DELOS: Desarrollo Local Sostenible
Vol 6, Nº 18 (Octubre 2013)


MUDANÇAS DE PARADIGMAS E AS POSSIBILIDADES DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA SOCIEDADE DE CONSUMO: ALGUMAS REFLEXÕES TEÓRICAS

 



Gracy Kelly Monteiro Dutra Teixeira (CV)
gracydutra@hotmail.com
Universidade do Estado do Amazonas


 



RESUMO
Pensar em sustentabilidade é pensar numa complexidade epistemológica que perpassa pelo ambiente biótico e abiótico, num prolongamento ou completude do ser com o seu entorno, isto é, numa interação que influi constantemente de um sobre o outro. Neste artigo de cunho teórico, o consumo torna-se elemento norteador da discussão sobre a efetividade da sustentabilidade ambiental na época contemporânea, além de conjecturar sobre as possibilidades de novas práticas a partir da internalização de um novo saber que poderia alterar a relação de distanciamento do ser humano com o outro, com as coisas e com o ambiente. Essa ruptura epistemológica e comportamental insere possibilidades de emancipação humana através da afirmação da ecologia dos saberes, na qual o ideal é o ser- mais e o ser-melhor.
Palavras – Chaves: Sustentabilidade Ambiental – Consumo – Globalização – Ruptura - Emancipação


ABSTRACT
Thinking about sustainability is a complex epistemological thinking that permeates the biotic and abiotic environment, an extension or completeness of being with your surroundings, ie, an interaction that constantly influences on one another. In this article theoretical consumption becomes a guiding discussion on the effectiveness of environmental sustainability in the contemporary era, and conjecture about the possibilities of new practices from the internalization of new knowledge that could alter the ratio of the distance human each other, things and the environment. This epistemological break and enters behavioral possibilities for human emancipation through assertion of the ecology of knowledge, in which the ideal is the be-be-more and better.
Key - Words: Environmental Sustainability - Consumption - Globalization - Break - Emancipation


RESUMEN
Pensando en la sostenibilidad es un pensamiento epistemológico complejo que impregna el ambiente biótico y abiótico, una extensión o integridad del ser con su entorno, es decir, una interacción que influye constantemente en sí. En este artículo consumo teórico se convierte en un debate guiado sobre la eficacia de la sostenibilidad ambiental en la época contemporánea, y conjeturas sobre las posibilidades de las nuevas prácticas de la internalización de los nuevos conocimientos que podrían alterar la relación de la distancia los demás humanos, las cosas y el medio ambiente. Esta ruptura epistemológica entra en las posibilidades de comportamiento para la emancipación humana a través de la afirmación de la ecología del conocimiento, en la que el ideal es el ser-ser-más y mejor.
Palabras - Clave: Sostenibilidad medioambiental - Consumo - Globalización - Romper – Emancipación

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  1. INTRODUÇÃO
    Desde o controle do fogo pelos primeiros grupos humanos até à substituição do homem pelas máquinas, a sociedade passa por um processo intermitente de aceleração da tecnologia possibilitado pelo avanço do pensamento humano em melhorar a vida humana. Todavia, esses acontecimentos também modificaram o entorno vivente, os quais comprometem todo o sistema planetário e seus habitantes. A situação recorrente até os dias atuais é determinada pelas relações de poder e busca do lucro (sociedade do capital), que afetam diretamente a disposição dos recursos ambientais.
    Pensar em sustentabilidade socioambiental é divagar sobre algo intrínseco de complexidades teóricas e, para viabilizar uma sociedade sustentável, é preciso, primeiramente, romper com o paradigma hegemônico circundante no cotidiano global e enfraquecer, através do conhecimento libertário, o senso comum sobre a durabilidade infinita dos recursos ambientais. A partir da desconstrução do antigo conceito e reconstrução de um novo, o sujeito social estaria empoderado de uma nova postura sobre a relação “ser humano - ambiente físico” e, quiçá, possível mudança histórica, na qual o ecoconhecimento, ou conforme Santos (2006), uma ecologia dos saberes, que vislumbre uma nova prática coletiva. Todavia, a indagação central é: na sociedade de consumo globalizado é possível pensar em sustentabilidade?

    CONSUMO X SUSTENTABILIDADE: ALGUMAS PONDERAÇÕES
    A sustentabilidade hoje é pensada no binômio biologia – economia, principalmente, na responsabilidade deste último, através do padrão de produção e consumo propagado desde a Revolução Industrial e maximizado nos séculos 20 e 21. É salutar pensar que os recursos ambientais pertencem à coletividade de todos, por isso, a necessidade de sensibilizar cada sujeito em ações propositivas, que estimulem à racionalização do uso ambiental no tempo presente para a perpetuação da espécie humana e de condições saudáveis de vivência.
    As populações cresceram, e muito. E com isso, não podendo mais trocar de ambiente, forçados a conviver com aquele que nos foi dado, passamos a observá-lo com atenção redobrada. Nasceu, assim, a tão recente consciência ecológica - cuidar do meio ambiente passou a ser um imperativo categórico. Sem exagero, uma questão de vida ou morte (KLOETZEL, 1998, p. 10 grifo do autor).
    É importante relatar que a questão ambiental é gradativa na história desde os primeiros filósofos gregos: Tales, Pitágoras, Hipócrates, Empédocles, Aristóteles, entre outros de igual relevância1 . Dentro das investigações ambientais surgidas no século passado (SEARS2 , 1935; LEOPOLD 3, 1949), destaca-se uma obra que marcou o início de uma consciência ecológica coletiva intitulada Silent Spring (1962) de Rachel Carson, a qual alertava sobre as consequências diretas e indiretas na sociedade e na natureza, do uso indiscriminado de pesticidas, herbicidas e fungicidas agrícolas. Este livro causou grande comoção nos Estados Unidos e em outros países sobre os rumos dados pelo mercado na expansão de seus produtos sem pensar nos reflexos disso para a natureza e, principalmente, para os seres humanos4 .
    Segundo Drummond (2006), Silent Spring desencandeou um movimento social que levou ao banimento de DDT e sobre o controle do uso de outros agrotóxicos e substâncias tóxicas nos Estados Unidos, um acontecimento que se espalhou para outros países. A partir desse “livro – denúncia”, um grande de número de pessoas ficou mais atento à relação “ser humano e ambiente”, principalmente, quando mediada pela economia. Ao se falar na proteção do meio ambiente é preciso pensar na coletividade dos sujeitos – um exemplo dessa força é o Silent Spring -, pois a ação de um interliga-se com a do outro, seja quanto à degradação ou à conservação.
    Nascimento (2011) apresenta também que a questão ambiental é discutida a partir da ameaça da poluição nuclear, informando que entre 1945 e 1962, os países detentores do poder atômico realizaram 423 detonações atômicas, exemplo mais contundente foram as bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki (Japão) durante a 2ª Guerra Mundial.
    Por se viver numa sociedade global midiatizada e universalizante, desastres ecológicos e impactos ambientais tornam-se interesses de discussões e combate de diversos governos, por isso, Giddens (2011, p. 21) explicita que a globalização é política, tecnológica e cultural, tanto quanto econômica, sendo influenciada acima de tudo pelo desenvolvimento nos sistemas de comunicação que remontam ao final da década de 1960. Com o advento das tecnologias midiáticas, a exacerbação dos objetos e, estímulo à prática consumista, viabilizam-se ultrajes ao meio ambiente e a ordem de uma “consciência ecológica sustentável” torna-se elemento urgente no século 21.
    Vislumbrando sobre isso, é importante enaltecer uma frase-título de uma obra de José Eli da Veiga: “Desenvolvimento Sustentável: desafio do século 21” (2008), o qual aponta que este desenvolvimento torna-se uma utopia para o século presente, ainda que defenda a necessidade de alterar o paradigma clássico na alternância para um outro modelo sem “globalismo” 5.
    O consumo é a mola propulsora do capitalismo globalizado, habita-se num mundo em que o culto ao consumo e ao descartável é estimulado, o que propicia a opressão do sujeito e o endeusamento da coisa. Neste novo perfil societário, deixa-se de ser cidadão (se um dia o fomos de fato) para sermos alçados a consumidores, alimentando ainda mais a alienação e o estranhamento dos sujeitos como seres potencialmente criativos.
    A maneira como a sociedade atual molda seus membros é ditada primeiro e acima de tudo pelo dever de desempenhar o papel de consumidor. A norma que nossa sociedade coloca para seus membros é a da capacidade e vontade de desempenhar bem esse papel (BAUMAN, 1999, p. 88).
    Com a afirmação da Industrialização, o ser humano passa por um processo de auto-extermínio, objetivado pela busca incessante do lucro, quando os homens escravizam a si e aos outros, coisificando-se (seja este trabalhador ou empregador, cada um escravo de sua própria lógica), perpetuando no cotidiano práticas ideológicas que maculam o bem comum e divinizam os objetos. E é este objeto personificado como fetiche, que impulsiona a aldeia global, que é una e múltipla ao mesmo tempo, a buscar o ter-mais, ao invés do ser-mais. É no cotidiano que o ser humano torna-se um ser-menos, isto é, a partir da separação entre trabalho manual e intelectual o sujeito desumaniza-se ao não reconhecer-se como ator político e um ser unificado ao ecossistema.
    Neste paradigma instituído pela classe de domínio de poder que determina posições cognitivas e sociais aos subalternos, Santos (2006) comenta que a ecologia dos saberes parte da possibilidade de ruptura com o modelo instituído, empoderando politicamente de ações contra - hegemônicas os grupos sociais afastados dos centros de discussão política. Pensar em sustentabilidade é pensar também em atos políticos – coletivos e isso é viável para a efetividade do desenvolvimento sustentável.
    O termo “desenvolvimento sustentável” foi apresentada em 1987 no Relatório “Nosso Futuro Comum”, também conhecido como Relatório Brudtland, o qual conceituava como “o desenvolvimento que atende às necessidades presentes sem comprometer a habilidade das gerações futuras em atenderem as suas próprias necessidades” (VIZEU, MENEGHETTI, SEIFERT, 2012), um conceito que foi agregado em diversos discursos, porém, não foi internalizado na prática, por ser falho teoricamente ao apontar a relação “presente – necessidades – futuro”, conforme Guilhon explicita:

    Para muitos autores o conceito lançado pelo Relatório Brundtland é vago, confuso e contraditório. Como relatório ambiental, o texto é considerado frágil, porém a sua contribuição foi importante para a politização dos problemas ambientais e suas relações com as temáticas de desigualdade, pobreza e políticas de comércio internacional (2011, p.76).
    Apesar dessas fragilidades, o Relatório Brundtland conseguiu fazer com que se pensasse, a nível governamental, as correlações “ambiente e economia” e se buscasse alternativas às atividades realizadas até que aquele momento e que tais se projetassem para o futuro, visto que era necessário que cada país adotasse princípios sustentáveis em suas metodologias governamentais, devido o conceito proposto ter um traço de política pública.
    Nascimento (2011) salienta que para refletir sobre essa sustentabilidade é necessário reconhecer a tríade que a forma: econômica, ambiental e social, e postular sobre um universo futuro no qual os sujeitos possam ter uma qualidade de vida apropriada e saudável. Nesse intento, é preciso diluir a ideologia tirânica do dinheiro e do consumo, na qual o pensamento da classe hegemônica é enraizado veladamente, daí a participação da mídia e das diversas formas de comunicação neste controle.
    Desde a Conferência de Estocolmo em 1972, a sociedade postula um novo agir do ser social com a natureza, por isso a necessidade de reestruturar o pensamento e as práticas sociais impostas como verdades. Diante disso, ao conjecturar sobre sustentabilidade é necessário articular as três dimensões, por vislumbrarem um desenvolvimento alternativo à acumulação excessiva, consumo em massa e exploração insensata dos recursos ambientais.
    As três características preponderantes do desenvolvimento sustentável objetivam: “dimensão ambiental”, ao uso responsável dos recursos naturais possibilitando a sua resiliência e autorreprodução; “dimensão econômica”, no que tange ao aumento eficiente da produção e do consumo sem afetar a capacidade de renovação da natureza, dando intervalo para que esta se recupere qualitativamente; “dimensão social”, na qual, a distribuição dos bens necessários à sobrevivência humana, como: alimentação, educação, saúde, entre outros, seja distribuído equitativamente e não apenas através de pagamento; esta última assertiva, é uma ruptura com a dicotomia entre exploradores e explorados, e afiança um novo patamar nas relações sociais. As dimensões da sustentabilidade se mesclam e promovem não somente um novo olhar sobre a natureza, mas, uma nova postura na convivência humana, em que a exploração não seja o único contato entre homem – homem e homem – natureza.
    Em vista disso, a sociedade atual precisa ser mais solidária no sentido horizontal, por isso, é impreterível, romper com a solidariedade vertical ditatorial que impõe competitividades e territorialidades excludentes em todos os grupos sociais. Santos (2011) comenta que as solidariedades horizontais preexistentes refazem-se historicamente a partir de um debate interno, levando a ajustes inspirados na vontade de reconstruir, em novos termos, a própria solidariedade horizontal.

    Porém, a assertiva anterior se contrapõe às teias da globalização, à medida que a grande massa é manipulada através do sistema de informação financiado pelas grandes corporações que estimulam uma lógica da uniformidade, nivelando as pessoas a um único estilo de vida. Para Milton Santos (2011), a globalização busca uma uniformidade dos atores, porém, “o mundo se torna menos unido, tornando mais distante o sonho de uma cidadania verdadeiramente universal” (p. 19).
    Esse trecho apresenta as características do sujeito contemporâneo: consumidor, estranho para si e antiquado, ou seja, quando se adquire um produto o mesmo já está “fora de moda”. Em determinadas ocasiões, compra-se algo levado pelo modismo e não por uma real necessidade. Esta é a lógica capitalista atual.
    Na ótica capitalista, o ambiente físico é elemento chave na manutenção do modo de produção, por isso, a discussão sobre os impactos antrópicos e entrópicos é constante em círculos acadêmicos e em proposituras intelectuais. Em virtude disso, Demo (2005) enaltece Boaventura Santos ao apontá-lo como o teórico que além de criticar, busca incessantemente alternativas para o desenvolvimento sustentável – a ecologia dos saberes se assenta numa prática de saberes diversos, na qual as culturas e grupos sociais tornam-se protagonistas no fortalecimento de suas próprias identidades.
    No início do século XXI, pensar em promover a diversidade e pluralidade, para além do capitalismo, e a globalização, para além da globalização neoliberal, exige que a ciência moderna não seja negligenciada ou muito menos recusada, mas reconfigurada numa constelação mais ampla de saberes não científicos que sobreviveram aos epistemicídio ou que, apesar da sua invisibilidade epistemológica têm emergido e florescido nas lutas contra a desigualdade a discriminação, tenham ou não uma referência um horizonte não capitalista (SANTOS, 2006, p. 155-156).
    Apesar da propositura epistemológica de Santos, como pensar numa sociedade alternativa se o capitalismo possui estratégias de convencimento? Se a meta do capitalismo é a produção em massa e a mais-valia torna-se essencial para o lucro das empresas, como conter a exploração em demasia dos recursos naturais?
    O primeiro passo é repensar a relação humana com a natureza, possibilitando aos sujeitos sociais novos horizontes para a desacelaração da produção e do consumo, por isso, Romeiro (2011) aponta a emergência de uma roupagem nova do desenvolvimento sustentável: uma economia ecológica, que incorpora a necessidade de adotar uma postura sustentável levando em conta as peculiaridades de cada crise ambiental.
    O autor delineia dois planos de ação: 1º - um relativo às políticas especificas para cada tipo de problema ambiental a ser enfrentado; 2º- o outro relativo à estabilização da produção global de resíduos em níveis sustentáveis. Contudo, como alcançar concretamente isso?
    Este processo disruptivo incide na luta contra o jugo do capital e opor-se a isso, é lutar contra um adversário feroz e opulento que não mede esforços em atingir suas metas. Porém, o combate maior é contra os processos de internalização naturalizados pelo cotidiano através do paradigma hegemônico ocidental, ou seja, ideologias incutidas que mascaram a finitude dos recursos e a vontade inesgotável de consumir. Sobre isso, Bauman (1999) reflete que:
    Para aumentar sua capacidade de consumo, os consumidores não devem nunca ter descanso. Precisam ser mantidos acordados e em alerta sempre, continuamente expostos a novas tentações, num estado de excitação incessante – e também, com efeito, em estado de perpétua suspeita e pronta insatisfação (p.91).
                E para que isso aconteça, a matéria - prima é consumida ao extremo pela ganância das grandes corporações; o meio ambiente sofre com as consequências do habitus burguês e os princípios da sustentabilidade enfraquecem-se devido aos embates constantes entre os promotores do consumo e os promotores de uma consciência ecológica ambiental.
    Pode-se conjeturar uma tarefa árdua nos desafios e possibilidades de reconstrução de uma nova ordem ambiental em relação à viabilidade da sustentabilidade na sociedade capitalista globalizada, porém, almeja-se promover em cada sujeito social uma postura contestadora sobre aquilo que se apresenta no dia a dia, pois se há o despejo de resíduos na rua, haverá reflexos em todos os aspectos humanos: sociabilidade, saúde, saneamento básico, segurança alimentar e entre outros, daí a veracidade da frase “Agir localmente pensando globalmente”.
    Diversos são os caminhos que levam à degradação de um ecossistema. Pode-se chegar a ela através da ignorância, desconhecendo que a menor de nossas ações pode ter impacto sobre o ambiente. Ou pela arrogância, atribuindo aos outros a obrigação de limpar os detritos, os descartáveis que deixamos atrás de nós (KLOETZEL, 1998, p.65 grifo do autor).
                Em concordância com autor acima, o desconhecimento sobre os reflexos de ações particulares sobre a coletividade impulsionará a um tempo em que o reconhecimento das futuras gerações sobre a fauna e a flora acontecerá por filmes, imagens e livros. A própria espécie humana adequar-se-à a uma nova etapa na cadeia alimentar se não houver uma tomada de consciência rápida sobre os rumos dos recursos ambientais numa época em que o ter-mais é mais importante que o ser-mais. Se o início dos questionamentos sobre a ação antrópica aconteceu em meados do século 20, a sensibilização sobre a questão ambiental ainda é perene, porém, a ganância de conglomerados financeiros e políticos antecipa a durabilidade do meio ambiente e, principalmente, afeta o ser humano.
    Em suma, vive-se numa aldeia global e globalizante, daí a importância de ações coletivas que possibilitem a efetividade do conceito de sustentabilidade no cotidiano. E para que isso aconteça é preciso frear o consumo, daí que se busca com esta discussão alertar mais uma vez sobre a necessidade de repensar a ação humana e sua relação com a natureza, empoderando os seres sociais de alternativas sustentáveis que assegurem à coletividade as benesses de uma prática ecológica pautada na admissão intríseca e extrínseca da sustentabilidade e da finitude dos recursos naturais.

    CONCLUSÃO
    Discutir sobre o meio ambiente é necessário em qualquer setor da atividade humana, visto ser urgente uma nova postura no relacionamento ser humano – ambiente físico. É errôneo pensar que os recursos ambientais não tem fim e que os seres humanos podem usufrui-lo infinitamente, o que se deve fazer (e está sendo feito, efetivamente, desde a metade do século 20) é propor alternativas que reduzam os impactos ambientais, porém, a ganância do lucro e explosão do consumo e dos objetos descartáveis assentam uma sociedade de perfil individualista e manipulável.
    Os recursos ambientais tornam-se escassos e é preciso desfamiliarizar-se dos preâmbulos capitalistas que dicotomizam a nossa sociedade, que hoje é globalizada e interligada pelos sistemas de comunicações instântaneos. Se os sujeitos sociais não buscarem uma postura sustentável, não será um meteoro que viabilizará o fim dos seres vivos, mas, o próprio sujeito dotado de racionalidade que proporcionará seu extermínio.
    O Desenvolvimento Sustentável não pode ser apenas um ato governamental, o que falta é reconhecer a relação intríseca sujeito-ambiente; se o ser humano não compreende essa unicidade, ações que postulem uma prática sustentável não atingiram o objetivo proposto, por isso, a apreensão de novos conceitos é indispensável para que cada ser humano aja em prol do seu próprio bem, se não for para a geração atual, mas, que deixe os pressupostos direcionados às gerações seguintes.

    REFERÊNCIAS
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    DEMO, Pedro. Impasse Neoliberal. In: O público e o privado. N°6 – Julho/Dezembro de 2005.p.73 – 104.
    DRUMMOND, José Augusto. A primazia dos cientistas naturais na construção da agenda ambiental contemporânea. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 21, n° 62, São Paulo, outubro/ 2006.
    GIDDENS, Anthony. Mundo em descontrole: o que a globalização está fazendo de nós. Tradução: Maria Luíza X. de A. Borges. 8a ed. Rio de Janeiro: Record, 2011.
    GUILHON, Vanessa Valdez. Indicadores de sustentabilidade urbana: aplicação ao conjunto habitacional “Parque Residencial Manaus/Am”. São Paulo: Dissertação USP, 2011.
    JACOBI, Pedro. O complexo desafio da sustentabilidade. In: O município no século XXI, s/l: s/d.
    KLOETZEL, Kurt. O que é meio ambiente. São Paulo: Brasiliense, 2002.
    NASCIMENTO, Elimar Pinheiro do. Trajetória da sustentabilidade: do ambiental ao social, do social ao econômico. Estud. av., São Paulo, v. 26, n. 74, 2012 .
    ROMEIRO, Ademar Ribeiro. Desenvolvimento sustentável: uma perspectiva econômico-ecológica. Estud. av., São Paulo, v. 26, n. 74, 2012 .
    SANTOS, Boaventura de Sousa. Ecologia dos Saberes. In: A gramática do tempo: para uma nova cultura política. São Paulo: Cortez, 2006.
    SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 20a ed. Rio de Janeiro: Record, 2011.
    VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento Sustentável: o desafio do século XXI. 3.ed. Rio de Janeiro: Garamond, 2008.
    VIZEU, Fábio; MENEGHETTI, Francis; SEIFERT, Renê. Por uma crítica ao conceito de desenvolvimento sustentável. Cad. EBAP. BR, v. 10, no 3, artigo 6, Rio de Janeiro, set. 2012.

    1 Carvalho (2009).

    2Paul Bigelow Sears (1891-1990), botânico norte-americano. Escreveu Deserts on the march em 1935.

    3 Aldo Leopold (1887-1948), engenheiro florestal norte-americano. Foi lançado após sua morte a coletânea de textos intitulada A Sand County almanac (1949).

    4 Para Jacobi (s/d), o desenvolvimento sustentável surge para dar uma resposta à necessidade de harmonizar os processos ambientais com os socioeconômicos, maximizando a produção dos ecossistemas para favorecer as necessidades humanas presentes e futuras.

    5 A globalização é o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista (SANTOS, 2011).

Comité Director:
Carlos Barrios
Editor:
Juan Carlos M. Coll (CV)
ISSN: 1988-5245
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