Cuadernos de Educación y Desarrollo

Vol 1, Nº 3 (mayo 2009)

 

RESENHA AL TEXTO: TEIXEIRA, EVILÁZIO. A EDUCAÇÃO ENQUANTO RESPONSABILIDADE DO ESTADO. IN: TEIXEIRA, EVILÁZIO. A EDUCAÇÃO DO HOMEM SEGUNDO PLATÃO
3 ed. São Paulo: Paulus, 2003. p. 110-37.

 

 

César Augusto Soares da Costa (CV) *
csc193@hotmail.com

 

Na atualidade podemos afirmar que a educação faz parte como também é de responsabilidade do Estado? Em que medida? Tomando este pressuposto inicial que serve muito mais como uma provocação para uma análise mais acurada do problema, está a posição do filósofo Platão. Assim, a intenção de nossa resenha, será de expor brevemente alguns aspectos sobre a educação neste brilhante capítulo intitulado A Educação enquanto responsabilidade do Estado da obra de Evilázio Teixeira. O autor, Mestre em Filosofia, Doutor em Teologia, docente, pesquisador da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e atualmente, Vice-reitor da mesma Instituição, buscou de maneira leve e consistente refletir a partir do pensamento de Platão (427-347 a.C.), a educação dada pelo e no Estado e sua relevância na vida do indivíduo e da polis.

Segundo Platão a educação deve ser pública, o que constitui uma novidade para a educação de seu tempo, já que na forma das cidades aristocráticas, a educação era de caráter privado. Seu sistema educacional propõe que os futuros educadores sejam escolhidos pela comunidade e controlados por magistrados que seriam uma espécie na política moderna de ministros da educação. Esses magistrados decidem pelos conteúdos e velam pela sua aplicação. Pois a preocupação de Platão é educar, não somente o homem como indivíduo, mas como parte de uma comunidade. O Estado constitui para ele, o primeiro e o maior responsável pela educação dos indivíduos que a compõem. Para o Filósofo da Academia, a educação está a serviço do Estado, que por sua vez, está a serviço da Educação. Não existe educação sem Estado, como Estado sem educação. Na sua perspectiva, o Estado tem na sua origem o fato de cada um não ser auto-suficiente, mas necessitado de muita coisa. Os homens não se reúnem por causa da arbitrariedade, mas por necessidade. Para o filósofo, aqui se coloca o princípio da justiça, que se fundamenta, segundo o mesmo, no fato de que todo o homem possui necessidades das quais não lhe é possível prescindir e, que não se pode satisfazer por si só.

Assim uma das sua preposições mais essenciais de Platão, está no fato de que para sua acepção, a perfeição do Estado dependerá, da perfeição dos seus cidadãos. A tarefa do educador será ajudar seus “pupilos” a contemplar suas idéias formando o homem moral que, inserido na sociedade, seja capaz de construir um Estado justo. Para ele, não é possível a mudança da estrutura do Estado sem uma reflexão filosófica. Pois a reforma da polis somente é possível através de uma atitude pedagógica racional que será feita por intermédio da filosofia. Desse modo, insiste para que construamos o Estado em nós. E isso, só será possível por meio de uma autêntica educação. O que em última análise, resulta que para Platão a complexa estrutura do Estado perfeito serve apenas, para o desenvolvimento da alma humana. Sendo que a verdadeira finalidade está em modelar o homem dentro do homem, ou o homem no homem, isto é, sua parte espiritual. O homem verdadeiramente justo traz em sua alma o verdadeiro Estado, age e vive em vista dele, já que regula a sua vida, segundo a lei do Estado que vive dentro de si.

Platão assinala para a idéia de que a justiça é uma harmonia; integrar cada homem em um lugar mais justo na cidade. O lugar mais justo do cidadão é justamente aquele em que ele se sentirá melhor, e também mais útil ao Estado. A verdadeira missão do Estado é zelar pela felicidade de todos, e isso depende de cada indivíduo cumprir sua missão específica e somente ela. O Estado platônico busca, em última instância, não a felicidade particular de cidadãos que sejam livres, mas que o Estado como um todo seja feliz. Para que isso aconteça, é preciso ter no horizonte a felicidade de todos, e não de um pequeno grupo. Para Platão, não se trata de buscar uma justiça individual, mas, sobretudo, a justiça nas relações estabelecidas no Estado.

Uma das preocupações fundamentais para Platão, incide na preocupação moral todas as suas idéias sobre educação. Parte da premissa: como educar o homem moralmente bom? A pergunta sobre qual conduta é a mais adequada ao homem e qual educação capaz de formar no ser humano um comportamento que possibilite a este buscar o bem e evitar o mal consistirá o sentido último da filosofia da vida do Filósofo da Academia. Platão se opõe ao pensamento contemporâneo, para ele, ética e política são inseparáveis. Ninguém pode prescindir da participação na vida da cidade. O sujeito é inseparável do ser cidadão. Segundo Platão, a natureza humana possui uma dimensão social, daí provém a necessidade de estar unido com os demais. Pois o sujeito se justifica na sua relação com a sociedade, portanto com o Estado, onde cada um precisa, não só de auxílio material, mas também moral. A natureza humana segundo ele, é racional, e é por meio da razão que o homem constrói o bem, que é, simultaneamente, felicidade e virtude. Logo, a idéia do bem é o vértice do mundo moral e intelectual, e o verdadeiro bem está presente onde reina a justiça. Consequentemente, a justiça para Platão surge como um princípio superior, de onde decorrem as leis humanas capazes de garantir a felicidade individual e social.

Na concepção de Platão, como também de Sócrates, a verdadeira arte política purifica a alma, tornando-a virtuosa e justa, e esta arte é especialidade do filósofo. Portanto, o verdadeiro filósofo é também o verdadeiro político, e o projeto ético é comum a ambos. Nesse sentido, aparece de maneira evidente em Platão que a Filosofia não é um atividade gratuita, pois toda atividade reflexiva deve pressupor um conjunto e um modelo de ação, onde não apenas o pensamento do filósofo, mas também sua vida estão empenhados numa ética comum. Ou seja, para construir um modelo de polis perfeita, a partir do ideal de homem perfeito, será possível, se tivermos presente que a perfeição se encontra para além deste mundo, e que durante a vida terrena devemos tomar consciência de nossa condição, para que possamos nos tornar melhores. Tal tarefa exigirá uma reeducação! Sendo que a partir do momento em que o homem se der conta do seu chamado por aquilo que ainda não é do que por aquilo que já é, então começa a educar-se, pois estará se colocando a caminho, onde o Filósofo da Academia é também chamado a ser o timoneiro desta nova paidéia.

Em suma, pode-se afirmar que a obra de Evilázio Teixeira traz à lume uma discussão por demais relevante, sendo uma contribuição bastante original não só para os estudiosos da filosofia, mas também como base e estímulo para os atuais e futuros educadores, para que possam pensar a educação num horizonte mais aberto à integralidade do ser humano em sua esferas social, moral e política.

 

* Sociólogo e Pesquisador. Mestre em Teologia/PUCRS, Bacharel em Ciências Sociais/UFPEL e em Teologia/UCPEL. Professor convidado no Complexo de Ensino Superior de Santa Catarina/CESUSC na cidade de Pelotas nos cursos de Pós-Graduação em Educação.

 


 

 
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