Revista: Caribeña de Ciencias Sociales
ISSN: 2254-7630


OS OPERADORES ARGUMENTATIVOS COMO ESTRATÉGIAS DE COESÃO TEXTUAL NO 9° ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Autores e infomación del artículo

Maria do Livramento Rodrigues Fonseca*

Aluízio da Silva Ribeiro Neto**

Universidade do Estado do Amazonas, Brasil

Correo: professoraluizioribeiro@gmail.com.


RESUMO
O presente artigo, inserido na área de concentração Linguística Textual, focaliza o tema os operadores argumentativos como estratégias de coesão textual, procurando responder a seguinte situação-problema “Quais as funções dos operadores argumentativos e sua importância no sentido do texto para a compreensão da leitura e da escrita?”.  Tem, portanto, como objetivo geral, saber sobre a importância dos operadores argumentativos como estratégias de coesão textual no 9º ano do Ensino Fundamental. O respaldo teórico se fundamenta nos estudos de Koch (2009), Marcuschi (2008), e Costa Val (2006). A metodologia se prende a uma pesquisa dedutiva, com abordagem qualitativa, bibliográfica, descritiva e de campo. Com base nos resultados obtidos nas produções textuais feitas pelos alunos do Ensino Fundamental, a pesquisa efetivada conclui que, alguns dos pesquisados não sabem utilizar corretamente esses operadores argumentativos na produção de texto.

Palavras-chave: Linguística textual. Operadores Argumentativos. Ensino Fundamental.

RESUMEN
El presente artículo, insertado en el área de concentración lingüística textual, se centra en el tema de los operadores argumentativos como estrategias de cohesión textual, tratando de responder a la siguiente situación problemática "¿Cuáles son las funciones de los operadores argumentativos y su importancia en el sentido del texto para la comprensión lectora? y escribiendo? ". Por lo tanto, tiene como objetivo general conocer la importancia de los operadores argumentativos como estrategias de cohesión textual en el noveno año de la escuela primaria. El soporte teórico se basa en los estudios de Koch (2009), Marcuschi (2008) y Costa Val (2006). La metodología está relacionada con una investigación deductiva, con un enfoque cualitativo, bibliográfico, descriptivo y de campo. Sobre la base de los resultados obtenidos en producciones de texto realizadas por estudiantes de escuelas primarias, la investigación concluyó que algunos de los encuestados no saben cómo usar correctamente estos operadores argumentativos en la producción de texto.

Palabras clave: lingüística textual. Operadores argumentativos. Enseñanza Fundamental.

SUMMARY
The present article, inserted in the area of ​​Textual Linguistic concentration, focuses on the theme of argumentative operators as strategies of textual cohesion, trying to answer the following problem situation "What are the functions of argumentative operators and their importance in the sense of the text for reading comprehension and writing? ". It has, therefore, as general objective, to know about the importance of the argumentative operators as strategies of textual cohesion in the 9th year of Elementary School. The theoretical support is based on the studies of Koch (2009), Marcuschi (2008), and Costa Val (2006). The methodology is related to a deductive research, with a qualitative, bibliographic, descriptive and field approach. Based on the results obtained in text productions made by elementary school students, the research concluded that some of the respondents do not know how to correctly use these argumentative operators in the production of text.
Keywords: Textual linguistics. Argumentative Operators. Elementary School.

Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Maria do Livramento Rodrigues Fonseca y Aluízio da Silva Ribeiro Neto (2019): “Os operadores argumentativos como estratégias de coesão textual no 9° ano do ensino fundamental”, Revista Caribeña de Ciencias Sociales (octubre 2019). En línea:
https://www.eumed.net/rev/caribe/2019/10/coesao-textual-ensino.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/caribe1910coesao-textual-ensino


1 INTRODUÇÃO
Com o propósito de verificar a importância dos operadores argumentativos na leitura e na escrita, foi fundamental estabelecer conceitos acerca dos elementos estudados. Estes serviram de parâmetro para a análise da escrita, diferenciando o que se escreve do que realmente se entende, mostrando que, em muitos textos, o uso inadequado destes operadores argumentativos pode distorcer todo o sentido de um texto construído com perfeição. A presente pesquisa contribuiu no processo de construção de ensino/aprendizagem e na busca de novos conhecimentos desses alunos, inserindo-se no contexto escolar e, por isso, procurou esclarecer a importância e a função de desses operadores nas produções textuais.
Tendo como delimitação “Os operadores argumentativos como estratégias de coesão textual no 9° ano do Ensino Fundamental”. E como objetivos específicos: explicar sobre a importância dos operadores argumentativos para coesão e coerência textual; verificar como os alunos no 9° ano do Ensino Fundamental aplicam os operadores argumentativos em seus textos; analisar as estratégias de coesão textual com os operadores argumentativos no 9° ano do Ensino Fundamental nas aulas de Língua Portuguesa; explicar sobre a importância dos operadores argumentativos como estratégias de coesão textual; compreender o uso dos operadores argumentativos no sentido do texto, como estratégias de escrita no 9º ano do ensino fundamental. Além disso, torna-se relevante, para os propósitos desse trabalho, que a importância deste projeto se justifica primeiramente pelos interesses dos estudos da linguística textual e pela importância dos operadores argumentativos como estratégias de coesão textual e o sentido que eles dão no texto, para que os textos fiquem coesos e assim facilitar a compreensão do texto.
Outro fator que contribuiu de certa forma para a realização desse projeto, foi que durante o Estágio Supervisionado I e II realizado em duas Escolas Estaduais de Níveis Fundamental e Médio, percebeu-se que os alunos não produziam textos com coesão e coerência, uma vez que estes não tinham conhecimento quanto a importância desses mecanismos de coesão dentro do texto. Por isso a necessidade de se trabalhar a temática em questão, com a turma do 9° ano do Ensino Fundamental, considerando que estes logo estarão cursando o Ensino Médio, onde são preparados para as provas de vestibulares a qual vem acompanhado de redação, que é um dos pontos exigidos, para que o candidato alcance uma boa nota e assim ingressar em uma faculdade, para que isso aconteça é necessário que se tenha uma boa argumentação e assim facilitar a compreensão do texto.
Desse modo, a pesquisa visou constatar se ao final do ensino fundamental os alunos são capazes de se projetar em um texto de forma clara, observando principalmente a presença dos operadores argumentativos mediante a análise das estratégias argumentativas utilizadas.
Diante disso, o presente artigo organiza-se em 6 partes fundamentais: a primeira trata sobre Coerência Textual, a segunda faz uma abordagem sobre o Princípio de Interpretabilidade, logo após versa-se sobre os tipos de Coerências, na sequência a quarta seção refere-se a Coesão textual e suas tipologias; em seguida destaca-se a coesão referencial e coesão sequencial. Segue-se, logo após, os procedimentos metodológicos adotados na execução da pesquisa. E, por fim, são apresentadas as considerações finais, onde se faz uma discussão geral sobre a importância dos operadores argumentativos como estratégias de coesão textual no 9º ano do Ensino Fundamental.
2 COERÊNCIA TEXTUAL
Frequentemente, ao lermos ou ouvirmos algum texto, manifestamos nossa avaliação: isso faz sentido, é coerente; aquilo não faz sentido, não é coerente.
De um modo geral, tentamos produzir sentidos para o que lemos ou ouvimos, recorrendo aos nossos conhecimentos sociocognitivo-interacionalmente construídos. Nesse sentido, quando lemos algum texto e percebemos que não está todo coerente, logo ele nos causa estranheza, levando em conta de que o texto fala de uma coisa e termina falando de outra totalmente fora do contexto, porém, é verdade também que a própria ‘’ estranheza’’ é propiciadora da construção da coerência, do sentido do texto, considerando-se, inclusive, que ‘’ rupturas’’ dessa forma já são esperadas, por exemplo, no gênero textual tirinha. Tudo isso só confirma que a coerência não está no texto, não é possível aponta-la, destaca-la, sublinhá-la ou coisa que o confirme, mas somos nós, leitores, em um efetivo processo de interação com o autor e o texto, baseados nas pistas que nos são dadas e nos conhecimentos que possuímos, que construímos a coerência. Na gramática, a coerência textual é responsável por dar um sentido lógico ao texto. Para que um texto seja compreensível e faça sentido para quem está lendo, este precisa apresentar uma continuação lógica das ideias que são apresentadas ao longo da narrativa.
A coerência envolve não só aspectos lógicos e semânticos, mas também cognitivos, na medida em que depende do partilhar de conhecimentos entre os interlocutores. Um discurso é aceito como coerente quando apresenta uma configuração conceitual compatível com o conhecimento de mundo do recebedor. Para Beaugrande & Dressler (1981) apud MARCUSCHI, 2008, p. 121), a coerência relaciona-se à maneira com que “os conceitos e relações subjacentes ao texto de superfície são mutuamente acessíveis e relevante entre si, entrando numa configuração veiculadora de sentidos”.
2.1 PRINCÍPIO DE INTERPRETABILIDADE
Para falarmos de coerência nos recorremos ao princípio de interpretabilidade que segundo Charolles (1983) apud Koch (2015, p. 189) vai então defender a posição de que a coerência é um princípio de interpretabilidade do discurso: sempre que for possível aos interlocutores construir um sentido para o texto, este será, para eles, nessa situação de interação, um texto coerente. Ou seja, sempre que se faz necessário realizar algum cálculo do sentido, com apelo a elementos contextuais- em particular os de ordem sociocognitiva e interacional-, já estamos entrando no domínio da coerência.
Para o autor, sempre que for possível construir um sentido para o texto, este será, em uma dada situação, um texto coerente, a leitura do texto em questão nos permite construir um sentido: não há como nos livramos da violência, façamos o que fizermos. As contradições colaboram para a construção desse sentido. Para a produção dos sentidos e, portanto, para a construção da coerência, são determinantes os dois grandes movimentos responsáveis pela estruturação do texto- retrospecção e prospecção, realizados em grande parte com o auxílio dos recursos coesivos.
Como, porém, a produção de sentidos depende de elementos desencadeados não só pelo texto, mas por todo seu contexto, a ausência de elementos coesivos não é, necessariamente, um obstáculo para construção. É o caso dos encadeamentos por justaposição, e de textos com marcas coesivas em que o sentido é construído com base em elementos sociocognitivos e interacionais.
Embora não seja muito frequente, deparamo-nos com textos destituídos de elementos coesivos. Nesse caso, cabe a nós, leitores, a produção de sentidos, com base em nossos conhecimentos sociocognitivo-interacionais, para o estabelecimento dos elos não constituídos explicitamente. Em alguns textos, há elementos que permitem ao leitor calcular o sentido e estabelecer a coerência. É claro que, nesse processo, merecem destaque os conhecimentos do leitor (de língua, do mundo, do texto, da situação comunicativa).
Portanto, o leitor, em seu trabalho para produzir sentido, deve levar em conta: o vocabulário e a situação de uso, os recursos sintáticos, os blocos textuais e a associação a fatos históricos, políticos, sociais, culturais, o gênero textual, o propósito comunicacional e a situação comunicativa. Assumindo como pressuposto que o texto é coerente, o leitor busca interpretá-lo, produzir sentido, em uma verdadeira atitude de cooperação. Com base em conhecimento que possui, cabe-lhe a tarefa de estabelecer elos coesivos que não foram explicitados entre as ideias do texto e, quanto mais informações tiver, mais terá a possibilidade de fazê-lo. A coerência, portanto, não está apenas no texto, nem tão pouco apenas no leitor, mas na interação autor-texto-leitor.
As noções de coesão e coerência foram sofrendo alterações significativas no decorrer do tempo. Inicialmente, os dois conceitos praticamente se confundiam e, por isso, os dois termos eram, muitas vezes, usados indiferentemente. Mas, à medida que se modificava a concepção de texto, eles passaram a diferenciar-se de forma decisiva.
O primeiro passo foi constatar que a coesão não é condição necessária nem suficiente da coerência: as marcas de coesão encontram-se no texto (tecem o tecido do texto), enquanto a coerência não se encontra no texto, mas constrói-se a partir dele, em dada situação comunicativa, com base em uma série de fatores de ordem semântica, cognitiva, pragmática e interacional.
2.2 TIPOS DE COERÊNCIA
No que se refere aos tipos de coerência os autores VAN DIJK & KINTSCH (1983) apud Koch (2015, p. 194) mencionam diversos tipos de coerência, aos quais outros foram sendo acrescentados, todos eles necessários para a construção da coerência global. Vejamos alguns deles:
Coerência sintática: Está relacionado ao conhecimento linguístico dos usuários, isto é, diz respeito ao uso adequado das estruturas linguística (em termos de ordem dos elementos, seleção lexical etc.), bem como dos recursos coesivos que facilitam a construção da coerência semântica, como pronome, sintagmas nominais referenciais definidos e indefinidos, conectores etc.
Em alguns textos, a coerência sintática é produzida a partir do momento em que levamos em conta a seleção lexical feita para a composição dos tipos indicados, bem como o emprego dos conectores, em especial o do “mas”. Em outros, destacamos recursos coesivos (pronomes, sintagmas nominais referenciais definidos e indefinidos, conectores) que contribuem para a coerência sintática (e também semântica) do texto.
A incoerência sintática procede, entre outras causas, de estruturas sintaticamente ambíguas, uso inadequado de conectores e de pronomes anafóricos. Por exemplo, destacamos a incoerência sintática no título, pois como as mães podem estar mais jovens “E” mais velhas?
Coerência semântica: Refere-se às relações de sentido entre as estruturas palavras ou expressões presentes no texto. Uma cobrança para que exista coerência semântica é o princípio da não-contradição, ou seja, para que um texto seja semanticamente coerente, não deve conter contradição de quaisquer conteúdos, posto ou pressupostos. Por exemplo, O leão da janela de seu quarto voltado para o oeste podia apreciar o nascer do sol. Na frase, como se pode observar, há uma contradição de sentidos: como o leão pode assistir ao nascer do sol da janela de seu quarto voltado para o oeste, se o sol nasce ao leste?
Há, portanto, incoerência semântica marcada pela contradição dos trechos acima comentados. É bem verdade que, nessa leitura, assume papel relevante o nosso conhecimento de mundo.
2.3 COESÃO TEXTUAL E SUAS TIPOLOGIAS
Sabemos que a coesão textual é a conexão, a ligação, harmonia entre os elementos de um texto. Quando nos referimos a coesão textual, logo pensamos o que é um bom texto? É aquele produzido com a organização de palavras que se unem, adequadamente, umas às outras. Então não podemos pensar no texto como palavras que vão se somando aleatoriamente umas às outras. Devemos pensar no texto como essa organização de palavras que se unem dentro de um sistema linguístico que nós aprendemos em casa observando os nossos pais e familiares, e sendo corregidos por eles e mais tarde pelos professores.
Então devemos pensar assim, se eu já domino essa estrutura na oralidade, como não dominar na escrita, temos que dominar sim. Para tanto, nos estudos linguístico, a coesão textual consiste no uso correto das articulações gramaticais e conectivos. Com isso, percebemos tal definição quando lemos um texto e verificamos que as palavras, as frases e os parágrafos estão entrelaçados, um dando continuidade ao outro. Entre tanto, os elementos de coesão determinam a transição de ideias entre as frases e os parágrafos. Por isso que, a coesão textual é essencial para a construção de uma boa redação, pois permite o sequenciamento das ideias de modo lógico, facilitando a leitura do texto.
De acordo com Costa Val (2006, p.6),
A coesão é a manifestação linguística da coerência, advém da maneira como os conceitos e relações subjacentes são expressos na superfície textual. Constrói-se através de mecanismo gramaticais (pronomes, artigos, elipse, a concordância, as conjunções) e lexicais (reiteração, substituição e associação).
Por outro lado, sabe-se que a coesão não é nem necessária nem suficiente para garantir a textualidade. Disso depende o gênero que está sendo produzido. Com isso, buscou-se outras informações com base em outros autores que enfatizam acerca desse fator de textualidade. Segundo Fávero (1997) apud Andreatta, barros, Costa (2015, p.48) “os mecanismos de coesão são aqueles elementos linguístico responsáveis pela estruturação da sequência superficial do texto”.
No entanto, é fundamental dizer, que tais ligações não vão acontecendo somente na superfície textual e sim, junto ao encadeamento identificáveis na superfície, além disso, acontecem outros no âmbito do sentido e das intenções pretendidas.
2.3.1 Coesão referencial
Koch (2010) apud Andreatta, barros, Costa (2015, p.14) classifica dois tipos de coesividade, a coesão referencial: realizada por aspectos mais especificamente semânticos e a coesão sequencial: realizada mais por elementos conectivos.
Coesão por referência é um dos tipos mais utilizados em um texto. Graças a ela, evitamos repetições de termos, descuido que pode tornar desagradável a leitura de um texto. É responsável por criar um sistema de relações entre as palavras e expressão, refere-se a um outro pertencente ao universo textual, permitindo que o leitor identifique os termos aos quais se referem. O termo que indica a entidade ou a situação a que o falante se refere é chamado de referente. Esse tipo de coesão ocorre quando os elementos coesivos ou conectivos retomam ou anunciam palavras, frases e sequencias que exprimem fatos ou conceitos. Manifesta-se geralmente por meio de itens linguístico que não podem ser interpretados semanticamente por si mesmo, como pronomes pessoais, demonstrativos e relativos. Exemplo: “Ana Gabriela chorou”. Ela fica triste quando fica sozinha, apesar de ser uma menina alegre e corajosa. Nesse exemplo, o termo referente é Ana Gabriela. Todas às vezes que o referente precisa ser retomado no texto, podemos utilizar outras palavras para que os leitores possam retornar e recuperar a ideia.
2.3.2 Coesão sequencial
A coesão sequencial ocorre por meio dos componentes do texto que estabelecem relações semânticas entre orações, períodos ou parágrafos à medida que o texto progride. De maneira geral, as flexões de tempo e de modo dos verbos e as conjunções são os mecanismos responsáveis pela coesão sequencial nos textos. Os mecanismos de coesão sequencial são utilizados para que as partes e as informações do texto possam ser articuladas e relacionadas. Além da progressão das partes do texto, os mecanismos de coesão sequencial contribuem para o desenvolvimento do recorte temático.
Dessa forma, o autor do texto evita falta de coesão, garantindo boa articulação entre as ideias, informações e argumentos no interior do texto e, principalmente, a coerência textual. Os operadores argumentativos são palavras ou expressões que são responsáveis pela ligação, pela coesão de duas orações. Outra função é mostrar a força argumentativa dos enunciados, a direção (sentido) para o qual apontam.
Portanto, ao fazer essa ligação, eles indicam que tipo de relação: causa e consequência, conclusão, oposição ou ressalva, soma de duas ideias, objetivo ou finalidade, e assim por diante. Por isso, há vários tipos desses operadores argumentativos, que indicam argumentos diferentes e sentidos diferentes no texto. Estão intimamente ligados a coesão sequencial, uma vez que são fatores importantes para a textualidade. Para os autores, Halliday & Hassan (1976) apud Andreatta, Barros, Costa (2015, p.14) ao definir coesão, “apresentam-nos a metáfora do “laço” para mostrar que no texto cada segmento precisa estar atado, preso, pelo menos a um outro”.
Desse modo, a autora considera duas modalidades de coesão: coesão pela remissão e coesão pela sequenciação. Nesse sentido, os operadores argumentativos têm nessa última modalidade, seu campo de atuação e é isso que se espera pesquisar, juntamente com as técnicas argumentativas que contribuem para a construção do sentido do texto. Os principais conectivos utilizados são as conjunções, palavras responsáveis por relacionar partes da oração ou orações de um período, (Como e, também, não só. Mas também, como também, mas ainda, tanto como, além de, além disso, ainda, nem), quando conectam pronunciados com o mesmo teor conclusivo.  Note-se, agora, que há outro grupo de mecanismos cuja função é assinalar determinadas relações de sentido entre enunciados ou partes de enunciados, como por exemplo: oposição ou    contraste (mas, mesmo), finalidade ou meta (para); consequência (foi assim que); localização temporal (até que); explicação ou justificativa (porque); adição de argumentos ou ideias (e). É por meio de mecanismos como estes que se vai tecendo o “tecido” (tessitura) do texto. A este fenômeno é que se denomina coesão textual

3 METODOLOGIA
O trabalho está inserido na área de Concentração da Linguística Textual, tendo como linha de pesquisa os elementos coesivos textuais, e como local da pesquisa a Escola Estadual “Prof. Gilberto Mestrinho”. A construção deste trabalho foi desenvolvida a partir do método dedutivo, processo este que, a racionalização ou a combinação de ideias em sentido interpretativo têm mais valor que a experimentação caso a caso, ou seja, utiliza-se a dedução, raciocínio que caminha do geral para o particular.
Considerando os objetivos desta investigação, a abordagem utilizada para a realização deste artigo foi a qualitativa que, de acordo com Chizzotti, (2001) apud Nascimento e Oliveira, (2016, p. 74), “a abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto, também é um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito. [...] Assim como, o objeto por não ser neutro, nem inerte, ele estar possuído de significados e relações que sujeitos concretos criam em suas ações”.  Com isso, foi possível fazer uma análise mais concreta sobre o uso dos operadores argumentativos para a compreensão e explicação mais ampla do objeto pesquisado, já que os níveis de leitura e da escrita foram interpretados a partir de um olhar crítico por parte do pesquisador, visto que essa abordagem permitiu analisar seus dados e conseguir um cruzamento de conclusões, obtendo mais confiança nos dados coletados.
Em relação aos procedimentos metodológicos, este trabalho constitui-se como bibliográfica, Estudo de caso, descritivo e de pesquisa de campo. A pesquisa bibliográfica “se deu a partir de levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas da web sites, que deram o embasamento ao trabalho de pesquisa” Fonseca, (2002, p. 32) apud Nascimento e Oliveira (2016, p. 73). Enquanto que a pesquisa descritiva permitiu descrever as características dos alunos do 9° ano do Ensino Fundamental, quanto a ocorrência dos operadores argumentativos, envolvendo o uso de técnicas padronizadas de coleta dos dados, sendo feita por meio de produções textuais, e observação sistemática, pois, não foi possível aplicar um questionário com os alunos e professor em decorrência da greve. Também as ocorrências ou não dos operadores argumentativos puderam ser percebidos através de produções textuais dos alunos propostas pelo professor de Língua Portuguesa e analisadas pela pesquisadora desse trabalho.
A pesquisa de campo auxiliou na coleta de dados, considerando a temática escolhida que envolve uma determinada comunidade aprofundada sobre o problema e uma explicação sobre os dados, além do método de observação que contemplou os fatores que influenciaram no objeto pesquisado.
A pesquisa se caracteriza como Estudo de Caso, pois possibilitou a investigação de apenas uma turma do 9° ano do Ensino Fundamental.
Os dados coletados foram analisados a partir da produção textual feita pelos alunos e que teve como finalidade identificar como os eles utilizam os operadores argumentativos nos textos.
Quanto à análise das produções textuais dos alunos, seguiu-se os passos: primeiro, leitura dos textos; depois, identificação dos operadores argumentativos; terceiro, verificação se os operadores argumentativos usados pelos alunos estavam corretos; quarto, organização em quadros dos operadores mais recorrentes com comentários da frequência destes à luz das teorias de Koch (2011), Marcusch (2008), e Halliday & Hassan (1976).
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir dos dados coletados em uma turma do 9º Ano do turno vespertino, do Ensino Fundamental da Escola Estadual “Professor Gilberto Mestrinho”, situada na Rua Plínio Ramos Coelho no município de Nhamundá-AM, onde a pesquisa  procedeu-se no total de duas aulas, observando o professor e os alunos, a fim de verificar as estratégias de escritas e os mecanismo de coesão e coerência utilizados pelos alunos para a realização da escrita e as dificuldades dos alunos com relação  ao uso dos operadores argumentativos como mecanismos de coesão textual, com isso, pôde-se obter os seguintes resultados:
Frequência dos operadores argumentativos
Os dados coletados revelaram que as conjunções (operadores argumentativos) mais usadas nas produções dos alunos foram: conjunção aditiva “e”; e a conjunção causal “porque”, pois, observou-se uma grande quantidade nos textos produzidos pelos alunos. Houve também ocorrências do uso de conjunções que expressam comparações e finalidades. A frequência da conjunção “que”, foram utilizados em todos os textos.
A partir dos dados apresentados nesta tabela, verificou-se que os alunos usam, necessariamente, cinco tipos de operadores argumentativos: “mas”, “e”, “que”, “mais” “pois”. Além disso, notou-se uma ocorrência surpresa, ou seja, a incidência do uso dos operadores argumentativos, “inclusive”, “enfim”, “no entanto”. É admirável falar que a maioria dos alunos, utilizam os operadores argumentativos na escrita, seguindo o valor de coesão e coerência textual, no emprego dos conectivos dentro do texto. Quanto aos outros conectivos, evidenciou-se que, os alunos conhecem as funções de cada um, facilitando assim o uso de repetições ou colocações que induzem ao erro, em um texto bem escrito.

No texto 1, foi utilizado o operador “mais” que da ideia de adição, em vez de “mas” de oposição, que nesse caso seria o correto. No texto 2, houve a repetição do conectivo “mais”, assim como repetição de outras palavras “alguns amigos”, as quais não seriam necessárias. No texto 3, foram utilizados dois conectivos diferentes “e” que dá ideia de adição, e o “que”, conjunção integrante, cuja função serve para ligar também orações subordinadas, sendo dispensada o uso dela nesse contexto. Se encaixaria no lugar de “e que”, os conectivos “logo”, “depois” ou “em seguida”.
No texto 4, o conectivo “onde” foi usado no lugar de “depois disso”, ou “logo em seguida”, haja vista que o conectivo empregado pelo aluno indica lugar, e no enunciado analisado não se faz referência a casa ou a qualquer lugar, mas ao tempo no início “Quando...”, devendo, portanto, ser utilizado conectivo adverbial temporal capaz de ligar as duas ideias, as duas orações. Já no texto 5, o aluno usou “é” em vez de “e” nesse caso vale ressaltar que houve várias ocorrências do mesmo erro, confirmando assim que o aluno tem dificuldades quando utilizá-los de forma correta. Por último, o texto 6, novamente nos confirma as dificuldades de alguns alunos quanto ao uso dos operadores argumentativos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo tem como propósito conhecer a importância dos operadores argumentativos como estratégias de coesão textual, e como esses elementos coesivos são utilizados nas produções textuais dos alunos do 9° ano do Ensino Fundamental. Para tanto, analisados os operadores argumentativos a partir das produções textuais feitas pelos alunos em sala durante as aulas do professor de Língua Portuguesa, o qual deixou à critério dos alunos a escolha de suas próprias temáticas.
Mediante a análise das produções dos alunos do Ensino Fundamental, da Escola Estadual “Professor Gilberto Mestrinho”, foi possível constatar que é necessário trabalhar mais sobre os operadores argumentativos em sala de aula, por meio dos gêneros textuais, possibilitando que o indivíduo conheça as inúmeras formas de argumentação, com isso, trabalhar as produções textuais com alunos para eles se apropriem dos operadores argumentativos.
Como foi apresentado no início deste trabalho, algumas citações teóricas, que a argumentação é inerente a própria língua e se faz presente em todas as comunicações que fazemos com o outro.
O uso dos operadores argumentativos é muito importante para a compreensão da leitura e da escrita, pois facilita que o leitor entenda o que se ler, quando usado de acordo com função que se exerce dentro do texto, possibilitando a compreensão da leitura e da escrita de forma clara e objetiva. Nesse sentido, os operadores argumentativos são fatores essenciais, que contribuem para que um texto seja meramente produzido com qualidade, e não apenas uma sequência de frase isoladas e sem sentido. Por isso, que cada indivíduo deve ter o conhecimento sobre os operadores argumentativos, uma vez que, são responsáveis pelos encadeamentos e sentido do texto. E também, isso é uma condição necessária para quem deseja fazer uma boa redação e ter aprovação pela instituição e assim ingressar em uma faculdade. 
Assim, a partir da análise dos resultados obtidos, verificou-se que embora a maioria dos discentes usem os operadores argumentativos de forma coerente, alguns alunos não aplicam em seus textos os elementos coesivos corretos, ou, os repetem com excesso. Porém isso se deve à falta de interesse da parte dos próprios alunos, que não prestam atenção nas explicações do professor.
Portanto, a pesquisa alcançou seus objetivos, os quais foram: Conhecer a utilidade dos operadores argumentativos para coesão e coerência; Verificar como os alunos no 9° ano do Ensino Fundamental aplicam os operadores argumentativos em seus textos; Analisar as estratégias de coesão textual com os operadores argumentativos no 9° ano do Ensino Fundamental nas aulas de Língua Portuguesa; Explicar sobre a importância dos operadores argumentativos como estratégias de coesão textual; Compreender o uso dos operadores argumentativos no sentido do texto, como estratégias de escrita no 9° ano do Ensino Fundamental. Servindo essa pesquisa como fonte para novas pesquisas e recomendada para profissionais da área de Letras, pedagogos, gestores, professores e para todos os interessados.

Referências
ANDREATTA, Elaine Pereira; BARROS, Adelson Florêncio; COSTA, Dorotea Maria Leal. Produção textual: análise e interpretação de textos. Manaus: UEA Edições 2015.
COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e textualidade. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
KOCH, Ingedore G. V. A coesão textual. 22 ed. São Paulo: Contexto, 2010.
KOCH, Ingedore Villaça; Elias, Vanda Maria. Ler e compreender os sentidos do texto. 3 ed. 11ª reimpressão. – São Paulo: Contexto 2015.
NASCIMENTO, Maria Evani do; OLIVEIRA, Valdemir de. Metodologia do estudo e trabalho científico. Manaus: UEA Edições 2016.
Matei, Maria Helena Corrêa da Silva. A coesão textual em narrativa de alunos do 7º ano do ensino fundamental. Disponível em: https://sapientia.pucsp.br/bitstream/handle/14246/1/Maria%20Helena%20Correa%20da%20Silva%20Matei.pdf. Acesso em: 25.04.2019.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de texto e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008.
Schwarzbold, Caroline. Uma abordagem dos operadores argumentativos em artigos de opinião: uma proposta de sequência didática para o 9º ano. Disponível em: <https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/16770/1/AbordagemOperadoresArgumentativos.pdf> Acesso em: 25.05.2019.

*Acadêmica do curso de Licenciatura em Letras da Universidade do Estado do Amazonas - UEA
** Docente do Curso de Letras pela Universidade do Estado do Amazonas. Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia – PPGSCA/UFAM. Especialista em Turismo e Desenvolvimento Local – UEA. Licenciado em Letras com Habilitação em Língua Portuguesa e Literatura - UEA. Bacharel em Administração pela UFAM e credenciado pelo CRA/AM sob o n. 1-6269/RD. E-mail.com: professoraluizioribeiro@gmail.com.

Recibido: 15/07/2019 Aceptado: 31/10/2019 Publicado: Octubre de 2019


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