Jaqueline Sousa Almeida *
EstudianteÉrika Kamila Honorato Santos **
EstudianteFabrini Quadros Borges ***
DocenteUEPA, Brasil
Email: jaqueline_almeida23@hotmail.com
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O setor florestal madeireiro no país está em constante busca de novos mercados, produtos e tecnologias, fatores que impulsionam a ampliação de floresta plantada no Brasil. Com a projeção de crescimento da demanda por madeira para as próximas décadas, a produtividade da espécie eucalipto tem ganhando destaque nos últimos anos e sendo responsável por mais de 70% das áreas de florestas plantas no Brasil (JANOSELLI, 2016).
A espécie apresenta-se promissora no mercado, por possuir rápido crescimento volumétrico, sendo cultivada em diferentes regiões do país e usada para diversos fins, como produção de papel e celulose, carvão vegetal, madeira serrada e entre outros. O manejo da madeira serrada de eucalipto tem crescido principalmente junto a produtores florestais independentes nas regiões Sul, desta forma, as maiores concentrações de áreas plantas da espécie encontra-se na região Sudeste equivalente a 47% e 12% na região Sul (ACR, 2016).
O estado de São Paulo devido situar-se próximo ao seu mercado consumidor de madeira serrada, a oferta e a demanda proporcionam custos mais elevados, porém mesmo com as restrições ambientais às explorações de florestas nativas, o preço da madeira de eucalipto no Estado não está tendo variações elevadas (BACHA, 2017).
Com a desaceleração do setor da construção civil mercado nacional, levou uma queda no consumo doméstico de madeira serrada, que passou de 7,2 milhões de m3 em 2015 para 6,4 milhões de m3 em 2016, assim ocasionando um recuou de 2,3% da produção de serrados oriundos de árvores plantadas. Entretanto, em decorrência da desvalorização do real frente ao dólar, o setor aumentou as exportações de madeira serrada em 39% comparado com 2015 (IBÁ, 2017).
Apesar de o Brasil se destacar como produtor de eucalipto, as empresas brasileiras atuam como tomadoras de preço, o que significa um baixo poder dos produtores do setor definirem os preços. Outros fatores também determinam esta instabilidade: a oferta, a demanda, a política macroeconômica e os efeitos sazonais (CARDOSO et al., 2013).
A cadeia produtiva florestal no seguimento econômico brasileiro está, muitas vezes, atrelada ao comportamento de oferta e demanda regional por apresentar distintas funcionalidades que refletem nas tendenciais dos preços. Devido a estás oscilações no mercado brasileiro de madeira serrada, faz- se necessário o prévio conhecimento das suas particularidades econômicas para proporcionar um melhor planejamento estratégico aos produtores e consumidores.
Por isso, o objetivo desse estudo é analisar o comportamento dos preços reais pagos de madeira serrada de eucalipto no estado de São Paulo, destacando as peculiaridades que envolvem a tendência e a sazonalidade, no período de 2011 a 2017.
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Jaqueline Sousa Almeida, Érika Kamila Honorato Santos y Fabrini Quadros Borges (2019): "Dinâmica temporal dos preços de madeira serrada de eucalyptus SP. No estado de São Paulo", Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, (marzo 2019). En línea:
https://www.eumed.net/rev/oel/2019/03/precos-madeira-serrada.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/oel1903precos-madeira-serrada
2.1 Estudo mercadológico das florestas plantadas
O termo sazonalidade referem-se às estações do ano, na qual no setor florestal pretende conhecer a melhor época de plantio, colheita e os preços de seus produtos para tentar produzi-los e comercializa-los no período de maior preço, como conhecer o preço nominal (preço de mercado) e o preço real (preço deflacionado) (PINO, 2014).
Segundo Ibá (2017) as projeções mais recentes indicam qual será a demanda por bioenergia até 2050, serão necessários 250 milhões de hectares adicionais de florestas plantadas no mundo, para atender uma população de 9,1 bilhões de pessoas, com energias renováveis de desmatamento líquido zero e baixo carbono.
O brasil atualmente é um dos maiores produtores de floresta plantada no mundo, ocupando o segundo lugar no ranking mundial de produtor de celulose. O setor florestal brasileiro apresenta uma grande variedade de espécies utilizadas para fins madeireiros, no entanto as espécies do gênero eucalipto e pinus destacam-se por suas peculiaridades. A indústria de floresta plantadas, em 2016, foi responsável pela geração de R$ 11,4 bilhões em tributos federais, estaduais e municipais, o que corresponde a 0,9% da arrecadação do País (CNA, 2017).
A área de florestas plantadas ocupa 1% do território brasileiro, equivalente a 7,84 milhões de hectares, onde os plantios de eucaliptos ocupam 5,7 milhões de hectares, com crescimento de área de 2,4% a.a, na qual encontra-se em maior concentração nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul (IBÁ, 2017). Com a crise no setor brasileiro de florestas plantadas, houve um decréscimo de 3,3% no PIB nacional, essa queda foi menor do que o recuo observado na economia brasileira como um todo (3,6%), na indústria em geral (3,8%) e na agropecuária (6,6%). O setor de árvores plantadas fechou 2016 com participação de 1,1% de toda a riqueza gerada no País e 6,2% do PIB industrial confirmando desta forma a sua importância para o mercado brasileiro (IBÁ, 2017).
Possuindo grande potencial como fonte para utilização de mais de cinco mil produtos e subprodutos, as florestas plantadas além de dominarem ou fazerem parte dos seguimentos de celulose, painéis, energias entre outros segundo Ibá (2015), abastecerão outras indústrias nos prosseguimentos têxtis, alimentícios, eletrônicos, químicos, farmacêuticos e automobilísticos.
Líder mundial em produtividade de madeira, as florestas plantadas brasileiras além de serem economicamente rentáveis, promovem ao meio ambiente serviços ambientais que favorecem a conservação das florestas naturais. Ao serem cultivadas de maneira adequada contribuem para a melhoria da qualidade de vida populacional, fornecendo várias funções como conservação do solo, volume, qualidade da água, redução dos efeitos climáticos negativos como geadas e estiagem e manutenção da biodiversidade entre outros (SANTAROSA et al., 2014).
O Brasil vem se tornando referência na produção de florestas plantadas, onde a espécie exótica mais cultivada é o eucalipto, pois apresenta boa adaptação ao clima do país, além destas características, o que torna a espécie atrativa para o mercado nacional é o seu rápido crescimento, fácil administração, manejo e baixo custo, tornando-se uma das espécies com maior relação produtiva, fazendo com que as indústrias utilizem a mesma como principal fonte de matéria-prima (MIRANDA; JUNIOR; GOUVEIA, 2015).
O setor florestal brasileiro apresenta uma grande variedade de espécies utilizadas para fins madeireiros, no entanto as espécies dos gêneros Eucalyptus e Pinus, vêm se destacando no cenário nacional pelas suas peculiaridades. Por isso o setor brasileiro de base florestal tem como desafio a busca de métodos que visem a intensificação da produção, para atender as demandas no mercado florestal de maneira a caminhar com o desenvolvimento do manejo sustentável das florestas, conservando os ecossistemas (IBÁ, 2017; ROSSI, 2015).
Atualmente a tendência mundial pela produção de madeira a partir de florestas plantadas ou regeneradas, tornou-se realidade para o mercado florestal brasileiro, onde o Brasil, devido a fatores edafoclimáticos e técnicas de melhoramento evoluiu sua produtividade e alcançou os melhores plantios de eucaliptocultura do mundo. Por ser um gênero que possui baixo custo na sua implantação e manutenção e alta facilidade na condução de manejo, tornou-se altamente estudado, e por esses fatores e avanços tecnológicos, desenvolveram equipamentos para o beneficiamento das madeiras de menores dimensões, além dos benefícios dos produtos oriundo desta matéria prima, gerando e movimentando assim a economia brasileira do mercado florestal (MARCHESAN, 2011).
2.2.1 Aspectos gerais
Historicamente, o eucalipto começou a ser cultivado no Brasil em escala econômica em meados de 1904, com a implantação de várias espécies do gênero pelo engenheiro agrônomo e silvicultor Edmundo Navarro de Andrade e pelo botânico Joseph Henry Maiden que trouxe de presente para este sementes de 154 espécies de eucalipto (ANDRADE, 1909). Com a intensificação do cultivo de eucalipto inicialmente usado para dormente e a criação da lei dos incentivos fiscais ao reflorestamento implementado no ano de 1965, o cultivo da espécie aumentou de forma significativa nas áreas brasileiras, onde a espécie passou a ocupar 5 milhões de hectares que anteriormente ocupavam 500 mil (VALVERDE, 2012).
Em 2011, o Brasil continha 4.873.952 ha de área plantada com Eucalyptus sp., e os estados que apresentaram destaque nacional foram Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Bahia, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, pois juntos eram detentores de 87,7% do total de áreas florestadas no país, Mato Grosso se encontrava entre os estados que continham os outros 12,3%, o equivalente a 58.843 ha de área de plantios florestais (SANTAROSA et al., 2014).
As espécies mais cultivadas deste gênero no Brasil são: Eucalyptus saligna, E. grandis e E. urophila e seu híbrido, o E. urograndis (VITAL, 2007). Santarosa et al. (2014) afirmam que, além dessas espécies o Eucalyptus viminalis e Eucalyptus dunnii são umas das mais usadas no país, devido às propriedades de suas madeiras, outra espécie é o Eucalyptus benthamii que apresenta potencial de uso na Região Sul por possuir resistência a geadas.
Segundo Turra (2011) o eucalipto é caracterizado como uma cultura que atua na recuperação de áreas degradadas, por apresentar raízes profundas que buscam nutrientes que não estão disponíveis às raízes superficiais. Deste modo, o eucalipto pode ser cultivado em áreas consideradas inadequadas para o cultivo agrícola, também podendo atuar no controle da erosão do solo, além de ser uma matéria prima utilizada para diversos fins como na produção de papel e celulose, na apicultura, energia e marcenaria entre outros.
Assim como o gênero Eucalyptus apresenta relevante importância econômica mundialmente, também é um dos gêneros florestais com sequenciamento genômico detalhado, ficando em segundo lugar, apenas atrás do gênero Populus, o que enfatiza a importância de se realizar estudos sobre esse gênero envolvendo a interação genótipo e ambiente (OTTO et al., 2013).
2.2.2 Caracterização
A denominação eucalipto vem do grego eu + καλύπτω que significa verdadeira cobertura, usado para designar as variadas espécies pertencentes ao gênero Eucalyptus, esse termo é utilizado também para denominar outros gêneros das famílias Mirtáceas, Corymbia e Angophora. O gênero é constituído por mais de 700 espécies que em sua maioria são originárias da Austrália, contendo algumas espécies originadas em Nova Guiné, Indonésia e uma espécie do norte das Filipinas (FLORES et al., 2016; TURRA, 2011).
As diferentes espécies pertencentes ao gênero Eucalyptus possuem algumas semelhanças na composição anatômica, pois a grande maioria apresenta vasos solitários de arranjo diagonal, parênquima paratraqueal vasicêntrico e raios unisseriados homocelulares, contudo cada uma das espécies contém peculiaridades que tornam possível sua identificação (ALZATE, 2009; BRISOLA; DEMARCO, 2011).
Grande parte dos eucaliptos possui diferenciação foliar na fase jovem e adulta (dimorfismo foliar), onde quando jovem as suas folhas são opostas, com o formato variando de ovais a arredondadas, não contendo pecíolo. Após um ou dois anos de idade, as folhas da maioria das espécies tornam-se alternadas, falciformes, estreitas, lanceoladas e pendidas em longos pecíolos (MATTOS, 2015; SOUZA, 2013).
Suas folhas são persistentes, ou seja, mantém a sua folhagem durante o ano todo, com exceções de algumas espécies tropicais no final do período de seca, que acabam perdendo suas folhas. Outra característica marcante do gênero é a presença de glândulas secretoras de óleos contidas na folha, peculiaridade pertencente a outras espécies da família Mirtaceae (SOUZA, 2013).
Os eucaliptos apresentam em sua madeira grande variedade de cores, onde alburno e cerne claros oscilam de um amarelado a bege até tons de pardo avermelhado á vermelho, possuindo de forma geral uma densidade aparente que varia de 0,40 e 1,20 g/cm³, sendo classificada como leve, média e pesada (GONÇALEZ et al., 2014; ZOBEL; BUIJTENEN, 1989).
A evolução nas técnicas silviculturais no Brasil através do melhoramento genético acarretou na alta produtividade dos plantios de eucalipto, sendo que historicamente a implantação ocorreu no país por volta da década de 1980 por causa das práticas de propagação vegetativa ou por meio de clonagens de materiais genéticos com características desejáveis (FONSECA et al., 2010; ROSADO et al., 2012).
De acordo com Gonçalves et al. (2013) através do melhoramento genético brasileiro o aumento na utilização dos recursos naturais de maneira eficiente tornou-se prática cada vez essencial no mercado florestal, junto a esse a adoção de técnicas silviculturais adequadas a suas características de sítio, bem como suas especificações de uso, são fatores de fundamental importância, na busca pela manutenção e aumento da produtividade, com o menor impacto para o ambiente.
Apesar dos grandes benefícios acarretados pela clonagem, existem problemas principalmente quanto a sanidade dos plantios, pois podem ocorrer ataques de insetos desfolhadores ou doenças que podem destruir uma grande quantidade de indivíduos ou até acabar dizimando toda a população, afetando negativamente na produtividade do plantio, estagnando ou até mesmo diminuindo a produção, resultando em perdas econômicas (SANTAROSA et al., 2014).
Todavia essas perdas não foram significantes para que não ocorresse a evolução da produtividade nos plantios do gênero Eucalyptus no Brasil, sendo que, na década de 1970 os valores foram o equivalente a 15 m³/ha.ano, aumentando considerável em 2015 para 36 m³/ha.ano. O aumento desta produtividade é resultante do país apresentar condições edafoclimáticas que propiciam o desenvolvimento da espécie de forma rápida, tornando-a mais produtiva (IBÁ, 2016; QUEIROZ; BARRICHELO, 2007).
Uma das características que fazem um plantio proporcionar maiores produtividades, Conforme Ryan et al. (2010) é a realização de manejos intensivos nos plantios, onde fatores ambientais favoráveis como alta disponibilidade de água e nutrientes podem proporcionar índices maiores de área foliar, como também, fazer o uso mais eficiente destes recursos para a produção de madeira, acarretando desta forma em plantios com produtividade maiores que 60 m3/ha.ano.
Para alcançar valores satisfatórios de produtividade no setor florestal brasileiro, uns dos principais componentes nos índices de produtividade são a adubação e a nutrição florestal, sendo notável que cada espécie ou clone apresenta diferentes exigências nutricionais, o que torna essencial o conhecimento do comportamento das espécies em todos os tipos de clima e solo para não ter problemas econômicos na implantação das espécies (MATTIELLO et al., 2009; OLIVEIRA, 2015).
Desde muito tempo investir em pesquisas e desenvolvimento se tornou uma das prioridades das empresas do setor florestal brasileiro, principalmente para obter avanços genéticos e práticas de manejo florestal avançadas, devido a estás práticas bem-sucedidas o Brasil entre os períodos de 1970 a 2008 alcançou um desenvolvimento produtivo de 5,7% por ano, enquanto que na América Latina esse valor foi 2,6%, os países desenvolvidos obtiveram 0,9% e os países em desenvolvimento com 1,9% (FERNANDES et al., 2011; IBÁ, 2015).
2.4 Demanda da madeira de eucalipto
A evolução nas técnicas silviculturais no Brasil através do melhoramento genético acarretou na alta produtividade dos plantios de eucalipto, sendo que historicamente a implantação ocorreu no país por volta da década de 1980 por causa das práticas de propagação vegetativa ou por meio de clonagens de materiais genéticos com características desejáveis (FONSECA et al., 2010).
No início, sua utilização era pequena e o setor da construção civil foi o primeiro seguimento que lançou seu uso para produção de dormentes, utilizados nas primeiras linhas férreas. Com alguns incentivos fiscais na década de 70, foi possível ampliar consideravelmente sua produção, obtendo avanços em área e em produção até os dias atuais. O Brasil possui hoje uma das melhores produtividades mundiais em eucalipto, ficando em média de 39 m³ ha/ano, em alguns locais alcançando cerca de 60 m³ há/ano (MAPA, 2015).
Com a intensificação do cultivo de eucaliptos inicialmente usado para dormente e a criação da lei dos incentivos fiscais ao reflorestamento implementado no ano de 1965, o cultivo da espécie aumentou de forma significativa nas áreas brasileiras, onde a espécie passou a ocupar 5 milhões de hectares que anteriormente ocupavam 500 mil (VALVERDE, 2012). Segundo Marchesan (2011), a crise financeira ocorrida no país nos últimos anos, fez as empresas produtoras de madeira serrada de eucalipto destinar cerca de 50% de sua produção para o mercado interno nos setores da construção civil.
Os principais reflexos do avanço desse mercado estão sendo observados nos aumentos dos preços dessa madeira e das áreas plantadas pelos produtores rurais. A principal causa do aumento dos preços da madeira é ao fato de as indústrias consumidoras de produtos florestais aumentarem suas produções sem a contrapartida do plantio. No entanto, mudanças significativas na conduta desse mercado começam a ser observadas, uma vez que o grande aumento na demanda por madeira, sem o correspondente aumento na oferta, tem provocado elevações nos seus preços (VALVERDE, et. al, 2004).
O mesmo autor observou que as grandes empresas florestais não conseguem mais controlar totalmente os preços da madeira em seu mercado de atuação, pois com o aumento na sua produção industrial, sem o acompanhamento dos plantios, tornaram-se mais dependentes da matéria-prima ofertada no mercado.
Segundo Soares (2010), o aumento da demanda por madeira, devido ao crescimento da produção e das exportações da indústria brasileira que têm como base a madeira de reflorestamento, não tem sido acompanhado pelo aumento no cultivo desse produto numa mesma proporção nos últimos anos.
A redução dos preços do eucalipto entre janeiro de 2009 e dezembro de 2012 pode ter sido devido à crise econômica de 2008 e 2009, em que a produção e as exportações nacionais da indústria que utiliza a madeira de eucalipto reduziram consideravelmente, ocasionando redução no uso dessa matéria-prima (ROCHA; SANTOS; SOARES, 2015).
Segundo CARMO et. al. (2008), qualquer atividade que empregue a madeira como matéria-prima é de fundamental que se faça um planejamento florestal minucioso de todas as atividades envolvidas no processo de produção para que resulte em menor custo de risco, minimização dos custos operacionais, melhoria da produtividade de trabalho, racionalização do fluxo de produção e aumento de rentabilidade.
3.1 Base de dados secundários
O estudo foi realizado com base na série histórica dos preços nominais mensais de madeira serrada de eucalipto no estado de São Paulo (Figura 1), sendo, o banco de dados utilizado para a elaboração dos indicadores econômicos o Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, entre o intervalo de julho de 2011 a junho de 2017, totalizando em 72 (setenta e dois) meses.
3.2 Preço nominal e real
Por ser um índice que reflete preços ao consumidor final, preços no interior das cadeias produtivas e canais de comercialização, utilizou-se para o deflacionamento dos preços nominais (Equação 1), a fim de se obter os preços reais praticados no Estado de São Paulo, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna – (IGP-DI), calculado pela Fundação Getúlio Vargas, tendo como base o mês de junho de 2011. Os dados médios mensais dos preços de madeira serrada foram processados por meio de planilhas eletrônicas do software Excel 2013®.
3.3 Tendência
Para os dados inicialmente foram realizado a tendência determinística dos preços da madeira serrada pelo método de regressão, onde este método demostra as mudanças que ocorrem na série histórica ajustado t (preço da madeira serrada) em função do tempo (t) .
3.4 Sazonalidade
Para análise da sazonalidade realizou-se o método de médias móveis (MM), a qual foi calculada no intervalo de 12 meses, representada pela equação 3, onde a mesma comparar as séries temporais com a média das observações e o número determinado de observações anteriores e posteriores.
Os índices de irregularidades estimam o grau de dispersão, onde são obtidos, através do cálculo do desvio padrão dos valores dos índices sazonais em torno de sua média, Sendo o Somatório do desvio padrão com o IS médio para obter IIS (Índice de Irregularidade Superior); Subtração do desvio padrão do IS médio para obter o III (Índice de Irregularidade Inferior), onde o índice de irregularidade é causado por fatores exógenos como os fatores aleatórios.
4. RESULTADOS E DISCURSÕES
4.1 Preços deflacionados
Os valores da evolução dos preços reais pago pela madeira serrada no estado de São Paulo estão dispostos na figura 01, no período de 2011 a 2017, onde por meio dessa série histórica serão demostrados os preços nominais e reais.
O resultado comparativo na figura 01, mostra que os preços reais apesar de apresentar movimentos altos e baixos tiveram reduções constantes, enquanto que os preços nominais com a inserção da inflação mostram ao longo prazo uma estabilidade, com alguns momentos de queda e alta, mas no final da série o preço apresenta um valor muito próximo do valor inicial. Logo, analisando a série histórica do preço real do eucalipto, sem inflação, percebemos que o valor do produto diminuiu.
Portanto, apesar do preço nominal ter aumentado de R$ 117,79 para R$ 123,75 no final da série histórica, percebe-se que o preço real na base 07/2011 da madeira do eucalipto tem caído de R$ 117,79 para R$ 88,54 no final da série. Desta forma as oscilações nos preços podem ser decorrentes do crescimento da oferta deste produto nos mercados regionais, a qual evoluiu mais rápido do que a demanda, sendo que a sua inserção em novos mercados consumidores como construção civil, não tiveram resultados satisfatórios ao ponto de fazer com que os preços aumentassem de forma significativa.
4.2 Tendência
A tendência da redução dos preços da madeira serrada (Figura 02) deve-se ao crescimento da oferta, em função de ser um produto substituído por madeira nativa, sendo a região norte atualmente a grande fornecedora (SFB & IMAZON, 2010), Devido a sua alta densidade, melhores características físicas e químicas as madeiras nativas absorvem grande parte do mercado consumidor de madeira serrada, fator resultante dos requisitos custos, benefícios e durabilidade que as espécies proporcionam.
Outra variável que reflete nas oscilações dos preços e em sua relativa redução de tendência no mercado florestal de São Paulo são as variações de consumo da matéria-prima (madeira serrada), onde o mercado consumidor de painéis, material altamente revestido de acabamentos e boa resistência, no Estado substituem o consumo de madeira serrada.
4.3 Sazonalidade
O índice estacional mínimo da madeira serrada foi verificado no mês de setembro (96,25%), enquanto o índice estacional máximo ocorreu no mês de abril (111,76%), com uma amplitude de variação de 15,51%. Este valor demostra-se com grande variabilidade entre os períodos de comercialização e estocagem, proporcionando assim em incertezas para a comercialização do produto ao longo do ano.
Por ser um indicador capaz de mensurar a oscilação média dos preços ao longo do ano, o índice de sazonalidade analisa o melhor período de armazenamento e melhor época comercial do produto. Com base na figura 03, o índice de sazonalidade apresenta-se com movimentos altos para os meses de março a maio, contudo há uma queda significativa no mês de setembro, cerca de 3,75% comparado a média anual.
Desta forma, a melhor época para armazenagem de produto é nos meses de menor preço, equivalente a setembro e outubro. Sendo o período mais intenso para a comercialização de madeira serrada de eucalipto entre os meses de março e maio.
Por nortearem informações que servem para planejamento produtivo e tomadas de decisões no âmbito florestal, as análises econômicas como sazonalidade e índice de preços são de grande importância, devido determinar políticas de estoques e comercialização do produto.
De forma geral ficou bem evidente, mas especificamente nos anos de 2015 e 2016, o Brasil sentiu negativamente com uma das crises econômicas mais fortes de sua história. Afetando todos os setores e claro com setor madeireiro não é diferente, em 2017 ocorreu uma retomada econômica, mesmo que ainda lenta começando a perder força e, agregada à favorável situação da economia norte-americana, a indústria madeireira brasileira se recuperou de forma satisfatória.
Apesar dos preços reais da madeira estarem tendenciando a redução com valor para série final de R$ 77,40 e série inicial de R$ 117,79, a economia brasileira está retomando seu desenvolvimento, gerando um aumento na produção industrial da madeira, proporcionando desta forma, com que a demanda acompanhe a oferta de forma a estabilizar os preços da madeira. O padrão sazonal dos preços da madeira serrada apresentou elevada amplitude de variação, sendo abril o mês de maior valor para a comercialização desse produto.
Com isso a recuperação da economia é um fato com novas oportunidades estão na pauta do setor madeireiro em 2018, sendo motivos de diversos investimentos internos e externos.
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