TURyDES
Vol 3, Nº 8 (septiembre/setembro 2010)

O CEMITÉRIO DA CONSOLAÇÃO COMO ESPAÇO DE VISITAÇÃO TURÍSTICA NA CIDADE DE SÃO PAULO/ SP

Ângela Assis, Carlos Magno, Giuliana Mauro, Joyce Palácio, Kizzy Orberg, Maysa Ramos, Rúbia Barbosa y Sênia Bastos (CV)

 

Introdução

Apesar da aparência melancólica o Cemitério da Consolação guarda ricas surpresas e mistérios para quem se dispõe a desvendá-lo. As valiosas obras de arte ali reunidas o configuram como um “museu a céu aberto”, sendo possível encontrar esculturas, jazigos e obras arquitetônicas realizados por artistas e arquitetos que receberam influência francesa em sua trajetória de estudos.

O problema que norteia a presente pesquisa consiste em identificar se o Cemitério da Consolação reúne obras de arte e arquitetura funerária de autores que receberam influência artística francesa. A hipótese apóia-se na premissa de que o cemitério contempla diversidade de estilos artísticos e arquitetônicos. Como objetivos específicos colocaram-se: a identificação da situação atual dessas obras e a elaboração de um mapa desses bens.

Para selecionar as obras de arte e a arquitetura funerária, a pesquisa de campo compreendeu a visita ao Cemitério da Consolação com o acompanhamento de um antigo funcionário da instituição, Francivaldo Gomes, mais conhecido como “Popó”. Após a seleção dos bens, seguiu-se a identificação e análise de cada obra. Ao estudo das biografias dos principais artistas e arquitetos influenciados pela arte francesa, somaram-se as pesquisas bibliográficas efetuadas em livros e sites. Os dados foram inseridos em um formulário especialmente elaborado para sistematizar essas informações.

Para atender aos objetivos específicos foram realizadas imagens fotográficas, com uma máquina Sony cyber-shot, com resolução de 7.2 mega pixels e o registro da longitude e da latitude, para que mais tarde fossem calculadas as distâncias entre uma obra e outra, o que foi possível com a ajuda do receptor GPS (Sistema Global de Posicionamento) modelo Garmim Etrex. Após a coleta de dados os pontos foram inseridos no mapa, elaborado no laboratório da Universidade Anhembi Morumbi, e utilizada a base cartográfica de ruas da cidade de São Paulo, adquiridos na empresa Digibase 2003. A partir do sistema de coordenadas de projeção silíndrica Universal Transversal de Mercatos (UTM) para se obter o mapa; além disso, foi capturado uma imagem via satélite através do programa Google Earth, numa escala de 1:3000.

Como o ano de 2009 comemorou o Ano da França no Brasil, teve-se por objetivo identificar nas diversas regiões brasileiras, as diferentes facetas de sua cultura que apresentam influência francesa, com isso destacam-se a arte e arquitetura funerária . Ressalta-se que tais bens também constituem um atrativo, não somente para os estrangeiros, mas também para quem reside na cidade de São Paulo, sendo denominado Turismo Mórbido ou de Morbidez.

O Cemitério da Consolação

De acordo com Camargo (2007) o Cemitério da Consolação foi inaugurado no dia 15 de Agosto de 1858, porém sua história se inicia em 1829, época em que o vereador Joaquim Antonio Alvim teria defendido a construção de um cemitério público na cidade, visto que o sepultamento no interior das igrejas vinha sendo combatido pelas teorias higienistas. O mau cheiro presente no interior das igrejas provinha dos corpos sepultados em seu interior, sendo, entre outros fatores, uma das causas da proliferação de doenças daquela época.

Camargo (2007) afirma que cerca de trinta anos após a proposta do vereador Alvim, a idéia de se construir um cemitério público sofreria algumas alterações: primeiramente o cemitério deveria ser edificado ao lado da Igreja da Consolação, essa era a opinião do engenheiro Carlos Rath e dos médicos Libero Badaró e Cândido Gonçalves Peixoto. Carlos Rath realizou um novo estudo e concluiu que o melhor lugar para a construção do cemitério público seria nos altos da Consolação. O engenheiro levou em conta a elevada altitude da região, a direção dos ventos dominantes, a qualidade do solo e a sua “grande distância” da cidade.

Camargo (2007) aponta que parte dos terrenos necessários ao cemitério era de domínio público, nas margens da antiga Estrada dos Pinheiros, e a outra parte pertencia a Marciano Pires de Oliveira, proprietário de uma chácara no local. Iniciada a obra em 1855, o terreno necessário foi adquirido no ano seguinte pela Câmara Municipal, no valor de duzentos mil réis, ao que se acrescentou uma doação da marquesa de Santos, em 1857, de dois contos de réis. O Cemitério da Consolação foi inaugurado no ano seguinte e sua área foi sendo aumentada gradativamente.

O primeiro mausoléu foi realizado em 1871, pelo empresário Antonio José de Melo, na Europa (CAMARGO, 2007). A partir de então outras pessoas/famílias passaram a encomendar obras de artistas brasileiros e/ou imigrantes para colocá-las nos túmulos dos entes queridos.

Mais recentemente, segundo Loureiro (1977), o Cemitério da Consolação tem sido admirado por visitantes estrangeiros, que apreciam as obras de arte ali reunidas. Demanda captada pelos administradores, ao providenciar monitoria para a visitação, elemento fundamental para a prática do Turismo de Morbidez. Todavia há que se destacar a ausência de incentivos econômicos para o incremento dessa atividade, bem como para obras de preservação. Com terrenos pertencentes à Prefeitura da Cidade de São Paulo, é administrado por uma autarquia cuja renda advém da prestação de serviços das agências funerárias municipais, velórios municipais, entre outros serviços segundo Silva (2007).

Arte e Arquitetura Funerária no Cemitério da Consolação

De acordo com Valladares (1972) a arte tumular constitui uma forma de representação de status que se relaciona ao contexto histórico, ideológico, social e econômico. A interpretação da vida e da morte se realizava através de um conjunto de símbolos ou de obras narrativas, materializadas por meio da utilização de materiais variados como o mármore, o granito, o ferro fundido e o bronze.

No passado, segundo Valladares (1972), pode-se distinguir a adoção da arte tumular por parte da nobreza e da burguesia industrial. A primeira utilizava mais o símbolo aliado a seus brasões e a segunda tinha a necessidade de demonstrar a sua importância através da suntuosidade. Alguns exemplos magníficos de arte tumular se encontram principalmente nos cemitérios paulistas, como o da Consolação. Muitos dos jazigos presentes neste cemitério foram feitos por artistas europeus, com materiais importados, tudo com o objetivo de relembrar o nome das famílias.

Valladares (1972, p. 587) trata a transformação dos materiais da arte e arquitetura funerária que, de escala artesanal atinge escala industrial com o estilo art nouveau:

[...] com o surgimento do estilo art nouveau, a máquina revelou-se como método de fundição e metalúrgica possibilitando a reprodução dos protótipos de objetos de criação artística, ao nível industrial. Instrumento de produção artística, capacitada para atender o consumo da decoração doméstica e objetos de uso cotidiano.

Aponta as influências da mudança de escala da produção, agora industrial, no trabalho do artista de arte funerária (VALLADARES,1972, p.588):

Em relação à arte funerária, tais disponibilidades determinavam, em todos os centros urbanos de expressão de riqueza. Até então as construções dos cemitérios valiam-se do trabalho artesanal e da eventualidade artística. [...]

Com o trabalho industrial mecanizado, as fundições passaram a fornecer gradis, portões, cercaduras, cruzes, vigas metálicas e colunatas de estruturas. A estatuária não era mais trabalho do escultor, neste caso entendido como o artista criador e do objeto modelado.

Segundo Valladares (1972) o belle époque resultou de um estado de espírito de diversos artistas franceses, com aparência de realismo. O traço que distinguiu a belle époque na arte tumulária correspondeu, sobretudo, à diminuição da simbologia tradicional (VALLADARES, 1972) a ponto de transformar a figura assexuada dos anjos da estatuária classista, em anjos de procissão.

Valladares (1972, p. 591) destaca que “são freqüentes na arte tumulária da belle époque sinais de referência e de simbolização da fortuna, do prestígio e da propriedade”. Fator também corroborado por Lemos (1993):

A comunidade representa todo o divisionismo e os hábitos das famílias usuárias, que tratam de suas capelas como se fosse prolongamentos de suas próprias casas, levando para jazigos os mesmos arranjos decorativos que o seu nível cultural lhes permitiam refletir. A preocupação do colono europeu na área de enriquecimento imediato era muito tendente a individualizar seu nome, através da exibição de sinais de abastança. O caráter monumental da “última morada” era para muitos, fruto de uma ansiedade de se auto-afirmar.

Para essa pesquisa procedeu-se à identificação da influência francesa na arte e na arquitetura funerária no Cemitério da Consolação, inicialmente por meio da análise da biografia dos principais artistas ali reunidos, ao reconhecimento de obras de tendência belle époque a partir do depoimento de Gomes (2009) e da bibliografia consultada. O emprego desse método resultou na identificação dos jazigos com esculturas de Victor Brecheret e de Bruno Giorgi, o portão monumental, a capela do cemitério projetados por Ramos de Azevedo (ZANI, 2003). Tais obras localizam-se em quadras diferentes sem qualquer tipo de ligação entre elas, o que pode ser analisado na figura 1.

O mapeamento proposto inicialmente implicou no uso de um receptor GPS, visto a necessidade de identificar a longitude e a latitude de cada obra. Computaram-se os dados no Laboratório de Planejamento Turístico da Universidade Anhembi Morumbi, ao que se somou a capturada uma imagem via satélite utilizando o programa Google Earth para concluir o mapeamento.

Uma vez finalizado, o mapa possibilita visualizar as principais ruas do entorno, a dimensão do cemitério e a distribuição das obras selecionadas em meio a vegetação ali concentrada.

A arquitetura funerária de Ramos de Azevedo

As obras mais conhecidas de Ramos de Azevedo, segundo Lemos (1993), são o Grande Portal de entrada do Cemitério da Consolação (1902), a Capela Central do Cemitério (1937) e a Igreja Matriz de Campinas.

De acordo com Gomes (2009) o arco de entrada do Cemitério da Consolação foi construído em 1902. Atualmente a obra encontra-se em precário estado de conservação, embora a administração do Cemitério tenha solicitado o restauro, cujo processo encontra-se em andamento. De estilo gótico, construído em concreto, apresenta um conjunto escultórico de figuras sacras e, na parte central, a figura de Cristo; mais abaixo outras esculturas, uma de cada lado, como se fossem guardiões do templo.

Francisco Paulo Ramos de Azevedo, mais conhecido como Ramos de Azedo nasceu no Guarujá, São Paulo, em 1851, segundo Lemos (1993). Engenheiro, arquiteto, administrador, empreendedor e professor, também freqüentou o curso de Artilharia da Escola Militar no Rio de Janeiro. Em 1872, resolveu parar o curso de Artilharia e começou a trabalhar na área de construção civil, tendo participado dos trabalhos das principais seções das Companhias Paulista e Mogyana das Estradas de Ferro. Em 1875, foi para Bélgica, para aprofundar seus estudos em arquitetura, cujo curso, ministrado por franceses e belgas, situava o estilo neoclássico e o eclético, formando-se três anos depois.

Ramos de Azevedo morreu no dia 01 de junho de 1928, seu sepultamento foi simples, mas muitos admiradores fizeram homenagens, no Cemitério da Consolação. Pouco após sua morte, um concurso foi aberto pela sociedade civil para realização de um monumento em sua memória. Foi em torno de Ramos de Azevedo que o renascimento arquitetônico da cidade de São Paulo gravitou, segundo Lemos (1993).

A Capela central do cemitério foi construída no ano de 1902, localizada na região central do cemitério, encontra-se em ótimo estado de conservação, considerando que houve uma reforma em 2007. O estilo arquitetônico adotado reporta às técnicas e aos materiais do mundo industrial do século XIX.

Construído pelo Escritório Ramos de Azevedo, o jazigo da Familia Starace não dispõe de registro de sua edificação no cemitério, segundo Gomes (2009). Localizado no terreno 17,18 e 19, na rua 35 (lado esquerdo), a obra encontra-se em péssimo estado de conservação, devido ao desinteresse da família em preservá-lo. O jazigo em alvenaria tem estilo art-nouveau, o que pode ser percebido através dos gradis, portões, cercaduras, cruzes, vigas metálicas e colunatas de estruturas, associa-se ainda o estilo belle époque, presente nos anjos da estatuária classista.

A arte funerária de Brecheret

Segundo Gomes (2009) a obra “O grande anjo” foi realizada aproximadamente nos anos 1937 e 1938, por Victor Brecheret. Atualmente a obra encontra-se em estado de conservação regular, devido ao tempo e às chuvas ácidas, resultando no escurecimento da coloração esverdeada. O túmulo da família Botti apresenta tendência artística renascenstista, bem como a obra que o adorna, realizadas em bronze e granito com aproximadamente 2 metros de altura. Localiza-se no terreno 150, quadra 44.

De acordo com Pellegrini (2003) o escultor de origem italiana, veio para o Brasil muito jovem, mais especificamente para a cidade de São Paulo, onde realizou seus primeiros estudos no “Liceu de Arte e Ofícios”. Seguiu para Roma em 1913 para aprimorar seus estudos, onde permaneceu até 1919. Pellegrini (2003) afirma que Brecheret freqüentou vários estúdios de escultores, onde aprendeu a verdadeira arte de esculpir. Ao trabalhar com o escultor Arthur Dazzi foi influenciado pela estética do pós-impressionismo. Permaneceu em Paris de 1921 a 1935/1936, época que coincide com sua fase artística mais rica, mesmo a distância participou da “Semana de Arte Moderna de 1922”, realizada na cidade de São Paulo com cerca de doze esculturas. Ao longo de sua carreira várias obras foram premiadas, como na I Bienal Internacional de São Paulo em 1951, com a obra O Índio e a Suassuapara, cujo exemplar em bronze se encontra na Antuérpia, Bélgica, no Middelheim Museu (PELLEGRINI, 2003).

Mise au Tombeau localizada no túmulo da família Guedes Penteado, foi premiada no Salon d’Automne de 1923. Feita em granito rústico, de estilo clássico refinado pelo vigor da arte moderna, com aproximadamente 2,26 metros de altura e aproximadamente 3,65 metros de comprimento, a obra significa Pietát (Piedade). Cristo no colo de sua mãe e quatro mulheres santas ao lado: Maria Madalena, Maria de Cleofas, Santa Isabel e, a quarta mulher que não consta da Bíblia, seria uma alusão à Olivia Penteado. Localizada nos terrenos 1 e 2, rua 35 (lado esquerdo), a obra encontra-se em ótimo estado de conservação.

A arte funerária de Bruno Giorgi

O grande pintor e desenhista, descendente de imigrantes italianos de Mococa, Bruno Giorgi estudou em Roma e Paris onde foi aluno de Aristide Maillol, um dos maiores representantes da escultura francesa do inicio do século. Segundo Amaral (1991), ele estudou desenho e escultura no início da década de 1920, ao retornar para o Brasil instalou-se no Rio de Janeiro com um ateliê onde também ministrava aulas.

O túmulo de Armando Sales de Oliveira, governador de São Paulo na década de 1930 e fundador da Universidade de São Paulo, é o seu monumento mais conhecido em São Paulo. Mas nesse artigo outra obra funerária é destacada: de acordo com Amaral (1991) sua obra “Prece” instalada em 1970 no Cemitério da Consolação é a única que se encontra no estilo abstrato, ou seja, uma linguagem contemporânea. Localizada no terreno 9, quadra 17, atualmente encontra-se em ótimo estado de conservação, em virtude da limpeza realizada a cada três semanas por um funcionário do cemitério, a pedido da família, de acordo com Gomes (2009). Realizada em mármore branco e granito, é uma peça alta e esguia em linha abstrata, sugerindo duas palmas encostadas.

Turismo de Cemitério ou Mórbido

De acordo com Aquino (2001) embora seja um turismo pouco explorado no Brasil, o investimento no turismo mórbido geraria empregos, trazendo algo inovador ao tornar os cemitérios mais interessantes. Neles pode ser encontrado um amplo acervo de obras de arte e arquitetura de autores conceituados como Victor Brecheret, Bruno Giorgi e Ramos de Azevedo, expostos a céu aberto. Mais do que apenas um lugar para enterrar mortos, o local pode ser apreciado pelas suas esculturas, os jazigos de personalidades políticas, culturais, caminhando entre jardins arborizados, além de aproveitar o silêncio e o canto de pássaros para a reflexão.

Ignarra (2003) afirma que o turismo em cemitérios possui pouca demanda, pela falta de divulgação e investimento, deixando apenas a imagem de que a visitação está ligada ao dia de finados ou à perda de um ente querido. O que as pessoas não vêem, é que por trás existe a história da cidade, pouco difundida, e que pode ser revelada pelas obras de arte, jazigos de personalidades, das famílias imigrantes e de gente comum.

Para incrementar essa modalidade de turismo no Brasil e no mundo é necessário um investimento em roteiros para os principais cemitérios, acompanhados por guias turísticos, além de investimentos econômicos, visando a criação de panfletos com mapas, fotos e informações sobre a localização de túmulos, dados históricos das personalidades sepultadas e artistas (DUMAZEDIER,1980).

Silva (2007) afirma que a Graffit Viagens e Turismo desde 1999 desenvolveu um roteiro temático, denominado “Circuito do outro mundo: São Paulo além dos túmulos”, que inclui a visitação ao Cemitério da Consolação. Faculta-se ao visitante a oportunidade de conhecer um lado diferente da história de São Paulo, através da arte que ali se encontra. Com uma rica exposição a céu aberto, o roteiro oferece o acompanhamento de um guia/monitor para auxiliar os visitantes.

Fazer com que os apreciadores das artes plásticas, da história, da política, da música, da literatura e do turismo encontrem nos cemitérios antigos de nossas cidades muitas surpresas e motivos para exclamações. Assim, como ocorre em muitas cidades do mundo, os nossos cemitérios possam também se tornar em concorridos espaços turísticos, contribuindo para a compreensão de nossa cultura e de nossa história (SILVA, 2007, p. 2).

Em fevereiro de 2001, o serviço de monitoria gratuita no Cemitério da Consolação passou oficialmente a ser disponibilizado a todos os interessados, perante agendamento prévio. A visitação faz parte do projeto Arte Tumular, idealizado e monitorado por Délio Freire dos Santos , até seu falecimento em 2002. Após essa data Francivaldo Gomes, mais conhecido como “Popó” assumiu a responsabilidade do atendimento de mais de 6 mil pessoas (SILVA, 2007).

Conclusão

O Cemitério da Consolação reúne obras de arte de diferentes períodos, realizados por artistas e arquitetos de grande importância no universo artístico nacional e internacional. Bruno Giorgi, Victor Brecheret e Ramos de Azevedo apresentam em suas biografias passagem de estudos pela Europa e infere-se em suas obras a influência francesa, o que justifica sua seleção nesse artigo.

Observa-se que o presente estudo não esgota as potencialidades de eleição de temas para a configuração de roteiros de visitação no Cemitério da Consolação. Recomenda-se para um estudo futuro a análise de obras de artistas italianos, ou dos jazigos de expoentes da comunidade italiana, como o Mausoléu do conde Francesco Matarazzo (empresário ítalo-brasileiro). Desperta especial interesse esquadrinhar o cemitério para identificar se a lógica da cidade dos vivos é reproduzida na cidade dos mortos, distinguir a etnia das pessoas sepultadas e perceber uma eventual relação de identificação com a etnia do artista que realizou o seu jazigo ou mausoléu, estabelecer uma periodização dos estilos artísticos e identificar os principais escultores que tiveram na arte funerária um campo privilegiado de trabalho. Tais pesquisas permitirão a criação de roteiros temáticos que permitam a integração com os demais cemitérios, logradouros públicos e os museus da Cidade de São Paulo.

Referências

AMARAL, Aracy; Bruno Giorgi: um mestre da escultura. São Paulo: Espaço Cultural BFB, 1991.

AQUINO, Ruth de. Os caça-fantasmas. Revista Viagem e Turismo. Ano 7, nº 7, Ed.69. p.70-73; julho 2001.

CAMARGO, Luís Soares de. Cemitério da Consolação. Folheto do Arquivo Histórico Municipal. Prefeitura da Cidade de São Paulo, 2007.

DUMAZEDIER, Joffre. Valores e conteúdos culturais do lazer. São Paulo: Perspectiva, 1980.

GOMES, Francivaldo. Entrevista concedida no dia 20 nov 2009.

IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. 2.ed. ver. e ampl. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.

LEMOS, Carlos Alberto Cerqueira. Ramos de Azevedo e seu escritório. São Paulo: Pini, 1993.

LOUREIRO, Maria Amélia Salgado. Origem histórica dos cemitérios. São Paulo: Secretaria de Serviços e Obras da Prefeitura do Município, 1977.

PELLEGRINI, Sandra Brecheret. Fundação Escultor Victor Brecheret. Mai.2003. Seção Apresentação. Disponível em: <http://www.victor.brecheret.nom.br/apresbr.htm> Acesso em: 13 out 2009.

SILVA, Maria Carolina Muniz e. Turismo entre os túmulos: o caso do cemitério da Consolação em São Paulo. Anais Anptur, São Paulo, agosto 2007.

VALLADARES, Clarival do Prado. Arte e sociedade nos cemitérios brasileiros. Rio de Janeiro, Conselho Federal de Cultura – Departamento de Imprensa Nacional. 1972. 1v.

ZANI, Amadeu. Cemitério da Consolação. Disponível em <http://www.mapadasartes.com.br/listann.php?artistas=1> Acesso em: 13 out 2009.



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