Contribuciones a las Ciencias Sociales
Octubre 2012

O RACIONALISMO SOCRÁTICO



Ione Vilhena Cabral
Tatiani da Silva Cardoso
Roberto Carlos Amanajas Pena (CV)
robertoamanajas@yahoo.com.br
Universidade do Estado do Amapá



RESUMO

A introdução ao pensamento Socrático ocorre a partir do momento em que, sua introspecção é considerada como uma teoria analítica do ser, capaz de elaborar uma condição pré-estabelecida por meio de perguntas, até sacralizar sua entrevista com seu interlocutor. Assim, seu pensamento filosófico vai se fundamentar no método da maiêutica e ironia que consistia no questionamento das idéias formadas. Neste sentido, ir além da condição humana é libertar o oprimido todo o iletramento permanente da sua própria convenção de diálogos, para Sócrates toda a consciência é a capacidade de entendimento para suas angústias momentâneas, com nítido acentuamento em vislumbrar o próprio erro como base em suas inferências lógicas. O rompimento do pensamento mítico para pensamento racional ocasiona uma libertação real, é puramente gradual para firmar a phisys como estrutura cosmológica e lógica da explicação humana para critérios observatórios e experimentais, a phisys abriu definitivamente o pensamento socrático, o que levou a utilizar sua fórmula como condição de saber e a é livre retórica para filosofia na polis.

Palavras-chave: Sócrates; Conhecimento; Maiêutica; Ironia.

ABSTRACT

The introduction to Socratic thought occurs from the moment that your insight is regarded as an analytic theory of being able to prepare a pre-established through questions until sacralize his interview with his interlocutor. So his philosophical thinking method will be based on the maieutic and irony that was formed in the questioning of ideas. In this sense, go beyond the human condition is to liberate the oppressed throughout the illiteracy permanent convention of his own dialogues, Socrates for all awareness is the ability of understanding for their momentary anguish, with crisp Deepening glimpse into the very error based on their logical inferences. Disruption of mythical thinking to rational thinking, causes a real release is purely to secure the gradual phisys as cosmological structure and logic of human explanation for observatories and experimental criteria, the phisys definitely opened the Socratic thought, which led to its use formula as a condition of knowing is free and rhetoric for philosophy in the polis.

Keywords: Socrates; Knowledge; Maieutics; Irony.




Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Vilhena Cabral, I., da Silva Cardoso, T. y Amanajas Pena, R.: "O racionalismo socrático", en Contribuciones a las Ciencias Sociales, Octubre 2012, www.eumed.net/rev/cccss/22/
  1. INTRODUÇÃO

Na antiguidade a filosofia surge no período marcado pela tradição mítica, onde a crença do homem baseia-se em explicações mitológicas, a sociedade da época, os gregos acreditavam que tudo que acontecia em suas vidas era em função da interferência divina, assim como os fenômenos naturais, por esse motivo existia vários deuses cada um destes explicava uma determinada coisa.
Amanajas Pena, R.; Amanajas Pena, M. y Amanajas Pena, H.:
“Na antiguidade quando os Mitos eram explicados de uma forma convincente por meio dos deuses, exigia-se uma reflexão que estava sendo comunicado em uma narrativa, adotando uma persuasão que a cultura exigia para a época conservando os mecanismos de manipulação. Nesse campo, a crença cultuada era proporcionada para proteção da vida. Os males ocasionados pelo mito atingiam seguimentos populares, e criavam circunstancias baseadas à cultura coletiva. O que temos são apenas raciocínios em busca de nossa realidade, complexa, contraditória e o que mais perturba, é inexplicável. O que podemos considerar como principio é que as relações entre o desconhecido e o real ocasionam uma interpretação para a nossa existência, e sempre existe um propósito para o real”. "A historicidade da verdade inserida no mundo", en Contribuciones a las Ciencias Sociales, Agosto 2012, www.eumed.net/rev/cccss/21/”(ISSN – 1988 – 7833).

Assim, existia o deus do fogo, da água, da terra, da chuva, do ar, etc. e se alguma coisa acontecia como, por exemplo, se passasse um longo período sem chover era porque o deus da chuva estava com raiva dos humanos. Desse modo, não era viável aborrecer tais deuses, assim, durante muito tempo creu-se nesse pensamento até que o homem parou para pensar e descobrir que nem tudo que acontecia se dava em função dos deuses.
Dessa forma, rompe-se com esse pensamento mítico e surgem os filósofos, homens impulsionados em explicar os fenômenos naturais através de uma forma mais racional, ou seja, a partir de agora o homem é mais razão, tem-se a valorização do pensamento humano. É claro que a sistematização desse pensamento não se dará instantaneamente, mas gradualmente, aos poucos o homem vai formulando teorias e pensamentos que mais tarde servirão de embasamento teórico para as gerações futuras.

Assegura Marcondes 2007

“È nesse sentido que a tentativa dos primeiros filósofos da escola jônica será buscar uma explicação do mundo natural baseada essencialmente em causas naturais, o que consistira no assim chamado naturalismo da escola. A chave da explicação do mundo de nossa experiência estaria então, para esses pensadores, no próprio mundo, e não fora dele, em alguma realidade misteriosa a inacessível. O mundo se abre, assim, o conhecimento, à possibilidade total de explicação – ao menos em principio – à ciência portanto. O pensamento filosófico-científico representa assim uma ruptura bastante radical com o pensamento mítico, enquanto forma de explicar a realidade”. (MARCONDES pg. 21)

Diante deste contexto é que alguns autores da filosofia antiga vão se destacar, a princípio aqueles que se dedicaram em explicar a physis através da natureza, estes são chamados de sofistas ou pré-socráticos. E só mais tarde com o pensamento de Sócrates é que realmente se voltará às atenções para o homem, é com este filosofo que se sistematizará o pensamento filosófico, pois, ele se preocupará com as questões humanísticas.
Amanajas Pena, R.; Amanajas Pena, M. y Amanajas Pena, H.:
“O mito realça sua verdadeira fonte no estado de natureza mórbida, quando se associa com o homem para provar sua fraqueza por meio da temeridade causada por danos morais e sociais na vida terrena. São atribuídos os medos através de explicações míticas na tentativa de elucidar como forma de obtenção para regular o seu domínio irracional. Esse medo, causado pela ânsia de defender sua natureza própria como verdade aplicável ao momento, e que o medo seja considerado uma ausência da verdade, ou seja, um mito, um conflito interior a modificar o estado de falência, quando sentimos medo, estamos divorciado da verdade, estamos vulnerais não só ao medo, mas, a verdade como significado para evidenciar o obscuro. Então, a palavra medo está associada à falta de verdade no homem, Como pode-se comprovar as verdades se o homem está constante medo consigo mesmo”. "A historicidade da verdade inserida no mundo", en Contribuciones a las Ciencias Sociales, Agosto 2012, www.eumed.net/rev/cccss/21/(ISSN – 1988 – 7833).
Portanto, a função deste trabalho é justamente sistematizar o pensamento de Sócrates, explicando passo a passo como ele desenvolveu seu método. Vale ressaltar, ainda, que dele nada se tem de concreto, pois, ele nada deixou escrito, o que se tem são alguns diálogos que Platão seu discípulo escreveu, Sócrates gostava apenas de ensinar nas praças e para isso era preciso apenas à palavra e mais nada. Sua função era instigar as pessoas a perceberem que os conceitos que sabiam das coisas nada valiam, era preciso ir além desses conceitos, é isso que vai diferenciar Sócrates dos outros filósofos.

A VIDA DE SÓCRATES

Sócrates viveu entre 470-399 a.c e segundo Gaarder (1995, 78), ele é o “personagem mais enigmática de toda a história da filosofia. Ele não escreveu uma única linha e, está entre os que maior influencia exerceram sobre o pensamento europeu”. Sócrates nasceu em Atenas e passou parte de sua vida ensinando nas praças e nas ruas conversando com qualquer pessoa (jovens, adultos e idosos), por este motivo é que ele foi morto, pois, diziam que ele ficava na praça instigando os jovens a questionar tudo a sua volta e isso não era viável para elite daquela sociedade. Na realidade esta não foi à causa primordial de sua morte, pois ele foi condenado por questões políticas, que segundo Marcondes (1990, 45), “Sócrates criticava o que ele considerava um desvirtuamento da democracia ateniense e os valores e atitudes da sociedade da época”.
Assim, como dito anteriormente nada se tem escrito por Sócrates, o que sabemos dele veio por intermédio primeiramente de Aristófanes, seguido de Platão e Xenofontes e por ultimo Aristóteles. Discípulos que escreveram muitos Diálogos nos quais Sócrates aparece. Deste modo, o objetivo de Sócrates não era ensinar como um professor tradicional, como fazia os sofistas que sofreram duras críticas por ele, mas, dialogar e discutir todos os tipos de assuntos. Além disso, outra característica dele é que, diziam que sua mãe era parteira, logo, comparavam a atividade que ele exercia com a de uma parteira. Dessa forma, de acordo com Gaarder:

“Não é a parteira que da a luz o bebê. Ela só fica por perto para ajudar durante o parto. Sócrates achava, portanto, que sua tarefa era ajudar as pessoas a “parir” uma opinião própria, mais acertada, pois o verdadeiro conhecimento tem de vir de dentro e não pode ser obtido espremendo-se os outros. Só o conhecimento que vem de dentro é capaz de revelar o verdadeiro discernimento”. (GAARDER, 1995, 80)

O PENSAMENTO SOCRÁTICO

Sócrates consistiu em ensinar nas praças, dialogar com as pessoas os mais variados assuntos, ao ponto de levá-las ao desgaste. Mas, os seus pensamentos partiam mais além, pois Sócrates de acordo com Mondin (2002, 49). “mantém-se mais no campo crítico do que no ontológico: não se interessa pelos princípios supremos do universo, mas pelo valor do conhecimento humano”. Sendo assim, seus principais fundamentos estão no estudo da psicologia, epistemologia e moral.
Assim, ainda segundo Mondin (2002, 50), na psicologia sua doutrina gira em torno da imortalidade da alma, ou seja, para Sócrates: “alma é superior ao corpo e encontra-se nele como numa prisão. A morte liberta a alma desta prisão e lhe abre a porta de uma vida melhor. Deve-se, por isso, cuidar da alma e não temer a morte”. Já o conhecimento para ele se faz necessário a “distinção entre opinião e verdade, ou seja, o conhecimento sensível por si só não pode fazer-nos conhecer a verdade, mas só opiniões mais ou menos sólidas”. E por ultimo a moral que para Sócrates esta identifica-se com o conhecimento, pois para ele “a sabedoria é virtude e a virtude identifica-se com a sabedoria. Se o homem peca é por ignorância, porque não é admissível que, conhecendo o bem e o mal escolha o mal e não o bem”.
Estes fundamentos diferenciavam Sócrates dos outros filósofos, pois, se preocupava com o pensamento humano e não com explicações cosmológicas como faziam os pré-socráticos, ao contrário preocupava-se com a virtude e a moral das pessoas, fazendo com que estas percebessem que o que pensavam saber das coisas estava errado. Para ele saber conceitos sobre determinados assuntos não era válido. Sócrates queria algo mais do que isso, ele queria a essência das coisas, o porquê de tudo existir e não meras significações relacionadas a mitos e sobrenaturais.

Confirma MARCONDES 2007

“É importante notar que, na concepção socrática, essa melhor compreensão só pode ser resultado de um processo de reflexão do próprio individuo, que descobrirá, a partir de sua experiência, o sentido daquilo que busca. Isso se dá através de sucessivos graus de abstração e do exame do que essa própria experiência envolve, explicando o que no fundo já está contido nela. Trata-se de um exercício intelectual em que a razão humana deve descobrir por si própria aquilo que busca. Sócrates jamais responderá as questões que formula. Procura apenas indicar o caminho, a ser percorrido pelo próprio indivíduo: é esta o sentido originário de método. (MARCONDES pg. 47)

SÓCRATES: A ORIGEM DO CONHECIMENTO

Atualmente sabe-se que muitos fenômenos antes, explicados por divindades superiores, hoje a ciência através de métodos científicos e experimentações, consegue explicá-los de forma racional e não mais através dos mitos como ocorria na antiguidade e ainda ocorre em determinadas sociedades ditas primitivas.
Segundo Chauí (2006)

“os mitos são narrativas sobre a origem de alguma coisa como, por exemplo, a origem dos astros, da terra, dos homens, das plantas, animais, etc. Dessa forma, a palavra mito vem do grego mythos e deriva de dois verbos: do verbo mytheyo (contar, narrar, falar alguma coisa para outros) e do verbo mytheo (conversar, contar, anunciar, nomear)”.

Desse modo, os mitos existem como forma de poder, pois alienam parte de uma dada sociedade. Além disso, de acordo com Gaarder (1995, 35), o mito é a história de deuses e tem por objetivo explicar porque a vida é assim como é. Ou seja: “Ao longo dos milênios, espalhou-se por todo o mundo uma diversificada gama de explicações mitológicas para as questões filosóficas. Os gregos tentaram provar que tais explicações não eram confiáveis”.

“(...) Assim, o objetivo dos primeiros filósofos gregos era o de encontrar explicações naturais para os processos da natureza.” (Idem, 1995, 40).

Era essa a forma que os gregos encontravam para explicar, na antiguidade, os acontecimentos e/ou fenômenos naturais, criando assim, vários deuses como, Zeus, Apolo, Hera, Atena, Afrodite, Ades, Dionísio, etc. Cada um desses deuses eram explicações para aquilo que o homem não podia explicar, ou seja, na realidade foram os próprios homens que os criaram, pois nesse período da historia eles não eram capazes de explicar o que estava acontecendo a sua volta de forma racional.
Mas, nem todas as pessoas acreditavam que tudo o que acontecia era em função dos deuses. Assim, elas passaram a questionar tais mitos, essas pessoas mais tarde seriam os sábios ou filósofos. Com isso, temos o surgimento da razão (logos).
Segundo Aranha (2003)

“as cosmologias1 dos pré-socráticos são baseadas em explicações racionais, logo têm-se a ruptura entre mythos e logos. O homem busca explicar os fenômenos, não mais através de divindades mais através de raciocínios lógicos”.

O homem passa agora, a questionar tudo que está a sua volta e não aceita simples explicações mitológicas, ele quer fatos que possam ser comprovados. Assim surgem os grandes sábios como: Tales de Mileto, Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito que se caracterizavam pelo estudo da physis, além destes ainda tínhamos Pitágoras, Parmênides, Demócrito entre outros, possuindo uma visão de mundo mais abstrata, voltada para o surgimento a lógica e da metafísica. Cada um desses filósofos tentou explicar como se deu a origem da vida, por este motivo uns vão dizer que a vida surge do ar, outros da água, do fogo, etc. assim, estes pensadores eram chamados filósofos da natureza e pré-socráticos, pois viveram antes de Sócrates. E é a partir dessas indagações que os três maiores pensadores Sócrates, Platão e Aristóteles vão surgir como marcos da civilização européia. Mas, para este ensaio, Sócrates é o que será enfatizado.

Afirma Marcondes (2008):
“O papel do filosofo, portanto, não é transmitir um saber pronto e acabado, mas fazer com que outro indivíduo, seu interlocutor, através da dialética, da discussão no diálogo, dê a luz a suas próprias idéias. A dialética socrática opera inicialmente através de um questionamento das crenças habituais de um interlocutor, interrogando-o, provocando-o a dar respostas e a explicitar o conteúdo e o sentido dessas crenças”. (MARCONDES, 2008, pg.48).

TEORIA DO CONHECIMENTO DE SÓCRATES

É, então, a partir desta colocação de dar “luz a novas idéias” que seu método se desenvolve, pois, ele parte do principio de que “só sei que nada sei”, ou seja, para Aranha (2005), “isto consiste justamente na sabedoria de reconhecer a própria ignorância”. Por este motivo, ainda, segundo Aranha “seu método começa pela frase considerada destrutiva, a qual denominou-se ironia, mais que em grego significa perguntar”. Outra etapa de seu método é a maiêutica 2 (em grego parto). “Na realidade Sócrates desconstruía o saber estabelecido pela sociedade para reconstruí-lo de forma clara e coerente, dando uma nova definição do saber”.
Esse método elaborado por Sócrates é o dialético que para Reale (2003), “a dialética de Sócrates consiste no seu próprio dialogar, ou seja, parte da premissa de dois momentos essenciais: a refutação e a maiêutica, que ao fazê-lo Sócrates utilizava-se da “mascara do não saber” e da temida arma da ironia. Dessa forma, Sócrates diferente dos sofistas que se relacionavam com as pessoas de forma superior a elas, ele ao contrário se colocava diante delas e ouvindo o que elas diziam também aprendia, essa postura de Sócrates seria o não saber socrático.
Desse modo, segundo Reale (2003), a refutação a que Sócrates se refere, “consiste em fazer com que seu interlocutor não aceitasse uma única e simples explicação para os fatos”, ao contrário, ele fazia com que as pessoas atingissem o máximo que podiam, ao ponto de elas reconhecerem sua própria ignorância. Por ultimo a maiêutica, que como dito anteriormente, consiste em desertar no individuo a busca pelo conhecimento.
A teoria socrática interroga-se por si mesma, ao ponto de interpretar o que não capaz de sorver, por quê? Quando Sócrates disponibiliza seu fragmento através de um impulso interrogativo, adota um fundamento técnico para conhecer a alma do cidadão e, não só a classe aristocrata da sociedade apresentava nível de consciência e intelectualidade elevado, a classe ínfima do mundo grego também apresentava informações culturais, pois, para o propósito socrático as diversas culturas provinha essencialmente do escravismo, e não do povo ateniense protetor de uma cultura mítica voltada para o dogmatismo irracional e não racional. Então, utilizava-se o mesmo processo para difundir entre a população e os patrícios vestígios de saber. Contudo, a experiência de Sócrates estava na observação das perguntas e refletir sobre a experiência das respostas, verificava com a sua investigação se o cidadão era pertinente nas suas interrogações a respeito da vida em sociedade.

Confirma REALE 2009

“O primeiro momento da ironia era, por assim dizer, a pars destruens, isto é, o momento (como acima dissemos) em que Sócrates levava aquele com quem dialogava a reconhecer a própria presunção de saber e, portanto, a própria ignorância. Ele forçava a definir o assunto em torno ao qual versava a pesquisa; depois se aprofundava de vários modos na definição, explicitava as falhas, as contradições às quais levava; convidava em seguida a tentar uma nova definição e, com o mesmo procedimento, confutava-a, e assim, por diante, até o momento em que o interlocutor se reconhecia ignorante”. (REALE pg. 144)

È claro que, nos dias de hoje essa entrevista se resume no papel prático da dialética da sociedade, provocando e instigando o cidadão a pensar racionalmente nas suas repostas, mas este processo tem seu objetivo na refutação do saber. Porém, quando estamos sendo interrogados não está sendo aplicado o antídoto para chegar à verdade que, era o propósito de Sócrates, está sendo construído um processo retórico de várias opiniões e isso é, campo da sofistica utilizar-se desta fragmentação de saberes.

Confirma REALE 2009

“É bem evidente agora que, mudando o objeto de pesquisa relativamente aos naturalistas, a sofística devia mudar também o método. Enquanto os filósofos da natureza, estabelecido o princípio primeiro, deduziam dele as várias conclusões, procedendo com método prioritariamente dedutivo, os sofistas, seguem um procedimento empírico-dedutivo.....tem seu ponto de partida na experiência e tenta ganhar o maior numero possível de conhecimentos em todos os campos da vida, dos quais, depois, extraem algumas conclusões, em parte da natureza teórica, como por exemplo das possíveis habilidades do saber, sobre as origens, o progresso e o fim da cultura humana”. (REALE pg. 27/28)

O que Sócrates visualizava é que, toda consciência tem no fundo do seu habit uma virtude voltada para verdade, mas que as proporções que atingem tais momentos são ignorados por não apresentarem a unicidade do saber, e sim por anotar, um contrafação no seu seguimento imparcial, buscar a verdade para Sócrates é, refutar várias opiniões que não esteja ao compasso da lógica. Contudo, sentenciar sua teoria é silenciar o saber e a instigação da dialética voltada para o amadurecimento do homem.
O homem precisa deste impulso de sabedoria para, sobreviver na realidade da polis e não ser incapaz de ignorar seu status de homo sapiens, já que, o profundo método do conhecimento é construção de valores voltados para a vida social, este sim, é a excelência na vida filosófica, pois, conhecer as raízes do entendimento humano é característica última da filosofia.

Assegura REALE 2009

“Foi justamente com esse momento confutatório do seu método que Sócrates adquiriu as mais vivas aversões e as mais duras inimizades, que, no limite, lhe valeram a condenação à morte. E é claro que os medíocres deviam reagir negativamente a essa confutação. Eles partiam de uma ingênua certeza e segurança de saber, eram freqüentemente postos em xeque-mate a exaustão de todos os seus recursos. Por conseqüência, produzia-se neles uma crise que derivava, de um lado, de um improviso ofuscamento daquilo que antes consideravam seguro, e, de outro, das falta de novas certezas às quais se agarrar”. ( REALE pg. 145 )

A ÉTICA SOCRÁTICA

Em relação ao critério de juízo Sócrates voltava-se para o conhecimento racional como bem individual do homem, relatava sua importância que fazia o conhecimento para a moral humana, desprezava o vício da cidade chamando-o de ignorância perante a não existência do saber, com isso, Sócrates condicionava a busca da informação na ausência da não informação que o cidadão ostentava, Sócrates observava que, o povo grego não desenvolvia o saber necessário para sua conduta moral.
Amanajas Pena, R.; Amanajas Pena, M. y Amanajas Pena, H.:
“Sócrates atribuía sua vertente pela qual era impugnado pela a cólera que emergia da sociedade, assim, passou a militar o conhecimento sendo uma arma da consciência para libertar a moralidade do individuo preso as lacunas da vida. Sócrates ouvia os gritos do silêncio das pobres almas inertes ao tempo grego, contudo, sua moralidade permanecia inabalada, promovendo seus valores sociais uma diretriz para a vida tortuosa que a própria sociedade lhe propunha. Além disso, seus valores morais estavam intocáveis mediante a mediocridade da coletividade ateniense, a dialética então exercida por Sócrates detém uma reflexão de verdade, voltada para o conhecimento como bem ulterior da investigação de como o homem se voltava para a pólis, era a psicologia socrática como fluxo do entendimento do homem”. "A historicidade da verdade inserida no mundo", en Contribuciones a las Ciencias Sociales, Agosto 2012, www.eumed.net/rev/cccss/21/(ISSN – 1988 – 7833).

Preso na sofistica o modelo grego, voltado para luxurias da vida, para o politeísmo, para a política como pratica determinante exercida na polis, a ética que alude Sócrates é diferenciada dos costumes e os estudos analíticos, nessa vertente a luta de Sócrates era proporcionar a verdade ao homem através do saber, e só a liberdade trazia o conhecimento compartilhado com a justiça e sapiência, unificadas como fortaleza em combater o vicio da cidade.
Afirma DORION

“Portanto a ética de Sócrates é decididamente intelectualista, visto que recusa admitir, contrariamente à opinião amplamente difundida, que um homem que sabe que o que é o bem possa no entanto não fazê-lo em razão e do vigor de um afeto, quer se trate da cólera, do medo, do desejo ou do fascínio da prazer. Sócrates insurge-se contra a opinião comum segundo o qual o saber não possui nenhuma força, nem de direção, nem de comando, e pode ser facilmente neutralizado e revertido por impulsos irracionais”. (DORION pg.68)

De fato a cosmologia inseriu-se como direcionamento para os céticos e para os ateus existencialistas, adequar a substancia primordial de maneira racional, era uma questão gradual, porém, sua trajetória foi atribuir ao conjunto da polis um determinado referencial para seguimento social. O racionalismo era a única possibilidade de construir o cidadão voltado para ele mesmo, através da sua auto-instigação, superar os próprios limites da inteligência humana como instrumento de consciência política que, pudesse compartilhar com seus semelhantes à justiça perante um diálogo comunicativo e não absoluto, Sócrates almejava reconstruir uma nova identidade feita de valores éticos e morais como alternativa para barbárie.

Afirma REALE 2009

“Mas sobre os medíocres, que não admitiam reconhecer-se ignorantes, era este o efeito que produzia a confutação, outro êxito ela produzia sobre os melhores. Como vimos na passagem dos sofistas, ela purificava, enquanto destruía as certezas não autenticas, mas aparentes e falsas, e logo conduzia não a uma perda, mas a um ganho. E o ganho, ainda uma vez, o sofista nos disse em que consistia: enquanto existem na alma falsas opiniões e falsas certezas, é impossível alcançar a verdade; porém, eliminados aquelas, a alma fica purificada e pronta para alcançar, se dela está grávida, a verdade”. (REALE pg. 146)


Seu pesar são que, os sofistas e os céticos tinham ingerido ao seu mundo contradições imposta à realidade proporcionando uma fraqueza na alma, porém, constitui, que seja combatida a opinião pública com a verdade do conhecimento, Sócrates sabia, não podia lutar contra hipocrisia formada pela sociedade, então, construir um cidadão lógico conhecedor de uma verdade que abrolhe no seio natural e edifique como regência de igualdade para despertar o lado libertário do ser, era seu ministério.
Sua critica ao mundo sofista é, que o sofismo não frisa o homem instigador e aprendiz de sua própria consciência, entrega ao homem reproduções de momentos e dizeres na sua utilidade como apresentações da vida, sem consciência de seus ensinamentos e conseqüentemente sem conduta moral. Cria alternativas para o homem percorrer curto caminho para rápida apresentação social, em vez de caminhar aos passos de sua própria consciência ética.
Se a ética é transformação do ser mediante o que apresenta pelo comportamento no âmbito da realidade que está, então o conhecimento proporciona ao indivíduo mudança na atitude da coletividade, mediante doutrinação moralista, cabendo ao mesmo assimilar juízos e conceituar um aprendizado voltado às mudanças ocorridas no seu interior. É que a tendência ética volta-se de onde surgiu, um retorno à própria essência de DEUS.

CONSIDERAÇÕES FINAIS


É com Sócrates que o pensamento filosófico se sistematiza, rompendo assim com pensamento mítico da época. Além disso, se caracteriza pelo seu método da maiêutica, que como visto anteriormente seria o ato de parir, isto porque, se inspirava em sua mãe que recebia o dote de parteira, mas não no sentido real da palavra, na realidade o chamavam assim, porque levava as pessoas ao profundo conhecimento das coisas ao ponto de elas reconhecessem que, nada sabiam de fato.
Além disso, Sócrates criticava a atitude dos sofistas, pois, ensinavam em função de algo em troca, enquanto ele ensinava a todos que quisessem saber, aprender. Assim, seu pensamento se diversificou em várias temáticas como a psicologia, epistemologia, moral, etc. É justamente, por se preocupar com todos os tipos de assuntos que ele é julgado e condenado a critério de juízo e morto pela sociedade.
Na realidade Sócrates criticava a política, os valores e a moral vivida pela sociedade ateniense, por este motivo não agradou muito seus inimigos. Mas, apesar disso, é ele que se destaca como o divisor de águas entre o pensamento mítico e pensamento filosófico da época. Assim, com a arte do discurso ele induz as pessoas a assumirem a própria ignorância, esse método ele denominou de maiêutica, pode ter ausentado-se da palavras.
Portanto, é a partir do pensamento de Sócrates que o homem sistematiza seu conhecimento e passa a construir um raciocínio diferenciado diante da polis, passa a interagir com a coletividade e inserir-se no mundo lógico, e muda sua interpretação de vida ao passo coerente sobre os mais variados assuntos, além disso, é com ele que se dá a valorização do ser humano enquanto pessoa, o individuo agora é o centro das atenções e não a natureza como faziam os filósofos naturalistas. Mas, agora o homem é o agente principal da discussão filosófica.


REFERÊNCIAS

Amanajas Pena, R.; Amanajas Pena, M. y Amanajas Pena, H.: "A historicidade da verdade inserida no mundo", en Contribuciones a las Ciencias Sociales, Agosto 2012, www.eumed.net/rev/cccss/21/ (ISSN – 1988 – 7833).

ARANHA, Maria Lucia de Arruda. Filosofando: introdução à filosofia. Maria Helena Pires Martins. – 3. ed. Revista – São Paulo: Moderna, 2003.

CHAUÍ, Marilena. Convite a Filosofia. Editora Ática. São Paulo, 2006.

DORION, Louis-André. Compreender Sócrates 3ª edição editora Vozes 2006.

GAARDER, Jostein. Sócrates. In: O mundo de Sofia: romance da história da filosofia: tradução João Azenha Jr. – São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

MARCONDES, Danilo. Iniciação à Historia da Filosofia dos Pré-socrática a Wittegenstein. 11. Ed. Rio de Janeiro: Zahar Editota, 2008.

MONDIN, B. Sócrates. In: Curso de Filosofia- v.1. SP. Paulus. 2002, p. 49-50.

REALE, Giovanni. Sócrates e os socráticos menores. In: História da Filosofia: filosofia pagã antiga, v. 1/Dario Antiseri: [tradução Ivo Storniolo]. – São Paulo: Paulus, 2003.


1 A palavra cosmologia deriva do termo kosmos em grego, que significa o mundo natural bem como o espaço celeste, enquanto realidade ordenada de acordo com certos princípios racionais.

2 De acordo com o autor Marcondes (2008), a palavra maiêutica significa literalmente a arte de fazer o parto, uma analogia com o oficio de sua mãe que era parteira.