Revista: CE Contribuciones a la Economía
ISSN: 1696-8360


INFLUÊNCIA DA ERGONOMIA NA REALIZAÇÃO DA ATIVIDADE LABORAL: ALIANÇA ENTRE ERGONOMIA, PRODUTIVIDADE, SAÚDE E QUALIADADE DE VIDA

Autores e infomación del artículo

Ricardo Alberti*

Julia Rodrigues Esmerio**

Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, BRASIL

r-alberti@live.com

RESUMO

A ergonomia é imprescindível para o sucesso organizacional, aliando a produtividade com a saúde e qualidade de vida do trabalhador. Este estudo objetiva verificar a influência da ergonomia na qualidade de vida dos trabalhadores, bem como, analisar o contexto histórico e quais as vantagens que a mesma trás para as empresas. Trata-se de uma pesquisa teórica, bibliográfica e observacional, através de revisão literária, além de fundamentação teórica de diferentes autores. Foi realizada busca manual de artigos, nos idiomas português e inglês, sem restrição de datas. A ergonomia possibilita avaliar conjuntamente aspectos relacionados ao trabalho como duração da jornada de trabalho, função, ciclo da tarefa, número de movimentos, pausas, posturas inadequadas, esforço muscular e ritmo necessário para a realização da tarefa, assim como o tipo de ferramenta, os equipamentos e as condições globais de trabalho. Logo, a análise ergonômica contribui para a melhoria das situações de trabalho e da qualidade de vida dos trabalhadores.

PALAVRAS CHAVE: Ergonomia, Jornada de Trabalho, Produtividade, Qualidade de vida, Saúde do Trabalhador, Trabalho.

INFLUENCIA DE LA ERGONOMÍA EN EL LOGRO DE LA ACTIVIDAD LABORAL: ALIANZA ENTRE ERGONOMÍA, PRODUCTIVIDAD, SALUD Y CALIDAD DE VIDA.

RESUMEN

La ergonomía es esencial para el éxito organizacional, combinando la productividad con la salud y la calidad de vida del trabajador. Este estudio tiene como objetivo verificar la influencia de la ergonomía en la calidad de vida de los trabajadores, así como analizar el contexto histórico y las ventajas que aporta a las empresas. Es una investigación teórica, bibliografico y observacional a través de la revisión literaria, así como la base teórica de diferentes autores. Se realizó una búsqueda manual de artículos, en portugués e inglés, sin restricción de fechas. La ergonomía permite evaluar conjuntamente aspectos relacionados con el trabajo, como la duración de la jornada laboral, la función, el ciclo de la tarea, el número de movimientos, las pausas, las posturas incorrectas, el esfuerzo muscular y el ritmo necesarios para la tarea, así como el tipo de herramienta, equipamiento y condiciones generales de trabajo. Por lo tanto, el análisis ergonómico contribuye a mejorar las situaciones laborales y la calidad de vida de los trabajadores.

PALABRAS CLAVE: Ergonomía, Jornada laboral, Productividad, Calidad de vida, Salud laboral, Trabajo.

INFLUENCE OF ERGONOMICS ON THE ACHIEVEMENT OF LABOR ACTIVITY: ALLIANCE BETWEEN ERGONOMICS, PRODUCTIVITY, HEALTH AND LIFE QUALITY.

ABSTRACT

Ergonomics is essential for organizational success, combining productivity with the health and quality of life of the worker. This study aims to verify the influence of ergonomics on workers' quality of life, as well as to analyze the historical context and the advantages that it brings to companies. It is a theoretical, bibliographic and observational research through literary review, as well as theoretical foundation of different authors. A manual search of articles was performed, in Portuguese and English, without restriction of dates. Ergonomics make it possible to jointly evaluate work-related aspects such as workday duration, function, task cycle, number of movements, pauses, improper postures, muscle effort and pace required for the task, as well as the type of tool, equipment and overall working conditions. Therefore, ergonomic analysis contributes to the improvement of work situations and workers' quality of life.

JEL Classification System / EconLit Subject Descriptors: E24 Employment; Unemployment; Wages; Intergenerational Income Distribution; Aggregate Human Capital; Aggregate Labor Productivity; J24 Human Capital; Skills; Occupational Choice; Labor Productivity; Time Allocation, Work Behavior, and Employment Determination: Other.

KEYWORDS: Ergonomics, Workday, Productivity, Quality of life, Occupational Health, Work.


Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Ricardo Alberti y Julia Rodrigues Esmerio (2019): “Influência da ergonomia na realização da atividade laboral: aliança entre ergonomia, produtividade, saúde e qualiadade de vida”, Revista Contribuciones a la Economía (octubre-diciembre 2019). En línea:
//eumed.net/2/rev/ce/2019/4/ergonomia-atividade-laboral.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/ce194ergonomia-atividade-laboral


1 INTRODUÇÃO

As mudanças que ocorrem no ambiente laboram expõem um novo paradigma no ambiente organizacional, a globalização, que envolve tanto relações econômicas, quanto sociais e políticas. Como característica basilar da globalização temos a conjugação de abertura de mercados e no desenvolvimento acelerado da Tecnologias da Informação e Comunicação. Neste contexto, as evoluções da tecnologia pautadas no binômio de melhoria de produtos e diminuição dos custos de produção, ocorre em todos os processos produtivos, trazendo grandes mudanças nas configurações industriais, bem como nos padrões tecnológicos e no perfil das organizações. Logo, âmbito laborativo, encontra-se sob um processo gradativo de reestruturação tanto na esfera produtiva quanto organizacional, cujas inflexões caminham para o esgotamento do modelo taylorista/fordista, trazendo à baía novos cenários produtivos (ABRAHÃO, PINHO, 2002).
Essa reestruturação faz-se percebida através da mudança das estruturas, bem como das estratégias empresariais, que modificam as formas de organização, gestão e controle laborativo, resultando em novas formas de competitividade, com repercussões tanto no âmbito administrativo como no âmbito operacional. A manifestação das mesmas se dá pelas mudanças na natureza do trabalho, inclusive elevando a sua densidade, seu ritmo a ampliando a jornada de trabalho (ABRAHÃO, PINHO, 2002).
O aumento da produtividade nas empresas em virtude de concorrências acirradas provocou a elevação no número de doenças ocupacionais ao redor do mundo, isso gerou a preocupação cada vez maior com o ambiente em que o trabalhador opera e os impactos que o trabalho provoca nos indivíduos tanto em relação aos aspectos físicos, quanto aos aspectos psíquicos (COELHO, 2011 apud DEJOURS, 2003).
As mudanças que se ocorrem tanto nas organizações públicas quanto nas organizações  privadas em conjunto com os indicadores econômicos e sociais críticos que têm sido realizados reforçam o desafio de se equacionar o bem-estar do empregado a e satisfação de consumidores com os a necessidade de eficiência e eficácia nas circunstâncias de produção de bens e serviços. No presente contexto fático, a ergonomia acaba por contribuir para a melhora do ambiente laborativo e o tópico da qualidade de vida no ambiente laboral, para além da variante modismo, passa a configurar um anseio para eliminar/atenuar os indicadores críticos presentes (FERREIRA, 2008).
As mudanças rotineiras que acontecem no mercado relativas aos colaboradores e quanto sua satisfação influência no seu trabalho vem ganhando atenção quanto a gestão de pessoas (Vespasiano e Mendes, 2017). As organizações se adequam de maneiras diferentes, muitas em função do espaço físico tem problemas para torná-los ergonomicamente satisfatórios para seus funcionários, e uma vez que o posto de trabalho não é adequado isso pode causar até mesmo processos para a organização, exemplo disso são os processos por acidente de trabalho (FERNANDES, 1996). Organizações que implementam  ações neste segmentam priorizam a qualidade do ambiente laboral em que seus empregados estão encontram-se bem como com o bem estar dos mesmos durante a atividade laboral (FREIRE,  2013).
As empresas e os administradores modernos tem buscado oferecer condições materiais e psicológicas no ambiente de trabalho, de modo a proporcionar qualidade de vida aos seus trabalhadores (TRIGUEIRO, 2009). Neste sentido, a ergonomia tem ganhado grande enfoque dentro das organizações, uma vez que vem agregando profissionais preocupados com a satisfação do trabalhador e com o incremento da produtividade focada em melhores condições de trabalho (VILLAROUCO, 2008).
Dentro de uma empresa, o trabalhador pode interagir de diversas formas com suas ferramentas de trabalho e com o próprio ambiente, desenvolvendo interfaces ambientais, cognitivas e organizacionais. Pensando nisso, é papel da ergonomia mapear e entender essas interações buscando adequar o trabalhador dentro do sistema produtivo de modo que o mesmo possa realizar suas atividades com eficiência e segurança, levando em consideração suas capacidades físicas e cognitivas (RODRIGUES, et Al. 2013).
Segundo Mafra (2006), em geral, as melhorias da Ergonomia trazem, também, benefícios para os processos produtivos. Isso ocorre em termos de melhorias em diversos aspectos do processo, tais como: produtividade, qualidade da produção, redução de erros, moral dos trabalhadores, entre outros, e que, em todos os casos, podem ser traduzidos em resultados financeiros e em qualidade de vida para o trabalhador.
Nesse contexto, a Ergonomia assume um papel importante na otimização da relação homem-trabalho. O profissional da ergonomia pode mostrar às empresas que, ao fornecer condições de conforto e segurança aos empregados, obtêm-se de forma associada um aumento da produtividade e melhora da qualidade, favorecendo a diminuição dos custos de produção, além da melhor qualidade de vida dos trabalhadores (ABRAHÃO, 2000). Dessa forma, o presente estudo tem por objetivo verificar a influência da ergonomia na qualidade de vida dos trabalhadores, bem como, analisar o contexto histórico e quais as vantagens que a mesma trás para as empresas.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Ergonomia

A ergonomia é resultante de diversos trabalhos interdisciplinares realizados por ínumeros profissionais no período da Segunda Guerra Mundial, com o fim da guerra, esta disciplina científica foi oficializada. A ergonomia passou a expandir-se horizontalmente, abrangendo quase todos os tipos de atividades do ser humano, essa expansão contínua continua a ocorrer, principalmente no que diz respeito ao setor de serviços e no estudo de minorias como idosos, portadores de necessidades especiais e obesos (IIDA e BUARQUE, 2016).
A ergonomia, para Lida (2005), é uma ciência que analisa como ocorrem as interligações do trabalho com o ambiente em que o mesmo ocorre. “A ergonomia engloba condições de trabalho como temperatura, ruído, iluminação, umidade, ferramentas, mobiliário e máquinas” (MENDES e BERGIANTE, 2018). Lida (2005) coloca que estes fatores influenciam no funcionamento da produção em relação à situação do funcionário e os aspectos que interferem na segurança, saúde e conforto do trabalhador.
A Ergonomia é uma disciplina recente, em evolução, e que vem reivindicando o status de ciência.  Por isso, sua definição não é unanime, havendo dificuldade de estabelecer limites no seu campo de investigação. Ela vai ao encontro de dois objetivos fundamentais. De um lado, procura gerar conhecimento sobre labor, as condições e a relação do indivíduo com o trabalho, por outro, formular conhecimentos, instrumentos e princípios suscetíveis de coordenar racionalmente a ação de transformação das condições laborativas, trazendo como perspectiva melhorar a relação entre o indivíduo e a atividade laboral. Para isso, a Ergonomia incorpora, no seio do seu arcabouço teórico, um conjunto de estudos científicos advindos de diversas áreas como: Antropometria, Fisiologia, Psicologia e Sociologia, e passa a aplica-los  em busca de transformações no âmbito laborativa (ABRAHÃO e PINHO,  2002).
Neiva (2012) utiliza a Análise Ergonômica do Trabalho (AET), pois possibilita compreender a situação de trabalho detalhadamente e, além disso, possibilita a compreensão complexa das especificidades de adaptação individuais. A evolução do constructo da ergonomia evidencia algumas de suas principais característica que interferem positivamente na qualidade de vida no trabalho e prevenção de acidentes ocupacionais (FERREIRA, 2008). Dessa forma Ferreira (2008) infere sobre a ergonomia quatro aspectos fundamentais, e são eles:

(a) o caráter multidisciplinar e aplicado, convocando outros saberes e profissionais para produção de conhecimento sobre um mesmo objeto;
(b) o foco no bem-estar dos trabalhadores e na eficácia dos processos produtivos;
(c) a adaptação do contexto de trabalho a quem nele trabalha;
(d) a transformação dos ambientes de trabalho, buscando conforto e prevenção de agravos à saúde dos trabalhadores.

Sendo que se tratando de ergonomia o que importa e conhecer e analisar a interação que ocorre entre os indivíduos e um determinado contexto de trabalho. Em seu sentido clássico, a Ergonomia procurou primeiramente compreender os fatores humanos pertinentes ao projeto de ferramentas de labor, instrumentos e outros utensílios típicos da atividade do trabalhador no ambiente laborativo. Posteriormente buscou-se compreender, tabelar, organizar dados sobre os fatores humanos relevantes para os projetos de sistemas de labor, a exemplo: linhas de montagem, salas para controle, os postos de controle e direção de máquinas (cockpits). Em um viés contemporâneo preocupa-se em compreender os fatores determinantes do labor por meio de contribuições em sentido lato senso, que abordam a composição do emprego e os softwares, procedimentos e estratégias na execução das operações (VIDAL, 2012).
A ergonomia pode ser caracterizada como o estudo da adaptação do trabalho ao ser humano. Neste contexto a palavra trabalho possui amplo significado, comportando todas as situações em que ocorre o relacionamento entre o individuo e uma atividade produtiva de bens ou serviços. Não envolvendo apenas o ambiente físico como também aspectos organizacionais (IIDA; BUARQUE, 2016).

2.2 Qualidade de vida no trabalho

Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é um termo amplamente difundido, entretanto engloba uma imprecisão conceitual, possibilitando distintas interpretações o que dá margem a diversas de práticas nela contidas que vezes permeiam a qualidade de processo e de produto, vezes com estas se confundem. O conceito, no decorrer dos programas de qualidade total, passa a introduzir propostas de práticas empresariais (Rodrigues, 1991). Neste sentido, Francisco Antônio de Castro Lacaz discorre:

São várias as definições da expressão QVT, ora associando-a às características intrínsecas das tecnologias introduzidas e ao seu impacto; ora a elementos econômicos, como salário, incentivos, abonos, ou ainda a fatores ligados à saúde física, mental e à segurança e, em geral, ao bem-estar daqueles que trabalham. (...) a QVT é determinada por fatores psicológicos, como grau de criatividade, de autonomia, de flexibilidade de que os trabalhadores podem desfrutar ou, (...) fatores organizativos e políticos, como a quantidade de controle pessoal sobre o posto de trabalho ou a quantidade de poder que os trabalhadores podem exercitar sobre o ambiente circundante a partir de seu posto de trabalho. Mais ainda: do ponto de vista do planejamento do trabalho, a categoria qualidade do trabalho também apresenta nuanças problemáticas quando envolve questões abstratas, que desconsideram as relações concretas de produção no cotidiano do trabalho dos atores sociais (LACAZ, 2000).

Podemos entendê-la como um instrumento que busca satisfazer as necessidades do trabalhador ao realizar suas atividades laborativas no ambiente organizacional, trazendo como princípio basilar o fato de que indivíduos satisfeitos e integrados ao seu trabalho são mais produtivos.  Decorre de uma melhor Qualidade de vida no trabalho a possibilidade de se obter qualidade de vida pessoal, social e familiar, ainda que tratem de diferentes esferas e possuam papéis diferentes em cada um destes contextos. O objetivo principal do programa de qualidade de vida no trabalho é a conciliação das predileções dos trabalhadores e das organizações, isto é, melhoras na satisfação do empregado refletem na melhora da produtividade no ambiente laboral (CONTE, 2003).
A qualidade de vida laboral no contexto contemporâneo pode definir-se como uma forma de pensamento que permeia indivíduos, labor e organizações, em que dois aspectos recebem grandes destaques, são eles: o cuidado com o bem-estar do colaborador e com a eficácia organizacional; e a participação dos empregados nas decisões e problemas do ambiente laboral. Diversos debates estendem-se no que diz respeito à qualidade de vida no trabalho, entretanto pontua-se que a satisfação no trabalho não deve afastar-se, nem isolar-se da vida do trabalhador como um todo (MORETTI; TREICHEL, 2003).

3 METODOLOGIA

O presente estudo constitui-se por uma pesquisa bibliográfica que visa realizar uma discussão dos resultados apresentados no presente estudo. Para Araújo e Alvarenga (2011) a pesquisa bibliográfica busca o estudo do assunto pesquisado a partir de artigos, dissertações e teses, além de outros documentos que possam mostrar certa relevância aos estudos.
A metodologia deste estudo se constitui por utilizar a pesquisa observacional, através de revisão literária, foi realizada busca manual de artigos, nas bases de dados: SciELO, Lilacs e Bireme. Pensando assim em salientar as pesquisas realizadas no Brasil sobre o constructo, e as bases em função do seu enfoque na área da saúde. Somente foram selecionados artigos que estavam na língua inglesa e portuguesa mediante facilidade dos autores de realizar a busca minuciosa.
Foram pesquisados artigos nas bases com a restrição de abordagens, isso é, os artigos teriam que trazer em seu contexto final os seguintes temas: saúde do trabalhador, ergonomia, qualidade de vida, trabalho. Nas três bases somente dezenove artigos abordaram claramente os temas previamente estabelecidos por este estudo. Dentre os dezenove artigos selecionados seis foram excluídos por não abordarem de forma clara o tema proposto. Desta forma, a pesquisa contou com treze artigos, os quais permitiram a fundamentação teórica e problemática do assunto pesquisado.
Por fim, será realizada uma discussão dos resultados apresentados no presente estudo, e a partir do mesmo será apresentada uma conclusão com sugestões para posteriores pesquisas inerentes ao tema aqui disposto.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Desde as revoluções industriais, ocorridas nos séculos XVIII e XIX, a preocupação das empresas era apenas com produção, ou seja, todos os esforços eram voltados para o aumento da quantidade produzida e para a melhora dos meios de produção e da participação no mercado. O trabalhador era apenas usado como instrumento do processo produtivo, com condições precárias de trabalho e longas jornadas diárias (CAVASSANI, 2006). Nesta fase, a preocupação maior ficou centrada na máquina, como elemento que proporcionaria o aumento da produção (FEDERIGHT, 2012).
Com o passar dos anos, acompanhando o desenvolvimento das ciências administrativas, surgem as Teorias Humanísticas da Administração e, em decorrência delas, ocorre uma preocupação maior com o estudo do homem em relação às suas ocupações. Neste período surgiu a tendência de se repensarem os processos e de se modificarem as máquinas, buscando adaptá-las às capacidades e às limitações do homem, no sentido de conseguir som isso uma maior produtividade (FEDERIGHT, 2012).
Pensando nessa mudança, surgem as primeiras medidas e observações sistemáticas do trabalho, as quais foram desenvolvidas por engenheiros, organizadores do trabalho, pesquisadores e médicos, sendo que os engenheiros e organizadores o fazem numa perspectiva de aperfeiçoamento do rendimento do homem no trabalho. Entre os organizadores do trabalho, estão Frederick Winslow Taylor e seus precursores, que analisaram o trabalho, tendo em vista definir as melhores condições de rendimento, aprimorando o desempenho do homem e baseando-se no modelo análogo ao funcionamento da máquina (LAVILLE, 1977).
O nascimento formal da ergonomia é historicamente recente e tem como marco principal a Segunda Guerra Mundial quando especialistas de diferentes áreas (psicologia, medicina e engenharia) foram chamados para adaptar instrumentos bélicos às características dos operadores e às exigências da tarefa posto que estes deviam atuar em condições desfavoráveis. Devido ao sucesso dessa intervenção, deu-se origem à primeira associação de ergonomia a Ergonomics Research Society na Inglaterra em 1949 (CARVALHO E FERREIRA, 2000).
Neste sentido, Brandão e colaboradores (2008) sugerem que a ergonomia surgiu junto com o homem primitivo. Com a necessidade de se proteger e sobreviver, sem querer, começou a aplicar os princípios de ergonomia ao fazer utensílios que os ajudariam no dia-a-dia. Mas foi a partir da Revolução Industrial que a ergonomia começou a evoluir.
Nas grandes guerras ela teve uma importância fundamental no desenvolvimento de armas e equipamentos bélicos, sendo, também, fator de aumento de produtividade e qualidade do produto, bem como da qualidade de vida dos trabalhadores, na medida em que a mesma é aplicada com a finalidade de melhorar as condições ambientais, visando à interação com o ser humano.
Anaruna e Casaroto (1996) vem ao encontro de Carvalho e Ferreira (2000), quando dizem que o termo ergonomia foi criado e utilizado pela primeira vez pelo inglês Murrell, no ano de 1949, durante a criação da Ergonomic Research Society, a primeira sociedade de pesquisadores interessados em estudar os problemas de adaptação do trabalho ao homem.
Em 1949, Murrell definiu ergonomia como um conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para os engenheiros conceberem ferramentas, máquinas e conjuntos de trabalho que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficiência (FEDERIGHT, 2012).
No ano de 2000, a Associação Internacional de Ergonomia - AIE adotou a definição oficial de ergonomia sendo esta uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de aperfeiçoar o bem estar humano e o desempenho global do sistema. Os ergonomistas contribuem para o planejamento, projeto e a avaliação de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas de modo a torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas. (ABERGO. 2013).
A ergonomia, por meio de sua metodologia de análise ergonômica do trabalho, torna possível avaliar conjuntamente aspectos como duração da jornada de trabalho, a função, o ciclo da tarefa, o número de movimentos, as pausas, as posturas inadequadas, o esforço muscular e o ritmo necessário para a realização da tarefa, assim como o tipo de ferramenta, os equipamentos e as condições globais de trabalho. Desse modo, a análise ergonômica pode contribuir para a melhoria das situações de trabalho e, consequentemente, da qualidade de vida dos trabalhadores (BRANDÃO, 2008).
Os objetivos da ergonomia são a segurança, a satisfação e o bem estar dos trabalhadores no seu relacionamento com os sistemas produtivos (FEDERIGHT, 2012). Associado a isso, visa enriquecer o conceito de produtividade, reduzindo a penosidade do ser humano, no intuito de sua melhor adaptação ao trabalho. Sendo o homem, o principal agente de modificações do processo produtivo é primordial a análise da execução de sua tarefa, segundo sua própria visão, partindo-se, posteriormente, para alterações do processo verificando-se os pontos positivos e negativos em busca de maior produtividade (BRANDÃO, 2008).
Considerando que o ser humano passa um terço do seu tempo no local de trabalho, se expondo aos riscos provocados, muitas vezes, pelos ambientes de trabalhos, como os de iluminação, temperatura e ruído, torna-se imprescindível que a Ergonomia promova condições de trabalho, adaptadas às características fisiológicas do trabalhador, a fim de manter a sua saúde e qualidade de vida, bem como obter uma produtividade desejada (BRANDÃO, 2008).
Pensando nisso, as características do trabalho têm sido consideradas como um significante fator para a satisfação do trabalhador, capaz de melhorar a produtividade, melhorar a motivação e desempenho dos trabalhadores. O entendimento dos diversos fatores de melhoria das condições de trabalho poderá constituir-se em uma base sólida para se alcançar maior produtividade, de forma que o trabalho possa se desenvolver sem prejudicar a saúde dos trabalhadores e, consequentemente, com maior satisfação.
Dessa forma, se as empresas adotarem medidas ergonômicas eficazes dentro de ambientes de trabalho, terão como resultado a redução dos esforços inúteis, cansativos e do desconforto no desempenho da tarefa, culminando com a queda no nível de ausências decorrentes de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais. Atingindo este objetivo, a consequência será o aumento da rentabilidade, por meio da maior eficácia produtiva e da redução do curto operacional, sem considerar a redução das despesas públicas com a saúde e a seguridade social (FEDERIGHT, 2012).
Além disso, a qualidade de vida no trabalho proporciona uma maior participação por parte dos funcionários, criando um ambiente de integração com superiores, com colegas de trabalho, com o próprio ambiente de trabalho, visando sempre a compreensão das necessidades dos funcionários (MORETTI, 2004).

5. CONCLUSÃO

Historicamente, a ergonomia laboral tem sua destaca-se pelo envolvimento de pesquisadores de diversas áreas temáticas a fim de investigar a o desenvolvimento atividade laboral no ambiente empregatício e suas nuances, passando a englobar as dimensões organizacionais e dar relações sociais e profissionais que permeiam a relação de trabalho. Logo, a Eficiência, a eficácia e a produtividade estiveram intrinsicamente ligadas com o tema e a abordagem da ergonomia desde sua concepção.
Entretanto, na contemporaneidade passaram a ocorrer diversas e aceleradas mudanças no ambiente laboral, bem como nas dinâmicas das relações de trabalho, essas alterações conseguem ser concomitantemente causa e efeito das transformações ocorridas dentro e fora das organizações. Com isso, ocorre um processo de reestruturação produtiva, que encontra suporte nas Tecnologias de Informação e comunicação.
As transformações nas relações de labor, advindas da era da  informatização e seus reflexos, tem grandes e impactantes consequências no ambiente de trabalho, reestruturando o sistema produtivo bem como as estruturas basilares do trabalho como o seu conteúdo e organização, alterando até mesmo o conceito stricto sensu de trabalho.
Como visto na discussão deste trabalho a ergonomia abre caminho dentro das organizações e avança a cada ano em pesquisas, demonstrando que o conteúdo e a natureza do trabalho são um reflexo das consequências das mudanças na saúde e na produtividade.
As características do trabalho têm sido consideradas como um fator relevante para a satisfação do trabalhador, capaz de melhorar a produtividade, a motivação e desempenho dos trabalhadores.
O entendimento dos diversos fatores de melhoria das condições de trabalho, através da ergonomia, constituir uma base sólida para se alcançar maior produtividade, de forma que o trabalho possa se desenvolver sem prejudicar a saúde dos trabalhadores e, consequentemente, com maior satisfação.
Neste sentido, conclui-se que a ergonomia é imprescindível para o sucesso organizacional, uma vez que promovem condições de trabalho, adaptadas às características fisiológicas do trabalhador, a fim de manter a sua saúde e qualidade de vida, bem como obter a produtividade desejada. Dessa maneira, com o exposto no trabalho fica clara a importância para a empresa, desde o cuidado com o trabalhador até para a empresa garantir que não venha sofrer um processo mediante algum acidente de trabalho que possa ocorrer.

6. REFERÊNCIAS

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*Bolsista de Produção Científica pela CAPES. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Graduado em Administração pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, Graduando em Estatística pela Universidade Federal de Santa Maria E- mail: r-alberti@live.com
**Advogada no Escritório de advocacia Esmerio Advocacia, atuando na area de TIC's no Ambiente Laboral, Assedio Moral no Ambiente de Trabalho e Direito da Sociedade em Rede. Bacharel em direito pela Universidade Franciscana- UFN, graduanda em Administração pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM. E-mail: juliaesmerio@gmail.com

Recibido: 30/09/2019 Aceptado: 03/10/2019 Publicado: Octubre de 2019

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