Cuadernos de Educación y Desarrollo

Vol 2, Nº 12 (febrero 2010)

EDUCAÇÃO, SOLIDARIEDADE E TECNOLOGIAS NA ERA DA INFORMAÇÃO


 

César Augusto Soares da Costa (*)
csc193@hotmail.com
 

As tecnologias da informação e da comunicação (TIC) aumentam ou diminuem as chances de uma educação para a solidariedade? Tomamos essa provocação inicial, tiradas do nosso saudoso filósofo e educador Hugo Assmann, e nos propomos à ousadia de discorrermos sobre este tema que atualmente insiste em fazer parte das discussões pedagógicas. Tal questionamento, ganha sentido se definirmos ou tornarmos mais claro o que entendemos por era das redes, como ela interfere na empregabilidade e na exclusão social e se ela altera ou não nas frágeis predisposições humanas para convivência social.

Assim, as profundas e rápidas penetrações das TIC estão transformando muitos aspectos da vida cotidiana. Isso constitui uma das principais marcas de nossa Era. Ao longo de toda evolução da espécie humana, nunca houve mudanças tão profundas e velozes. A revolução tecnológica é irreversível nos seus aspectos básicos. Só não é irreversível e devemos lutar para que não o seja, o manejo econômico-político no qual está inscrita atualmente. O problema é, se a lógica da exclusão e sociedade da informação são inseparáveis ou se a sua coincidência se deve apenas ao predomínio atual da lógica do mercado?!

É inegável que a sociedade da informação decorre das gigantescas transformações em curso resultantes das TIC. Supor isso significa cair num enfoque meramente tecnicista. Precisamente por estar inscrita numa opção econômico-política determinada, a da mundialização do mercado, a sociedade da informação, além de ser um fenômeno tecnológico, se apresenta consubstanciada com um determinado projeto político. Logo, a sociedade da informação também encerra potencialidades positivas. Mas, por outro lado, contém seus riscos. Pois muitas discussões na área da sociologia do trabalho, discutem a urgência em políticas para enfrentar as novas tendências de exclusão geradas pelo advento da info-exclusão e da carência de empregos.

Conseqüentemente, é relevante assinalar que as rápidas mudanças tecnológicas em escala mundial, vem acompanhada por alarmantes lógicas excludentes, como também por uma diminuição considerável da sensibilidade solidária. Pois a espécie humana não é naturalmente tão solidária quanto parecem supor os nossos sonhos de uma sociedade justa e fraternal. Por isso, não convém colocar em segundo plano, o embricado problema da educação!

Atualmente, não faltam os que depositam esperanças na democraticidade que estaria impregnado, até certo ponto, as próprias características interativas de boa parte das novas tecnologias. A Era das redes estaria marcada, em suas premissas básicas, por uma dinâmica menos hierarquizada. No centro das novas tecnologias nos estaria chegando novas chances de ampliação efetiva da solidariedade universal entre a raça humana. Daí surge a questão: Até que ponto é necessário apostar no potencial solidário e possibilitador de democracia que se quer atribuir às tecnologias da informação e comunicação? Do ponto de vista técnico, esta visão parece ter alguma verdade: pois trata-se de admiráveis recursos de relacionamento humano. Não esqueçamos, que as reservas de solidariedade acumuladas pela espécie humana ao longo de sua evolução denotam certa fragilidade. Na realidade, ela acumulou também até geneticamente predisposições anti-solidárias!

A perspectiva da exclusão se enraizou nas instituições do mundo atual. E quando se repudia qualquer racaída em ilusões estatizantes de adesão a vanguardas supostamente iluminadas, sobra o árduo desafio em criar instâncias públicas que amparem e incentivem conversões individuais e consensos solidários. Neste viés, a criação de linguagens e campos teóricos-práticos de sensibilidade solidária, enfim, a educação em vista da solidariedade se afirma como a mais avançada tarefa social emancipatória.

As características mais promissoras da era das redes são, para muitos, a hipertextualidade, a conectividade e a tranversalidade. Trata-se de usá-las em proveito da educação e do desejo da solidariedade, porque a bipolarização da sociedade entre “info-ricos” e “info-pobres” está em contradição com as oportunidades oferecidas pelo próprio potencial tecnológico. Neste passo é preciso trabalharmos pedagogicamente o descompasso dos seres humanos em relação às oportunidades contidas nas obras de nossas mãos!

Referências bibliográficas

ASSMANN, Hugo. Reencantar a Educação. 3 ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

* Sociólogo e Pesquisador. Mestre em Ciências Humanas/PUCRS. Professor-Tutor na Disciplina de Metodologias Educativas no Curso de Especialização em Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação da Universidade Federal do Rio Grande/FURG. Professor nos Cursos de Pós-Graduação em Educação do Complexo de Ensino Superior de Santa Catarina na cidade de Pelotas/RS.  


 

 
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