Michele Gomes De Queiroz *
Ananias Freire Da Silva**
Rosangela Couras Del Vecchhio***
UniAteneu, Brasil
Email: rickardolrg@yahoo.com.br
RESUMO
Observar a ascensão social da mulher nos espaço público constitui-se no fio condutor deste trabalho. Expõe-se, portanto, a atuação da mulher em diferentes contextos históricos, a fim de se compreender o contexto atual. Como também, analisa-se como o sistema econômico capitalista influenciou e influencia nesse processo. Como base empírica dessa pesquisa, é utilizada uma pesquisa quali-quantitativa por meio de um questionário direcionado a oito gestoras escolares (diretoras e coordenadoras), onde elas expõem, acerca da temática, suas vivencias pessoais e profissionais. Diante dessa pesquisa, pode-se averiguar o perfil da mulher contemporânea, que se constitui na mulher instrucionada, em contínua formação e em lideranças de cargos em oposição à mulher ocupada com o ambiente privado. O trabalho enfoca, portanto, o desdobramento entre o público e o privado vivenciado pela mulher, sua posição social diante das ideologias preconceituosas e como elas administram seus estudos e trabalhos, chegando até ao gerenciamento de cargos, mesmo numa sociedade centrada na figura do homem.
Palavras-chaves: Mulher. Escolarização. Profissão. Gestão.
RESUMEN
Observar el ascenso social de la mujer en el espacio público se constituye en el hilo conductor de este trabajo. Se expone, por lo tanto, la actuación de la mujer en diferentes contextos históricos, a fin de comprender el contexto actual. Como también, se analiza cómo el sistema económico capitalista influenció e influenció en ese proceso. Como base empírica de esta investigación, se utiliza una encuesta cualitativa cuantitativa a través de un cuestionario dirigido a ocho gestoras escolares (directoras y coordinadoras), donde ellas exponen, acerca de la temática, sus vivencias personales y profesionales. Ante esta investigación, se puede averiguar el perfil de la mujer contemporánea, que se constituye en la mujer instruida, en continua formación y en liderazgos de cargos en oposición a la mujer ocupada con el ambiente privado. El trabajo enfoca, por lo tanto, el desdoblamiento entre lo público y lo privado vivido por la mujer, su posición social ante las ideologías preconcebidas y cómo ellas administran sus estudios y trabajos, llegando hasta el manejo de cargos, incluso en una sociedad centrada en la figura del hombre.
Palabras claves: Mujer. Escolarización. Profesión. Gestión.
ABSTRACT
Observing the social ascent of women in the public space is the guiding thread of this work. Thus, the work of women in different historical contexts is exposed in order to understand the current context. As well, it is analyzed how the capitalist economic system influenced and influences this process. As an empirical basis of this research, a qualitative-quantitative research is used through a questionnaire directed to eight school managers (directors and coordinators), where they present their personal and professional experiences about the subject. In view of this research, one can ascertain the profile of the contemporary woman, who is an educated woman, in continuous formation and in leadership of positions in opposition to the woman occupied with the private environment. The work focuses, therefore, the unfolding between the public and the private one experienced by the woman, its social position before the prejudiced ideologies and how they manage their studies and works, even managing the positions, even in a society centered on the figure of the man.
Subject Descriptor (JEL): I 21 - Analysis of Education; I 24 - Education and Inequality.
Keywords: Woman. Schooling. Profession. Management.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Michele Gomes De Queiroz, Ananias Freire Da Silva y Rosangela Couras Del Vecchhio (2019): “Instrução e profissionalização da mulher contemporânea: uma análise sobre as gestoras escolares”, Revista Caribeña de Ciencias Sociales (abril 2019). En línea:
https://www.eumed.net/rev/caribe/2019/04/mulher-contemporanea.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/caribe1904mulher-contemporanea
1 INTRODUÇÃO
Em nossa sociedade, deparamo-nos, constantemente, com pessoas transitando na busca incessante por melhores condições de vida, e, quase nunca, refletimos em suas dificuldades.
É nesse contexto que se expõe nessa pesquisa, o perfil da mulher atual, verificando suas vivências e atitudes em decorrência da mulher no século XX, onde se observa o princípio da abertura social.
Nessa perspectiva, os objetivos consistem em analisar a posição da mulher na sociedade, no tocante à questão educacional e profissional, e observar a ascensão da mulher no mercado e até sua inserção no direcionamento de espaços fora do lar, como exemplo, a escola.
Especificamente, objetiva-se averiguar a ascensão gradativa da mulher no espaço público (desde quando seus afazeres limitavam-se à casa e aos filhos até sua participação significativa no gerenciamento de instituições), de modo que seja viável articular as etapas históricas nas quais a mesma esteve inserida. Assim como analisar criticamente o fator econômico, baseado nos interesses capitalistas, e em quais percepções isso envolve a mulher instrucionada e profissional.
Partindo deste objetivo de expor o perfil da mulher atual, desdobrando-se em: mulher pessoal e mulher profissional, e já que esta quase sempre ocorre por uma preparação educacional, torna-se necessário que também seja exposta a mulher no aspecto educacional. Deste modo, visando mencionar possíveis fatores que influenciaram e que influenciam na atuação da mulher contemporânea, a temática desenvolve-se pelo método qualitativo de pesquisa, pois se faz uso de suas atribuições, assim como defende Martinelle (1999):
A pesquisa qualitativa tem por objetivo trazer à tona o que os outros participantes pensam a respeito do que está sendo pesquisado, nãoMichele Gomes de Queiroz é só a minha visão de pesquisador em relação ao problema, mas é também o que o sujeito tem a me dizer a respeito do que está sendo pesquisado.
Embora a pesquisa seja composta por algumas referências quantitativas, pois estas se fizeram necessárias para uma melhor compreensão dos fatos, em suma, não se exclui o fato de ser uma pesquisa qualitativa.
A pesquisa será desenvolvida por meio de questionário, com questões abertas. As perguntas serão direcionadas a sete gestoras escolares, pós-graduadas e na faixa etária de 29 a 50 anos, que dirigem escolas distintas.
Para uma preservação ética na identificação das gestoras, serão usados codinomes nas suas representações, caracterizando-as por nomes de flores.
O questionário é composto de nove perguntas abertas subjetivas. Essas perguntas enfatizam procedimentos pessoais femininos, como também profissionais e educacionais. Finalizado o questionário, será feito um levantamento e uma sistematização de dados que possibilitem uma análise mais empírica da temática exposta.
A monografia está organizada em três capítulos para melhor compreensão do assunto. São eles: as mudanças sociais e a inserção da mulher no espaço público; a escolarização da mulher; e a participação das mulheres na gestão pública da educação: visão/ação de gestoras escolares.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 As Mudanças Sociais e a Inserção da Mulher no Espaço Público
2.1.1. Surgimento da atuação da mulher no espaço público
Antes de compreendermos a acessibilidade da mulher contemporânea no mercado de trabalho, é preciso compreender as raízes de sua libertação.
ParaLarguia e Dumoulin (1982), as raízes consistem na divisão do trabalho: o trabalho visível (espaço público), no caso é o mercado, ou seja, o trabalho fora do lar, e o trabalho invisível (espaço privado) que é o trabalho doméstico. Neste, a mulher esteve ativa há muitos anos e por isso acarreta, até os dias de hoje, uma forte ideologia que a remete a ele.
O que contribui para a sucessão das “desigualdades”, são os nítidos preconceitos da sociedade que, mesmo num contexto de conquistas femininas, permanece sempre reproduzindo diferenças que levam às desigualdades e às injustiças.
No entanto, com o advento da elevação do capitalismo, exposto principalmente na revolução industrial, foi impulsionada não somente a economia, mas também diversas instituições da sociedade, entre elas, a família.
Por intermédio desse fato, a mulher incorporou-se no espaço público, quando se fez necessário uma maior quantidade de mão-de-obra para desenvolver os papéis na indústria, por isso a utilização não somente do trabalho masculino, mas também, e principalmente, do feminino, devido ser ele uma mão-de-obra mais barata, fator esse vantajoso para o sistema em alta elevação.
É fundamental analisarmos que esse processo de revolução social no qual se posicionou ativamente a mulher foi um fato objetivado do capitalismo. Este se articulou nas idéias de “liberdade” e “igualdade”, aparentemente positivas à sociedade feminina, mas que têm em sua íntegra, unicamente, objetivos lucrativos. Se analisarmos criticamente, notaremos que são necessariamente pessoas “livres” que podem vender sua força de trabalho.
Esse fato modificou as bases estruAlves; Vianaturais da família tradicional no que se refere ao papel da mulher, pois, até o momento, a mulher desempenhava papéis apenas no espaço privado e com o advento da industrialização ela começou a ocupar também o espaço público.
A revolução Industrial tornou necessária a incorporação maciça da mulher na produção fabril. Criou-se um proletariado feminino, força nova na história que teve um peso enorme no desenvolvimento da sociedade. Através do ensino básico, de massa, concedeu-se pela primeira vez às jovens a oportunidade de invadir o mundo exterior, compartilhando-o com os rapazes (Larguia; Dumoulin, 1982).
As mudanças ocorreram em gradativas sucessões. Devido a uma necessidade capitalista, a mulher ocupou o espaço fora de casa e, devido a esse fato, formou-se uma nova segmentação da classe operária.
O proletariado feminino exerceu bastante significado na história. Desse modo organizado, as mulheres estavam mais reivindicadoras por mudanças, sucedendo o feminismo e requerendo transformações na sociedade como um todo, como a reivindicação pelo voto e instrução educacional mais desenvolvida para as mulheres.
Portanto, as raízes dessa evolução social feminina podem ser mais observadas partir dos anos 1970, quando houve uma crescente participação feminina no mercado na sociedade brasileira, pois elas estavam cada vez mais expressivas. Esse fato se deu ao consequente crescimento capitalista e a maior abertura educacional que estavam adquirindo.
Somente no século XX as mulheres brasileiras vão conseguir dar passos concretos rumo á luta e pauta de reivindicações feministas; para além da incipiente atuação pioneira de mulheres burguesas, escritoras e artistas plásticas, desde meados do século XIX à paradigmática Semana da Arte Moderna (1922), e das resistências isoladas de mulheres dos segmentos populares- de escravas libertas, de trabalhadoras, de imigrantes- ainda hoje pouco desvendadas nos estudos históricos entre nós (Alves; Viana, 2008).
2.1.2 A Ascensão do Capitalismo e as Consequentes Transformações Sociais
Desde a ascensão capitalista, a mulher vem ocupando, cada vez mais significativamente, o espaço público, sendo esse fato mais notório em nossa contemporaneidade.
Com o novo referencial capitalista, o neoliberalismo, o discurso eficiência e eficácia, incitam os cidadãos a enquadrar-se ao novo sistema. A mulher, por sua vez, longe de estar isenta dessa transformação, qualifica-se cada dia mais para corresponder aos interesses do mercado.
Por isso, a mulher ampliou seus horizontes, investindo na sua própria educação e profissionalizando-se, ou seja, incorporando-se ao trabalho visível, único trabalho reconhecido no sistema capitalista.
A mulher contemporânea não se inibe. E é por isso que, sempre mais frequente, há mulheres concluindo cursos de graduações e ocupando cargos de chefias em instituições, por exemplo.
A participação feminina para movimentação econômica está sendo de extrema importância. O sistema necessita de pessoas capacitadas para o mercado. Assim, as mulheres, quebrando tabus, estão não só se beneficiando, mas também se fazendo necessária para o mercado carente de profissionais. A mulher aproveita para ocupar os seus espaços.
Neste sentido, a mulher tenta qualificar-se constantemente e utiliza como meio para isso o sistema educacional; assunto o qual será abordado adiante.
2.2 A Escolarização da Mulher
2.2.1 Da escolarização à profissionalização
Até meados dos séculos XX, a família era uma instituição solidamente constituída pelo pai que era o chefe da família, ou seja, quem mandava, pensava, ordenava e mantia economicamente a família. Aos filhos, geralmente numerosos, restavam-lhes obediência indiscutível. A educação era bastante diferenciada para filhos e filhas, claro que sempre repassando ideologias que permanecem até os dias de hoje, numa outra geração. Nesse sentido, a mulher tinha como papéis a dona de casa virtuosa e a mãe exemplar.
O modelo de família era fortemente consolidado. A família tinha que se apresentar bem estrutura com chefes responsáveis (homens), mulheres virtuosas e filhos, meninos estudiosos e meninas recatadas, assim defende Almeida (1998):
As mocinhas da classe média do interior eram severamente vigiadas e mantidas sob controle disciplinar pela família, não somente pelo núcleo central, como também pelo periférico, representado por avós, tios e primos, que igualmente se encarregavam de zelar pela sua reputação e sua honra. Isso tinha como objetivo preservar, principalmente, a respeitabilidade da família e dos seus membros masculinos. A ingenuidade e a fragilidade eram atributos desejáveis e admirados e, juntamente com a pureza, eram parcerias indispensáveis para a moça de família, que um dia seria esposa e mãe. Para manter a jovem intocada da maledicência e impedir arranhões que maculassem sua dignidade, raramente lhes era permitido sair sozinhas, mesmo para irem a lugares respeitáveis.
Esse ideal de família com visões principalmente voltadas para mãe e para filhas eram atributos indispensáveis, mas se viessem a transgredir alguns desses padrões eram, impiedosamente, rejeitadas pela sociedade.
Percebemos a forte repressão da qual a mulher estava sujeita. Também podemos perceber ainda os preconceitos e desigualdades de gênero que sofremos na sociedade atual. Ainda que mais desenvolvida na política, na economia, com ideais mais amplos, sociedade atual não deixa de apresentar marcas dessa sociedade conservadora com tamanhas disparidades entre homens e mulheres.
É, pois, nesse contexto de desigualdades que principiaremos o assunto no que diz respeito à educação.
A educação das crianças nos primeiros anos da infância era igual para os dois sexos no interior da família, mas, depois da entrada na adolescência, as meninas cujas famílias possuíssem meios para isso iam para o colégio de freiras, o que representava um considerável investimento financeiro, e era mais comum que os meninos continuassem frequentando os grupos escolares do Estado. A partir daí se iniciava uma educação diferenciada para a menina, voltada para o respeito e a submissão (Almeida, 1998).
Nos primórdios da educação feminina, a mulher ainda vai estar entrelaçada às ideias sociais de submissão. Convinha, pois, que a mulher fosse educada segundo os interesses sociais. Seu destino educacional estava voltado para um lado religioso, assim a mulher não estaria livre para desvirtuar seus prazeres carnais, “corrompendo os homens”, ou ela estaria destinada a estudos voltados para o comportamento privado, ensinado-a como se demonstrar diante da sociedade, ou seja, agindo sempre como uma “mocinha cautelosa”, “pura” e “inocente” preparada para ser uma futura esposa e procriadora dedicada.
O casamento era o grande sonho da jovem interiorana que nele via a possibilidade de sair da casa paterna e construir seu próprio espaço privado. Os agentes sociais incutiam a idéia de que ser mãe e dona de casa constituía-se a principal missão feminina e nisso não divergiam do discurso social e religioso do século anterior. Casar-se e não trabalhar fora, dedicando-se integralmente ao lar, era socialmente aprovado e motivo de orgulho. Para essas mulheres bastavam que possuíssem as prendas domésticas desejadas, a postura moral, os cuidados higiênicos, algumas noções de puericultura e economia doméstica e saber um pouco de culinária, talentos considerados essenciais para a perfeita organização do lar e para o conforto do marido e dos filhos. A idéia do trabalho feminino fora do lar ainda era incipiente e não encontrava muitos adeptos entre os dois sexos (Almeida, 1998).
Obviamente essa ideologia era bem aceita pelas mulheres da época que recebiam passivamente tudo que lhes era imposto, como há, hoje, mulheres tradicionais que preferem o ambiente privado ao público, mas não é o caso da maioria, pois se observa, frequentemente, mulheres preferindo o trabalho fora de casa ao trabalho doméstico.
Mas onde podemos encontrar as raízes dessa libertação? Como as mulheres principiaram os novos horizontes que ultrapassassem o ambiente privado?
Houve um fator importantíssimo para a evolução intelectual da mulher: a popularização do acesso feminino a leitura.
Certamente não se pode afirmar que a influência dessas leituras tenha sido generalizada, nem lhes atribuir um papel extraordinário para a mudança das mentalidades e na construção da identidade feminina de então, mas é evidente que os livros, lidos pelas moças românticas e inexperientes, veiculavam valores que interferiam no seu comportamento. Se esses valores eram totalmente incorporados ou se realmente alteravam os costumes femininos de forma significativa, fica difícil afirmar, dado que existe uma liberdade de escolha que concerne a todo ser humano e que o faz traçar seu próprio caminho, que, muitas vezes, é diferente daquilo que dele se espera (Almeida, 1998).
Essas leituras estavam de acordo com a educação feminina da época, ou seja, as leituras eram sobre romances, normas de condutas, religião etc. Contudo, não deixou de ter seu significado, pois a leitura sempre abre o espaço para o imaginário, assim como a escola no geral, que as mulheres estavam tendo acesso na época, que também se constituía numa educação entrelaçada aos costumes da sociedade.
A escola era outro mundo para as mocinhas domesticadas, porém essa nada mais era do que uma progressão reforçadora da submissão feminina. Os estudos eram voltados para a preparação da mulher para a procriação e para os cuidados dos lares, mas não se ensinava sobre sexualidade, isso para não libertar a mulher de sua dominação masculina, social.
Apesar de alguns estudos afirmarem que a Escola Normal, frequentada pelas jovens nessas décadas, era urna espécie de curso preparatório para o casamento e para a maternidade, isso me parece uma redundância. Para ser mãe, necessariamente, a jovem normalista teria de passar pela experiência sexual e, nesse campo, tanto a escola de qualquer nível corno a família eram deliberadamente omissas. As jovens poderiam até receber os ensinamentos necessários de como cuidar da casa, bordar, cozinhar, alimentar os bebês, mas sobre sexo eram mantidas na mais extrema ignorância; aliás, não só sobre o sexo em si, mas como em tudo que se referia à sexualidade, como menstruarão, concepção e gestação (Almeida, 1998).
É assim que começa o progresso social da mulher. Mesmo fortemente enraizado nas diferenças dos espaços público e privado, é desse princípio educacional preconceituoso que conquistamos nosso hoje, preconceituoso ainda, mas com significativas conquistas femininas.
2.2.2 Maior presença e conclusão feminina nos níveis de ensino
Com uma educação escolar historicamente marcada pela divisão sexual, a mulher, ao se elevar nos índices de frequência e permanência escolar, vem superando os preconceitos e as diferenças, mesmo que camufladamente. Há também que observarmos o porquê dessas diferenças que põe a mulher como as maiores concluintes dos níveis médio e superior.
Na obra A Mulher na Educação Superior Brasileira, Ristoff (2007), uma pesquisadora que enfatiza o processo da mulher nos anos de 1991 a 2005, expõe com melhor clareza a evolução desse processo, onde podemos observar o maior índice de conclusão feminina no nível superior nos cursos presenciais, com dados mais expressivos se observarmos no contexto da região federal (Tabela 1).
No ensino médio, porém, observam-se as diferenças dos jovens. Há os que só estudam, os que trabalham e estudam e os que só trabalham, na faixa etária de 17 a 24 anos, visto que nestas idades os jovens já se sentem dispostos e necessários a buscar o mercado de trabalho. O problema é que muitos ainda estão estudando, principalmente, os que são atrasados nas séries. Esse quadro vai variar de acordo com o sexo.
No Brasil, cerca de 28% dos jovens só estudam e 33% das jovens só estudam, enquanto que 39% dos jovens só trabalham e 23% das jovens só trabalham, ou seja, há uma diferença de gênero no que se refere à frequência escolar e a inserção ao mercado de trabalho.
Essa diferença se dá porque os homens estão, desde cedo, pressionados a começar a trabalhar, já as mulheres que “apenas” se ocupam com o trabalho doméstico e não remunerado da família, conseguem continuar com os estudos e, consequentemente, ao ensino superior, quando também conseguem. Mas, essa situação da mulher se inverte quando ela faz do trabalho invisível, que é o trabalho doméstico, uma fonte de renda, aí a porcentagem inverte-se para os 23% das mulheres que só trabalham, dificultando, assim, seu acesso à escolarização.
Observando o número de jovens que declaram cuidar dos afazeres domésticos conforme o gênero, observa-se que em todos os segmentos a proporção de mulheres mais que duplica em relação à dos homens em relação essa tarefa. E não só em números, também nas horas semanais dedicadas. Com esses dados, pode-se afirmar que a dedicação feminina ao doméstico quadruplica em intensidade a dos homens: duas vezes em percentual e duas vezes em média de horas (Waiselfisz, 2004).
Podemos definir que embora observemos a maior presença feminina na escolarização, infelizmente, isso não se deu somente por mérito e valorização feminista, é também um fator que consiste nos homens necessitarem mais cedo do mercado de trabalho.
Contudo, a mulher também desenvolvendo trabalhos, como no ambiente privado, ela consegue permanecer no espaço escolar, conciliando-as em duas funções. Enquanto que o homem, quando adentra no mercado, tende a não prosseguir com a escolarização.
Dessa oportunidade de estudo, é que as mulheres vão se fazendo mais e mais expressivas no mercado. Com sua qualificação contínua, a mulher garante seu espaço, chegando, no contexto histórico atual, ao Gerenciamento de organizações.
2.2.3 Uma análise sobre a gestão escolar
A liderança, entre os mais diversos seres, é uma concepção histórica. Desde a formação humana, o homem sente a necessidade de orientação em seus atos. Para Ramos (2009), foi diante das complexidades das tarefas entre os homens, que emergiu a necessidade de suas ações serem controladas e coordenadas por pessoas ou órgãos.
Essa carência expandiu-se ainda mais com o advento do capitalismo, quando surge a necessidade do Gerenciamento para a divisão e organização da divisão do trabalho, principalmente, para o setor produtivo.
Este modo de produção acabou sendo transmitida ao setor educacional. Se analisarmos criticamente a instituição escola, observaremos que esta também é direcionada pela concepção produtivista. A escola está inteiramente relacionada ao sistema de produção, quando foca seu objetivo na preparação para o mercado de trabalho e envolve toda a comunidade escolar na busca incessante por resultados. O novo termo Gerência da Qualidade Total (GQT), adotado nas empresas e posteriormente nas escolas, é um exemplo nítido dessa concepção.
A gestão ou gerência da qualidade total (GQT) tem origem no setor produtivo (empresas) e seu objetivo é melhorar a eficiência do processo de produção. Representando mais um movimento de transposição do modo de produção capitalista para o setor educacional. Ela impõe nova racionalidade ao processo educativo, baseados em conceitos como cliente (aluno e comunidade/sociedade), fornecedor, produtividade, processo e produto (Ramos; Pereira, 2009).
Nesse modo a escola se adéqua ao sistema, também necessitando de administradores. No caso, se configuram os (as) Gestores (as) Escolares.
No entanto, a educação, por sua vez, é quase totalmente desenvolvida por mulheres. Isso porque, segundo dados, a mulher é destinada a profissões humanísticas. A sociedade encerra à mulher sua capacidade biológica de procriar e este fato acaba por repassar à sua atuação profissional em empregos “naturalmente femininos”. Assim, consequentemente, justifica salários inferiores ao homem.
Essa divisão dos espaços femininos e masculinos teve consequência na organização de uma divisão sexual do trabalho que interpreta as habilidades adquiridas pela socialização das mulheres como “naturais”, portanto, não qualificadas, servindo para justificar a má remuneração do trabalho das mulheres, sobretudo das profissões consideradas extensão do lar e do cuidado, referentes a função de mãe, como desdobramento da atividade procriativa, professora, enfermeiras etc. Essa visão, apesar das mudanças, entra de contrabando nos argumentos patronais que tratam a mulher no trabalho como força auxiliar, portanto, de salários complementar, justificando salários menores (Secretaria Do Governo Municipal De São Paulo, 2003).
Com a forte presença da mulher na educação, é natural que a instituição escola seja (na grande maioria) gerenciada por mulheres, principalmente nos níveis iniciais de ensino.
Conclui-se que a escola, assim como no mercado em geral, é seletista e requer pessoas capacitadas eficientes e eficazes. Articulado a esse fato e por ser uma profissão tipicamente feminina, as mulheres estão gerenciando as instituições escolares de forma competente, investindo na sua formação contínua para garantirem seu espaço. Nesta perspectiva, será abordada no próximo capítulo uma análise empírica da temática.
2.3 A Participação das Mulheres na Gestão Pública da Educação: Visão/Ação de Gestoras EscolaresO presente trabalho aborda uma análise feita por afirmações de gestoras escolares de instituições distintas, que oferecem da educação infantil ao fundamental I e que estão em diferentes localizações municipais.
Trata-se de mulheres que afirmam desenvolverem seus papeis com seriedade e amor, que buscam, na correria do dia a dia, dá o melhor de si, porque acreditam no progresso educacional.
O que mais identifica essas mulheres entre si é o investimento no constante aprendizado. Foram unânimes em afirmar a importância do estudo contínuo em suas vidas, pois sabem o quanto ele é essencial para se abrirem as oportunidades, assim relatam.
Também são mulheres que se desdobram entre o público e o privado, são mulheres casadas e, a grande maioria, mães. Aqui, elas relatam suas dificuldades em ter que conciliar trabalho e casa. Desabafam sobre as sobrecargas que levam, tendo que conciliar trabalho, marido, casa e filhos. No entanto, em paradoxo com essa realidade, garantem a satisfação pessoal que o trabalho lhes proporciona, tanto pelo amor como pelo financeiro.
Essas mulheres aproveitaram a oportunidade que tiveram no mercado, e na sociedade como um todo, por isso, valorizam seus trabalhos e os desempenham com muita dedicação. Como elas, milhares de mulheres estão se revelando na sociedade, em diversas funções, seja gerindo ou não. No caso delas, que estão na administração, não se trata de um trabalho mais ou menos importante, mas um trabalho que, como todos os outros, deve ser administrado com dedicação e competência.
Nesta perspectiva, será abordado a diante o relato de administradoras escolares, em que elas desabafam seus almejos e dificuldades na vida pessoal e profissional.
2.3.1 Mulher e Gestão
O perfil analisado nesta pesquisa caracteriza-se como a mulher moderna e instrucionada, porém, é relevante citar que o acesso da mulher ao Nível Superior se deu desde 1930 nas Faculdades de Educação. É certo que a mulher já desenvolvia papel educativo nas séries primárias, mas não tinha muita opção e nem abertura social para os cargos de chefias até mesmo educacionais, como diretora escolar. Isso porque havia uma forte repressão social, e não se admitia que a mulher administrasse ou chefiasse pessoas. Esses atributos eram designados aos homens. Segundo Almeida (1998):
Essa pretensa incapacidade para cargos de direção era derivada da própria situação familiar, dos costumes sociais e da legislação, que designavam ao homem a chefia da família. Se a escola era o prolongamento do lar, a professora era a segunda mãe e os alunos, os filhos, a organização deveria estruturar-se naturalmente com um homem na direção e na tomada de decisões, segundo esse mesmo modelo familiar. Embora incorporassem esse simbolismo e se adaptassem às regras, as professoras não deixavam de questionar essa divisão sexual de tarefas no trabalho.
Atualmente, essa concepção se inverteu e é mais comum mulheres gerirem escolas do que homens, isso porque a mulher se apresenta mais no ramo educacional do que o homem, por motivos já abordados. No entanto, as mulheres desempenham funções não somente de Diretoras escolares, mas, também, Coordenadoras, Secretárias, etc. Num sentido geral, em todas as demais profissões, encontramos mulheres atuando. Isto se deu a crescente participação feminina na educacional que acabou por propiciar, consequentemente, a participação no mercado.
Diante desta oportunidade, as mulheres vêm desempenhando seus papeis de forma positiva e comprometida, daí a elevação à ocupação das gerências. O mercado capitalista não diferencia homens e mulheres para a maioria das funções, mas diferencia pelo potencial e qualificação do empregado.
Na própria pesquisa levantada, ao serem indagadas sobre a influência do “ser mulher” na profissão, a grande maioria defendeu a não ligação do sexo no seu trabalho. Rosa, por exemplo, afirma que “hoje não somos vistas pelo sexo e sim pelo profissional”, o que nos leva a concluir que o fundamental é o compromisso com o que se faz e não quem o faz.
Esta é a ideia mais defendia na atualidade: O gênero não especifica se um trabalho será bem sucedido ou não, mas a capacidade de cada ser. A responsabilidade com seu papel, principalmente quando se trata de educação, profissão em que ajuda a formar seres.
Há, porém, as que acreditam (minoria) que a questão de “ser mulher” influencia, pelo menos no ramo profissional. Mas este pensamento consiste na ideologia histórica a qual estamos sujeitas: de que a educação é uma profissão tipicamente feminina. Azaleia, diretora de uma grande escola na periferia de Fortaleza, defende que “na maioria das vezes, a mulher é mais sensível às questões sociais e consegue sentir empatia pelos alunos, comunidade e professores”.
Porém, todas garantem terem uma mesma finalidade que é: contribuir para o crescimento educacional dos nossos educandos. De fato, este é o objetivo final de cada gestor (educador).
O objetivo final da gestão é a garantia dos meios para aprendizagem efetiva e significativa do aluno. Parte-se da noção de que não é apenas na sala de aula que se aprende, mas em todos os espaços da escola, e que todos os membros da comunidade escolar têm responsabilidade pelo aprendizado do aluno. É necessário que a escola esteja em conjunto, um espaço favorável à aprendizagem, e a garantia de que ela se efetive depende, em boa medida, da atuação de diretor (Sholze et al., 2007).
O gestor é extremamente importante numa educação de qualidade, não somente num sentido administrativo, mas também pedagógico e humanístico. Por isso, é fundamental que o gestor ame o que faz, pois através dele (a), todo um grupo será influenciado. Isso foi um relato citado na pesquisa, para Rosa ainda, uma das maiores dificuldades da gestão consiste em “manter o grupo de gestores e demais profissionais na mesma linha de pensamento”.
2.3.2 A mulher gestora entre o público e o privado
Todas as gestoras participantes afirmaram sentir-se satisfeitas com o que fazem. No entanto, admitem que o mais difícil é conciliar trabalho e casa, principalmente, quando se trata da distância dos filhos.
Isso porque a mulher ainda está historicamente idealizada ao ambiente interno do lar. E, embora a mulher se demonstre competente e capacitada para trabalhar no espaço público, suas raízes a remete ao cuidar da casa e da família. Para a pesquisadora Muraro (2001):
Os homens bem sucedidos tendem a ter muito apoio de suas esposas, em casa, enquanto que as mulheres bem sucedidas sofrem exatamente o contrário: a crítica e muitas vezes o afastamento de seus maridos, enquanto aumenta seu trabalho doméstico (dupla jornada).
Essas são as consequências que a mulher sofre ao enfrentar o espaço público. Além de terem de enfrentar, ao longo dos anos, preconceitos e desigualdades, agora, já provando serem capazes de atuar no mercado, enfrentam essas insatisfações pessoais. Vitoria-Régia, coordenadora, desabafa afirmando: “no mundo em que vivemos é muito difícil ser mulher, além de trabalhar fora, tenho minhas responsabilidades e obrigações de mãe...”
Como observado, as mulheres, por fim, têm conquistado uma autonomia pessoal significativa, em contrapartida, o controle social se faz bastante forte na vida das mesmas.
Assim como gestoras escolares, praticamente, todas as mulheres que hoje realizam algum trabalho remunerado: enfermeira, produtoras fabril, secretarias, enfim, todas que desenvolvem alguma atividade fora do lar, sentem-se estimuladas a busca da realização profissional, para isso, buscam a qualificação, por outro ângulo, preenchem-se por um sentimento de insuficiência por não estarem mais presentes na vida dos maridos e dos filhos.
Esse controle ocorre não somente pela cobrança dos filhos e do marido, mas no próprio consciente das mulheres, que se torna mais relevante. Deste modo, a mulher convive num paradoxo mental: ao mesmo tempo em que querem realização profissional, não conseguem se desligar do ambiente privado, e isso se caracteriza numa repressão que inclui ideologias e sentimentos.
Patti (2004), psicóloga e psicanalista, realizou uma pesquisa entrevistando algumas mulheres. Nessa pesquisa, ela revela que:
A formação superior, não garante a qualidade de vida, nem mesmo uma atuação profissional competente, nem garante uma integração social sadia se as questões subjetivas (inconscientes), que perturbam, trazem sofrimentos ao trabalhador (a), não forem elaboradas adequadamente.
Embora a pesquisa enfoque as mulheres relativamente bem sucedidas no mercado, tendo como especificidade as gestoras escolares, e como elas se desdobram entre o público e o privado, não poderia deixar de ser citadas, neste trabalho, outras consequências, agora sociais, da ascensão da mulher, causadas justamente por elas tentarem fugir dessa dupla jornada de trabalho. São elas, a diminuição do número de filhos, observado nos últimos anos, como, também, a diminuição dos relacionamentos matrimoniais.
De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o número de filhos dos brasileiros vem diminuindo. A mulher ocupando-se no espaço público reflete diretamente nessas conclusões. A fecundidade da mulher brasileira, número médio de filhos que uma mulher teria ao final de sua idade reprodutiva, caiu nos últimos anos. Em 1970 a mulher brasileira tinha, em média, 5,8 filhos. Trinta anos depois, esta média era de 2,3.
Recentemente, conforme novos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa média de fecundidade no Brasi, em 2010, era de 1,86 filho por mulher, semelhante à dos países desenvolvidos e abaixo da taxa de reposição populacional, que é de 2,1 filhos por mulher.
Esses se constituem em alguns enfoques justificados pela vida social da mulher contemporânea, que acaba optando por essas alternativas por priorizarem a realização profissional.
Contudo, a família ainda é uma instituição desejada na sociedade moderna e isso acaba se chocando com o perfil da mulher contemporânea, instrucionada e profissionalizada. Como é o caso das gestoras escolares.
É interessante ressaltar que, muitas vezes, pela complexidade de tarefas diárias que a mulher tem que administrar, elas acabam contratando outra mão-de-obra feminina para cuidar dos afazeres domésticos. Ainda assim, elas precisam acompanhar essa atividade.
2.3.3 Profissão educadora: da realização profissional à autonomia financeira
Eu trabalho para ter condições financeiras de proporcionar a mim, a minha família qualidade de vida, dentro da expectativa de vida onde cada um tem a sua.
Esta é a afirmação de Flor-de-Liz, quando se indaga sobre o porquê trabalha.
Essas mulheres reconhecem o prazer da independência financeira. Atualmente, as mulheres querem realização profissional e, para isso, dedicam-se bastante no desenvolvimento de suas atividades.
Mesmo enfrentando barreiras históricas e sociais na busca pela inserção profissional, as mulheres não abrem mão dessa oportunidade capitalista.
As gestoras estudadas transmitiram que, muito embora elas tenham a ideia “romântica” da educação, de que precisam lutar por mudanças educacionais e acreditar nas transformações sociais (foram unânimes nesta ideia) elas também não negam a necessidade do retorno financeiro, Margarida revela que:
Trabalho por necessidade humana de ser útil a sociedade, deixar o meu legado às crianças que por mim passaram e vão passar, entretanto, o financeiro também é fundamental, moramos em um país capitalista em que o padrão de vista custa caro.
Essas gestoras trabalham pelo amor à profissão, relatam nos questionários, que se doam o trabalho em busca do reconhecimento educacional na sociedade. Desdobram-se na assistência ao trabalho e ao lar, ainda lutam na busca contínua dos estudos para estarem qualificadas e capacitadas.
Mas não negam a satisfação pessoal quanto ao retorno financeiro. Como a maioria das mulheres contemporânea trabalhadora, essas gestoras buscam a sonhada autonomia financeira. Autonomia essa, em outros tempos a mulher não tinham esse privilegio de gozar.
Num contexto de busca e obstáculos, propiciados por uma série de fatores, entre eles o aproveitamento capitalista, a mulher tem se feito presente no espaço público. E, ao longo da história, este processo foi se tornando mais expressivo, embora muito complexo de ser abordado, por consistir-se numa discussão em movimento.
Em síntese, é relevante a observação a esse processo evolutivo da mulher nos contextos: educacional e profissional. Para isso, faz-se necessário a averiguação do passado e a análise do presente, mas, também, a perspectiva de um futuro mais nítido no que se refere a temática, e mais igualitário em relação ao homem.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Enfatizou-se, nesse trabalho, o processo evolutivo da mulher na ocupação do espaço público, ou seja, na sua maior participação ao sistema educacional e no mercado de trabalho. Para essa análise, fez-se necessário uma observação crítica acerca das vivências familiar e profissional da mulher, utilizando, para esse fim, a mulher na mais elevada posição social: a mulher na gestão escolar.
Diante desse contexto, conclui-se que a observável ascensão social da mulher está relacionada a uma série de situações que lhe propiciaram a esse fato, entre eles, o mais relevante, o desenvolvimento capitalista. Mas também, a desejada realização profissional.
Fez-se necessário, portanto, uma abordagem analítica sobre os diferentes contextos históricos e sociais, expondo a mulher em gradativa evolução participativa pública, mas também abordando as perspectivas e consequências desse fato.
Utilizando gestoras escolares como análise expositiva da temática e sistematizando suas experiências expostas, profissionais e pessoais, às bases teóricas abordadas, conclui-se a divisão da mulher moderna entre o espaço público e o privado.
Em síntese, define-se que, articulado aos interesses capitalistas, a mulher ocupou-se e mantém no mercado de trabalho, como meio para esse processo, ela utiliza a instrução educacional. Esse fato tem proporcionado à mulher uma desejada realização profissional, em contrapartida, tem lhe causado insatisfações sentimentais pelo afastamento de seu ambiente privado, sobretudo, pela distância de seus filhos.
No entanto, diante das consequências pessoais e das modificações na estrutura social, sobretudo na família, causadas pela participação social da mulher, esta tem se feito cada vez mais nítida e precisa na sociedade contemporânea, agora, não “somente” idealizada ao ambiente privado, mas necessária ao desenvolver das atividades públicas.
REFERÊNCIAS
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Waiselfisz, J. J. (2004). Relatório de desenvolvimento juvenil.Brasília: UNESCO.
APÊNDICE I: Questionário utilizado com as gestoras escolares.
Aluna: Michele Gomes de Queiroz
Curso: Pós-Graduação em Gestão e Coordenação Escolar.
Instituição: Faculdade de Educação Teológica- FACETE
Tema: Instrução e Profissionalização da Mulher Contemporânea: Uma análise sobre as Gestoras Escolares.
NOME (Completo):
CARGO OU FUNÇÃO QUE DESEMPENHA:
ESCOLARIZAÇÃO:_____________________________________________
Grata pela sua colaboração. E parabéns por ser mulher!
*Mestranda em Educação Profissional e Tecnológica no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE); Pós-graduada em Gestão e Coordenação Escolar pelo Instituto Superior de Teologia Aplicada (INSTA); Licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Ensino-Aprendizagem e gestão escolar.