Daniel Conte*
Ernani Mugge**
Bárbara Jucinsky Schmitt***
Universidade Feevale, Brasil
danielconte@feevale.br
RESUMO: O presente trabalho dá ênfase à participação das mulheres no processo de luta anticolonial de Angola. Para tal, vale-se do discurso histórico cotejado à Mayombe, de Pepetela. O estudo permite afirmar que a personagem Ondina iconiza mulheres protagonistas do contexto empírico, como Deolinda Rodrigues, integrante do Esquadrão Cami, que atuou de forma contundente pela emancipação de Angola. Ondina representa a transgressão dos códigos sociais e a assunção do sujeito feminino. A figuração da mulher, na obra, se constrói não somente como uma maneira de idealizar as mudanças que eram desejadas pelas mulheres em Angola, contudo indica, também, a liberdade que se ansiava aos atores sociais, em especial àqueles que estavam subjugados pelos portugueses há cerca de quinhentos anos e viam na revolução uma maneira de conquistar a igualdade de direito para todos.
PALAVRAS-CHAVE: Angola – Mulher – Literatura – Pepetela - Mayombe.
RESUMEN: El presente trabajo pone énfasis en la participación de las mujeres en el proceso de lucha anticolonial de Angola. Para ello, se vale del discurso histórico y lo acerca del discurso ficcional de Mayombe, de Pepetela. El estudio permite afirmar que el personaje Ondina iconiza a mujeres protagonistas del contexto empírico, como Deolinda Rodrigues, integrante del Escuadrón Cami, que actuó de forma contundente por la emancipación de Angola. Ondina representa la transgresión de los códigos sociales y la asunción del sujeto femenino. La figuración de las mujeres, en el trabajo, no sólo se construye como una manera de visualizar los cambios que fueron deseados por las mujeres en Angola, sino también indica la libertad que anhelaba a los actores sociales, especialmente aquellos que fueron sometidos por los portugueses desde hace quinientos años y veían en la revolución una manera de conquistar la igualdad de derecho para todos.
PALABRAS CLAVE: Angola – Mujer – Literatura – Pepetela - Mayombe.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Daniel Conte, Ernani Mugge y Bárbara Jucinsky Schmitt (2018): “O esquadrão e as mulheres: o caso da personagem ondina em Mayombe, de Pepetela”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, (junio 2018). En línea:
https://www.eumed.net/rev/cccss/2018/06/esquadrao-mulheres.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/cccss1806esquadrao-mulheres
PARA COMEÇO DE CONVERSA
Entre os anos de 1961, com o início da luta de libertação anticolonial, e 2002, houve conflitos significativos em Angola, os quais abalaram suas estruturas sociais. O processo de luta anticolonial, que varreu os anos entre 1961 e 1975, e a guerra civil, que iniciou em 1975 e se estendeu até 2002, trouxe sérias consequências, em diversos sentidos e esferas. É importante registrar que, nesses embates beligerantes contra o sistema administrativo português, nos territórios além-mar, sempre ocorreram movimentos de resistência por parte da malha antropológica da África colonizada. Capoco observa que
É evidente que o nacionalismo angolano e todas as formas da sua evolução, no tempo e na história do séc. XX foram fundamentalmente a expressão de um sentimento de repúdio contra a dominação colonial no contexto político do Estado Português em África, a luta contra a supremacia dos ocidentais portugueses sobre a sociedade angolana e o controle da vida política angolana pelas autoridades centrais portuguesas. (2013, p. 60).
Para verificar a atuação feminina na luta anticolonial, torna-se necessário recorrer à funcionalidade das organizações resistentes. Os grupos nacionalistas, à época do início da luta de libertação, polarizavam-se entre a UPA (União dos Povos de Angola), que depois se tornou FNLA (Frente Nacional para a Libertação de Angola); UNITA (União Nacional para Independência Total de Angola) e MPLA (Movimento Popular pela Libertação de Angola). Raros são os registros destes grupos que evidenciam a figura da mulher como combatente, líder, sobrevivente ou ativista política durante a guerra de descolonização e a guerra civil. A baixa presença da imagem feminina nos registros confirma sua invisibilidade na história da guerra e nos demais conflitos, não somente em Angola, mas, também, nos demais países africanos, que organizaram movimentos de resistência. Os acordos assinados durante as lutas pré e pós-independência, como o Protocolo de Lusaka1 e o Memorando de Luena 2, não contemplam as mulheres, deixando-as, dessa maneira, à margem das decisões políticas, à medida em que são preteridas nas negociações de paz e nos programas de reconstrução nacional, como se sua silenciosa atuação fosse uma simples retomada do arquétipo da organização social de outrora.
Faz-se importante o registro que, com a extensão da resistência ao largo dos anos 60, ocorre uma modesta reversão de valores, e o papel das mulheres na política emerge da invisibilidade, pois
estavam integradas no aparelho do partido por laços horizontais e gozavam com frequência de uma representação nos organismos dirigentes. (...) transpuseram para a arena da luta anticolonialista a paixão e abnegação próprias do seu sexo. [...] Ninguém melhor do que elas podiam transformar uma palavra de ordem em aspiração de todo o povo. (KI-ZERBO, 1972, p. 180).
Inicia, assim, um processo de descolonização cultural, motivado pelo trânsito que a mulher começa a exercer nas esferas políticas, e, ainda mais, pelo que ela vive, de fato, na organização anticolonialista. O que se nota é um processo de reinvenção da condição feminina, em que se coloca em marcha o intento de anular a imperceptibilidade da mulher colonizada, redizendo-a como um novo sujeito colonial.
A independência política conquistada pelos angolanos, por meio de suas frentes de resistência ao regime imposto pela metrópole, e a nacionalização da história dos jovens países, não foram suficientes, no entanto, para que se gerasse um mecanismo que suplantasse a visão retrógrada que designava papéis inferiores às mulheres, principalmente na esfera política.
Entretanto, embora o exíguo espaço a elas destinado, seus movimentos de resistência foram estratégicos para alcançar a sedimentação das ações em busca da independência, uma vez que realizaram atividades essenciais à organização. Por conseguinte, funcionalizaram a tomada do poder pelos grupos políticos existentes. É a partir desse contexto sócio-político que se pretende evidenciar a importância da OMA (Organização das Mulheres Angolanas), do Esquadrão Cami, e explicitar como as mulheres figuram na materialidade ficcional de Pepetela. Como base teórico-crítica, serão utilizados os estudos de Capoco, Ferreira, Lučanová, Pesavento e Rodriguez.
A desestruturação causada pela empresa colonial foi de tal forma verticalizada no percurso das mulheres na África colonizada por Portugal, que elas sofreram uma erosão simbólica importante com o abandono sazonal dos filhos em razão de seu sustento e da obrigação de ocupar postos na organização social aos quais não estavam aptas. (MOURA et al., 2009, p. 104-105)
O começo da luta anticolonial abriu espaço para que as mulheres dessem início a um movimento mais organizado, que auxiliou na luta pelos seus direitos, e que crescia, simultaneamente, ao desejo de independência. A partir de 1962, com o transcurso do primeiro ano da guerra anticolonial, as mulheres começaram a se organizar. Dentro da estrutura do MPLA, surgiu uma agremiação denominada OMA (Organização das Mulheres Angolanas), grupo composto, consoante Dias (2011), por mulheres africanas nascidas em Angola, independente de suas crenças, local de domicílio, estado civil, raça ou ideais políticos, o que refratava o posicioidnto antitribalista do Movimento:
A OMA é a maior Organização Política do MPLA que trabalha na mobilização, sensibilização e educação das mulheres desde os primórdios da luta de libertação nacional. Foi fundada em 1962 na República Democrática do Congo por um grupo de mulheres angolanas que se encontravam neste país onde o MPLA, na altura movimento que lutava pela Independência de Angola tinha a sua Direcção. Durante este tempo a OMA mobilizou as mulheres para a participação em todas as tarefas da revolução desde a alfabetização à prestação de apoio social aos guerrilheiros e participando também nos combates. As cinco heroínas angolanas, Deolinda Rodrigues, Lucrécia Paim, Engrácia dos Santos, Irene Cohen, Teresa Afonso e outras anónimas personificam a luta das mulheres angolanas. (MPLA, 2014).
A investigadora Limbânia Rodriguez (1985) realizou entrevistas com integrantes da Organização, obtendo informações significativas sobre estrutura, disposição hierárquica e funcioidnto dessa célula de resistência. É pelas vozes das jovens entrevistadas que se desvela a funcionalidade dessa célula, que priorizava a manutenção da luta armada, realizando atividades essenciais afins. Os registros trazem informações relevantes sobre a organização das frentes de luta, bem como sobre qual o papel das mulheres dentro do Esquadrão Cami:
São muitas as tarefas que cumprimos. A mulher lava a roupa, faz a comida, serve como a conexão entre as células clandestinas das cidades. Muitas acabaram sendo presas e foram torturadas e assassinadas. Também transferem alimentos, medicamentos, cuidam dos doentes, dos refugiados, ensinam nas escolas. E lutam! Nós teremos uma função muito importante. Nós falaremos aos guerrilheiros e às mulheres, nós lhe explicaremos o motivo da luta. Nosso trabalho será esclarecer, orientar; esperamos ser dignas da tarefa que nos confiaram, esta será a o mais melhor ajuda contra o imperialismo. E mais tarde, nós ajudaremos a África do Sul (RODRIGUEZ, 1985, p. 10. Tradução nossa).
Como se observa no fragmento, o papel doméstico da mulher se perpetua na guerra, gestando tão-somente uma relativa autonomia, já que ela mantém atividades intrínsecas ao seu percurso no espaço do coletivo. É necessário entender que esta ocupação permite a ela a habitação de espaços diversos, no sistema de resistência, confluindo para a valorização individual e reescrevendo o imaginário estruturante da ordem antropológica.
Não foi só o MPLA, com a OMA, que conferiu às mulheres a possibilidade de ascensão na funcionalidade da luta armada. A UNITA também teve sua organização feminina, a Liga da Mulher Angolana (LIMA), fundada em 1973. Sem embargo, as funções efetivadas pelas mulheres, como o transporte de alimentos, de material e de armamentos para os atores do processo revolucionário, retoma a organização social primeva, ou seja, perpetua a estruturação dos movimentos semânticos do social: mobilizavam as pessoas para juntar-se à revolução, em especial os jovens, os quais, em sua maioria, já estavam alinhados ao MPLA, uma partido marxista-leninista que se opunha, ideologicamente, à Frente Nacional para a Libertação de Angola.
Sobre a OMA, Virgínia Inácio dos Santos informa que
Não há estimativas do número de mulheres que participavam do exército guerrilheiro da MPLA, mas os testemunhos orais indicam uma quantidade substancial. Como em outras organizações femininas, a liderança da OMA incluía principalmente mulheres educadas com laços familiares fortes ou maritais com a liderança política do partido. Não obstante, a maioria dos membros eram mulheres comuns de todos antecedentes sociais e étnicos, que se envolveram no ativismo político e no trabalho comunitário. Foi neste período também em 1962 que estas mulheres junto com as mulheres de vários países africanos realizaram atividades em alusão a mulher africana e fundaram a Organização Pan-Africana das mulheres (OPM). (SANTOS, 2010, p. 42).
Apesar dos parcos relatos sobre mulheres durante o período da descolonização, principalmente em relação à sua participação no conflito armado, existem registros sobre a presença de algumas delas nesses embates, indo além do trajeto pré-determinado pelo senso comum das organizações. Cinco destas mulheres são retratadas em Heroínas de Angola, por Limbânia Jiménez Rodriguez, que esteve no país e registrou momentos da luta pela libertação do processo espoliativo. Seu estudo foi lançado em Havana, em 1985, durante os festejos do décimo ano da independência de Angola.
Limbânia teve como nome de guerra Nancy. Escreveu seu livro a partir daquilo que vivenciou como participante dos quadros do MPLA, bem como desde depoimentos colhidos sobre Irene Cohen, Deolinda Rodrigues, Engrácia dos Santos, Lucrecia Paim e Tereza Afonso. Estas cinco mulheres foram integrantes do esquadrão Cami, grupo que tinha o objetivo de alcançar o que o esquadrão Camilo Cienfuegos já havia logrado: entrar em Angola e chegar até a Primeira Região3 . O grupo era formado por diversas pessoas e foi treinado por cubanos que haviam trazido, da ilha de Fidel, os equipamentos utilizados por esta coluna. A missão teve início em janeiro de 1967 e, das cento e cinquenta combatentes que se puseram em marcha com o esquadrão, somente vinte chegaram até a Primeira Região do MPLA. Registros afirmam que as jovens foram sequestradas no dia 2 de março de 1967 e que, devido ao ocorrido, a data foi instituída como o Dia da Mulher Angolana. (RODRIGUEZ, 1985).
A constituição discursiva e os elementos simbólicos que orbitam esse movimento são recuperados e enfatizados pela autora. Um exemplo disso é quando ela se vale de um fragmento de um discurso de Agostinho Neto, proferido em 1977, na cidade de Luanda, por ocasião do Primeiro Congresso do MPLA, para demonstrar a importância das mulheres para o Movimento:
Um novo Esquadrão, o glorioso Esquadrão Cami, foi enviado para a Primeira Região. No interior de Angola, em uma longa marcha, em zona de terra queimada, o Esquadrão se perdeu, e a fome dizimou una grande parte de nossos combatentes, especialmente dos quadros mais destacados. Deolinda e suas quatro companheiras, dirigentes da OMA, regressando via Zaire, Foram aprisionadas neste país pelo FNLA e assassinadas. O dia de sua detenção foi consagrado como “o dia da mulher angolana”. (RODRIGUEZ, 1985, p. 1).
Dentre os relatos que Rodriguez coletou, é possível perceber que as mulheres que participaram do Esquadrão Cami eram de origens diversas, como também possuíam níveis diferentes de instrução. Deolinda e Irene, por exemplo, possuíam mais desenvoltura e eloquência, além de terem uma experiência geocultural mais acentuada que as outras, especialmente do contexto em que se davam os conflitos, o que as fez revolucionárias maduras apesar da pouca idade.
Deolinda Rodrigues, Langidila por codinome, era prima de Agostinho Neto, primeiro presidente de Angola no pós-independência. Devido a este fato, acredita-se que é possível encontrar maior número de informações sobre ela nos registros sobre a luta de independência. Nascida em 1939, era filha de professores primários; seu pai também era pastor evangélico. A região em que sua família vivia foi um espaço em que muitas revoltas populares aconteceram, devido à forte exploração das empresas de algodão e à violência que caracterizava os embates entre colonialistas e colonizados. Estas ações do povo foram instantaneamente reprimidas, o que fez com que Deolinda, desde menina, se revoltasse contra a humilhante opressão com a qual as pessoas eram tratadas. (RODRIGUEZ, 1985).
A jovem era uma das mais destacadas integrantes do MPLA, membro do Comitê diretor e líder da OMA. Fazia parte de um grupo de jovens da Igreja Evangélica, no qual realizavam diversas atividades. Neste espaço conheceu Hoji Ya Henda, que também participou do MPLA, liderando algumas frentes de resistência. Nas palavras de Rodriguez (1985), fica-se sabendo que, atrás da fachada religiosa, o grupo operava atividades políticas, como a edição de publicações e panfletos, que objetivavam despertar o sentimento patriótico dos angolanos, e proliferavam por todo o território de Luanda.
Em função de sua atuação destacada, a Missão Metodista, da qual ela participava, contemplou-a com uma bolsa de estudos, financiando, em 1959, sua viagem para o Brasil, a fim de estudar Sociologia. Entretanto, pouco tempo após sua chegada, precisou emigrar, pois o governo brasileiro e o português firmaram um tratado de extradição que atingia os africanos residentes no Brasil. Teve, assim, como destino os Estados Unidos, onde deu sequência a seus estudos. Em Illinois, teve a oportunidade de conhecer grande número de pessoas, aumentando seus contatos políticos com sujeitos de diversos países do continente africano e europeu. Desiste, no entanto, de seus estudos e retorna a Angola para dedicar-se à luta. Participa de eventos organizados por grupos de mulheres, até mesmo na URSS, onde começa a perceber que as mulheres deveriam ter uma maior participação nas ações que visavam à libertação do país do jugo colonial.
Essa ampla percepção de mundo fez com que ela motivasse outras mulheres a reivindicar espaço na luta e na organização da sociedade, movimentando-as a reler a tradição e ressignificar o presente. Ajudou, também, na criação da OMA, secretariando as reuniões e as plenárias.
Deolinda deixou a capital do país para trabalhar em outra cidade, Dolisie, onde foi alfabetizadora e colaborou no auxílio aos refugiados, além de ser locutora da rádio do MPLA. Da mesma forma que a maioria dos jovens estudantes que ingressaram no MPLA, Deolinda foi responsável por tarefas como organizar reuniões e explicar os ideais do Movimento, traduzir documentos do português para o inglês, ou o inverso, preparar panfletos, bem como viajar para o exterior no intuito de estabelecer vínculos que auxiliassem o Partido na dispersão de suas células, caso necessário.
Nos relatos que coletou sobre Langidila, Limbânia Rodriguez (1985) ouviu que a integrante da OMA era uma mulher decidida, sensível às injustiças, enérgica, afável, compreensiva, que defendia seus ideais políticos e estabelecia vínculos de amizade. Deolinda se revoltava com a exploração sofrida pelo povo. Discursava, para seus pares, que os colonialistas animalizavam os africanos, usurpando, além das riquezas materiais, suas riquezas espirituais. Deolinda atuou em missões na selva angolana e, já atuando no Esquadrão Cami, foi presa por integrantes da UPA (FNLA), juntamente com outras companheiras de OMA. Após o encarceramento, Langidila e suas companheiras foram enviadas para o campo de concentração de Kinkuzu, onde foram torturadas e mortas no mês de março de 1967. (RODRIGUEZ, 1985).
Dentre os depoimentos mais significativos coletados por Limbânia Rodriguez, pode-se destacar o de Engracia dos Santos, no excerto que segue:
Não me importa o lugar para onde deva ir, porém na Primeira Região ensinaremos às mulheres a ler e escrever e toda a política que nós temos aprendido no curso; lhes explicaremos que o trabalho da mulher não é somente lavar, cozinhar, trabalhar no campo, mas também que têm que lutar. Nós lhes ensinaremos a manejar armas. (RODRIGUEZ, 1985, p. 48. Tradução nossa)
Através deste depoimento, podemos perceber que o ideal que movia as jovens mulheres baseava-se na construção de um futuro pleno e igualitário, saltando aos olhos a noção de coletividade. Seus objetivos eram de cunho nacionalista, visto que almejavam melhores condições para toda a população de Angola por meio das transformações, protagonizadas pelo MPLA. Porém, estava claro que urgia a luta contra a dominação colonial. Ao contrário dos homens, que aos olhos da coletividade ocupavam com naturalidade o espaço bélico, as mulheres tiveram que estabelecer uma luta paralela ao movimento para conquistar seu espaço no (des)empoderamento pragmático.
Das obras de Pepetela, Mayombe é a narrativa que melhor evidencia os conflitos étnicos que abalavam o funcioidnto interno do MPLA. Conflitos políticos se acentuavam com base no discurso de segregação étnica do tribalismo. A obra foi escrita no momento em que o autor era partícipe da guerrilha, em combate na região de Cabinda, área que fazia parte da 2ª Região Político-Militar do MPLA. É nesta localidade que se situa uma floresta tropical cortada pelo rio Lombe, e caracterizada pelo autor em diversos momentos do livro, como comprova o excerto: “árvores enormes, das quais pendiam cipós grossos como cabos, dançavam nas sombras com os movimentos das chamas. Só o fumo podia libertar-se do Mayombe e subir, por entre as folhas e as lianas” (PEPETELA, 2013, p. 13). A maneira com que a floresta é representada faz com que ela figure mais uma personagem da trama, já que apresenta características humanas: “Tal é o Mayombe, que pode retardar a vontade da Natureza.” (PEPETELA, 2013, p. 16).
Em entrevista a Daniel Conte (2000), Pepetela observa que
Mayombe é um livro que foi feito sem projeto. Esse livro apareceu dum comunicado de guerra. Nós fizemos uma operação militar e eu era o responsável por mandar informações, redigir o comunicado, como tinha passado a operação e enviar depois para o nosso departamento de informação, que veiculava no rádio, no jornal. Eu escrevi aquela operação com que o livro começa e que é real. Acabei de escrever o comunicado, uma coisa objetiva, assim fria. E não foi nada disso que se passou. E continuei o comunicado, tirei a primeira parte e mandei pra eles, no departamento de informações continuei. Saiu um livro sem saber quem era o personagem Sem Medo4 .
No texto, os narradores apresentam vozes que evidenciam, em seus enunciados, a força das diferenças culturais5 , imagens estabilizadas no imaginário coletivo, uma forte impressão de que alguns grupos são mais respeitados ou, por algum motivo, recebem mais benefícios que os outros. A polifonia é latente, já que diversos narradores retratam seu posicioidnto ideológico naquele contexto histórico. Ao pensar em Bakhtin, vê-se que o autor deixa que suas personagens exponham, discursivamente, suas consciências ao largo da malha narrativa. O narrador não enuncia pela personagem, mas deixa que ela se construa como sujeito de seu próprio discurso, dando, assim, ênfase ao que acredita que deva ser destacado, embora, algumas não possuam voz de destaque na narrativa. É o caso de Ondina e Sem Medo, figuras centrais da narrativa.
Ondina é personagem fundamental em Mayombe, já que promove revoluções íntimo-ideológicas no percurso narrativo dos homens com os quais se relaciona, tirando-lhes de situações letárgicas. Ela não tem voz, aparecendo sempre como interlocutora, não é uma das narradoras da história, apenas personagem que, em alguns momentos, tem sua condição de mulher guerrilheira desvelada pelo narrador.
Apesar de que a diegese se construa desde o ponto de vista masculino, uma vez que os homens são maioria dentro do contingente do MPLA, figuras como Ondina e outras mulheres, como Leli e Manuela, caracterizam-se fundamentais para descentrar as personagens masculinas e, nessa ordem, intensificar sua atuação da guerra de libertação. Pode-se perceber a condição ficcional, como tratamento estético dado à história, se se recupera a atuação de Deolinda Rodrigues e suas companheiras, que foram para frente de batalha com o desejo de mudar a realidade do país, não se deixando estar como meras espectadoras dos episódios bélicos, que vigoravam naquele momento.
É necessário que se registre a possibilidade de paralelização entre história e ficção, ao pensar a participação das mulheres angolanas, na luta pela libertação, destacada por Silvio de Almeida Carvalho Filho:
A guerra angolana é uma atividade humana da qual as mulheres, com exceções significantes, ficaram excluídas como agentes. Do conflito, as mulheres participam indiretamente por reproduzirem as ideologias justificadoras do mesmo: afinal, são mães, mulheres e filhas dos guerreiros. Às vezes, elas mesmas tornaram-se os soldados, mas foram poucas em relação ao contigente masculino das forças armadas. Permaneceram em sua maioria como as coadjutoras na retaguarda, cuidando dos feridos, dos deslocados, produzindo mantimentos. Todavia, mesmo distante dos quartéis, as mulheres não escapam de se tornarem grandes pacientes dos confrontos armados, sofrendo do seu modo todos os efeitos que a guerra traz para todos, inclusive para os homens: as mortes, as mutilações, os deslocamentos, o desemprego, a falta de promoção social, a superexploração econômica, a fome, as doenças e outros. (CARVALHO FILHO, 2000).
No excerto, evidencia-se o papel das mulheres na luta, tal como estão representadas ficcionalmente por Pepetela, em Mayombe 6. Elas transitam por este momento de resistência, organizada pela descolonização do país, sofrendo a violência imposta pela guerra, seja física ou psicológica. Vivenciam, de forma contundente, a imposição masculina e o fato de que, mesmo fazendo parte de um Movimento que propunha a igualdade entre as pessoas, ainda, enfrentam uma situação de coadjuvante, ao passo que os homens estão protagonistas. Embora, aparentemente, as mulheres ocupem espaços desfavoráveis, tanto no contexto histórico quanto na organização do Movimento, Rosângela Sarteschi assinala a importância das personagens femininas para o desenrolar da história, na obra:
Não devemos deixar de ressaltar que o papel feminino desequilibra as relações masculinas colocadas no romance. Ainda que objetificada, ela interfere, com atitudes corajosas, de maneira decisiva na trajetória da personagem heróica encarnada por Sem Medo: Ondina acaba por ser a responsável pelo estremecimento dos fortes laços afetivos que unem o Comissário e Sem Medo com desdobramentos importantes para o desfecho da narrativa. Assim sendo, parece-nos que Ondina sofre duplamente. Em primeiro lugar sofre porque, assim como o homem, sente na própria carne o peso da injustiça e opressão colonial e social — condição que não é, naturalmente, exclusiva de um gênero. Adere, portanto, à luta tão incondicionalmente quanto o homem. Essa conscientização política, social e histórica resultará em uma atitude liberadora e libertária, que, passa, inevitavelmente, pela liberalização sexual e pela mudança radical do comportamento feminino, condição assumida claramente e que se chocará com a rigidez moral de toda a sociedade a que pertence. (2011, s/p).
Como observa-se, Ondina representa o processo de protagonismo feminino, já que desestabiliza imagens estanques aceitas pela sociedade. Não se resigna a ocupar o espaço que a malha antropológica impunha às mulheres. À proporção que ocupa espaços decisórios no Movimento ao qual se filia, sua conduta é olhada como transgressora. O mesmo ocorre q uando deixa sua casa para ir a Dolisie ser professora e se permite viver desejos sexuais, transpondo barreiras fronteirizadoras.
Na tessitura narrativa, existem, além de Ondina, outras representações do feminino, todavia, não se caracterizam tão impactantes. São arquétipos correspondentes à realidade das mulheres angolanas que se materializam em curtos relatos nos quais provocam efeitos significativos às figuras masculinas: são mães, mulheres e irmãs que desestabilizam a ordem natural de ocupação masculina.
A primeira personagem que compõe metonimicamente a condição histórica feminina é Manuela, abandonada, grávida, por Teoria, que engrossa as fileiras do Movimento de libertação, a fim de se definir enquanto sujeito.
Teoria, na condição de narrador, justifica o abandono da mulher:
Perdi Manuela para ganhar o direito do “talvez”, café com leite, combinação, híbrido, o que quiserem. Os rótulos pouco interessam, os rótulos só servem aos ignorantes que não vem pela coloração qual o líquido encerrado dentro do frasco. Entre Manuela e meu próprio eu, escolhi este. Como é dramático ter sempre de escolher, preferir um caminho a outro, o sim ou o não! Por que no Mundo não há lugar para o talvez? Estou no Mayombe, renunciando a Manuela, com o fim de arranjar no Universo maniqueísta um lugar para o talvez. [...] a minha história é a dum alienado que se aliena, esperando libertar-se. (PEPETELA, 2013, p. 18).
Como visto, Teoria abandona sua mulher para conquistar o espaço que lhe era subtraído por sua condição mestiça – sua mãe era africana, seu pai português. Como tal, não se sentia aceito, pois não era considerado nem branco nem negro pelos seus pares. Desde cedo, seu estar no mundo lhe agoniava: quando criança desejava ser branco, para ser aceito pelos brancos; quando adulto, desejou ser negro, para que estes não o odiassem. Não havia espaço para Manuela no interior desta luta que ele travava no interior de si mesmo. “Fugi dela, sim, fugi dela, porque ela estava a mais na minha vida; a minha vida é o esforço de mostrar a uns e outros que há sempre lugar para o talvez.” (PEPETELA, 2013, p. 18). A delicadeza da condição que o personagem ocupa na malha sócio-imaginária, historicamente caduca, do espaço colonial, origina o abandono covarde e ensimesmado da mulher, naturalizado desde um discurso falocêntrico
Ao abandonar Manuela, Teoria nega o amor, sentimento também repelido pelo comandante Sem Medo que, ao conversar com o Comissário Político sobre as mulheres de suas vidas, associa o amor à dominação, quase a uma escravidão. Nesta mesma conversa, diz ao Comissário: “– Sim, a vida modelou-me para a guerra. A vida ou eu próprio. Difícil de saber”. (PEPETELA, 2013, p. 146).
Este mesmo ato enunciativo acaba por tomar um viés social, pois, ao falarem do amor, também, avaliam a situação da mulher na sociedade em que vivem, bem como, a situação das mulheres em outros locais:
Isso vem do papel social da mulher – disse o Comissário. – Numa sociedade em que o homem controla os meios de produção onde é o marido que trabalha e traz o dinheiro para casa, é natural que a mulher se submeta à supremacia masculina. A sua defesa social é a submissão familiar. – No geral é isto. Mas há mulheres que não se submetem, que encontram no amor o contrapeso a esta inferioridade social. E mesmo sem trabalhar, estando dependentes economicamente, são capazes de jogar taco a taco com o homem, Seria aliás esta sua melhor defesa. São exceções. Repara que há séculos de submissão. Isso marca. [...] Primeiro, esse problema não está ainda resolvido nos países socialistas. Em segundo lugar, deve ser a última superestrutura a ser modificada. A mais difícil de modificar, que choca contra toda a moral e preconceitos individuais que os modos de produção anteriores provocaram. (PEPETELA, 2013, p. 150).
A naturalização da submissão feminina, legitimada pela contingência econômica, é uma das violências que a revolução não conseguiu dirimir. É possível estabelecer cotejamentos entre personagens femininas de Mayombe e jovens que participaram do esquadrão Cami. Deolinda Rodrigues, Engrácia Santos, Irene Cohen, Lucrécia Paim e Teresa Afonso, assim como Ondina, são mulheres que representam a transgressão de valores sociais do contexto em que vivem, não se deixando colocar à margem da história, proporcionando outros efeitos de sentido ao imaginário e a seus atores sociais. Nessa ordem, podemos pensar a materialidade literária como espaço de articulação de elementos do mundo empírico.
Sandra Pesavento (1995) argumenta, em uma relação dialógica com Ricoeur, que o discurso ficcional é quase história, uma vez que os acontecimentos relatados são passados para a voz narrativa como se realmente tivessem ocorrido. Ambas, história e literatura, guardam preocupações com certa refiguração temporal. Para a autora, o historiador se vale da literatura para realizar uma reinterpretação dos fatos.
Pensando nessa ordem, podemos cotejar a personagem Ondina, descrita em Mayombe, com a integrante da OMA e do MPLA, Deolinda Rodrigues. Ambas são professoras, participaram, cada uma a sua maneira para que se conquistasse a independência do país. São figuras marcantes, pois nenhuma delas se sujeitou aos papéis tradicionalmente impostos às mulheres. Ondina, por ter deixado o local onde vivia, para dedicar-se ao Movimento, educando as crianças em Dolisie7 . Também transgride os tabus sexuais, vai contra a estabilização imagética de que a mulher deveria reservar-se para o marido e ocupar unicamente espaço doméstico. Assume seu corpo, tornando-se protagonista de sua própria vida, enquanto muitas mulheres, naquele mesmo contexto, dedicavam-se à organização doméstica, reforçando o contingente de analfabetos e de subjetividades inoperantes sob a ótica da revolução.
A imagem edificada de Deolinda Rodrigues, no campo simbólico da revolução, tem uma significância única para as mulheres partícipes da revolução. Ela foi uma das fundadoras da OMA, estudou no Brasil e nos Estados Unidos, viajou para a URSS, a fim de instruir-se em relação ao socialismo. Recebeu treiidnto do exército cubano e partiu em missão do MPLA, juntamente com o Esquadrão Cami. O fato de ter sido interceptada por agentes do FNLA não desacreditou a imagem de liderança de Deolinda e das outras quatro mulheres integrantes do OMA, Engrácia Santos, Irene Cohen, Lucrécia Paim e Teresa Afonso, que foram encarceradas no campo de concentração de Kinkuzu e mortas em circunstâncias não esclarecidas, conforme nos relatam Marcelino e Pantoja:
Os homens são fortes, guerrilheiros, verdadeiros homens de guerra, destemidos, mas quando o assunto é mulher, eles se enfraquecem, submetem-se aos seus caprichos, fazem de tudo para não perdê-las. Passam por cima do orgulho e, em alguns casos, admitem a própria culpa pela traição da mulher. Ou seja, os homens postergam frente à força e à iniciativa feminina ou tornam-se, apesar de estarem entrincheirados, em guerra, mais sensíveis em relação aos aspectos que envolvem o contexto afetivo. Assim, as dimensões do feminino têm importante contorno no romance de Pepetela, pois é o comportamento transgressor, sobretudo o da personagem Ondina, que estrutura certas linhas de pensamento acerca da liberdade do ser humano. Esse pensar acerca da liberdade transcende a busca pela libertação de um povo – e a fundação da nação angolana – e resvala para uma discussão acerca da liberdade em outros territórios da dimensão humana, como, por exemplo, o da sexualidade e o das relações estabelecidas com o próprio corpo. (2013, p. 2-3).
Na ficção de Pepetela, portanto, a figuração da mulher aponta para o protagonismo, pois sistematiza a transgressão dos códigos culturais vigentes. As referências ao feminino, no momento da Guerra de Libertação, são aspectos relativos ao sensível, pelo fato de indicarem situações em que se sobressaem a subjetividade nas relações humanas, sejam elas permeadas por amor, desejo, paz ou liberdade, ou, ainda, por raiva, ciúme e medo.
A mulher figurada em Mayombe se constrói não somente como uma maneira de idealizar as mudanças que eram desejadas pelas mulheres em Angola, mas, sim, indica a liberdade que se desejava para as pessoas como um todo, em especial àquelas que estavam subjugadas ao sistema colonial há cerca de quinhentos anos e viam na revolução uma maneira de conquistar a igualdade de direito entre os atores sociais.
À GUISA DE CONCLUSÃO
O conjunto da ficção de Pepetela revela duas categorias importantes de análise: a primeira é o diálogo e o tratamento estético que o autor confere às obras tomando por base a história de seu país; a outra, é o papel relevante que as personagens femininas desempenham em seus trajetos narrativos. As mulheres figuradas nas obras do autor permitem um aprofundamento na história das personagens centrais das narrativas e simulam uma desimportância que o leitor, ao lançar um olhar atento, desvela. Ademais, indicam e denunciam a situação das mulheres na malha do imaginário angolano; em Mayombe, especificamente no momento da luta anticolonial. É impossível pensar o êxito da revolução sem enfocar aquelas que são as responsáveis por novas vidas, que sustentaram suas famílias enquanto os homens estavam nas frentes de combate, que transportaram armas em meio ao medo pulverizado nas matas, que abasteceram os armazéns improvisados nas frentes de batalha e, mais, que alfabetizaram funcional e ideologicamente quantidades imensuráveis de sujeitos sublevados.
As mulheres, dentro da estrutura social angolana, foram e são fundamentais para a sustentação do país, a libertação política e a continuidade da luta pela soberania nacional, embora se perceba, por meio da história oficial e pelos acordos políticos aqui referidos, que elas foram marginalizadas na história angolana, desde o momento da colonização. Durante o período colonial, bem como em momentos de conflito armado, as mulheres foram objetalizadas, vistas como espólios de guerra ou, ainda, usadas como instrumentos de agressão moral, sendo capturadas, violentadas e mortas, como uma estratégia de afrontar o inimigo.
As mulheres figuradas nas obras de Pepetela são projeções factuais do sofrimento feminino diante da condição de tribalismo, da capilarização dos preconceitos de gênero, entre outras violências sistêmicas. É a partir das vozes silenciadas, recuperadas por Limbânia Rodriguez, que podemos ter uma visão da mulher frente à guerra. Em número reduzido, mas fundamentais nas frentes de batalha, elas sempre alimentaram a coadjuvância bélica, à margem das decisões políticas, pois os homens são sempre vistos como os protagonistas das batalhas. Deram continuidade à revolução, atuando como professoras, produtoras de alimentos e mensageiras. Mulheres percebidas negativamente pelas sociedades nas quais viviam, decidiram empoderar-se sem se preocuparem com a condenação imaginária do alheio. O vínculo entre Ondina, a personagem de Pepetela, e Deolinda Rodriguez, a intelectual da luta anticolonial angolana, não apresenta materialidades documentais, contudo suas trajetórias são similares: ambas são mulheres à frente de seu tempo e não aceitam os papéis que a sociedade e a história lhes impuseram. Um movimento as une e as assemelha: o tomar conta de sua fenomenologia bélica, de sua condição feminina. Participaram da mudança de seu país, macularam a construção de sua nação livre do jugo colonial, ensinaram na região de Dolisie e amaram a imagem do sujeito liberto.
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