César Augusto Soares da Costa (*)
csc193@hotmail.com
Para que exista educação significativa é preciso que ela seja vista como
processo de libertação, havendo necessidade de conceituarmos o conhecimento, ao
passo que uma teoria do conhecimento abarca uma concepção de pessoa e de sua
liberdade. Perante o que foi assinalado, Husserl, pela sua fenomenologia,
procurou realizar uma volta às coisas mesmas, à experiência original do mundo em
sua fonte. Pois o mundo cientÃfico não pode realizar-se sem apoio no senso comum,
na experiência original. Surge assim, a necessidade em dar à experiência o seu
sentido integral e não restrito à experiência sensÃvel.
Segundo Husserl, o conhecimento é intencionalidade, direção para o mundo,
presença imediata do sujeito, como cogito, na realidade presente; é modalidade
de existência envolta no mundo. O conhecimento não é nenhum mediador entre
sujeito e as coisas, mas é o próprio sujeito envolvido no mundo.
Assim, as imagens cognitivas não são imagens que se sucedem e que se associam, porque, para serem imagens da realidade, é necessário que o sujeito esteja presente à realidade; para serem formas da realidade, o sujeito deve estar presente à mesma. Se o conhecimento é intenção, fica destruÃdo o racionalismo e o empirismo. Com efeito, intencionalidade implica tendência para algo que não é o próprio sujeito; é tendência para o mundo.
Logo, o mundo é um sistema de significados. Seu sentido está implÃcito no conceito de intencionalidade, que é a maneira de ser fundamental da consciência no próprio ato de perceber, sendo uma forma de intencionalidade. Daà a percepção não é um ato sensÃvel de um aspecto parcial da realidade, da qual forma uma imagem, cuja adição, sucessão ou associação nos dá o conhecer. Pois quando percebemos um aspecto de qualquer realidade, apreendemos esse aspecto como parte de um todo, de uma realidade total. Um exemplo disso, é ao vermos uma fachada de uma casa, apreendemos, nesse elemento atual, os elementos implÃcitos potenciais; as outras paredes laterais e o fundo. Sem estas partes, não estarÃamos vendo a fachada de uma casa, mas uma simples parede.
Assim a nossa percepção, inclui uma a atividade externa de elaboração que aprende o significado do objeto externo aprendido, em sua totalidade. E não somente em sua totalidade, mas também na unidade da totalidade com todo o campo perceptÃvel, isto é, temos consciência temática de determinado objeto como figura central, com seu significado próprio dentro de um contexto. Ou seja, toda percepção é, pois, percepção da coisa total, abarcada por significados próximos ou distantes, explÃcitos ou implÃcitos. Assim, o conjunto desses significados ligados à percepção total constitui o mundo fenomenológico.
Referências
GALVÃO, Teófilo. A Educação como processo de Libertação. Pelotas: EDUCAT, 1996.
LUIJPEN, W. Introdução à Fenomenologia Existencial. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1973.
* Sociólogo, Educador e Pesquisador. Mestre em Ciências Humanas/PUCRS. Tutor de Metodologias Educativas no curso de Pós-Graduação em Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação da Universidade Federal do Rio Grande/FURG. Professor de Pós-Graduação nos cursos de Educação do Complexo de Ensino Superior de Santa Catarina na cidade de Pelotas/RS.
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