Karoline Batista Gonçalves
Universidade Federal da Grande Dourados
estiloartesc@hotmail.com
RESUMO
A fronteira muito além de separar dois Estados-Nação abrange o estabelecimento de relações distintas, ou seja, existe um intercâmbio cultural, social e político que contribui para que na mesma o processo de diferenciação entre o “eu” e o “outro” seja perceptível. Dessa forma, tanto a identidade quanto a alteridade encontram-se presentes na estrutura do espaço fronteiriço, e é por meio de ambos, que os sujeitos constroem sua cultura, seus costumes e formas de vida se diferenciando do “outro” que habita no outro lado da divisória, configurando as relações sociais perceptíveis na fronteira. A construção e a reconstrução da identidade na fronteira envolvem um processo de contradições, ambiguidades que podem ser identificadas pelos marcos referenciais através da identidade/ alteridade, e é exatamente essa análise que este trabalho procura desenvolver compreender como a identidade e a alteridade acabam se tornando um paradigma do espaço fronteiriço, pois é através desses elementos que surge a diferença tornando a fronteira um lugar de alteridade.
Palavras- Chave: Fronteira, Identidade, Alteridade, Entre-Lugar, “Outro”.
ABSTRACT
The frontier beyond two separate nation states covers the establishment of separate lists, there is a cultural, social and political environment which contributes to the same process of differentiation between self and "other" is noticeable. Thus, both identity and otherness are present in the structure of the space frontier, and it is through both that subjects construct their culture, their customs and ways of life is differentiating the "other" that lives on the other side partition by configuring the perceived social relations at the frontier.The construction and reconstruction of identity in frontier involve a process of contradictions, ambiguities that can be identified by landmarks through identity/otherness, and it is precisely this analysis that this paper seeks to develop, or understand how identity and otherness end upmaking a paradigm of the space frontier, it is through these elements that makes the difference appears to border a place of otherness.
Keyword: Frontier, Identity and Otherness, Entre-Lugar, “Other”.
A Geografia é composta por diversas categorias dentre elas podemos destacar a fronteira, que tem sido objeto de intensa discussão entre geógrafos, historiadores e cientistas sociais. Com o intuito de enfatizar a recente abordagem do conceito de fronteira e a formação de “novas” identidades, que são construídas a partir da mesma, apresentar-se-á um paralelo das discussões dos principais pensadores que se dedicaram ao estudo da fronteira levando em consideração as relações identitárias que ocorrem em seu interior, e como essas contribuiriam para a construção e reconstrução de identidades, e também na percepção do processo de diferenciação frente ao outro por meio da alteridade. A fronteira por muitos anos foi pensada e definida como uma ideia muito próxima ao conceito de limite territorial, mas é importante salientar que a mesma não é totalmente um limite, e sim uma condição para o estabelecimento de diferenças na relação entre “eu” e o “outro”. Nesse sentido merece destaque o pensamento de Martin (1994), que se preocupou em distinguir o limite e a fronteira. Em sua obra o limite é reconhecido como uma linha, e não pode, portanto ser habitado, já a fronteira ocupa uma faixa que constituí uma zona, muitas vezes bastante povoada onde os habitantes dos Estados vizinhos podem desenvolver intenso intercâmbio. O que tem de essencial nessa análise é o fato de que a fronteira envolve relações entre pessoas e identidades diferentes o que nos remete a ideia de que essa ainda é uma condição que estabelece as diferenças. Já Monteiro (2004) salienta que a fronteira é o espaço de acolhimento do outro, do diferente, do estranho. É um território de efervescência intensa. É ao mesmo tempo o local da dor profunda, da violência e da recriação da vida. Onde as diferenças necessariamente se tencionam e produz o plural, o novo. Pois a fronteira é a confluência do que já foi, do que esta sendo e do que pode ser isso se justifica pelas diversas relações que são estabelecidas na mesma a todo o momento existe a construção do diferente, até pelo fato dessa ser habitada por nacionalidades distintas. Dessa maneira percebe-se que a fronteira nasce da diferença, pois nela diferentes relações e concepções de vidas são identificadas:
A fronteira é essencialmente o lugar da alteridade... é o lugar do encontro dos que por diferentes razões são diferentes entre si... a fronteira é um lugar de descoberta do outro e de desencontro. Não só o desencontro e o conflito decorrente das diferentes concepções de vida e visões de mundo de cada grupo humano. O desencontro de temporalidades históricas, pois cada grupo está situado diversamente no tempo da História. MARTINS (1997, p. 150).
Tal argumentação rende interpretações de grande importância acerca da fronteira, pois através da “alteridade” que permite uma identificação seguida do processo de diferenciação, que se estabelecem diferenças entre o “eu” e o “outro”, e essas não são apenas de concepções de vida, mas também de diferentes historicidades em diferentes tempos, fato esse que contribui para a formação de “novas” identidades frutos dessa relação. Esse processo de alteridade é perceptível na fronteira a partir do momento em que é possível identificar povos colonizadores diferentes, com costumes e culturas diferentes dividindo uma mesma faixa territorial, pois é a partir desse momento em que o indivíduo assume uma identidade de diferenciação. É importante salientar o fato de que a fronteira pode ser vista também como um conjunto de múltiplas relações econômicas, sociais, políticas e culturais:
Dos sociedades que habitan a ambos lados de una línea de frontera y que interactúan de diversas formas marcan con sus praxis los límites socio antropológico de la región de frontera. Y en esa praxis generan construcciones simbólicas y representaciones colectivas que son consubstánciales con el proceso dialéctico de las acciones y las ideologías de las sociedades fronterizas y los hombres de la frontera. Porque las sociedades de frontera poseen una especificidad innegable. Son los agentes sociales quienes construyen sus escenario de interacciones dentro de los límites fijados objetivamente por sus especializaciones productivas y laborales, y por muchos otros factores que combina determinaciones locales, regionales más amplias, nacionales y incluso internacionales de gran escala. ABIZANO (2005, p.114-115).
Percebe-se então que a fronteira é marcada pela interação entre sujeitos diferentes que possuem práxis e construções simbólicas, culturais e identitária distintas, fato que contribui para a existência de múltiplas relações, e são essas que ressaltam a diferença entre os sujeitos que habitam a zona de fronteira , pois não é possível compreender como se constituí uma fronteira sem levar em consideração as diferenças que a constituem “hoy es inadmisible investigar sobre la región sin integrar todas las perspectivas y sin tener en cuenta a los que están trabajando desde el otro lado ”. Na fronteira não existe apenas convivência com sangue, língua ou capitais diferentes, mas a mesma abriga diferenças raciais e culturais juntamente com uma separação social e barreiras linguísticas, além de uma hostilidade que é organizada pelo contato com outros grupos étnicos de outros Estados-Nação, sendo assim pode-se afirmar que a fronteira é um instrumento de grande absorção e transmissão cultural:
Na fronteira os princípios que identificam os nacionalismos se afloram em rivalidades com mais intensidade que alhures. Isto não implica dizer que não haja uma convivência entre as relações preexistentes, contudo não há uma simbiose cultural definitiva. OLIVEIRA (2005, p. 362).
Assim, a fronteira cria um ambiente, que é marcado por relações complexas, ou seja, culturas e identidades diferentes que criam condições para produção e reprodução de relações que levam a afirmação da diferença, pois na fronteira existe a convivência entre duas nacionalidades distintas que afloram o sentimento de diferença. De forma a complementar Raffestin (2005) dialoga com a ideia de que a fronteira é um fato social, espaço temporal porque ela delimita um “para cá” e outro “para lá”, sendo assim a fronteira nasce da diferença, ela não separa porque quem separa dois Estados-Nação é o limite, mas ela estabelece diferenças através das formas de organização do território. Para Oliven (2006) a noção de fronteira embora tenha existido em diferentes momentos históricos, seu significado varia no tempo e no espaço, pois a fronteira hoje muito mais que uma simples faixa abrange identidades diferentes a fronteira representa não apenas o desencontro de diferentes visões de mundo, mas a coexistência de diferentes espaços temporalidades. Assim sendo, a mesma poderá influenciar na construção da identidade do sujeito através das relações econômicas, políticas e sociais que são estabelecidas. Portanto, a fronteira pode ser vista como algo gerador de raízes e identidades diferentes, devido fato de que nela a construção de “novas” identidades é perceptível, a partir do momento em que ocorre a afirmação das diferenças em relação aos outros grupos, ou seja, a partir do momento em que os sujeitos utilizam afirmações para distinguir o “eu” e o “outro”, surgem elementos para a construção e reconstrução de identidade na fronteira.
A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NA FRONTEIRA
A identidade pode ser abordada de diversas formas, entretanto optamos por analisar como as relações que ocorrem na fronteira podem contribuir para criar “novas” identidades, tomando como ponto inicial as relações que são estabelecidas dentro da mesma, partindo dessa ideia é de fundamental importância observar como o intercâmbio entre línguas, costumes e ideais diferentes contribuem para a construção identitárias dos sujeitos que habitam a faixa de fronteira. A construção e a reconstrução de identidade é um processo cheio de contradições, ambiguidades e complexidades que podem ser influenciadas pelas condições sociais em que são estabelecidas. De tal modo, Machado (2005) afirma que a presença de “marcos” ou referenciais históricos geográficos pode ser um fator decisivo no que se refere à formação identitária. É importante ressaltar logo de início que a ideia de identidade tanto pode ser utilizada como uma valoração simbólica como um processo de identificação num espaço geográfico. Dessa maneira a noção de identidade, o qual se utilizará é a identidade territorial, ou seja, aquela definida a partir das relações que são construídas em um determinado território. A identidade territorial é um tipo de identidade que se expressa na relação de pertencimento de um grupo a partir da delimitação de uma escala territorial de referência identitária, dessa forma a mesma é carregada de subjetividade e objetividade tendo um espaço como estruturador da identidade. Destarte, pode-se afirmar que:
Identificar, no âmbito humano social é sempre identificar-se, um processo reflexivo, portanto, e identificar-se com, ou seja, é sempre um processo relacional, dialógico, inserido numa relação social. Além disso, como não encaramos a identidade como algo definido de forma clara, mas como um movimento, trata-se sempre de uma identificação em curso e por estar sempre em processo/relação ela nunca é uma, mas múltipla. Toda identidade só se define em relação a outras identidades, numa relação complexa de escalas territoriais e valorações negativas e positivas. HAESBAERT (1999, p.175).
O que se pode destacar é que a identidade territorial encara a identidade como movimento, ou seja, ela se “reinventa” e passa por uma “adaptação” na medida em que as relações são construídas por novos discursos e diferentes sujeitos. A identidade está ligada as relações que ocorrem numa determinada escala territorial. Entretanto, não se pode afirmar de acordo com Haesbaert (1999 e 2007) que é o território que “vai fundar” uma nova identidade, mas é a força política e cultural dos grupos sociais que neles se reproduzem e sua capacidade de produzir que estimularão uma determinada escala de identidade, até porque a identidade é uma construção social-histórica, e em nossa abordagem pode ser vista pelo viés geográfico que de acordo com Hobsbawn e Ranger (2002)” a identidade é possível de ser sempre reinventada”. Na fronteira o sujeito encontra-se no meio de duas identidades, uma é a sua identidade nacional, e a outra é aquela que pode ser assumida. Constrói-se assim, uma relação “entremeios” ou de “entre-lugares” como salientado tanto por Hall (2003), quanto por Bhabha (1998). O “entre-lugar” é concebido como um terceiro espaço, híbrido , que permite aemersão de outras posições, no caso, a constituição de novos sujeitos. Esse terceiroespaço desloca as histórias que o constituem e geram novas estruturas de autoridade,novas iniciativas políticas. Assim, os “entre-lugares”, passam a se configurar não como meros espaços de dominação, mas o terreno de trocas, intersubjetivas individuais e coletivas, onde anseios comuns e outros signos de valores culturais são negociados. O processo de hibridação cultural origina algo diferente,algo novo e irreconhecível, uma nova área de negociação de sentido e representação , e é justamente esse processo que é perceptível na zona de fronteira as diversas trocas culturais e identitárias contribuem para a formação de um processo de diferenciação, pois de alguma maneira as novas relações definem situações e condições de alteridade. Assim, na fronteira as relações não são fixas porque são construídas e estabelecidas por sujeitos de Estados, culturas e identidades opostas, pois é nela que ocorre um encontro com o “novo” e é justamente esse encontro que permite ao sujeito assumir uma relação de alteridade do outro lado da divisória que tem um papel fundamental no que se diz respeito à configuração das relações sociais que ocorrem na fronteira.
ALTERIDADE: UM OLHAR SOBRE O OUTRO
A identidade seria uma busca de reconhecimento que se faz frente à alteridade, pois é através das relações que se mantêm com o outro o qual se busca a afirmação das diferenças em relação aos outros grupos e a não aceitação de um único modo de ser, é criado com o intuito de distinguir o “eu” e o “outro”. Haesbaert (1999) parte da ideia de que a percepção das diferenças é de grande importância para a afirmação de um grupo cultural. Entretanto, a grande dificuldade em reconhecer o outro ocorre por meio de um processo classificatório, a padronizar, criar um parâmetro único de comparação, hierarquizando ou “desigualando” aquilo que apenas deveria ser visto como diferente. Assim, a partir da convivência com a diferença identitária e cultural que podem ser identificadas na fronteira ocorre à afirmação da diferença, que muitas vezes é visto com um olhar de inferioridade:
Na verdade, a diferença ou alteridade e desigualdade ou comparabilidade não podem ser vistos de forma nem excludente, nem de modo a que uma se dilua totalmente na outra. A fronteira entre o desigual e o diferente é sutil, e o que ora é visto como diferente pode em outra situação ser visto como desigual, e vice-versa. HAESBAERT (1999, p. 176).
Para entendermos de que forma a alteridade pode ser identificada na fronteira é importante salientar como a afirmação das diferenças em relação aos outros grupos contribui para a construção de novas identidades. A fronteira pode limitar algo, ou fixar um determinado conteúdo com sentidos específicos, dessa maneira ocorre uma construção simbólica de pertencimento, que constrói um marco de referência que é definido pela diferença e a alteridade na relação com o outro, pois:
As fronteiras se apagam, dissolvem os localismos e ou acirram as questões identitárias. Figurando um “ir” e “vir” não apenas de lugar, mas, também de situação ou época a dimensão de fronteira postulado por Pesavento possibilita- pelo contato e permeabilidade- o surgimento de algo novo, híbrido, diferente, mestiço, um “terceiro”, que se insinua na situação de passagem. BHABHA (1998, p. 69).
Dessa maneira, a fronteira acaba se tornando a limitação de um espaço que por possuir conteúdos e sentidos diferentes, que são fixados pelos dois lados da fronteira contribuem para a construção daquilo que é diferente, pois na fronteira ocorre um cruzamento de identidades distintas que em contato são recontextualizadas e reelaboradas, a fim de diferenciar cada vez mais o marco de referência. Com a existência de dois modelos de referência distintas a fronteira acaba se tornando permeável ou flexível, onde uma nova temporalidade acaba dissolvendo os localismos e as questões identitárias surgindo assim o diferente:
A fronteira constitui-se em encerramento de um espaço, limitação de algo, fixação de conteúdos e de sentidos específicos, conceitos que avança para os domínios da construção simbólica de pertencimento denominada identidade e que corresponde a um marco de referência imaginária, definido pela diferença e a alteridade na relação com o outro. HANCIAU (2005, p. 133).
Isso posto, torna-se possível discutir a fronteira como algo em que se diferencia o “eu” e o “outro”, ou seja, como uma possibilidade de dialogar as diferenças, pois a fronteira permite o contato de sujeitos distintos que cria uma interlocução entre duas identidades diferentes. Dessa forma, a partir do momento em que estabelecemos a fronteira criamos um processo de identificação/ diferenciação , onde um sujeito ou grupo pode ser um construtor de relações identitárias a depender dos sujeitos ao qual eles estabelecem as relações. Nessa perspectiva pensar a alteridade na fronteira é definir o modo como olhamos o outro, assim:
Determinadas identidades ou, caso se preferir facetas de uma identidade, manifestam-se em função das condições espaço temporais em que o grupo está inserido. Finalmente, a(s) identidade(s) implica(m) uma busca de reconhecimento que se faz frente à alteridade, pois é no encontro ou no embate com o outro que buscamos nossa afirmação pelo reconhecimento daquilo que nos distingue e que, por isto, ao mesmo tempo, pode promover tanto o dialogo quanto o conflito com o outro. HAESBAERT (1999, p. 175).
Na fronteira a percepção da diferença é de fundamental importância para a afirmação de um grupo cultural, pois é ela que produz uma variedade de diferentes posições de sujeitos, ou seja, a identidade para os indivíduos. Assim, a alteridade se torna um paradigma da fronteira pelo fato de que a partir da mesma é que a identidade dos sujeitos que habitam as zonas fronteiriças é formada, pois são as diferenças, a forma como se enxerga o outro é quem vai influenciar a construção da identidade na fronteira. Finalmente, a fronteira pode naturalmente ser interpretada tanto como um referencial identitário, como um lugar onde a diferença, o outro não pode ser deixado do lado de fora, pois é a partir das relações que se estabelecem entre os sujeitos diferentes é que a identidade é construída e a alteridade se faz presente.
Considerações Finais
Este trabalho propôs noções sobre duas perspectivas que influenciam nas relações que são estabelecidas na fronteira, a identidade e a alteridade. Por muito tempo tivemos a tendência de pensar a fronteira apenas como um limite, ou seja, pensá-lo como algo que separa, entretanto hoje a definição de fronteira não abarca apenas uma divisória, mas sim uma condição para que se estabeleça a configuração das relações sociais que ocorrem dentro da mesma. Pelo fato da fronteira ter se tornado uma condição para abarcar relações e identidades distintas, a alteridade se faz presente, ou seja, a ideia de diferença entre o “eu” e o “outro”, pois nessa perspectiva não tem como compreender as relações que ocorrem na zona de fronteira sem levar em consideração, as identidades e as diferenças tanto de um lado como do outro, que retratam os princípios do nacionalismo:
As pessoas somente sobrevivem porque se complementam, as divisões sociais do trabalho consolidam e respaldam os motivos de viver de cada um; as cidades também somente existem porque se complementam com outras cidades no palco da divisão territorial do trabalho. Todavia, na fronteira existe algo mais... separam línguas e formas culturais de agir, fazendo com que o rigor destes marcos imponha uma preocupação cotidiana para as forças sociais daquele meio-geográfico: preservar a jurisdição de seu lado, e transpor a jurisdição do outro. OLIVEIRA (2005, p. 360).
Contudo percebe-se que por abarcar línguas, formas culturais e identidades distintas a diferença se aflora com maior frequência, na fronteira, pelo fato de que a mesma acaba sendo fundamentada como um território com perspectivas de mudança, movimento ou manutenção pelos distintos marco de referência que a mesma abriga. Assim, a fronteira torna-se um lugar de alteridade, onde diferentes identidades se encontram e afirmam a diferença entre o “eu” e o “outro”, pois o sujeito que vive na zona de fronteira constrói uma identidade sempre voltada para o outro, sendo assim a identidade e a alteridade acabam tornando-se paradigmas da fronteira, pois são ambas quem definem e influenciam as relações que são estabelecidas nano espaço fronteiriço.
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