Maria Larissa Moreira MARTINS*
Silvio Akira HIRASSAKA**
Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), Brasil
prof.silvioakira@gmail.com
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Resumo: A gestão financeira deve promover relatórios concisos para que os seus usuários internos e externos possam avaliar o desempenho financeiro das organizações empresariais. Objetivou-se neste trabalho efetuar a análise do desempenho financeiro da empresa Kroton Educacional S/A por intermédio da análise de suas demonstrações financeiras dos anos de 2015 a 2017, utilizando o método de análise por indicadores econômicos e financeiros, para compreensão do tema foi elaborado pesquisa através de abordagem qualitativa, exploratória, bibliográfica, documental, descritiva com estudo de caso, que demonstrou como a Kroton Educacional S/A adotou medidas de gestão administrativas para se consolidar no mercado educacional.
Palavras-chave: demonstrações financeiras; análise das demonstrações financeiras; indicadores econômicos e financeiros.
Abstract: Financial management should promote concise reports so that its internal and external users can assess the financial performance of business organizations. The objective of this work was to analyze the financial performance of the company Kroton Educacional S / A through the analysis of its financial statements for the years 2015 to 2017, using the economic and financial indicators analysis method. research through a qualitative, exploratory, bibliographic, documentary, descriptive study with a case study that demonstrated how Kroton Educacional S / A adopted administrative management measures to consolidate itself in the educational market.
Palavras-chave: financial statements; analysis of financial statements; economic and financial indicators.
Para citar este artículo puede uitlizar el siguiente formato:
Maria Larissa Moreira MARTINS y Silvio Akira HIRASSAKA (2018): "Análise das demonstrações financeiras: estudo de caso da Kroton educacional s/a do período de 2015 a 2017", Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, (agosto 2018). En línea:
https://www.eumed.net/rev/oel/2018/08/analise-demonstracoes-financeiras.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/oel1808analise-demonstracoes-financeiras
Introdução
O cenário econômico atual tem se mostrado de certa maneira agressivo e impiedoso para as empresas cuja suas estratégias não sejam devidamente estruturadas em fundamentos consistentes, tragando gestores e até mesmo empresas de forma a abrirem falência.
Para que a gestão financeira possa ser eficiente e eficaz tanto na elaboração do planejamento financeiro como no controle financeiro, constantemente a empresa deve medir os efeitos de suas operações sobre suas condições financeiras, avaliando se seus ativos estão sendo administrados de forma adequada, do ponto de vista de liquidez, rentabilidade e eficiência operacional, assevera Chiavenato (2014).
A gestão financeira deve oferecer demonstrações financeiras que permitam a análise interna, no sentido de se obter informações relevantes sobre suas próprias atividades e proporcionar bases sólidas para as decisões empresariais. A análise externa que conforme Stickney e Weil (2009) consiste na elaboração das demonstrações financeiras para usuários externos como financiadores (como bancos e instituições financeiras que fornecem recursos financeiros através de empréstimos ou financiamentos), investidores (pessoas físicas ou jurídicas que pretendem adquirir ações da empresa) e concorrentes (que desejam comparar sua atuação com a empresa), tais demonstrações devem apresentar informações importantes sobre as atividades da empresa, e entendê-las requer compreensão das atividades empresariais que elas retratam.
As demonstrações financeiras proporcionam uma medida relativa do desempenho financeiro da empresa, e permite a comparação com exercícios anteriores e outras empresas do mesmo ramo. Entretanto para que as demonstrações financeiras sejam utilizadas em sua plenitude, elas devem ser analisadas através de meios e métricas, tendo como finalidade proporcionar uma visão comparativa da situação financeira da empresa e de seu desempenho, bem como os resultados por ela proporcionados, assevera Chiavenato (2014).
O objetivo deste artigo consiste em se aprofundar na ciência da análise das demonstrações financeiras, de forma a tornar as decisões tomadas pelos gestores mais fundamentadas com a realidade financeira e econômica das instituições, aplicando os meios e métricas de análise nas demonstrações da empresa Kroton Educacional S/A no período de 2015 a 2017, afim de demonstrar o seu desempenho ao longo deste período.
Demonstrações Financeiras
O trabalho do profissional de contabilidade inicia-se com a interpretação e escrituração dos fatos econômicos, seguido da posição econômica, financeira e patrimonial da empresa, através da elaboração das demonstrações financeiras, afirma Silva (2017).
Conforme CPC 26 as demonstrações financeiras configuram-se por uma representação estruturada da posição patrimonial, financeira e do desempenho da entidade, objetivando proporcionar informações que sejam uteis a um grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas. As demonstrações também visam apresentar os resultados da administração, em face de seus deveres e responsabilidades na gestão dos recursos que lhes foram confiados.
Conforme Neto (2015) a empresa independente de seu porte ou natureza deverá manter escrituração contábil, afim de controlar seu patrimônio e gerenciar adequadamente seu negócio, entretanto para as sociedades anônimas (S/A) a escrituração não deverá ocorrer apenas para fins de gestão, pois a Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/76, de 15/12/76) estabelece que, ao final de cada exercício social, a diretoria fará elaborar e publicar, de forma comparativa ao exercício anterior, as seguintes demonstrações:
Pode-se ilustrar as principais demonstrações financeiras por meio de engrenagens interconectadas, o balanço patrimonial indica os resultados de investimento e financiamento em um determinado momento no tempo, a demonstração do resultado do exercício evidencia o sucesso de uma empresa na utilização de seus ativos para a geração de lucro durante um determinado período, conforme Sticney e Weil (2009).
Entende-se que as demonstrações financeiras procuram medir o sucesso das atividades de uma empresa, proporcionando informações sobre:
Balanço Patrimonial
O balanço patrimonial pode ser definido como uma descrição de forma resumida da posição financeira da organização em uma determinada data. Pode-se interpreta-lo como de um lado os ativos adquiridos, e do outro como esses ativos foram financiados, através de dívidas de médio ou longo prazo, ou através de aporte de capital efetuado pelos proprietários. O balanço é divido em três grandes tópicos, ativo, passivo e patrimônio líquido, a legislação brasileira exige que o ativo e o passivo possuam duas subdivisões: circulante e não circulante, afirma Neto e Lima (2014).
Ativo circulante: A caracterização do ativo circulante consiste na liquidez das contas, ou seja, a sua realização ocorre em até um ano e engloba as disponibilidades, créditos, estoques e despesas antecipadas realizáveis no exercício social subsequente, serão considerados os que possuem liquidez de até um ano.
Ativo não circulante: podem ser classificados como ativos de investimentos, quando são destinados a produzirem benefícios a investidora; imobilizados, que consistem em bens de longa duração que não se destinam a venda e nem as atividades operacionais da empresa; e os ativos intangíveis, que são bens incorpóreos, tais como marcas, patentes e direitos autorais.
Ativo realizável a longo prazo: está inserido no ativo não circulante e caracteriza-se por todas as contas dos ativos que se realizarão ou serão recebidos após um ano. Deve-se considerar a data de encerramento do balanço patrimonial como referência para caracterização do ativo como circulante ou realizável a longo prazo.
Passivos: o passivo tanto circulante como não circulante são compostos basicamente das mesmas contas, diferenciando apenas o prazo de pagamento, ou seja, o passivo circulante é composto pelas contas que possuem vencimento e serão pagas em um prazo de um ano, e as que serão pagas após esse prazo são consideradas pertencentes ao passivo não circulante.
Patrimônio Líquido: é composto pelos recursos próprios da empresa, entretanto deve ser visto como uma obrigação que a empresa possui com os seus acionistas ou proprietários, pode ser divido em cinco subgrupos sendo eles: capital social, reservas de capital, reservas de reavaliação, reservas de lucro e lucros ou prejuízos acumulados.
O balanço patrimonial é um dos relatórios contábeis mais importantes para análise da empresa, isto porque demonstra sua situação patrimonial, através dele é possível analisar a liquidez, endividamento e rentabilidade, uma vez que são demonstrados todos os direitos e obrigações da empresa.
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)
A Demonstração do Resultado do Exercício possui a finalidade de apurar o lucro ou prejuízo, na DRE são englobadas as receitas, despesas, ganhos e perdas do período e são apurados pelo regime de competência, ou seja, são registrados independentes de seus pagamentos e recebimentos, afirma Neto e Lima (2014).
Trata-se de um relatório de suma importância para a organização, pois demonstra a sua situação econômica e o resultado obtido no período. Pode ser estruturado seguindo algumas contas principais:
Receita Líquida: consiste na receita efetiva da empresa gerada através da venda de seus produtos e ou serviços, todos os impostos incidentes sobre venda são excluídos para se chegar à receita líquida, são excluídos também os descontos comerciais e os abatimentos incondicionais.
Custo dos produtos e serviços vendidos: são considerados os custos para elaboração e/ou aquisição do produto e/ou serviço, incluindo os seus custos com estocagem.
Lucro Bruto: consiste na diferença entre a receita líquida e o custo dos produtos e serviços vendidos.
Despesas operacionais: são todos os esforços utilizados para a manutenção da atividade operacional da empresa.
Despesas de vendas: são todos os esforços utilizados para a venda dos produtos e serviços da empresa.
Despesas administrativas: são todos os esforços utilizados nas atividades não relacionadas a atividade operacional da empresa.
Lucro Operacional: evidencia o resultado operacional da empresa, pois é obtido através da diferença entre o lucro bruto e as despesas operacionais.
Despesas Financeiras: trata-se das remunerações aos capitais de terceiros, tais como juros e multa, descontos concedidos e comissões bancárias.
Receitas Financeiras: referem-se aos ganhos obtidos de juros nas aplicações financeiras, juros recebidos e descontos obtidos.
Lucro Líquido: é resultante da operação de diminuição do lucro após o Imposto de Renda, da redução em virtude ao pagamento aos debenturistas, e em alguns casos ao pagamento aos detentores de partes beneficiárias. Após essas deduções temos o resultado, que poderá ser positivo e auferir lucro, ou negativo e atribuir prejuízo a organização.
Análise das Demonstrações Financeiras através de indicadores econômicos e Financeiros
As demonstrações financeiras apresentam as informações financeiras e econômicas das organizações em um determinado período. Para uma melhor análise e compreensão desses dados, a análise pode ser realizada através de indicadores que fornecem uma visão mais ampla da situação financeira, patrimonial e econômica da empresa.
Conforme Marion (2013) a análise consiste em utilizar as demonstrações financeiras para verificar a performance da entidade. Nas empresas em geral, os maiores interessados nas demonstrações financeiras são os agentes internos (sócios, acionistas, administradores) e os agentes externos (bancos, investidores, etc.).
Percebe-se que as análises das demonstrações financeiras são essenciais para a tomada de decisões. Os agentes internos as utilizam para a tomada de decisões de investimentos e decisões operacionais da empresa, e para os agentes externos, para análise de risco de investimento e concessão de empréstimos e outras operações financeiras.
Consoante Silva (2017) é necessário que se faça apuração de indicadores que forneçam uma visão mais ampla da situação econômica, financeira e patrimonial da empresa. As análises deverão ainda ser realizadas por uma série histórica, apurados através da relação entre contas ou grupos de contas que integram as demonstrações contábeis.
Índices de Liquidez
O objetivo do estudo da liquidez é avaliar a solvência da organização, Silva (2017) ressalta a importância da análise da liquidez seja efetuada de forma comparativa aos períodos anteriores e aos seus principais concorrentes, sendo possível avaliar a capacidade de a empresa contrair novas obrigações. A capacidade de pagamento pode ser avaliada considerando longo prazo (liquidez geral), curto prazo (liquidez corrente), prazo imediato (liquidez imediata). Abaixo são discriminados os principais índices de liquidez:
Liquidez Geral: demonstra a solvência da empresa a um longo prazo, pois considera tudo o que empresa possui de rápida conversa em dinheiro, ou seja, caixa e equivalente de caixa e todas as obrigações a curto e longo prazo.
Liquidez Corrente: demonstra o quanto que a empresa possui em ativos de rápida liquidez, comparando com as suas obrigações no mesmo período.
Liquidez Imediata: indica a capacidade que a empresa possui para liquidação imediata das suas obrigações de curto prazo. Entretanto Silva (2017) observa que para um melhor entendimento deste item, é interesse que realize a sua análise em conjunto com o fluxo de caixa mensal da empresa, para que não haja situações anormais que tenham ocorrido na véspera do fechamento do balanço.
Índices de Endividamento
Os índices de endividamento estão diretamente ligados a composição dos capitais da empresa, sendo eles próprio e de terceiros. Os índices também estão relacionados as tomadas de decisão de financiamento e investimento, demonstrando as principais linhas de decisões financeiras que foram adotadas pela empresa no que tange a obtenção e aplicação dos recursos, consoante Silva (2017).
Grau de Endividamento: o conceito principal para análise deste índice é verificar a capacidade de empresa garantir todas as suas dívidas com os seus próprios recursos.
Composição do Endividamento: por meio da composição do endividamento é possível mensurar o volume de dívidas da empresa com vencimento no curto prazo em relação à dívida total.
Imobilização do Patrimônio Líquido: de acordo com Silva (2017) este índice demonstra o quanto de capital próprio a empresa está investindo em ativos permanentes. Entende-se que quanto mais a empresa comprometer os seus recursos próprios com ativos fixos, maiores serão os seus custos fixos e consequentemente maior será a sua dependência de capital de terceiros para investimento no ativo circulante.
Índices de Rentabilidade
Os índices de rentabilidade, podem ser considerados a parte mais importante no processo de análise, pois são capazes de demonstrar o retorno do capital investido e os fatores que geraram a essa rentabilidade, afirma Padoveze e Benedicto (2013).
Para Silva (2017) através da análise de rentabilidade é possível obter o desempenho global da entidade, pois busca identificar o retorno sobre o investimento total, sobre as vendas e o retorno sobre o capital próprio.
Entende-se que os índices de rentabilidade são relevantes no processo de análise, pois demonstram a produtividade e a lucratividade da empresa, os principais índices de rentabilidade são:
Giro do ativo: este índice é conhecido também como “produtividade”, quanto mais o Ativo gerar em vendas reais, mais eficiente a gerência está sendo na administração dos investimentos. A ideia é produzir mais, vender mais, numa proporção maior que os investimentos no ativo.
Margem líquida: indica a representatividade do lucro disponível em relação às vendas líquidas, é responsável por medir a lucratividade da empresa. Conforme Silva (2017) não existe um percentual ideal, o mesmo deve ser comparado com os anos anteriores, bem como com os de outras empresas do mesmo segmento.
Rentabilidade do ativo: é um índice muito útil para acompanhamento da evolução ao longo do tempo da empresa. A porcentagem resultante mostra a eficiência da aplicação dos ativos e quanto lucro eles estão gerando. Silva (2017) ressalta que o índice de rentabilidade do ativo é responsável por medir a eficiência da alta direção da empresa na geração de lucros com seus investimentos totais.
Rentabilidade do patrimônio líquido: representa o retorno que os acionistas e proprietários estão recebendo pelos seus investimentos na empresa.
Resultados e Discussões
Na sequência, apresentam-se os resultados adquiridos através das análises do Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado da empresa Kroton Educacional S/A, compreendendo os períodos de 2015 a 2017.
As análises foram realizadas através dos indicadores de liquidez, endividamento e rentabilidade apresentados no referencial teórico e as fórmulas podem ser observadas no apêndice do presente trabalho.
Com base nos dados demonstrados na tabela 1, observar-se que a liquidez geral da empresa, ou seja, a sua capacidade de pagamento a longo prazo, cresceu 115,42% durante os anos de 2015 a 2017. Em 2015 para cada R$ 1,00 de dívida a empresa possuía R$ 0,73 de ativos, isso demonstra que os seus direitos a curto e longo prazo não seriam suficientes para a quitação de seus débitos do mesmo período. Entretanto observa-se uma melhora neste quadro nos anos subsequentes, e a empresa passa a possuir R$ 1,22 e R$ 1,57 para cada R$ 1,00 de dívida, desta forma possuindo uma maior capacidade de pagamento a longo prazo.
Nos indicadores de liquidez corrente, que evidenciam a capacidade de a empresa quitar os seus débitos a curto prazo através de seus bens e direitos no mesmo período, observa-se um crescimento de 87,87% ao longo do período estudado. Em 2015 para cada R$ 1,00 de dívida a curto prazo a empresa possuía R$ 1,40 de bens e direitos, em 2016 este valor subiu para R$ 2,12, e em 2017 a empresa possuía R$ 2,63 em ativos para cada R$ 1,00 de dívidas.
O índice de liquidez de imediata, mede a capacidade de pagamento das dívidas a curto prazo através das disponibilidades em caixa da empresa. Para cada R$ 1,00 de dívidas a curto prazo a empresa conseguiria pagar de forma imediata apenas R$ 0,34 em 2015, R$ 0,76 em 2016 e R$ 0,68 em 2017. Entretanto, isto não demonstra necessariamente que a empresa não possui condições de quitar seus débitos, pois foram considerados apenas os montantes de Caixa e Equivalente de Caixa, e geralmente as empresas são habituadas a manterem menos dinheiro em banco, e em contrapartida as dívidas podem ter vencimento para 360 dias. Outro ponto a ser observado, consiste em que os saldos destas contas no Balanço Patrimonial em determinado momento não representa necessariamente a média dos saldos, este índice deve ser analisado juntamente com o fluxo de caixa.
Diante das análises dos índices apresentados, pode-se avaliar que a empresa possui uma boa solvência a curto e longo prazo, e que a gestão da companhia obteve bons resultados ao longo do período estudado, pois seus índices foram crescentes.
Com base nos dados apresentados na tabela 2, observa-se que o grau de endividamento da empresa teve uma queda de 32,17% durante o período estudado. Em 2015 o capital de terceiros representava 33,54% do capital próprio da empresa, em 2016 esse índice era de 27,09%, e em 2017 de 22,75%. Ao analisar os índices juntamente com o balanço patrimonial, verifica-se que esse bom desempenho se deve a redução do passivo não circulante, principalmente nas contas de empréstimos e financiamentos, e contas a pagar – aquisições, e também ao aumento do patrimônio líquido, em evidência a conta de reserva de lucros, que evidencia a boa gestão da companhia neste período, onde conseguiu reduzir as suas dívidas a longo prazo e obtenção de lucro.
A composição do endividamento da empresa demonstra que ao longo do período houve uma elevação em seus índices. Em 2015 as dívidas de curto prazo correspondiam a 28,08% do passivo total da empresa, em 2016 essa participação foi de 33,20% e 2017 foi para 38,89%. Demonstrando que nesse período a empresa aumentou as suas obrigações a curto prazo, tais como fornecedores, debêntures, dividendos a pagar e contas a pagar – aquisições, e em contrapartida obteve uma redução em suas obrigações a longo prazo, como visto no índice de grau de endividamento.
O grau de imobilização do patrimônio líquido manteve-se baixo e obteve um leve declínio ao longo dos anos de 2015 a 2017, ou seja, o patrimônio líquido está pouco comprometido com investimento em ativos permanentes da empresa, demonstrando que para capital giro a companhia não depende de capital de terceiros, pois possui um alto volume de capital circulante próprio.
Observa-se nos dados apresentados na tabela 3 que o giro do ativo da empresa manteve-se ao longo do período. Em 2015, para cada R$ 1,00 de investimento a empresa vendeu R$ 0,32, e nos anos de 2016 e 2017 o valor manteve-se em R$ 0,30. Entretanto observa-se o ativo intangível da empresa corresponde acerca de 60% a 70% do seu ativo total, e não necessariamente o seu ativo intangível está relacionado com sua produção e venda, o que pode representar distorções nos indicadores.
A margem líquida obteve uma elevação em seus percentuais de 27,72%. No ano de 2015 a Kroton possuía um índice de lucratividade de 26,52%, ou seja, para cada R$ 100,00 de vendas líquidas a empresa obteve R$ 26,52 de lucro, em 2016 esse índice foi de 35,55%, e em 2017 a lucratividade foi de 33,87%. O crescimento deste índice demonstra a eficiência na gestão dos recursos, evidência a política da companhia em aumento de receita e continua redução de custos.
A rentabilidade do ativo da Kroton Educacional durante o período de 2015 a 2017 obteve um crescimento de 20,17%. Em 2015 este índice foi de 8,39%, ou seja, para cada R$ 100,00 de investimentos totais, a empresa obteve R$ 8,39 de lucro, em 2016 este índice foi de 10,59%, e em 2017 não houve alteração significativa, sendo o índice de 10,08%.
A rentabilidade do patrimônio líquido obtido pela Kroton durante o período estudado sofreu pequenas flutuações. Em 2015 este índice foi de 11,21%, ou seja, para cada R$ 100,00 de capital próprio houve um lucro de R$ 11,21, em 2016 este índice foi de 13,46% e em 2017 de 12,38%.
Considerações Finais
O presente trabalho propôs um estudo da empresa Kroton Educacional S/A, através de análise de suas principais demonstrações financeiras, com a finalidade de diagnosticar sua situação financeira, patrimonial e econômica nos períodos de 2015 a 2017.
Através deste estudo foi possível constatar que a empresa possui situação financeira favorável, pois através do cálculo dos índices de liquidez geral, liquidez corrente e liquidez imediata, foi constatado que organização possui uma boa solvência a curto e longo prazo, os seus números foram crescentes ao longo do período, demonstrando uma boa gestão do caixa, através de políticas de aumento de receitas e redução de custos.
A boa gestão da companhia torna-se ainda mais evidente ao analisar os índices de endividamento. Embora as dívidas a curto prazo na composição do endividamento tenham aumentado consideravelmente, o seu grau de endividamento reduziu ao longo do período, e o seu patrimônio líquido manteve-se pouco comprometido com os ativos permanentes da organização, mantendo o alto seu capital circulante próprio.
A situação econômica da empresa pôde-se ser observada através dos índices de rentabilidade, que se mantiveram estáveis durante o período estudado, mesmo com um período de recessão no Brasil e as alterações no programa do FIES (Financiamento Estudantil) que culminou na queda do número de alunos aptos a ingressarem no programa. Em 2015 a Kroton Educacional criou o seu programa de financiamento o Parcelamento Estudantil Privado (PEP), e em 2016 o Parcelamento de Matrícula Tardia (PMT), e em 2017 a organização fechou a parceria com a BV Financeira para o programa de Financiamento Estudantil Privado (FEP), que deverá reduzir o percentual de inadimplência, uma vez que o risco será da BV Financeira, e corroborar para a manutenção da qualidade da gestão e consequentemente dos índices da companhia.
Diante do cenário político e econômico mundial, os gestores devem permanecer atentos as tantas mudanças e estarem envolvidos na implementação de estratégias que visem a manutenção e o crescimento da organização. E para uma gestão eficaz se faz necessário que os gestores possuam informações técnicas, a análise das demonstrações contábeis por meio de indicadores é uma das maneiras eficientes de se medir o desempenho de uma organização, e os seus resultados foram evidenciados no presente estudo.
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*Discente da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC)