Eliane Barbieri Zanetti*
Denise Regina Quaresma **
Universidade-UNILASALLE, Brasil
E-mail: elianegabriella@terra.com.br
RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo revisar a literatura nacional de 2009 a 2019 na área da Psicologia, para verificar as produções acadêmicas sobre TEA (Transtorno do Espectro Autista) na Adolescência. Os artigos foram selecionados nas seguintes bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde – Psicologia Brasil (BVS-Psi Brasil) PEPsic (Periódicos eletrônicos em Psicologia), SciELO (Scientific Electronic Library Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde). Enquanto resultados, foi selecionado somente um artigo como pertinente ao objetivo do estudo. Com isso, conclui-se que a ausência de estudos sobre o tema e a necessidade urgente da área sobre a adolescência e o Transtorno do Espectro Autista (TEA), apontam a necessidade de mais pesquisas.
Palavras-chave: Autismo. Adolescência. Psicologia. Revisão Sistemática.
RESUMEN: Este artículo tiene como objetivo revisar la literatura nacional de 2009 a 2019 en el área de Psicología, para verificar las producciones académicas sobre TEA (trastorno del espectro autista) en la adolescencia. Los artículos fueron seleccionados de las siguientes bases de datos: Biblioteca Virtual en Salud - Psicología Brasil (BVS-Psi Brasil) PEPsic (Revistas electrónicas en psicología), SciELO (Biblioteca electrónica científica en línea), LILACS (Literatura latinoamericana y caribeña sobre ciencias Salud). Como resultado, solo se seleccionó un artículo como pertinente para el objetivo del estudio. Por lo tanto, se concluye que la ausencia de estudios sobre el tema y la necesidad urgente del área de la adolescencia y el trastorno del espectro autista (TEA), indican la necesidad de una mayor investigación.
Palabras clave: autismo. Adolescencia Psicología, revisión sistemática.
ABSTRATC: This paper aims to review the national literature from 2009 to 2019 in the area of Psychology, to verify the academic productions on ASD (Autistic Spectrum Disorder) in Adolescence. The articles were selected from the following databases: Virtual Health Library - Psychology Brazil (BVS-Psi Brazil) PEPsic (Electronic Journals in Psychology), Scielo (Scientific Electronic Library Online), LILACS (Latin American and Caribbean Literature on Sciences of health). As results, only one article was selected as pertinent to the objective of the study, lack of studies on the subject and the urgent need of the area on adolescence and Autism Spectrum Disorder (ASD), indicating the need for further research.
Keywords: Autism. Adolescence. Psychology. Systematic Review.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Eliane Barbieri Zanetti y Denise Regina Quaresma(2020): “Autismo na adolescência: uma análise da produção cientifica brasileira”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, (marzo 2020). En línea:
https://www.eumed.net/rev/cccss/2020/03/autismo-adolescencia.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/cccss2003autismo-adolescencia
1 INTRODUÇÃO
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um dos transtornos mais invasivos do desenvolvimento, uma vez que para cada indivíduo o quadro clínico se difere tendo como consequência variações na forma e no grau do autismo, sendo caracterizado por prejuízos persistentes na comunicação social e recíproca (CORREA, 2018).
O número de alunos com Transtorno de Espectro Autista (TEA) que estão matriculados em classes comuns no Brasil teve aumento de 37,27% no ano de 2018. Em 2017, 77.102 crianças e adolescentes com autismo estudavam nas mesmas salas que pessoas sem TEA. Esse índice subiu para 105.842 alunos em 2018. Estes dados foram extraídos do Censo Escolar, divulgado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP. Têm considerados tanto os estudantes de escolas públicas quanto de particulares (TENENTE, 2019).
Para Correa (2018), o nível de funcionamento intelectual das pessoas com TEA é extremamente variável se estende desde o profundo comprometimento com as habilidades cognitivas superiores. O autista não desenvolve socialização e comunicação, apresentando problemas de cognição, dificuldade na ausência de contato afetivo bem como, atraso ou ausência na fala e fixação em determinados objetos. O autismo é apresentado de formas diferenciadas dependendo da gravidade da condição, do nível de desenvolvimento e da idade cronológica (CORREA, 2018).
Os sinais do autismo nos primeiros anos de vida não são tão perceptíveis ao senso comum, e, ainda que sejam, na maioria das vezes não são aceitos ou valorizados pelos pais, médicos ou familiares. A preocupação com a criança ocorre quando ela começa a apresentar persistentes sinais na ausência da fala, e isso só ocorre em torno dos três anos de idade. Nessa assertiva, teremos um entendimento tardio para o diagnóstico e uma perda de tempo para uma intervenção precoce e com possibilidades de mudança no quadro (VIEIRA, 2013).
O TEA nos mostra quanto o desenvolvimento cognitivo da criança é afetado. Para prevenção é preciso que haja uma intervenção precoce, tendo inicialmente, que haver uma fusão da mãe com o bebê, cujo enfoque primeiro trata da importância da amamentação no peito ou na mamadeira com a conexão do olhar da mãe com o bebê que vai além do alimento. O bebê, quando é amamentado, precisa do olhar da mãe para formação do vínculo, um bebê, cujo desenvolvimento ocorra de forma normal, apresenta choro quase ininterrupto, muitas vezes uma inquietação constante, ao contrário do bebê autista que não apresenta uma curiosidade, fome, desconforto ou choro (TELLES, 2012).
A criança com autismo geralmente apresenta padrões restritos de atividades, interesses limitados, comportamentos estereotipados, ausência na comunicação, empobrecimento de brincadeiras, não utiliza o faz-de-conta, muitas vezes tem menor ou quase nada de contato com o mundo externo, não utiliza brincadeiras simbólicas ou fantasiosas. Também poderá apresentar vários sintomas como: falta de emoção, agressividade, retardo ou genialidade. Mesmo apresentando esses sintomas, na maioria dos casos existe a negação e aceitação do diagnóstico como defesa da família, sendo que o tratamento é procurado quando as crianças já estão na fase escolar (GORETTI, 2014).
Atualmente, no Brasil, vivencia-se a inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais, essa inclusão envolve uma parceria com os professores da Educação Especial, os responsáveis pela sala de aula e a família, assim maximiza-se aprendizagens e oportunidades para os alunos. A lei nos mostra que alunos com necessidades educacionais especiais têm assegurado o direito a matrícula em escolas regulares brasileiras desde a Constituição de 1988. Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº.9.394) reafirmou a obrigatoriedade do atendimento educacional especializado e gratuito, preferencialmente na rede regular de ensino (PEREIRA; SCHMITT, 2016).
O autismo tem manifestação precoce nos primeiros meses de vida, podendo se observar uma ausência de reciprocidade entre a mãe e o bebê.
Para Laznik (2004, p. 23):
Identificar esse traço clínico nos primeiros meses de vida, antes da instalação da síndrome autística, permite o diagnóstico precoce, e, nesse caso, a causa da não instauração do terceiro tempo pulsional ocupa um lugar secundário, pois não importa que a falha advenha de uma dificuldade constitutiva do bebê que o impossibilite de se ofertar como objeto de gozo do outro, ou por uma falta de resposta, de ressonância, daquela que ocupa o lugar do outro primordial. Embora admita a multifatorialidade, o que está em jogo aqui é a falha no estabelecimento do laço mãe-bebê que, por uma razão ou outra, encontra-se comprometido. Independentemente da causa, Laznik postula o restabelecimento do circuito pulsional completo através da contribuição libidinal da parte do psicanalista que promova a instauração ou modificação do olhar dos pais em relação ao filho, e compreende que, no campo da prevenção, um ambiente propício permitirá que as instaurações estruturais possam acontecer, ou ainda que a plasticidade cerebral possa encontrar o caminho de novos enodamentos e articulações. Mas também adverte que essa é uma luta contra o relógio, luta em que não só o tempo lógico conta, uma vez que certas instaurações estruturais, como é o caso da fala efetue mais facilmente em momentos mais sensíveis à apropriação dos significantes do outro.
Acredita-se, portanto, que muito antes de um bebê nascer seu espaço afetivo já está sendo definido, de acordo com as condições gerais em que é representado por seus genitores. Diante da maternidade o bebê, ao nascer, é separado da sua mãe, mas continua a ser totalmente dependente em termos funcionais e afetivos. No processo de constituição do sujeito, a satisfação da primeira necessidade (fome, frio, sono) reduz o estado de tensão e resulta num prazer imediato, a criança autista terá essas mesmas necessidades (TELLES, 2012).
É fundamental que se dê importância para um tratamento direcionado para os autistas inseridos no ambiente escolar, a questão da inclusão na vida escolar, na qual se aceite e integre os desiguais, no entrecruzamento com o diagnóstico correto. Sendo necessário mais reflexão sobre a importância deste diagnóstico que deveria servir como referência do tratamento e das necessidades especiais, porém, percebe-se que em muitos casos ele é usado para fortalecer o rótulo excludente. A pessoa com deficiência foi e continua sendo vista e considerada sobre diferentes perspectivas. Assim se faz necessário o conhecimento dos profissionais da área da saúde e da educação no diagnóstico de uma criança ou adolescente para que não se tornem cúmplices de uma fase perversa da inclusão (TELLES, 2012).
Percebe-se cotidianamente que a convivência dos ditos “loucos” com os ditos “normais” é complexa, por tudo que essa aproximação evoca: medo, rejeição, temor, piedade, etc. No espaço escolar, esses sentimentos não são diferentes, pois todos aprenderam a lidar com angústias que o “diferente” suscita. Diagnosticar uma criança sem considerar os aspectos subjetivos de seu entorno é classificá-la e correr o risco de perdê-la, de que ela retroceda; cometer esse erro implica em prejudicar o desenvolvimento da criança na escola. Isso porque ela ainda está se constituindo psiquicamente e precisa do auxílio familiar, escolar e social para se desenvolver (QUARESMA DA SILVA; MELLO; SILVA, 2015).
O ambiente desempenha, neste estágio, o papel de imensa importância, a ponto de ser mais adequado, num relato descritivo, supor a continuidade da existência e do interesse do pai, da mãe, da família pelo adolescente. Muitas das dificuldades porque passam os adolescentes, e que muitas vezes requerem a intervenção de um profissional, derivam de más condições ambientais (WINNICOT, 2005, p.117).
2 MÉTODO
O estudo qualitativo prioriza a compreensão da subjetividade humana e não propõe a quantificação dos comportamentos observáveis (MINAYO, 2004), sendo que a opção por esse método se justifica tanto pela natureza do dado quanto pela perspectiva teórica que respalda o trabalho.
Foi realizado, levantamento bibliográfico nas bases de dados da plataforma virtual em Psicologia Brasil (BVS-Psi Brasil) e, três bases de dados de referencia: LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e SCIELO (Scientific Eletronic Library Online) e PEPSIC (Periódicos Eletrônicos em Psicologia). A pesquisa abrangeu os últimos dez anos, tendo como finalidade localizar o maior número de artigos publicados sobre o tema, para isso foram utilizados os seguintes descritores.
Na análise, verificou-se o número de trabalhos publicados por ano, recorrentes nas publicações elencadas e as principais áreas em que os artigos foram publicados, buscando descrever o cenário nacional das pesquisas sobre o tema abordado.
Para a seleção dos estudos, foram adotados os seguintes critérios: textos disponíveis em formato completo, artigos publicados entre 2009 e 2019, no idioma Português/Brasil. Foram excluídas teses, dissertações e monografias. Convém destacar que os artigos, encontrados repetidas vezes, são contabilizados apenas uma vez.
Após a busca, a triagem dos artigos foi realizada por meio da leitura dos respectivos títulos e resumos, adotando-se os critérios de inclusão e exclusão citados anteriormente. No processo de análise, buscou-se investigar o tema nos artigos encontrados para ver se havia uma similaridade entre eles.
Com o objetivo de formar um banco de dados de fácil manejo, os artigos encontrados foram organizados de maneira precisa, por meio de um formulário que continha os seguintes dados: autores/ano, título, revista de publicação, objetivo geral, intervenção realizada, amostra e principais resultados. Ressalta-se que, para cada artigo selecionado houve um preenchimento do formulário após a leitura criteriosa do texto.
3 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Selecionou-se um artigo, do ano de 2010, pelas bases de dados eletrônicas (n=1), sob o título Constituição da Subjetividade de Adolescentes Autistas: Um olhar para a História de Vida; da autoria de Maria Fernanda Bagarollo; e Ivone Panhoca.
Notou-se também que os pais e profissionais prolongam a infância de seus filhos autistas, representando-os, mesmo na adolescência, como crianças.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BAGAROLLO, Maria Fernanda; PANHOCA, Ivone. A constituição da subjetividade de adolescentes autistas: um olhar para as histórias de vida. Rev. bras. educ. espec. Marília, v. 16, n. 2, p. 231-250, Aug. 2010. Access on 20 Sept. 2019.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. 70. ed. São Paulo: Edições, 2011.
CORREA, Bianca; SIMAS, Francine; PORTES, João Rodrigo Maciel. Metas de Socialização e Estratégias de Ação de Mães de Crianças com Suspeita de Transtorno do Espectro Autista. Rev. bras. educ. espec., Bauru, v. 24, n. 2, p. 293-308, abr. 2018. Disponível em 20 set. 2019.
GORETTI, Amanda Cabral dos Santos; ALMEIDA, Sandra Francesca Conte de; LEGNANI, Viviane Neves. A relação mãe-bebê na estimulação precoce: um olhar psicanalítico. Estilos clin., São Paulo, v. 19, n. 3, p. 414-435, dez. 2014. Disponível em 18 set. 2019.
LAZNIK. M. C. (2004). Introdução. In M. C. Laznik, A voz da sereia: O autismo e os impasses na constituição do sujeito (pp.13-17). Salvador, BA: Ágalma.
MINAYO, M.C.S. O desafio do conhecimento. 3. ed. São Paulo: Editora Hucitec; 2004.
PAIVA JUNIOR FRANCISCO, Quantos autistas há no Brasil, Revista Autismo, ed 04. 01/03/2019. Disponível em 28 nov 2019.
PEREIRA Kelda de Fátima; SCHMITT, Beatriz Dittrich; (2016) Produção de conhecimento sobre autismo na escola: uma revisão sistemática na base Scielo: Revista do Departamento de Educação Física e Saúde e do Mestrado em Promoção da Saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul / Unisc Ano 17 - Volume 17 - Número 1 - Janeiro/março 2016. Cinergis, ISSN: 2177-4005 Páginas 02 de 06. Disponível em 18 set. 2019.
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TELLES, Cynara Maria Andrada. A escuta discursiva de mães de crianças autistas: o primeiro olhar sobre o filho. Cad. Psicanal. Rio de Janeiro, v. 34, n. 26, p. 67-83, jun. 2012. Disponível em 18 set. 2019.
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VIEIRA, Camila Bolivar Martins; FERNANDES, Fernanda Dreux Miranda. Qualidade de vida em irmãos de crianças incluídas no espectro do autismo. CoDAS, São Paulo, v. 25, n. 2, p. 120-127, 2013. Disponível em 19 set. 2019.