Observatorio Economía Latinoamericana. ISSN: 1696-8352


A PRODUÇÃO ARTESANAL COMO ALTERNATIVA DE TRABALHO E RENDA NO MUNICÍPIO DE PARINTINS, AMAZONAS

Autores e infomación del artículo

Marta Karoline Castro Lopes*

Universidade Federal do Amazonas – Brasil

marta.karoline2013@gmail.com

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Resumo
O presente trabalho visa mostrar a produção artesanal desenvolvida no município de Parintins-AM e como esta atividade tem sido fonte geração de trabalho e renda para os artesãos parintinenses. Podemos enfatizar que a produção artesanal está fortemente presente na vida do cidadão parintinense, pois é reconhecida como patrimônio cultural, vista como um dos principais meios de desenvolvimento econômico local, por encontrar na arte uma forma de se inserção no mercado de trabalho. Neste sentido é importante mencionar que o artesanato parintinense é resultado da herança deixada pelos povos indígenas que habitaram a cidade, influenciando nas formas dos objetos, na utilização de ferramentas peculiares e matérias-primas da região Amazônica, estando fortemente ligado ao Festival Folclórico, expressando suas raízes históricas, elementos culturais e identidade de um povo. É uma produção manual na qual o artesão manifesta seus saberes e sua criatividade espontânea. Assim, a proposta deste trabalho consiste em analisar o impacto da atividade artesanal desenvolvida no município de Parintins, como fonte de trabalho e renda, dando ênfase o trabalho, a criatividade, o talento, a cultura e a arte do artesão. Desta forma, ao compreender a potencialidade cultural e econômica do artesanato optou-se por realizar uma pesquisa com abordagem qualitativa, sendo utilizados os seguintes métodos: pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. E para subsidiar teoricamente este trabalho, buscou-se utilizar autores que abordam o tema em questão. Posteriormente serão apresentados os seguintes tópicos: conceitos e tipologias do artesanato, o artesanato na cultura brasileira, artesanato e geração de emprego e renda, o perfil dos artesãos e a importância do Festival Folclórico de Parintins na venda dos produtos artesanais. Para complementar esta pesquisa foram feitas entrevistas com os artesãos, sendo possível observar todo o processo de produção dos objetos artesanais até a sua comercialização. Este percurso metodológico foi traçado em função da possibilidade de investigação profunda do fenômeno a ser estudado e obter uma compreensão mais próxima da realidade social, objetivando obter dados e informações acerca desta atividade, bem como o perfil destes trabalhadores, a diversidade de produtos, as conquistas e os desafios encontrados, a melhoria das condições de vida dos artesãos, aspectos pelos quais estão diretamente relacionados com o Festival Folclórico dos bois-bumbás Garantido e Caprichoso, na venda e divulgação dos produtos. Neste âmbito torna-se pertinente destacar a Economia Criativa que abrange a vida comunitária, baseada nos saberes sociocultural e fazeres tradicionais, tornando-se uma cadeia produtiva voltada para a inclusão e sustentabilidade. Ela representa a riqueza e o potencial da cidade, onde há forte presença do mercado informal, exercendo o papel de promover desenvolvimento humano e econômico. Diante disso, concluiu-se que o artesanato feito pelo artesão parintinense possui referência cultural por introduzir elementos regionais, além de ser considerada uma importante fonte de trabalho e renda para o município, consiste numa atividade constituída de valor sociocultural e econômico, envolvendo matéria-prima, conhecimento, talento, técnicas e ferramentas peculiares. Mediante a dificuldade de entrar no mercado, o artesão parintinense conta com o seu talento e criatividade e trabalho manual para transformar o artesanato com alternativa de trabalho e renda, caracterizando assim a economia criativa.

Palavras-chave: Artesão - Trabalho - Renda - Artesanato - Cultura - Economia - Mercado - Festival Folclórico de Parintins.

Abstract

The present work aims to show the artisanal production developed in the municipality of Parintins-AM and how this activity has been a source of work and income for the artisans of Parintins. We can emphasize that artisanal production is strongly present in the life of the citizen of Parintins, since it is recognized as a cultural heritage, seen as one of the main means of local economic development, for finding in art a way of insertion in the labor market. In this sense, it is important to mention that the Parintinan handicraft is a result of the inheritance left by the indigenous people who inhabited the city, influencing the forms of the objects, the use of peculiar tools and raw materials of the Amazon region, being strongly linked to the Folkloric Festival, expressing its historical roots, cultural elements and identity of a people. It is a manual production in which the artisan manifests his knowledge and his spontaneous creativity. Thus, the purpose of this work is to analyze the impact of the artisan activity developed in the municipality of Parintins, as a source of work and income, emphasizing work, creativity, talent, culture and artisan art. In this way, when understanding the cultural and economic potential of the craft, a qualitative research was chosen, using the following methods: bibliographical research and field research. And to theoretically subsidize this work, we sought to use authors who approach the subject in question. Subsequently, the following topics will be presented: concepts and typologies of handicrafts, handicrafts in Brazilian culture, crafts and employment and income generation, the profile of craftsmen and the importance of the Parintins Folk Festival in the sale of handicraft products. To complement this research, interviews were made with the craftsmen, and it is possible to observe the entire production process of the artisanal objects until their commercialization. This methodological path was traced as a result of the possibility of deep investigation of the phenomenon to be studied and a closer understanding of the social reality, aiming to obtain data and information about this activity, as well as the profile of these workers, the diversity of products, the achievements and the challenges encountered, the improvement of the living conditions of artisans, aspects that are directly related to the Folk Festival of bois-bumbás Garantido and Caprichoso, in the sale and dissemination of the products. In this context, it is pertinent to highlight the Creative Economy that encompasses community life, based on socio-cultural knowledge and traditional practices, becoming a production chain focused on inclusion and sustainability. It represents the wealth and potential of the city, where there is a strong presence of the informal market, playing the role of promoting human and economic development. In view of this, it was concluded that the handicraft made by the craftsman of Parintinense has a cultural reference for introducing regional elements, besides being considered an important source of work and income for the municipality, it consists of an activity constituted of socio-cultural and economic value, involving raw material , knowledge, talent, techniques and peculiar tools. Due to the difficulty of entering the market, the craftsman from Parintin counts on his talent and creativity and manual work to transform crafts with an alternative work and income, characterizing the creative economy.

Keywords: Craftsman – Job – Income – Crafts – Culture – Economy – Marketplace - Festival Folclórico de Parintins.

Resumen

El presente trabajo pretende mostrar la producción artesanal desarrollada en el municipio de Parintins-AM y como esta actividad ha sido fuente generación de trabajo y renta para los artesanos parintinenses. Podemos enfatizar que la producción artesanal está fuertemente presente en la vida del ciudadano parintinense, pues es reconocida como patrimonio cultural, vista como uno de los principales medios de desarrollo económico local, por encontrar en el arte una forma de inserción en el mercado de trabajo. En este sentido es importante mencionar que la artesanía parintinense es resultado de la herencia dejada por los pueblos indígenas que habitaron la ciudad, influenciando en las formas de los objetos, en la utilización de herramientas peculiares y materias primas de la región Amazónica, estando fuertemente ligado al Festival Folclórico, expresando sus propias raíces históricas, elementos culturales e identidad de un pueblo. Es una producción manual en la que el artesano manifiesta sus saberes y su creatividad espontánea. Así, la propuesta de este trabajo consiste en analizar el impacto de la actividad artesanal desarrollada en el municipio de Parintins, como fuente de trabajo y renta, dando énfasis al trabajo, la creatividad, el talento, la cultura y el arte del artesano. De esta forma, al comprender la potencialidad cultural y económica de la artesanía se optó por realizar una investigación con abordaje cualitativo, siendo utilizados los siguientes métodos: investigación bibliográfica e investigación de campo. Y para subsidiar teóricamente este trabajo, se buscó utilizar autores que abordan el tema en cuestión. En el caso de los artesanales, la artesanía en la cultura brasileña, artesanía y generación de empleo y renta, el perfil de los artesanos y la importancia del Festival Folclórico de Parintins en la venta de los productos artesanales. Para complementar esta investigación se realizaron entrevistas con los artesanos, siendo posible observar todo el proceso de producción de los objetos artesanales hasta su comercialización. Este recorrido metodológico fue trazado en función de la posibilidad de investigación profunda del fenómeno a ser estudiado y obtener una comprensión más cercana a la realidad social, con el objetivo de obtener datos e informaciones acerca de esta actividad, así como el perfil de estos trabajadores, la diversidad de productos, las conquistas y los desafíos encontrados, la mejora de las condiciones de vida de los artesanos, aspectos por los cuales están directamente relacionados con el Festival Folclórico de los bueyes-bumbas Garantizado y Caprichoso, en la venta y divulgación de los productos. En este ámbito se hace pertinente destacar la Economía Creativa que abarca la vida comunitaria, basada en los saberes socioculturales y los hacer tradicionales, convirtiéndose en una cadena productiva orientada hacia la inclusión y la sostenibilidad. Representa la riqueza y el potencial de la ciudad, donde hay una fuerte presencia del mercado informal, ejerciendo el papel de promover el desarrollo humano y económico. En el caso de las artesanías, el artesano de los artesanos parintinenses tiene una referencia cultural por introducir elementos regionales, además de ser considerada una importante fuente de trabajo y renta para el municipio, consiste en una actividad constituida de valor sociocultural y económico, envolviendo materia prima , conocimiento, talento, técnicas y herramientas peculiares. Mediante la dificultad de entrar en el mercado, el artesano parintinense cuenta con su talento y creatividad y trabajo manual para transformar la artesanía con alternativa de trabajo y renta, caracterizando así la economía creativa.

Palabras clave: Artesano – Trabajo – Ingresos – Artesanías – Cultura – Economía –Mercado -Festival Folclórico de Parintins.

Para citar este artículo puede uitlizar el siguiente formato:

Marta Karoline Castro Lopes (2018): "A produção artesanal como alternativa de trabalho e renda no município de Parintins, Amazonas", Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, (junio 2018). En línea:
https://www.eumed.net/rev/oel/2018/06/producao-artesanal-amazonas.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/oel1806producao-artesanal-amazonas


1 INTRODUÇÃO

A produção artesanal no Brasil é desenvolvida por núcleos familiares artesanais, majoritariamente situadas em regiões mais pobres, e apresenta uma grande variedade de expressões e quantidade de matérias-primas disponíveis. Nos últimos anos, esta atividade tem apresentado um ritmo de expansão bastante acelerado, apresentando um grande potencial de crescimento, sendo considerada uma importante fonte geradora de emprego e renda no país.
Por isso, várias áreas do conhecimento, como Sociologia, História, Geografia e Economia tem feito estudos sobre o artesanato, com ênfase na preservação do patrimônio cultural e políticas públicas, por entender que esta atividade exerce grande influencia no devido a sua importância para o desenvolvimento da comunidade local.
Em Parintins, o artesanato parintinense provém de uma herança cultural, deixada pelos antigos povos indígenas que habitaram o município, o que influencia na diversidade de produções envolvendo penas, sementes e outras matérias-primas da região Amazônica, que por sua vez está diretamente relacionada com o Festival Folclórico de Parintins, uma das principais manifestações culturais do norte do país.
Diante deste contexto, a proposta deste trabalho é analisar o impacto da atividade artesanal desenvolvida no município de Parintins, como fonte de trabalho e renda aos artesãos parintinenses. Tem como objetivo de elucidar o trabalho, a criatividade, o talento, a cultura e a arte deste povo. Visa mostrar a diversidade dos produtos artesanais, mais especificamente da produção artesanal desenvolvida no município de Parintins-AM, abordando tópicos como: conceitos e tipologias do artesanato, o artesanato na cultura brasileira, artesanato e geração de emprego e renda, o perfil dos artesãos e a importância do Festival Folclórico dos Bois-bumbás na venda dos produtos artesanais. Salienta-se que serão destacados pontos como a forma com que são geridos os negócios, a divulgação do produto, a participação em feiras e eventos de artesanato, entre outros.
O artesão é um trabalhador com grandes habilidades manuais, como pôde ser observado durante a pesquisa. Seu trabalho pode ser inteiramente manual ou contar com o auxílio de instrumentos. Enquanto que, o artesanato pode ser definido como “um complexo de atividades de natureza manual, através das quais o homem manifesta a criatividade espontânea” (PEREIRA, 1979, p.21).
Grande parte das pessoas que desenvolvem essa atividade encontra no artesanato um meio de garantir a própria sobrevivência, entretanto, necessitam de um incentivo à produção artesanal e reconhecem que uma infraestrutura adequada presente no município de Parintins, seria essencial à multiplicação no que se refere esta arte, além disso, o expressivo potencial turístico oriundo do Festival Folclórico de Parintins proporciona um fluxo positivo no desenvolvimento da atividade, estimulando o encantamento produzido sobre aqueles que visitam a região.
Assim, este trabalho se justifica a partir da necessidade de mostrar que a produção artesanal constitui uma forma alternativa de incentivo às economias de base local, assegurando a preservação das expressões culturais, bem como a geração de emprego e renda para inúmeras famílias.
Neste percurso, o objeto de estudo adquire relevância pelas possibilidades de contribuir para o avanço das políticas de geração de renda, investimentos goveridntais em programas que incentivem cada vez mais a atividade artesanal, bem como, a divulgação dos incentivos existentes. Além disso, esse estudo torna-se relevante do ponto de vista acadêmico, pois o conhecimento produzido sobre as diferentes atividades desenvolvidas neste município tem características próprias, as quais devem ser compartilhadas, e assim, mostrar as conquistas e desafios da atividade artesanal enquanto geradora de trabalho e renda.
Para que a proposta deste estudo atingisse seu êxito, foi realizada uma abordagem qualitativa, onde foram utilizados as seguintes métodos: pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. Na pesquisa bibliográfica foram consultados artigos da internet, revistas, livros clássicos e contemporâneos, bem como periódicos especializados sobre o tema investigado. O trabalho de campo foi desenvolvido através da realização de pesquisa junto aos artesãos, onde foi possível realizar a observação direta, realizada por ocasião das visitas aos locais onde os grupos se reúnem para produzir e comercializar os seus produtos.

2 TIPOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DO ARTESANATO
O conceito de Artesanato, de acordo com o documento do Programa de Artesanato Brasileiro (2010), compreende toda a produção resultante da transformação de matérias-primas, com predominância manual, por indivíduo que detenha o domínio integral de uma ou mais técnicas, aliando criatividade, habilidade e valor cultural (possui valor simbólico e identidade cultural), podendo no processo de sua atividade ocorrer o auxílio limitado de máquinas, ferramentas, artefatos e utensílios.
Conforme o segmento da produção artesanal, a classificação do artesanato foi dada por gênero, utilizando como referência a matéria-prima predominante, bem como sua funcionalidade, segundo o PAB (BRASIL, 2010).

2.1 Tipologia do artesanato

2.1.1 Matéria-prima natural de origem animal, vegetal e mineral.

I – Areia Colorida – Técnica de composição de imagens com areia colorida em recipientes transparentes. Em geral são usados sedimentos com pigmento natural ou artificial.
II – Borracha – Esta tipologia abrange a produção artesanal que utiliza as borrachas naturais, que é o produto sólido obtido pela coagulação de látices de determinados vegetais, sendo o principal a Hevea Brasiliensis. A borracha é um produto natural procedente do látex, de acidez neutra, com grande elasticidade, inodoro e sem resíduo. Ela sofre uma série de preparos para adquirir os requisitos da elasticidade, dureza, resistência etc., o que fazem dela um dos produtos de consumo mais necessários no mundo moderno. No artesanato são considerados os objetos confeccionados a partir da utilização da borracha processada naturalmente.
III – Ceras, Massas, Gesso e Parafina – Nesta tipologia enquadram-se a confecção de objetos a partir de técnicas de modelagem de ceras, massas, gesso e parafina.
IV – Chifres e Ossos, Dentes e Cascos – Nesta tipologia são enquadrados os artefatos em que predomina a utilização de chifres, cascos, dentes e ossos como matérias- primas desde que não sejam de espécies constantes na lista oficial da fauna brasileira ameaçada de extinção, e dos anexos I e II do Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES) e órgão ambiental do Estado.
V – Conchas e Escamas de Peixes – Tipologia caracterizada pela utilização dos diversos tipos de conchas e escamas de peixes. São matérias-primas obtidas de animais aquáticos.
VI – Couro, Peles, Penas, Cascas de Ovos e Crina de Cavalo – Compreendem os artigos trabalhados com couro, que é a pele curtida de animais, peles, penas, cascas de ovos e crina de cavalo, utilizados como materiais para a confecção de diversos artefatos para o uso humano, destacando-se os objetos de uso pessoal, utilitários, artigos para decoração e instrumentos musicais. VII – FIBRAS VEGETAIS – Fibra é a denominação genérica de qualquer estrutura filamentosa, geralmente sob forma de feixe, encontrada nos tecidos animais e vegetais ou em algumas substâncias minerais. São matérias-primas moles e flexíveis e que, trançadas, possuem diversos usos, principalmente na manufatura de cestarias e móveis.
VIII – Fios e tecidos – Apesar dos fios e tecidos serem produzidos a partir de fibras têxteis, constituirão uma tipologia específica devido à diversidade de produtos confeccionados e técnicas que os utilizam como material básico.
IX – Madeira – Nesta tipologia serão considerados os produtos confeccionados com madeira e seus derivados (MDF, aglomerados e compensados), compreendendo desde móveis e utilitários produzidos na marcenaria, objetos e adornos feitos com madeiras torneadas e outros decorrentes das diversas técnicas existentes para processamento da mesma, excetuando-se os papéis artesanais que constituem uma tipologia específica.
X – Metais – Entre os metais mais utilizados na produção artesanal encontram-se chapas de ferro galvanizado, folhas de zinco, folha de flandres, alumínio, estanho, bronze, cobre e prata.
XI – Papel – Apesar de o papel ser um emaranhado de fibras vegetais, será considerado como tipologia específica, devido à multiplicidade do seu uso na produção artesanal.
XII – Pedras – Enquadra-se nesta tipologia todo objeto resultante de intervenções artesanais utilizando os mais diversos tipos de pedras existentes no Brasil.
XIII – Sementes, Casca, Raízes, Flores e Folhas Secas – Nesta tipologia serão considerados os produtos confeccionados com produtos florestais não-madeireiros: sementes, cascas, raízes, flores e folhas secas.
XIV – Vidro – O vidro é uma substância obtida através do resfriamento de uma massa líquida a base de sílica. Em sua forma pura, vidro é um óxido metálico super resfriado, transparente e de elevada dureza. Sua manipulação só é possível enquanto fundido (a 1550ºC), quente e maleável.

2.1.2 Matéria-Prima de Origem Processada – Artesanal, Industrial E Com Processos Mistos

I – Argila (barro) – Enquadram-se nesta tipologia toda espécie de objeto produzido com argilas, decorados ou não. A argila é caracterizada pela textura terrosa, de granulação fina e que adquire plasticidade quando umedecida com água, rigidez após secagem, e dureza após a queima em temperaturas elevadas (cerâmica). São formadas essencialmente por silicatos hidratados de alumínio, ferro e magnésio.
II –Fios e Tecidos;
III – Materiais Sintéticos – Sua origem é industrial e, geralmente são materiais de baixo preço, com larga distribuição em todo o território nacional, principalmente nos meios urbanos. As diferentes características dos materiais sintéticos são usadas para classificá-los: os deformáveis termicamente são chamados termoplásticos, os resistentes ao calor são chamados termofixos e os materiais elásticos são chamados elastômeros.

2.1.3 Produtos que exigem certificação de uso:

I – Alimentos e Bebidas – Esta tipologia compreende a produção de alimentos reconhecidos em seus Estados como típicos, produzidos em pequena escala, de forma artesanal, que utilizam matéria-prima regional e, preferencialmente, sem adição de essências e corantes artificiais.
II – Aromatizantes de Ambientes e Cosméticos – Trabalhos que envolvem a produção artesanal de aromatizantes (odorizantes) de ambientes e cosméticos, produzidos com essências aromáticas próprias para perfumar o corpo ou o ambiente. As essências são extraídas de flores, folhas, raízes, frutos obtendo-se variedades de fragrâncias e cores.
III – Brinquedos – Os produtos destinados ao público infantil devem observar a norma de certificação de brinquedos no Brasil, visto seu caráter compulsório (obrigatório), conforme norma brasileira NBR 11786 – Segurança do brinquedo, publicada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e regulamentada pela Portaria Inmetro nº. 177, de 30 de novembro de 1998. Portanto, os brinquedos e jogos educativos artesanais, para serem disponibilizados no mercado, devem obter a certificação.

2.2 DA CLASSIFICAÇÃO DO ARTESANATO

A classificação do produto artesanal está definida conforme a origem, natureza de criação e de produção do artesanato e expressa os valores decorrentes dos modos de produção, das peculiaridades de quem produz e do que o produto potencialmente representa. A classificação do artesanato também determina os valores históricos e culturais do artesanato no tempo e no espaço onde é produzido.
1º Artesanato Indígena – Resultado do trabalho produzido no seio de comunidades e etnias indígenas, onde se identifica o valor de uso, a relação social e cultural da comunidade. Os produtos, em sua maioria, são resultantes de trabalhos coletivos, incorporados ao cotidiano da vida tribal.
2º Artesanato de Reciclagem – É o resultado do trabalho produzido a partir da utilização de matéria-prima que é reutilizada. A produção do artesanato de reciclagem contribui para a diminuição da extração de recursos naturais, além de desenvolver a conscientização dos cidadãos a respeito do destino de materiais que se destinariam ao lixo.
3º Artesanato Tradicional – Conjunto de artefatos mais expressivos da cultura de um determinado grupo, representativo de suas tradições e incorporados à vida cotidiana, sendo parte integrante e indissociável dos seus usos e costumes. A produção, geralmente de origem familiar ou comunitária, possibilita e favorece a transferência de conhecimentos de técnicas, processos e desenhos originais. Sua importância e valor cultural decorrem do fato de preservar a memória cultural de uma comunidade, transmitida de geração em geração.
4º Artesanato de Referência Cultural – Sua principal característica é o resgate ou releitura de elementos culturais tradicionais da região onde é produzido. Os produtos, em geral, são resultantes de uma intervenção planejada com o objetivo de diversificar os produtos, dinamizar a produção, agregar valor e otimizar custos, preservando os traços culturais com o objetivo de adaptá-lo às exigências do mercado e necessidades do comprador. Os produtos são concebidos a partir de estudos de tendências e de demandas de mercado, revelando-se como um dos mais competitivos do artesanato brasileiro e favorecendo a ampliação da atividade.
5º Artesanato Contemporâneo-Conceitual – Objetos resultantes de um projeto deliberado de afirmação de um estilo de vida ou afinidade cultural. A inovação é o elemento principal que distingue este artesanato das demais classificações. Nesta classificação existe uma afirmação sobre estilos de vida e valores.
O uso do artesanato é definido a partir dos elementos distintivos que qualificam os produtos de acordo com seu uso e destino, podendo ser adornos e/ou acessórios adereços, para fins decorativos, educativos, lúdicos, religioso/místico, utilitário, profano e de lembranças.
Diante de todas as tipologias, classificações, funcionalidade expostas e a representatividade no município, será destacado no decorrer deste trabalho o artesanato de referência cultural, sendo utilizados diferentes tipos conforme a matéria-prima, e com funcionalidades que se divergem no uso, enquadra-se na tipologia fios, tecidos, sementes, madeira, entre outras.

3 O ARTESANATO NA CULTURA BRASILEIRA
Segundo Costa (2012) a própria história do homem, dá início à história do artesanato no mundo, pois para se produzir bens a serem utilizados no dia-a-dia do homem, foi necessária a expressão da capacidade criativa e produtiva como forma de trabalho. Os primeiros artesãos surgiram no período neolítico (6.000 a.C.) quando o homem aprendeu a polir a pedra, a fabricar a cerâmica e a tecer fibras animais e vegetais.
No Brasil, o artesanato também surgiu neste período. Os índios foram os mais antigos artesãos. Eles utilizavam a arte da pintura, usando pigmentos naturais, a cestaria e a cerâmica, sem esquecer a arte plumária como os cocares, tangas e outras peças de vestuário feitas com penas e plumas de aves. (PROGRAMA ARTE BRASIL s/d). Assim, conforme Tavares e Padilha (2016, p.06) “a história do artesanato se confunde com a história da própria humanidade, desde que o ser humano passou a criar e a desenvolver artefatos com as suas próprias mãos para garantir sua sobrevivência e bem-estar.”
Pode ser conceituada como uma atividade produtiva que resulte em objetos e artefatos acabados, feitos manualmente ou com a utilização de meios tradicionais ou rudimentares, que expressem habilidade, destreza, qualidade e criatividade (SEBRAE, 2004 apud TAVARES; PADINHA, 2016).
No Brasil, foi criado o Programa de Artesanato Brasileiro – PAB, que conceitua o artesanato como sendo o produto resultante da transformação da matéria-prima, com predominância manual, por um indivíduo que detém o domínio integral de uma ou mais técnicas previamente conceituadas, aliando criatividade, habilidade e valor cultural, com ou sem expectativa econômica, podendo, no processo, ocorrer o auxílio limitado de máquinas, ferramentas, artefatos e utensílios (BRASIL, 2010).
Tendo como objetivo coordenar e desenvolver ações em nível estadual, o PAB também visa a valorização do artesão, elevando seu nível cultural, profissional e socioeconômico e, ainda, promover e divulgar o artesanato brasileiro. Dentre as linhas prioritárias de atuação, destacam-se a geração de oportunidades de trabalho e renda, o aproveitamento das vocações regionais, o incentivo à preservação das culturas locais e a formação de uma mentalidade empreendedora por meio da preparação das organizações (gestão) e de seus artesãos para o mercado competitivo (aperfeiçoamento dos produtos artesanais). Este Programa vem implementando ações em parceria com as Coordenações Estaduais de Artesanato de 26 Estados e Distrito Federal.
De acordo com Catalão e Nogueira (2013) no Amazonas mais especificamente em Parintins, o artesanato passou a ser uma identidade da cultura local, recebendo forte influência na divulgação por meio do Festival Folclórico dos Bois-bumbás Garantido e Caprichoso. No entanto, devido o fortalecimento da arte no município e do alcance do festival a nível internacional na indústria cultural, na década de 90, o Festival de Parintins sentiu-se obrigado a profissionalizar-se, contratar profissionais com capacidade artística e mão-de-obra qualificada para apresentar o melhor para os turistas e trazer maiores investimentos de setores públicos e privados para a festa e para a cidade.
Parintins é um dos 62 municípios que compõem o Estado do Amazonas. O município, que possui uma população estimada em 112.7161 habitantes encontra-se no extremo Leste do Estado do Amazonas, distante a 369 km em linha reta da capital do estado, Manaus, e a 420 km por via fluvial.
A cidade de Parintins apresenta importância cultural e econômica para o estado do Amazonas por sua manifestação folclórica que se tornou atração com respectivo potencial turístico, que se destaca na cidade, alcançando visibilidade regional, chegando a outros países.
Diante disso, a produção artesanal gera objetos de representatividade cultural, pois segundo afirmam Garcia e Benatto, (2005 p. 04),

A cultura de um povo não se exprime apenas nos aspectos físicos como os museus, monumentos, arquitetura, etc. Ela está também nos saberes, nas músicas e danças típicas, no folclore, no artesanato, na gastronomia, nas línguas, lendas, festas, enfim, no saber fazer que se denomina Patrimônio Cultural Imaterial.

Tais aspectos podem ser facilmente identificados no município, pois a cidade é cercada de expressões da arte, desde os seus talentosos artesãos que com destreza e muita criatividade, transformam diversos tipos de matérias-primas em obras de artes, bem como, as pinturas, as danças típicas, as músicas que são conhecidas como toadas2 , por serem caraterísticas desse povo.

4 ARTESANATO E GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA
Conforme Sem (2000) a capacidade de uma pessoa podem ser privada pela falta de renda. Sabe-se que para investir num empreendimento comercial, é necessário capital, o que pode dificultar a vida de pessoas que carecem de recursos financeiros para isso. A renda de uma família precisa ser usada proporcionalmente no interesse de todos e, se possível, com a intenção de ampliá-la através do trabalho.
Lemos (2011), afirma que No Brasil, a rapidez das mudanças sociais, econômicas e políticas dos últimos anos tem alterado radicalmente o mercado de trabalho, com redução drástica de postos de trabalho nos diversos ramos da economia. Assim, o mercado de trabalho, apresenta nova dinâmica, caracterizada por declínio e precarização do emprego formal assalariado, expansão de emprego assalariado sem carteira assinada e dos empregos por “conta-própria”, além da introdução de novas formas e oportunidades de trabalho, no chamado setor informal da economia. Nesse momento o artesanato é considerado como uma dessas atividades alternativas de geração de trabalho e renda para aqueles que não conseguem se inserir no mercado formal de trabalho.
Esses múltiplos fatores, vinculados à realidade sócio-histórica e econômica do país, têm determinado que os efeitos das mudanças atuais ampliassem o fenômeno do desemprego e da pobreza no Brasil. Entre esses fatores poderíamos destacar a concentração de renda, a retração do emprego no serviço público e um crescimento da produção autônoma menor do que seria preciso para integrar nela os expulsos do setor estatal e capitalista.
Segundo Faria (1999) apud Lemos (2011) o desafio de gerar esse volume de empregos, numa situação em que a relação crescimento do produto/geração de emprego é cada vez mais desfavorável, consiste talvez no problema estratégico mais relevante do Brasil. Assim, o autor resume a atual conjuntura do país quanto a suas políticas de geração de emprego e renda.
Para tanto, tem-se aqui, o artesanato como uma alternativa de trabalho e renda no município de Parintins, em razão dessa dificuldade de entrar no mercado de trabalho atual, o artesão parintinense, conta com o talento, com o turismo, com o crescimento e investimento na economia criativa.
Reis (2008) define a economia criativa como uma economia que procura uma abordagem humanística, que considera as peculiaridades do local, as necessidades reais e as diferenças culturais, uma forma de conduzir a economia e a sociedade.
Segundo o mesmo autor, o artesanato na percepção econômica busca oportunizar ao artesão para gerar renda e movimentar a economia, pois oferece ao artesão e a comunidade, atividades que utilizem sua própria formação, cultura e raízes, visto o aumento do reconhecimento da criatividade e do talento humano, tornando-se um importante instrumento para fomentar ganhos de desenvolvimento, uma opção viável de crescimento que leva em conta a realidade e os limites da comunidade (REIS, 2008).
O tema Economia Criativa é novo, mas já não é um desconhecido no mercado, pois vem gerando impactos econômicos positivos ao país. E o artesanato possui elementos que caracterizam a atividade como pertencente a este ramo econômico.
Nesse sentido a economia criativa é uma possibilidade que pode contribuir substancialmente, usando o artesanato como a diferenciação necessária para colaborar no sentido de iniciar a mudança de paradigma social e econômico diretamente ligado com a satisfação das comunidades, grupos e indivíduos. Para Reis e Deheinzelin (2008), a economia criativa promove mais oportunidades de geração de trabalho e renda, dadas às suas características, o que consequentemente beneficia a inclusão e o a responsabilidade social. Ela favorece a diversidade cultural ao inserir o uso de conhecimentos e técnicas tradicionais numa perspectiva contemporânea.
Não se pode desconsiderar a geração de renda pela produção e comercialização dos produtos artesanais, pois como destaca Souza e Filho (2016), o artesanato, gera um círculo virtuoso de geração de renda, quando artesão compra no comércio local, algum material para a confecção de sua arte, esse recurso, é injetado na economia. Do mesmo modo, com a comercialização de seus produtos, além de promover  e divulgar a cultura por meio de seus produtos, o artesão registra uma entrada de recursos financeiros, que será posteriormente utilizada para aquisição de bens e serviços socioeconômicos em favor de seu bem-estar, contribuindo positivamente para o incremento da economia local.
Os elementos culturais artísticos, produzidos pelos artesãos parintinenses, seja no artesanato, na musicalidade, na dança, nas telas, nas indumentárias, nas alegorias traduzem a diversidade das manifestações artísticas e destacam o talento desse povo.

5 A IMPORTÂNCIA DO FESTIVAL FOLCLÓRICO DOS BOIS-BUMBÁS NA VENDA DOS PRODUTOS ARTESANAIS
O município de Parintins, distante a 420 quilômetros da capital do Estado do Amazonas, segundo o IBGE (2010), é reconhecido mundialmente pelos bois Garantido e Caprichoso. Influenciado pela cultura nordestina, o bumba-meu-boi veio nas bagagens e na saudade dos maranhenses para o Norte, principalmente em tempos do ciclo da borracha.
Catalão e Nogueira (2013) afirmam que a brincadeira que tomava as ruas de Parintins desde o início do século XX, com a encenação do auto do boi e muita rivalidade entre seus integrantes, foi transformada em 1965 no que hoje é conhecido como a segunda manifestação folclórica do mundo: o Festival Folclórico de Parintins.
O autor Angioli Ferreira (s/a), no artigo intitulado “O Magnífico Festival Folclórico de Parintins”, afirma que

 

em lugares pequenos como é a famosa Ilha de Parintins no interior do Amazonas, a sabedoria do povo se agiganta em meio a triste realidade em que se encontra; o poder criador do anônimo artista ganha traços de pura magia e por alguns momentos a majestosa natureza se rende aos Caprichos do homem, Garantindo assim uma bela cultura popular.
Pode-se retificar a afirmação dos autores, pois a mídia, os sites, revistas e outros meios de divulgação, mostram a grandiosidade dessa festa.  Devido a isso, o festival é consolidado como “produto cultural” a partir dos anos 90, por meio de grande apelo das massas, aumento do turismo, do incentivo de patrocinadores, ampla divulgação na mídia nacional e internacional, inclusive com transmissão ao vivo da disputa na arena do Bumbódromo (RODRIGUES, 2006 apud CATALÃO; NOGUEIRA, 2013).

O Festival de Parintins é reconhecido mundialmente pelo espetáculo que apresenta no último fim de semana do mês de junho; pela imponência e movimentos das alegorias que tomam conta da arena do Bumbódromo, levando o espectador a ter uma visão tridimensional do evento; e pela rivalidade entre os torcedores, marcada na divisão da cidade em azul e vermelho e até na adequação das logomarcas dos patrocinadores nas cores dos bumbás. Mas há controvérsia sobre a criação de Garantido e Caprichoso, pois há muita rivalidade entre suas torcidas e fraca documentação histórica sobre os mesmos. França (2014, p. 48), destaca que

o Festival Folclórico de Parintins altera a rotina do pacato município do Amazonas. Enquanto que fora do período do Festival, Parintins é um lugar calmo, que recebe alguns turistas; dentro do período do Festival a cidade se transforma e é comum dizer que ela gira em torno do evento.

Diante disso, é possível perceber a forte influência do Festival Folclórico e a rivalidade dos bumbás Garantido e Caprichosas materializadas em objetos com as cores azul e vermelho. Os produtos artesanais fazem referência ao evento, como uma identidade, representando a cultura, as cores dos bois, os personagens das histórias, conforme abaixo.

A fotografia acima foi disponibilizada por um dos artesãos entrevistados e destaca as sementes como material utilizado na produção. Como pode ser verificado há presença de traços socioculturais, transformando a matéria-prima local em objetos que expressam beleza e criatividade e que por sua agregam-se valor econômico.

As fotografias são de produtos confeccionados por alguns dos entrevistados, mostrando toda a criatividade e beleza, a diversidade de produtos e matérias-primas utilizadas, destacando que os produtos fazem referência a aspectos do Festival Folclórico de Parintins, considerando, ainda, o aumento no fluxo de vendas neste período e até mesmo no período que antecede o evento.
Como o Festival Folclórico recebe muitos turistas, a divulgação do trabalho através da criação de marca para o próprio artesão, estimula a exportação dos produtos, assim como, o uso das redes sociais.
O entrevistado Rafael Andrade (2018), afirma a importância do uso das redes sociais “utilizo bastante as redes sociais, são ferramentas importantes para a exportação dos meus produtos”.
Destaca-se que, a comercialização dos produtos é feita diretamente em ateliês, mídias sociais, participação em feiras e exposições culturais. Isso também contribui para o que artesão conheça os programas do governo, as políticas públicas e demais formas de organização e incentivo da economia neste ramo.
Quando perguntado a um dos entrevistados sobre como iniciou a atividade artesanal, o mesmo respondeu que “começou pela paixão que eu sinto pela cultura amazônica, em especial da minha cidade de Parintins. Onde desde novo fui no ramo da arte, fazendo cursos e aprendendo em casa com os meus tios a arte de esculpir e desenhar” (Entrevistado Lucas Bruce, 2018).
Percebeu-se durante a pesquisa de campo, a dificuldade em alguns tipos de matérias-primas no município, sendo necessária a compra em outras cidades, como a capital Manaus.
A entrevistada Inês Tavares, destaca “[…] o material que usamos, compramos de fora, principalmente as penas [...]”
Sandra Mendes, também artesã, destaca dois pontos importantes, a afirmação de carência de matéria-prima e, considerando essa dificuldade, o capital que entra das vendas é investido em material, numa quantidade adequada para que não falte. A artesã também destacou a importância do artesanato na sua vida, pois lhe permite reunir a família num momento de trabalho e diversão, fluindo melhor a vontade de tecer e alcançar a perfeição no que faz.
Muitos dos artesãos consideram a arte de criar, de produzir o artesanato como uma terapia, uma terapia de vida, onde é possível transformar isso no seu meio de sobrevivência, como afirmou Aldemira Oliveira, destacando também o interesse em criar os próprios modelos, diferentes dos demais trabalhadores do ramo.
A maioria dos artistas participa de feiras de exposição não só em Parintins, mas nas feiras e eventos promovidos na capital, o que contribui com a divulgação dos seus produtos, bem como, na venda destes.

7 RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Festival Folclórico de Parintins, uma das maiores manifestações culturais do país, de visibilidade internacional é criticado por muitos devido os altos investimentos para a realização do evento, por parte do Governo do Estado, principalmente, em razão da atual situação política e econômica. Entretanto, o que se pretendeu analisar neste estudo foi o desenvolvimento e o impacto da produção artesanal no município, bem como, os fatores que o determinam.
Desta forma, a pesquisa possibilitou estabelecer o entendimento quanto à influência exercida por esse megaevento no trabalho dos artesãos parintinenses, a identidade e o patrimônio cultural marcados nas peças produzidas pelas mãos desses artistas, sendo possível conhecer um pouco deste ofício, através das imagens e descrições inseridas no contexto.
Verificou-se que os objetos artesanais locais são ricos em criatividade, qualidade e beleza, possuem elementos baseados nas tradições, costumes, com um toque de inovação exigida pelos clientes. Por possuir referência cultural, incorporam-se nestes produtos elementos culturais tradicionais da região Amazônica.
Foi possível identificar que a produção artesanal é de fato uma fonte geradora de trabalho e renda no município, pois muitos artesãos adquiriram imóveis e garantem o sustento de suas famílias com a atividade e, por meio desta, é possível incrementar na economia do município, já que é necessário comprar matéria-prima de terceiros, atrai turistas e visitantes o ano inteiro e com mais intensidade no mês de junho, datas em que acontecem o Festival Folclórico.
Constatou-se também que a Economia Criativa está evidenciada na produção artesanal parintinense, pois exerce na sociedade um duplo papel: o social referente à inclusão, sustentabilidade, aliando elementos tradicionais ao contemporâneo; e o econômico que é gerar na comunidade trabalho, renda e consequentemente desenvolvimento local.
Neste sentido, este estudo buscou permitir ao leitor, conhecer as tipologias e classificações do artesanato, bem como do artesanato de referência cultural, o qual é o que mais se aproxima do artesanato produzido em Parintins. Permitiu também acompanhar um breve histórico do artesanato, desde as primeiras manifestações até os dias atuais.
Conclui-se que este trabalho não só valoriza o artesanato parintinense, mas como dá ênfase na visão dos artesãos diante da realidade, do trabalho que realizam, dos desafios encontrados, mas também do prazer que sentem ao fazer arte.

8 REFERÊNCIAS
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*Graduanda em Administração no Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (ICSEZ) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), E-mail: marta.karoline2013@gmail.com
1Segundo o último Censo Populacional realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, em 2010 o município de Parintins no estado do Amazonas, possuía uma população de 102.033 hab., contudo após 6 anos, o IBGE estima  um aumento de 9,477% na população parintinense, o que equivale a 10.683 habitantes. Informação disponível no sitio do referido instituto no endereço eletrônico <https://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=130340> acessado em 06/06/18.
2 Rubrica: música. Regionalismo: Pará (Parintins).No boi-bumbá, música cantada durante a apresentação dos bois. Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss de Língua Portuguesa 3.0.

Recibido: 24/06/2018 Aceptado: 28/06/2018 Publicado: Junio de 2018

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