San Roque de Cumbaza possui parte de seu território dentro da Área de Conservação Regional Cordillera Escalera, Selva Amazônica Alta do Peru, estado de San Martin, área de comunidades indígenas de imensurável riqueza cultural e biológica. O distrito enfrenta dois grandes desafios: O primeiro é retirar uma maior parte de sua população da situação de pobreza e o segundo se trata em estancar o desmatamento desenfreado que ocorre na localidade, e o ecoturismo tem sido uma atividade que vem contribuindo para o alcance do desafio. Este trabalho teve como base metodológica a triangulação através da realização de uma pesquisa documental, da técnica de observação e da aplicação/analise de questionários qualitativos e quantitativos. Como resultado foi possível caracterizar o modelo de gestão turística empreendida na localidade, assim como analisar a relação desta com o desenvolvimento socioeconômico. Conclui-se que o ecoturismo impulsionou o desenvolvimento sustentável na comunidade local.

PALAVRAS CHAVE: San Roque de Cumbaza - ecoturismo, conservação ambiental - desenvolvimento econômico - Selva Amazônica Alta do Peru.

ABSTRACT
This article proposes an analysis of ecotourism in San Roque de Cumbaza, Peru, to perceive a relation of activities with an environmental conservation and economic development in the place. The district of San Roque de Cumbaza has part of its territory within the Regional Conservation Area Escalera Mountain, Peruvian Amazon High Forest, state of San Martin, area of ​​indigenous communities of immeasurable cultural and biological wealth. The district faces two major challenges: The first is to remove most of its population from the poverty situation and the second is to halt the unbridled deforestation that occurs in the locality, and ecotourism has been an activity that has contributed to the reach of the challenge. This work was based on a methodological triangulation through the accomplishment of a documentary research, technique of observation and application / analysis of qualitative and quantitative questionnaires. As a result it was possible to characterize the locality tourism management model, as well as to analyze a relationship with socioeconomic development. Concluding that ecotourism has driven sustainable development in the local community.

KEY WORDS: San Roque de Cumbaza – ecotourism - environmental conservation - economic development - Highr Amazon Forest of Peru.

RESUMEN
Este artículo se propone a un análisis del ecoturismo en San Roque de Cumbaza, Perú, para percibir una relación de actividades con una conservación ambiental y desarrollo económico en el local. El distrito de San Roque de Cumbaza posee parte de su territorio dentro del Área de Conservación Regional Cordillera Escalera, Selva Amazónica Alta del Perú, estado de San Martín, área de comunidades indígenas de inmensurable riqueza cultural y biológica. El distrito enfrenta dos grandes desafíos: El primero es sacar a una mayor parte de su población de la situación de la pobreza y el segundo se trata de un estanque de la deforestación desenfrenada que ocurre en la localidad, y el ecoturismo ha sido una actividad que viene contribuyendo al alcance del desafío. Este trabajo tuvo como base una triangulación metodológica a través de la realización de una investigación documental, técnica de observación y aplicación / análisis de cuestionarios cualitativos y cuantitativos. Como resultado fue posible caracterizar el modelo de gestión turística local, así como analizar una relación con el desarrollo socioeconómico. Concluyendo que el ecoturismo impulsó el desarrollo sostenible en la comunidad local.

PALABRAS CLAVE: San Roque de Cumbaza – ecoturismo - conservación ambiental - desarrollo económico - Selva Amazónica Alta del Perú.

Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Rodrigo Galvão Adrião y Vanice Santiago Fragoso Selva (2018): “Ecoturismo, conservação ambiental e desenvolvimento econômico em San Roque de Cumbaza, Peru”, Revista Turydes: Turismo y Desarrollo, n. 24 (junio / junho 2018). En línea:
https://www.eumed.net/rev/turydes/24/ecoturismo-cumbaza.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/turydes24ecoturismo-cumbaza


INTRODUÇÃO

Este artigo discute a pratica do ecoturismo no distrito de San Roque de Cumbaza, localizada em plena Selva Amazônica Alta do Peru. A discussão tem como foco a conservação ambiental e a contribuição econômica da pratica do ecoturismo na comunidade.

San Roque de Cumbaza possui uma população de maneira geral pobre e com baixo nível de escolaridade, 57% das pessoas estão em situação de pobreza (INEI, 2007) e 30% em extrema pobreza (PDC SRC, 2010). A comunidade não possui muitas alternativas de fonte de renda e a agricultura é a principal atividade delas, mesmo com um relevo acidentado e com boa parte do terreno estando localizado dentro da Área de Conservação Regional Cordillera Escalera (CEPCO, 2010 e PEHCBM, 2007).

A agricultura é praticada para venda e como forma de subsistência, mas não é bem desenvolvida. A forma como é praticada prejudica o ambiente local, uma vez que o desmatamento e as queimadas são técnicas constantemente utilizadas (Goudie, 2000).
Com a chegada do ecoturismo em San Roque de Cumbaza as possibilidades de ingressos econômicos se expandiram e pouco a pouco a dinâmica econômica foi modificando-se. O dinheiro passou a circular através de novas atividades: venda de alimentos, recepção de hospedes, realização de trilhas guiadas, prestação de serviços, hospedagens e/ou realização de transfer.

Anteriormente ao ecoturismo, a comunidade local não possuía boas práticas ambientais. Sua principal atividade econômica, por exemplo, a agricultura não empregava uma relação harmônica com o ambiente.
Com o ecoturismo a população iniciou uma mudança de comportamento, o lixo começou a ser destinado corretamente e ser coletado pela Prefeitura. A escola trabalhava o tema dos resíduos sólidos e as crianças e adolescentes possuíam um grupo de líderes ambientais. O ambiente passou a ser visto com orgulho e como cartão de visita.
Em seguida o desmatamento e as queimadas foram reduzindo-se, hoje ainda existem, mas de forma isolada.

Este fenômeno socioambiental e econômico que San Roque de Cumbaza atravessa é um interessante objeto de estudo. Diversos questionamentos podem ser elaborados a partir de tal analise, como por exemplo: Como esta nova atividade influencia o poderio econômico da comunidade? Ela trouxe que tipo de contribuições ao ambiente? Foram positivas?
Diante do exposto, este trabalho tem por objetivo apontar a relação do ecoturismo com a conservação do ambiente e o desenvolvimento econômico em San Roque de Cumbaza, Peru.

1.1 Ecoturismo, conservação ambiental e desenvolvimento econômico
Ceballos-Lascurain (1987 e 1991) indica que o ecoturismo é originário das correntes da conservação e do turismo sustentável e se desenvolve principalmente em áreas naturais. Para alguns autores como Laarman and Durst (1987), Durst and Ingram (1988), Wilson and Laarman (1988), Diamantis (1998), assim como para Sociedade Internacional do Ecoturismo – TIES (2005), o ecoturismo é um tipo de turismo de natureza, uma viagem de encontro a áreas naturais com o intuito de admirar, estudar ou desfrutar da paisagem e da vida selvagem.

Segundo Boo (1990), Fennel (2002) e Orams (1995), o ecoturismo contribui para a conservação do ambiente e bem estar social, porém para isto é necessário que a atividade esteja bem planejada através de uma abordagem que equilibre objetivos econômicos, sociais e ambientais como cita Ziffer (1989). Quando o ecoturismo quando está bem organizado ele promove o aumento da conservação, a manutenção das espécies e estimula ingressos econômicos para as comunidades envolvidas como indicam Norris (1992), Warner (1991), Goodwin (1996) e Wall (1994).

Para Powell (2008), MMA (1994), Alexander (2000), Walpole e Goodwin (2001) e Ceballos –Lascuráin (1998) o ecoturismo mitiga efeitos negativos das ações humanas sobre o ambiente. A atividade estima e envolve a comunidade local, utiliza a natureza de forma sustentável e difunde a consciência ambiental como indicam Rodrigues e Amarante (2009), Western (1999), Figgis (1993) Budowski (1976), Boo (1990), Yu, Hendrickson e Castillo (1997) e Kruger (2005).
Há duas décadas se discute se o ecoturismo é uma ferramenta para a conservação e a ideia de que o ecoturismo é uma atividade que promove benefícios socioambientais foi tomando parte do espaço científico (Wearing,1999), sendo considerado como uma possível forma de proteção da natureza (Stiles and Clark, 1989; Ruschmann, 1992; Burnie, 1994; and Gossling, 1999). Quando se pensa em atividades que possam frear o desmatamento e estimular a economia local, por meio do desenvolvimento sustentável, o ecoturismo surge como alternativa (Primer, 2002).

O Yellowstone (EUA), Blue Montains Royal National Park (Austrália), Kruger Park (África do Sul), são exemplos de locais em que o turismo ofereceu oportunidades de desenvolvimento com inclusão de comunidades locais que se beneficiam diretamente da geração de empregos Panza and Sansolo, 2006).
Hoje existem diferentes experiências de ecoturismo em distintos continentes, que nos mostram como o ecoturismo pode contribuir para a conservação ambiental e o desenvolvimento econômico local.

No Peru, em especial, existem várias experiências de ecoturismo como: Tambopata em Madre de Dios (Kirkby, 2002 e Rio, 2009), Parque da “Papa” em Pisac, Cuzco (Asensio, 2013), Parque Nacional de Manú em Cusco (Schacherer, 2008) e Chazuta e Sauce, em San Martin (PBD, 2009). Como também no Parque Nacional de Huascaran em Ancash, na Reserva Nacional de Paracas em Ica, no Parque Nacional Bahuaja Sonene em Puno e Madre Dios, na Reserva Nacional Pacaya Samira em Loreto e no Parque Nacional de Tingo Maria, que juntos tiveram um ingresso no ano de 2000, com o turismo, de 378.000$ (PROMPERU, 2002).

Para Wheeller (1992) a atividade ecoturistica costuma gerar lucros, estimando-se que mais de 15 bilhões de dólares sejam originados e que a atividade possua um crescimento de 30% por ano. Segundo Wheeller (1992), nos anos 90, por exemplo, o ecoturismo representou um total de 20-40% das receitas do turismo internacional. Alguns estudos indicam que as experiências ecoturísticas podem de fato incrementar a renda familiar (Andy and Alan, 2005), diversificando e criando alternativa de fonte econômica no local (Gurung and Coursey, 1994).

Em Tambopata, Madre Dios, Peru, a empresa Rainforest Expeditions, segundo dados da própria empresa, gera um lucro de 37$ por turista, perfazendo um total de 150.000$ por ano. A empresa usa 10.000 Ha de bosques para o ecoturismo com uma rentabilidade de 15$ por Ha ao ano.  Existe a suposição de que se este terreno fosse destinado a pecuária o lucro seria de 20.000$, aproximadamente oito vezes menor que o ecoturismo.

Os bosques tropicais da Selva amazônica localizados no estado de San Martin, Peru, encontram-se severamente ameaçados pela deflorestação, bastante instigada pela agricultura. Em 2002, foram desflorestados na região 1.125.665.88 Ha o que corresponde a 22% do total desflorestado na Amazônia peruana, ainda que San Martin possua apenas 6,5% desta floresta (CARSN, 2006 and Ponce, 2011).
Em San Roque de Cumbaza, região San Martin, Peru, segundo os autores Kirkby (2002), CARSN (2006) e Ponce (2011), o desmatamento ocorre principalmente por conta da agricultura e põe em risco os recursos naturais e o desenvolvimento de atividades sustentáveis.

SAN ROQUE DE CUMBAZA

O distrito possui uma área de 65.879 Ha localizado na Zona de Amortecimento (ZA) da Área de Conservação Regional Cordillera Escalera, pertence ao município de Lamas, estado de San Martin, e integra três centros povoados (Pamashto, Aucaloma e Chontal) e cinco comunidades nativas (Chiricyacu, Aviación, Chunchiui, Alto Shamboyacu e Yurilamas) (PDC, 2010 and Ponce, 2011). Situa-se a 700m de altitude e apresenta um clima tropical úmido, oscilando entre 20 °C a 32 °C de temperatura e 1200 a 2000 mm/ano de chuva (PDC, 2010).

Segundo censo realizado em 2007, San Roque tem 1.508 habitantes (PDC, 2010) com população maioritariamente campesina e 40% dela concentra-se nas comunidades nativas (Ponce, 2011). A nível econômico e social, um san roquino vive com uma média mensal de 70$ (INEI, 2007) e seu perfil econômico é classificado por “modesto” (CEPCO, 2009). Do total populacional, 887 pessoas (59%) são registradas como economicamente ativas e 784 (52%) dedicam-se a agricultura, em especial ao cultivo de café, cacau e amendoim (sacha inchi) para venda, e arroz, macaxeira (mandioca), milho, feijão, banana, mamão e abacaxi especialmente para subsistência (Ponce, 2011). As demais pessoas se dedicam a manufatura, construção, comércio, turismo, transportes, rendas, administração pública, ensino, serviço social e saúde (PDC, 2010 e Ponce, 2011).

Em termos geográficos e naturais, San Roque de Cumbaza possui 80% de território com superfície montanhosa bastante húmida, onde 90% são de bosque transacional húmido pré montano, 23% dos quais estão protegidos pela Área de Conservação Regional Cordillera Escalera (ACR-CE), sendo um dos distritos da província de Lamas com maior diversidade biológica (PDC, 2010). Parte do seu território concentra-se na Área de Conservação Regional Cordillera Escalera, fato que proporciona uma grande diversidade ecológica para seu território. A ACR-CE constitui um importante corredor de conservação em uma região conhecida como “Yungas Orientais Peruanas”, predominantemente marcada pelos “Bosques de Neblina” (Narvaez et al 2010 e ACR-CE, 2003), que possui uma riqueza faunística elevada (ACR-CE, 2003).
A Área de Conservação, localizada no estado de San Martin, faz parte da Selva Amazônica Alta do Peru (ACR-CE 2009 e ACR-CE 2003) que é umas das regiões com maior biodiversidade do mundo (Perez e Byron, 1999 e WWF, 2009) e possui características de floresta tropical e subtropical húmida (Albagli, 2001). A floresta engloba 66 milhões de Ha de bosques tropicais (CEPCO, 2010) que albergam 70% da diversidade biológica mundial, incluindo 25 mil espécies de plantas (10% do total mundial) e mais de 1.800 espécies de aves (CARSN, 2006).

Como resultado de sua riqueza natural foi percebido o potencial turístico que San Roque de Cumbaza possuía e possui. No ano de 2005 a comunidade local junto ao poder público passou a receber orientações em governança turística e ambiental, de forma pontual, por parte de ONG´s da região e do governo regional. Inicialmente, no mesmo ano, foi dada a criação da Área de Conservação Cordillera Escalera (ACR-CE), que colocou parte do território de San Roque de Cumbaza dentro da Zona de Amortecimento (ZA) da Área de Conservação, efeito que influenciou fortemente para sua nova política ambiental (PDC, 2010).
No ano de 2008 e 2010, ocorreu a intervenção da ONG CEPCO por meio de dois projetos:
O primeiro foi o “Ecoturismo receptivo em San Roque de Cumbaza” – Estimulou a implementação do ecoturismo de base comunitária no distrito.  Assessorou tecnicamente a comunidade local para ofertar a atividade ecoturistica, criou o Comité de Gestão Turística local (COGETUR) e, apoiado pelo município local, instalou uma estrutura física para o desenvolvimento da atividade de: quatro bangalôs, dois miradores, abertura de trilhas e um acampamento fixo para receber visitantes na cachoeira de Sunipicausani.
O segundo foi a “Pampa de los Ninos en San Roque de Cumbaza (PANI)” – Fomentou a educação ambiental na comunidade através da criação da Brigada Ambiental (BA), grupo de crianças e adolescentes que provocam a discussão ambiental no colégio do município e na comunidade. Em colaboração com a Instituição Educativa Integrada (I.E.I 0303) do distrito juntamente com o município local foi criado o Parque educativo e ecoturistico Pampa de los Ninos – PANI, para a prática do turismo pedagógico e da educação ambiental e vivencial por meio de recebimento de grupos de intercambio e demais visitantes.

Mesmo que San Roque de Cumbaza tenha recebido um apoio da Área de Conservação e de uma ONG da região, esta localidade pouco foi explorada cientificamente; na realidade, anterior a este artigo, apenas três trabalhos investigativos foram realizados na área.

No entanto, pode se considerar que a comunidade e a prefeitura de San Roque de Cumbaza foram fortemente influenciados pelas intervenções, da área protegida e de CEPCO, e em função disto em 2011 o comitê de gestão turística (COGETUR) se tornou uma Associação Comunitária de Gestão Turística (ACOGETUR). Essa mudança foi um divisor de águas para a organização que passou a caminhar por seus próprios passos alcançando mais a frente um financiamento de dois anos para o projeto “Conservação de água e bosques através do turismo rural comunitário” (ACOGETUR, 2011). Do mesmo modo, a prefeitura do distrito que em seu plano de desenvolvimento (PDC) 2011 – 2021 visionou fazer da localidade um município ecológico através da educação e de políticas públicas focadas na conservação e no ecoturismo.

2.1 A pratica do ecoturismo em San Roque de Cumbaza
O ecoturismo em San Roque de Cumbaza surgiu, a partir de 2009, por incentivo da ONG CEPCO que estimulou a atividade com o intuito de conservar o ambiente local e aumentar os ingressos econômicos na comunidade.
A atividade se dá por meio do protagonismo da comunidade local. A mesma foi assessorada pela ONG CEPCO que fundou a Associação Comunitária de Gestão Turistica (ACOGETUR, antiga COGETUR). Junto a fundação de ACOGETUR foi criada uma planta turística básica (hospedagem comunitária, albergue, restaurante comunitário) para a recepção de turistas. Também foi criada a Brigada Ambiental e a PANI – Parque ecológico de promoção do turismo pedagógico gerenciado pela Brigada.
ACOGETUR é o órgão motivador e gestor dos serviços turísticos na localidade, oferecendo serviços de hospedagem, alimentação e guias. Cada serviço (hospedagem, alimentação e guias) conforma um comitê e juntos compõem ACOGETUR. 
Com a estruturação dos serviços básicos do turismo por meio de ACOGETUR, o turismo passou a ser realidade em San Roque de Cumbaza. O número de turistas aumentou e pouco a pouco foram surgindo mais tipos de prestações de serviços turísticos como pousadas privadas, aumento do número de transportes, aumento da oferta de produtos locais (frutas e verduras), aumento de senhoras que vendem alimentos e maior diversidade de produtos nas pequenas mercearias.

PROCESSOS METODOLÓGICOS

Para atender o objetivo proposto desta pesquisa, foi necessário primeiramente identificar os “Atores” envolvidos no processo, observar a relação entre eles e perceber como a atividade ecoturistica é desenvolvida.

Para o efeito, inicialmente, utilizou-se de fontes secundárias de dados procedentes do Centro de Estudios y Promoción Comunal del Oriente - CEPCO, Associación Comunitaria de Gestión Turistica - ACOGETUR, Prefeitura de San Roque de Cumbaza e Direción Regional de Comercio Exterior y Turismo - DIRCETUR.
Posteriormente, foi empregada a técnica da observação através da etnografia. Foram realizadas entrevistas (dirigidas e semi-dirigidas) utilizando-se questionários de analise mista – Qualitativo e Quantitativo (abertos e fechados), com os envolvidos na atividade ecoturística.

A aplicação de questionários qualitativos e quantitativos (abertos e fechados), resultou em um cruzamento de métodos que em geral é designado como “triangulação metodológica”. A realização deste método permitiu ampliar os resultados e enriquecer a discussão do trabalho científico, fato este também observado pelos autores Fielding e Schreier (2001), Flick (2005) e Tashakkori e Teddlie (1998). Assim como o estudo realizado, os autores Rengifo (2007) e Ponce (2011) também observaram que em San Roque de Cumbaza não havia um banco de dados com informação prévia para ser utilizada. Desta maneira, a metodologia adotada pelo estudo foi considerada particularmente adequada.

Através da “triangulação metodológica” foi possível obter diferentes níveis de informações. O questionário aberto permitiu à descrição dos atores, seu papel na atividade praticada, descrição de sua função e como ela se desenvolve, o grau de envolvimento no processo como um todo e o levantamento das interações entre atores (Little, 2006). O questionário fechado possibilitou quantificar as opiniões, possibilitando a elaboração de tendências, sendo essencial para o entendimento do processo ecoturístico (Creswell, 2013).

Para caracterizar a gestão da atividade ecoturística e suas consequências, foram utilizados dois questionários, ambos em espanhol (idioma oficial do Peru):

  • Aberto - Aplicado aos três grupos de Atores identificados - Direto, Indireto e Passivo
  • Fechado - Destinado apenas aos atores Indiretos e Diretos

O questionário aberto, semi dirigido e qualitativo, integrou perguntas sobre temas centrais com resposta descritivas. Possui cinco temas centrais: 1. Conceito e desenvolvimento do ecoturismo, que busca perceber como decorre a atividade em SRC; 2. Dinâmica e gestão ecoturística, que visa perceber a organização da gestão ecoturística local; 3. Ecoturismo e conservação, que procura estabelecer a relação do ecoturismo com a conservação em SRC; 4. Dinâmica e gestão ecoturística de ACOGETUR, que analisa a dinâmica de ACOGETUR; 5. Meio ambiente e ecologia, que procura averiguar o conhecimento e a relação dos temas na localidade.

O questionário fechado, dirigido e quantitativo, integrou perguntas sobre temas centrais com duas alternativas de resposta: sim e não. Foi dividido em cinco temas: 1. Dinâmica e gestão ecoturística local; 2. Dinâmica e gestão ecoturística de ACOGETUR; 3. Ecoturismo; 4. Ecologia; 5. Conservação e ecoturismo.

A aplicação dos questionários se deu na cidade de Tarapoto, na comunidade nativa de Chirikyacu e no distrito de San Roque de Cumbaza.
Foram realizados entre Novembro de 2013 a Janeiro de 2014, em regime de entrevista/questionário direto e interagindo com o/a entrevistado/a, para um maior rigor na informação obtida.

Incialmente, o entrevistador efetuou uma introdução ao inquérito, em que informou dos objetivos, público alvo, e da natureza acadêmica e instituições envolvidas no estudo, bem como transmitiu a importância da participação e colaboração dos/as entrevistados/as.
No total foram realizadas 50 entrevistas, que corresponderam a 3% da população local: 10 representantes dos atores diretos, 25 representantes dos atores indiretos e 15 representantes dos atores passivos (Quadro 1).

A ESTRUTURA DA GESTÃO TURISTICA EM SAN ROQUE DE CUMBAZA E SUAS CONTRIBUIÇÕES

4.1 Atores participantes da gestão do ecoturismo em San Roque de Cumbaza
A atividade ecoturistica em San Roque possui diferentes Elementos – Organizações Civis e Governamentais, Instituições, Autônomos e empresários. Estes elementos, por assim dizer, estão classificados em três categorias Atores: Diretos, Indiretos e Passivos

Os Atores Diretos são constituídos por: Associação comunitária de gestão turística de SRC (ACOGETUR) - Composta por sócios/as da própria comunidade, organizados em comitês (alimentação, hospedagem e trilhas guiadas) ofertam serviços turísticos e estão à frente da gestão da atividade turística no município; Prefeitura de San Roque Cumbaza – representados pelo Prefeito e Responsável Técnico. Exerce apoio como poder local; Direção de comércio exterior e turismo (DIRCETUR) – É o órgão governamental responsável pelo segmento turístico do “Departamento” (Estado) de San Martim. Realiza parcial suporte técnico em turismo para as iniciativas civis e/ou governamentais.

Os Atores Indiretos conforma-se em: Prestadores de serviço da comunidade – São os pequenos “restaurantes” (Senhoras que vendem alimentos em suas casas), transportes públicos (carro particular), agricultores e pequenos comércios – “bodegas”.  Atuam de forma isolada, não estão articulados entre si e não participam/compõem uma organização; Empreendimentos turísticos – São as três hospedagens particulares e a hospedagem comunitária. Utilizam da prestação de serviço da comunidade; Instituição educativa integrada I.E.I 0303 – Contribuem com a parte educativa, cientifica, da atividade ecoturistica. Desenvolve um importante trabalho educativo através do grupo de crianças e jovens ambientalistas (Brigada Ambiental - BA) que lideram a discussão ambiental na I.E.I 0303 e na comunidade local; Governador local - Autoridade local responsável pela ordem e fluxo migratório, está representado pelo governador. Participa das discussões e das tomadas de decisões ecoturisticas em SRC.

Os Atores Passivos compõem-se de: Projeto Huallaga Central Baixo Mayo (PHCBM) - Orgão do Governo Estadual que executa obras de infraestrutura na região. Implementou em San Roque a Ponte de veículos (25mts x 15mrs). Até sua construção não entravam carros em SRC; e o desague (obra de saneamento que desemboca no Rio Cumbaza, principal rio da localidade); Área de conservação regional Cordillera Escalera (ACR-CE) está gerenciada por uma secretaria que pertence ao Projeto Huallga Central Baixo Mayo (PHCBM). San Roque de Cumbaza situa-se na Zona de Amortecimento da Cordilheira Escalera (ZACE) logo parte de seu território está sob jurisdição da ACR-CE; Agências turísticas de Tarapoto, estas não ofertam SRC como destino turístico, no entanto são potenciais canais de informação e difusão turísticas local.

4.2 O papel dos atores na gestão ecoturistica em San Roque de Cumbaza
Os grupos dos atores diretos, indiretos e passivos não estão organizados entre si. Eles não se reúnem e não dialogam entre si para discutirem sobre questões operacionais e logísticas da atividade turística. Estabelecem dialogo apenas quando uma atividade for ser desenvolvida e necessite do apoio de algum destes atores. De maneira geral, não existe uma comunicação entre eles.
A única comunicação que ocorre é entre os participantes do grupo dos atores diretos, mais precisamente entre os membros de ACOGETUR. Quando há necessidade de apoio de outros atores ou de participantes do grupo dos atores diretos, para a realização da atividade ecoturistica, ACOGETUR toma a frente e convoca. A partir da necessidade da atividade que irá ser realizada é que as demandas vão sendo providenciadas por ACOGETUR.

Segundo a maioria dos atores diretos e indiretos, quando questionados, ACOGETUR, a Prefeitura local e DIRCETUR são as principais instituições que estão à frente do ecoturismo na comunidade. Os atores diretos são os protagonistas na atividade ecoturística.

Ainda segundo os grupos acima (atores diretos e indiretos), ACOGETUR é a instituição fundamental da engrenagem ecoturistica da localidade. Para a maioria dos atores diretos e indiretos a associação realiza um bom trabalho como gestora da atividade.
Todos os atores diretos e 68% dos atores indiretos citam que o turismo foi modificado devido à presença de ACOGETUR; 60% dos atores diretos e 56% dos indiretos associam o aumento do fluxo turístico no distrito ao trabalho de ACOGETUR.
A maioria do grupo dos atores diretos e mais da metade dos Indiretos acreditam que ACOGETUR é uma organização consolidada na região, assim como ela desenvolve um importante papel para o turismo de San Roque.

4.3 San Roque de Cumbaza: A contribuição do ecoturismo com a conservação ambiental e o desenvolvimento econômico
Através dos dados coletados deste estudo, foi possível observar que os atores diretos e indiretos possuem conhecimentos básicos sobre o conceito e estudo do ecoturismo (84% e 90% respectivamente). Ambos os atores acreditam que San Roque de Cumbaza é um lugar ecoturístico (90% e 92% respectivamente) e que a natureza paisagística, a fauna e flora são consideradas atrativos turísticos.

Na pesquisa, foi notado que o cuidado com o ambiente local está atrelado à atividade turística desenvolvida na região. Os atores diretos e boa parte dos indiretos acreditam que as pessoas deixaram de jogar os resíduos sólidos em locais inapropriados e passaram a entregá-los ao coletor municipal depois do aumento da atividade turística.
Ainda foi observado que o desenvolvimento do turismo na região impulsionou a Prefeitura e a população local a ter uma maior atenção com o meio ambiente ao seu entorno. Como exemplo temos a coleta de resíduos implementada e o reflorestamento. Ambas iniciativas foram implantadas e estimuladas após a pratica o estabelecimento da atividade ecoturistica na comunidade.

A Brigada Ambiental (BA) foi reconhecida pela comunidade local, e pelos grupos de Atores Diretos e Indiretos, como grande contribuinte para conservação ambiental por promover a sensibilização ambiental na escola e na comunidade de San Roque. Além da Brigada Ambiental, ACOGETUR também foi destacada na pesquisa por estimular a prática da conservação ambiental. As pessoas que trabalham com/para ACOGETUR costumam ter mais atenção e cuidado com o destino final dos resíduos sólidos, do que as pessoas que não trabalham na/com a associação.
Vale ressaltar que a maioria dos atores diretos e todos os indiretos indicam que as pessoas que trabalham com a Associação Comunitária deixaram de desmatar; 100% dos atores diretos e 68% dos atores indiretos creem que ACOGETUR é comprometida com o cuidado do ambiente local e que ela estimulou o cuidado com os resíduos sólidos em San Roque de Cumbaza.

Como consequência do ecoturismo praticado no distrito, a população local, quase em sua totalidade, foi tomando consciência sobre a importância da preservação do ambiente, principalmente, por conta de sua relevância para a continuidade da atividade turística que tem como principal produto a natureza. Os atores envolvidos na atividade ecoturística em San Roque, quando questionado/as, identificaram a paisagem natural, a fauna e flora como atrativos turísticos que devem ser cuidados e preservados. A natureza é vista como produto bandeira que deve ser cuidado.

Assim como a consciência ecológica dos san roquinos foi influenciada positivamente pelo ecoturismo, a economia local também. A pesquisa não possui dados econômicos detalhados, porém foi notado qualitativamente que o fluxo monetário aumentou nas famílias que trabalham diretamente ou indiretamente com o turismo.

Como exemplo disto, o número de motoristas e de viagens nos transportes aumentaram, algumas senhoras (que não fazem parte do comitê de alimentação de ACOGETUR) passaram a vender comidas em suas casas e os agricultores passaram a vender mais frutas para as “bodegas” e para os visitantes. Surgiram três hospedagens privadas que passaram a requisitar serviços da comunidade como limpeza, vigilância, transportes, manutenção e alimentos e utensílios das “bodegas”.

O turismo passou a gerar recursos econômicos para as famílias que se dedicavam ao trabalho. Algumas famílias o tomaram como principal fonte econômica trabalhando em ACOGETUR ou por conta própria, e outras como atividade secundária complementando a renda com vendas esporádicas de alimentos ou prestações de serviços com jornadas de trabalho diário.

O estabelecimento do turismo foi possível devido ao trabalho de capacitação e estruturação da planta turística no distrito. Segundo os Atores Diretos e Indiretos, a dinâmica da atividade ecoturistica aumentou como consequência da elaboração da planta ecoturistica que corresponde a estrutura dos serviços turísticos – hospedagem, alimentação, rotas turísticas e guias.

A conformação de uma infraestrutura turística no local permitiu que a atividade se desenvolvesse. Foram constituídos serviços fazendo com que o fluxo de visitantes aumentasse. Com o aumento do fluxo turístico outras pessoas da comunidade, que não estavam ligadas diretamente a ACOGETUR, passaram a oferecer seus serviços por perceber a atividade como uma oportunidade de ingressos econômicos. A oferta permanente dos serviços contribuiu para o aumento do fluxo turístico no local

Todos os dos atores diretos e indiretos afirmam que em 2013 passou a existir mais serviços turísticos, como novos empreendimentos turísticos (hospedagens), restaurantes comunitários e carros de transporte de passageiros, que em 2008.
Também citam que em 2013 existe uma oferta permanente dos serviços turísticos e que isto conduziu a mudanças na dinâmica do turismo na localidade.

Ambos os atores, comentam que no ano de 2013 existe maior oferta e procura dos serviços turísticos no Distrito e que os pequenos mercados se encontram melhor preparados para atender o turismo principalmente por conta da maior demanda em seus estabelecimentos após o crescimento turístico.

Os atores diretos e indiretos afirmam que existe mais diversidade de produtos nas bodegas. Este fato está relacionado ao aumento de fluxo financeiro que promove uma maior diversidade de produtos na localidade. Afirmam ainda que houve aumento da oferta turística na localidade e que aumentou a entrada de recursos financeiros na localidade.

A DINAMICA ECOTURISTICA EM SAN ROQUE DE CUMBAZA, PERU.

A ONG CEPCO em parceria com a Prefeitura estruturaram a atividade ecoturistica no distrito de San Roque. Para tal, foi criada uma Associação Comunitária de Gestão Turistica – ACOGETUR, que recebeu capacitações em temas ligados ao ecoturismo. Juntamente a preparação técnica dos serviços turísticos oferecidos pela comunidade, foi construída uma hospedagem comunitária e um comedor para recepção de visitantes. O visitante que chega ao distrito encontra comida, hospedagem, guias turísticos e ofertas de passeios.

Em teoria, ACOGETUR, a Prefeitura local e a Direção de Turismo Regional (DIRCETUR) impulsionam o ecoturismo em San Roque de Cumbaza. Na prática, o turismo na localidade não possui um plano de trabalho ou planejamento operacional, tão pouco a definição de uma organização que lidere o processo de maneira oficial. A Prefeitura não considera em seu plano de governo uma Secretaria especifica para o turismo, não possui planos técnicos para a atividade e não conta com um corpo técnico especializado. A associação de turismo local (ACOGETUR) gerencia o turismo “às cegas”, de maneira autônoma e espontânea, sem um plano, sem metas, monitoramento e avaliações.

A falta de gerencia frente ao processo turístico permite a abertura de brechas para a ocorrência de interesses divergentes no produto (Costa, 2013). Além do fato que uma má gestão juntamente com a ineficiência dos mecanismos de implantação pode acarretar problemas no sector de turismo (Buhalis and Diamantis, 2001), como a falta de comunicação que ocorre entre os Atores do turismo em San Roque. Para evitar tais situações, a primeira etapa do ecoturismo deve ser a elaboração e implementação de um plano (Becker et al 2004).

Sem planejamento, existe o risco de que a atividade não seja regulada e não se formalize. Sem organização o processo ecoturistico ocorre de maneira aleatória e susceptível a conduzir uma série de impactos econômicos, sociais e ambientais (Williams, 1998).

Neste caso, em que a comunidade está inserida em uma Área de Conservação, o Planejamento da Gestão do Ecoturismo (PGE) deve pertencer ao Plano da Área de Conservação (PAC), para que os Planos se complementem.
O Planejamento da Gestão do Ecoturismo é uma ferramenta de desenvolvimento do turismo em uma área protegida. Deve considerar a visão de todas as partes interessadas, cumprir os objetivos de conservação e desenvolvimento sustentável. Tipicamente o plano será uma continuação detalhada das diretrizes gerais estabelecida no Plano da Área de Conservação (Williams, 1998).
A planificação deve estar alinhada ao plano de desenvolvimento social do município (Rodrigues e Amarante, 2009), elaborado pela Prefeitura, envolvendo a administração em seus diferentes níveis, a fim de racionalizar os recursos disponíveis e alcançar os objetivos (Andy and Alan, 2005).

Uma vez elaborado, o Plano gestor deverá indicar as instituições lideres ao processo. Em San Roque de Cumbaza, ACOGETUR, a Prefeitura local, DIRCETUR e Área de Conservação Regional, são as organizações que necessitam estar a frente da operação por conta do importante papel que cada uma possui no desenvolvimento da atividade ecoturistica.

 O ECOTURISMO COMO UMA ALTERNATIVA PARA A CONSERVAÇÃO AMBIENTAL

O ECOTURISMO E O FOMENTO ECONOMICO EM SAN ROQUE DE CUMBAZA, PERU.

O distrito de San Roque de Cumbaza está recebendo um incremento na economia por conta do turismo. Atualmente, juntamente a agricultura, são as duas principais atividades econômicas do local.
O ecoturismo praticado em San Roque de Cumbaza vem como uma potencial estratégia de desenvolvimento sustentável e prevê benefícios diretos na área de conservação da natureza e dos residentes locais. Este tipo de turismo oferece oportunidades para melhorar as a a economia, proteger o patrimônio natural e cultural, e melhorar a qualidade de vida da população local (Gurung and Coursey, 1994). Nos países em desenvolvimento o ecoturismo foi reconhecido como um meio de trazer benefícios para a economia, conservação e qualidade de vida, criando oportunidades para a representação comunitária na gestão de áreas protegidas (Eagles et al, 2002)

É percebível que o turismo impulsionou a economia em San Roque de Cumbaza, a estrutura turística do município e a dinâmica socioeconômico foram alteradas entre 2010 e 2013. O poder economico é importante para uma população tão pobre, principalmente se a atividade se propõe a lucrar de maneira sustentável com a comunidade local protagonizando a proposta.

Se a atividade for bem planejada e desenvolvida pode obter sucesso, como ocorreu no Projeto da Área de Conservação do Annapurna (ACAP) no Nepal onde as taxas de trekking permitiram o financiamento autossustentável da conservação e o desenvolvimento econômico da população local (Muller, 2000).

CONCLUSÕES

Os Atores Diretos protagonizam a atividade ecoturística de San Roque de Cumbaza. ACOGETUR é o principal “Agente” do processo ecoturistico em SRC, ela lidera a gestão da atividade.

A atividade turística não possui um plano técnico para guiar o processo. Toda a organização da atividade a ser desenvolvida parte por iniciativa de ACOGETUR, para os demais Atores. Quando existe uma atividade turística a ser desenvolvida é ACOGETUR que promove uma comunicação entre os Atores que participarão da mesma.
Não existe uma comunicação constante entre os grupos dos Atores Diretos, Indiretos e Passivos. Os Atores desenvolvem diálogos apenas quando a necessidade exige.

Mesmo que a atividade ainda tenha muito a se organizar e melhorar, seus frutos já são perceptíveis. Em menos de 4 anos após o seu início, a comunidade aumentou seus ingressos econômicos e passou a preservar o ambiente local.

Com o ecoturismo a escola local implementou a disciplina de educação ambiental e criou um grupo de crianças e adolescentes lideres ambientalistas – a Brigada ambiental.
Como resultado da pratica do ecoturismo a comunidade passou a destinar os resíduos de forma correta e a Prefeitura passou a coletar e destinar. O desmatamento e as queimadas diminuíram consideravelmente e o rio passou a ser mais zelado e cuidado.

Os Atores envolvidos na atividade ecoturistica entendem que a natureza é o produto “bandeira” da localidade e a mesma exige maior atenção e cuidado. A população e o governo local percebem de cuidar do meio ambiente para o turismo.
As possibilidades de trabalho com a atividade turística fizeram com que boa parte da população passasse a ter emprego e renda e logo as entradas financeiras aumentaram. Novos empregos surgiram assim como novos empreendimentos privados. As “bodegas” (pequenos comércios) passaram a possuir maior variedade e estoque de produtos. O transporte passou a ser constante o que antes era uma vez ao dia. 

San Roque de Cumbaza ainda possui um longo caminho para realizar o ecoturismo com plenitude, no entanto pode-se concluir que a prática do ecoturismo desenvolvida no distrito vem fomentando o desenvolvimento sustentável através da diminuição da pobreza, do bem estar social e do cuidado com ambiente.

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*Biólogo (FUNESO), Mestre em ecologia e gestão ambiental (FCUL/PT). Consultor em Ecoturismo na Mar de Selva Eco Social Tour.
**Geógrafa (UFPE), Doutora em Geografia (UFRJ) e PHD em governança na gestão do território turistico (UNL/PT). Professora Adjunta da UFPE

Recibido: Enero 2018 Aceptado: Mayo 2018 Publicado: Junio 2018

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