Cuadernos de Educación y Desarrollo

Vol 2, Nº 13 (marzo 2010)

EDUCAÇÃO E LIBERTAÇÃO EM GUSDORF


 

César Augusto Soares da Costa (*)
csc193@hotmail.com

 

Toda busca pelo conhecimento é o educando que realiza. No entanto, ninguém realiza essa busca isolado. Por isso, o processo educativo é um processo intersubjetivo do qual exige um educador, cuja tarefa é ajudá-lo neste processo libertador. Tomado estas premissas iniciais, pensamos em trazer à lume algumas considerações sobre esta tarefa, a partir do referencial teórico Gusdorf, sobretudo, em sua obra clássica, Professores, para que?

Para Gusdorf, o papel do educador não se reduz a transmissão monológica do saber, muito menos a programas, métodos, técnicas, conteúdos selecionados para memorização, fatos, informações. O papel do educador consiste em libertar pelo diálogo, pela presença, pela relação pessoal, pelo testemunho. Segundo ele, o papel do Mestre é, interceder dando forma a valores, indo ao encontro com o melhor, desmascarando uma identidade que a si mesmo ignorava e permitindo que a personalidade passe o ato e a si mesma e se escolha.

No seu entender, o essencial fica escondido, subentendido nos conteúdos, nas palavras citadas. Pois aquilo que se fala é um pretexto. O método em si mesmo só oferece garantias ilusórias, pois os métodos mais arcaicos serão maravilha no caso do Mestre aceito e estimado pelos alunos. A pedagogia é, acima de tudo, um mistério. O papel do professor não deve ser reduzido a uma afirmação impessoal; é uma presença secreta. Não se encontra diante da turma, mas na, com e para a turma, justificando a sua existência como representante de valores humanos. Assim, sua palavra deve ser libertadora quando abre horizontes de possibilidades indefinidas, quando além do conteúdo ensinado e das questões abordadas, abre-se a questão de cada um consigo mesmo.

Logo, para além dos horários, dos programas, manuais, dos rituais, o que fica é a devagar e difícil tomada de consciência de uma personalidade. Basta recordarmos as contribuições educativas dos seus educadores! Para além dos conteúdos prontos, o que importa não são os automatismos, mas a libertação da inteligência, sensibilibidade, curiosidade, espírito crítico, busca da existência humana de que vale a pena estar vivo. Desse processo o educador tem que ser testemunha!

Assim, o intelectualismo dominante ansioso por quantidade de conteúdos, notas, classificações acaba produzindo mais alienação mental e que nada contribui para libertar. Ou seja, na visão de Gusdorf, para além da função epistêmica do ensino, há uma função espiritual, representando uma significação maior. Pois o espírito quer saber qual o sentido de sua existência; se a vida tem um significado e um valor. Dessa verdade é que o educador tem de dar seu testemunho, seu papel primordial!

Referências

GUSDORF, G. Professores, para que? Santos: Martins Fontes, 1970.

* Sociólogo, Educador e Pesquisador. Mestre em Ciências humanas/PUCRS. Professor-tutor no curso de Pós-Graduação em Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação da Universidade Federal do Rio Grande/FURG. Professor nos cursos de Pós-Graduação em Educação do Instituto Luterano de Educação na cidade de Pelotas/RS.


 

 
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