Maria Eugênia Rodrigues Luz*
Maria Elena Pires-Santos**
UNIOESTE, Brasil
mariaeugenialuz@yahoo.com.br
Resumo
O mundo global em que vivemos traz desafios não somente para as formas de vida na sociedade, como também para o campo das ciências. Os pressupostos epistemológicos que determinaram a visão de mundo na modernidade foram fundamentados em uma base hegemônica e globalizante para explicar os fenômenos sócio-culturais e científicos, colocando cada Ciência compartimentada, apartada uma das outras. Com efeito, os fundamentos da teoria positivista estabeleceu a ciência como o estudo das leis, do que é imutável, determinado e útil para o progresso humano e introduziu uma filosofia da história com a finalidade de demonstrar as razões pelas quais o pensamento positivista deve prevalecer entre os homens, com fundamentação e classificação com base na filosofia positivista e uma sociologia que, ao determinar a estrutura e os processos de modificação da sociedade, fosse capaz de possibilitar a reforma das instituições com essa nova forma de pensar. Assim, a ideia do positivismo era a de que o conhecimento científico devia ser reconhecido como o único conhecimento verdadeiro. Desse modo, esse artigo objetiva trazer para discussão a sublevação de um conhecimento mecanicista assentado em dicotomias e as possibilidades de um conhecimento pautado na interdisciplinaridade, focalizando o alinhamento entre a Linguística Aplicada e a Justiça Restaurativa. De acordo como vem sendo proposto, o conhecimento interdisciplinar permite estabelecer pontes de intersecção entre diversas áreas do conhecimento e é justamente esta possibilidade de conexão e interconexão de saberes que permite compreender os fenômenos sociais na sua globalidade e especificidades, fato que o paradigma cartesiano/mecanicista, responsável pelo ordenamento da produção científica mostrou-se “falível” por ter sucumbido nas próprias amarras que lhe originaram. Por esse motivo, a Ciência contemporânea tornou-se essencialmente interdisciplinar na busca de novas respostas para os diversos desafios nos quais o homem é o centro das atenções e a partir dele, passa-se a compreender as suas vivências de acordo com os contextos sócio-culturais nos quais partilha as sua formas de ser, de estar, de sentir, dentre outras. Portanto, a crítica contemporânea cinge-se na forma binária estabelecida pelo paradigma mecanicista que ao fragmentar formas de produção científica, torna a forma de ver o mundo unidimensional, quando a sua essência é multidimensional. Problematizando esse modelo, a Interdisciplinaridade sinaliza para uma Ciência transcendente, heterogênea, aberta para a amálgama de outros saberes que permitam atender às demandas não contempladas pelo paradigma reducionista e aos anseios sociais. Nesse diapasão, visando repensar essas estruturas rígidas e verticalizadas, propomos um diálogo entre a Linguística Aplicada e a Justiça Restaurativa a fim de compreendermos as intersecções que se estabelecem entre si tendo como pano de fundo o ser humano que se constrói em um contexto sócio-cultural, e a partir de suas vivências em sociedade experiência relações conflitantes, cuja compreensão/resolução requer um olhar mais sensível sobre o cotidiano. Para o efeito, adotamos do ponto de vista metodológico, uma abordagem qualitativa aliada à pesquisa bibliográfica, o que nos permitiu compreender que, por meio de um olhar interdisciplinar, a Linguística Aplicada contribui de forma significativa nos modos de fazer Justiça que atendam à complexidade do ser humano, em virtude desta preconizar, dentre outros o estudo o entendimento da vida em sociedade a partir dos contextos nos quais se estabelecem as interações sociais.
Palavras-chave: Interdisciplinaridade, Paradigma Reducionista, Diálogo, Linguística Aplicada, Justiça Restaurativa.
Resumen
El mundo global en el que vivimos trae desafíos no sólo para las formas de vida en la sociedad, como también para el campo de las ciencias. os supuestos epistemológicos que determinaron la visión del mundo en la modernidad se fundaron en una base hegemónica y globalizadora para explicar los fenómenos socioculturales y científicos, colocando cada Ciencia compartimentada y apartada una de las otras. En efecto, los fundamentos de la teoría positivista establecieron la ciencia como el estudio de las leyes, de lo que es inmutable, determinado y útil para el progreso humano e introdujo una filosofía de la historia con la finalidad de demostrar las razones por las cuales el pensamiento positivista debe prevalecer entre los hombres, con fundamentación y clasificación con base en la filosofía positivista y una sociología que, al determinar la estructura y los procesos de modificación de la sociedad, fuese capaz de posibilitar la reforma de las instituciones con esa nueva forma de pensar. Así, la idea del positivismo era que el conocimiento científico debía ser reconocido como el único conocimiento verdadero. Por eso, ese artículo objetiva discutir la sublevación de un conocimiento mecanicista asentado en dicotomías y las posibilidades de un conocimiento pautado en la interdisciplinaridad, enfocando la alineación entre la Lingüística Aplicada y la Justicia Restaurativa. De acuerdo con lo que es propuesto, el conocimiento interdisciplinario permite establecer puentes de intersección entre diversas áreas del conocimiento y es justamente esta posibilidad de conexión e interconexión de saberes que permite comprender los fenómenos sociales en su globalidad y especificidades, hecho que el paradigma cartesiano / mecanicista , responsable de la orden de la producción científica se mostró "falible" por haber sucumbido en las propias amarras que le originaron. Por eso, la Ciencia contemporánea se volvió esencialmente interdisciplinaria en la búsqueda de nuevas respuestas para los diversos desafíos en los que el hombre es el centro de las atenciones ya partir de él, se pasa a comprender sus vivencias de acuerdo con los contextos socio- culturales en los que comparte sus formas de ser, de estar, de sentir, entre otras. Por lo tanto, la crítica contemporánea se ciñe en la forma binaria establecida por el paradigma mecanicista que al fragmentar formas de producción científica, haciendo la forma de ver el mundo unidimensional, cuando su esencia es multidimensional. En este sentido, la interdisciplinaridad señala que para una ciencia trascendente, heterogénea, abierta a la amalgama de otros saberes que permitan atender a las demandas no contempladas por el paradigma reduccionista y los anhelos sociales. En ese diapasón, con el fin de repensar esas estructuras rígidas y verticalizadas, proponemos un diálogo entre la Lingüística Aplicada y la Justicia Restaurativa a fin de comprender las intersecciones que se establecen entre sí teniendo como telón de fondo al ser humano que se construye en un contexto sociocultural, a partir de sus vivencias en sociedad experiencia relaciones conflictivas, cuya comprensión/ resolución requiere una mirada más sensible sobre lo cotidiano. Para el efecto, adoptamos desde el punto de vista metodológico, un enfoque cualitativo aliado a la investigación bibliográfica, lo que nos permitió comprender que, a través de una mirada interdisciplinar, la Lingüística Aplicada contribuye de forma significativa en los modos de hacer justicia que atienden a la complejidad del proceso, en ser humano, en virtud de esta preconización, entre otros el estudio el entendimiento de la vida en sociedad a partir de los contextos en que se establecen las interacciones sociales.
Palabras clave: Interdisciplinaridad, Paradigma Reductor, Diálogo, Lingüística Aplicada, Justicia Restaurativa.
Summary
The global world in which we live brings challenges not only to the forms of life in society, increasingly confronted with fluid identities as well as the field of science. The epistemological assumptions that determined the worldview in modernity were based on a hegemonic and globalizing basis to explain socio-cultural and scientific phenomena, placing each Science compartmentalized, separated from one another. Indeed, the foundations of positivist theory have established science as the study of laws, of what is immutable, determinate, and useful for human progress, and has introduced a philosophy of history in order to demonstrate the reasons why positivist thought must prevail among men, with foundation and classification based on positivist philosophy and a sociology that, in determining the structure and processes of modification of society, was able to enable the reform of institutions with this new way of thinking. Thus the idea of positivism was that scientific knowledge should be recognized as the only true knowledge. Thus, this article aims to bring to the discussion the upheaval of a mechanistic knowledge based on dichotomies and the possibilities of a knowledge based on interdisciplinarity, focusing on the alignment between Applied Linguistics and Restorative Justice. According to what has been proposed, interdisciplinary knowledge allows establishing intersection bridges between several areas of knowledge and it is precisely this possibility of connection and interconnection of knowledge that allows understanding social phenomena in their globality and specificities, fact that the Cartesian / mechanistic paradigm , responsible for the organization of scientific production proved to be "fallible" because he succumbed to the very moorings that originated him. For this reason, contemporary science has become essentially interdisciplinary in the search for new answers to the various challenges in which man is the center of attention and from there he begins to understand his experiences according to the socio- in which they share their ways of being, of being, of feeling, among others. Therefore, contemporary critique is girded up in the binary form established by the mechanistic paradigm that by fragmenting forms of scientific production, making the way of seeing the world one-dimensional when its essence is multidimensional. Challenging this model, Interdisciplinarity signals a transcendent, heterogeneous Science, open to the amalgamation of other knowledges that allow to meet the demands not contemplated by the reductionist paradigm and social yearnings. In this context, in order to rethink these rigid and vertical structures, we propose a dialogue between Applied Linguistics and Restorative Justice in order to understand the intersections that are established among themselves, having as background the human being that is built in a socio-cultural context , and from their experiences in society experience conflicting relationships, whose understanding / resolution requires a more sensitive look at the everyday. For this purpose, we adopted a methodological approach, the qualitative research allied to the bibliographical research, which allowed us to understand that, through an interdisciplinary approach, Applied Linguistics contributes in a significant way in the ways of doing Justice that attend to the complexity of the being human, by virtue of this to recommend, among others the study the understanding of the life in society from the contexts in which the social interactions are established.
Key words: Interdisciplinarity, Reductionist Paradigm, Dialogue, Applied Linguistics, Restorative Justice.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Maria Eugênia Rodrigues Luz y Maria Elena Pires-Santos (2019): “Diálogos interdisciplinares entre a linguística aplicada e a justiça restaurativa”, Revista Caribeña de Ciencias Sociales (febrero 2019). En línea:
https://www.eumed.net/rev/caribe/2019/02/dialogos-interdisciplinares.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/caribe1902dialogos-interdisciplinares
Introdução
A partir do século XVII, com a disseminação das ideias iluministas, o modelo científico inaugura uma nova forma de pensar e fazer ciência. Com o advento da Revolução Francesa, no século XVIII, institui-se o Estado Moderno Republicano que serviu de modelo político para a Europa e para alguns países, inclusive para o Brasil.
O pensamento positivista teve Comte (1912) como seu principal precursor e estabeleceu a ciência como o estudo das leis, do que é imutável, determinado e útil para o progresso humano. Introduziu uma filosofia da história com a finalidade de demonstrar as razões pelas quais o pensamento positivista deve prevalecer entre os homens, com fundamentação e classificação com base na filosofia positivista e uma sociologia, que ao determinar a estrutura e os processos de modificação da sociedade fosse capaz de possibilitar a reforma das instituições com essa nova forma de pensar.
Assim, a ideia do positivismo era a de que o conhecimento científico devia ser reconhecido como o único conhecimento verdadeiro e teve significativa influência no mundo. Em contraposição ao pensamento positivista, esse artigo objetiva trazer para discussão a sublevação de um conhecimento mecanicista assentado em dicotomias e as possibilidades de um conhecimento pautado na interdisciplinaridade, focalizando o alinhamento entre a Linguística Aplicada e a Justiça Restaurativa.
Com efeito, urge um campo cientificamente vivo, aberto e estimulante da criatividade, onde esses saberes se imbriquem e possibilitem o surgimento de um novo meio de conhecimento que permite capitalizar o diálogo entre as Ciências e explorar a totalidade da complexidade dos fenômenos em estudo para compreender as suas especificidades a partir de uma mobilização corporativa de diferentes área de conhecimento.
Segundo Frigotto (2011, p. 44 ), “a compreensão da categoria totalidade concreta em contraposição à totalidade caótica, vazia, é imprescindível para entendermos a interdisciplinaridade como necessidade imperativa na construção do conhecimento”. Dessa forma, a interdisciplinaridade vai implicar na capacidade de transcender a fragmentação imposta pelo modelo científico cartesiano que preconiza a divisão do conhecimento em áreas específicas.
Em razão disso, muito se perdeu nesse enquadramento de especialização, o que convida a uma reflexão do que concebemos hoje como ciência. Em resposta aos desafios nos modos de fazer a ciência na pós-modernidade, a interdisciplinaridade se faz aqui pertinente, pois, de acordo com POMBO (2008), consiste em uma combinação de conhecimentos que levam a uma ideia convergente, a qual é buscada toda vez que o pesquisador se depara com os limites de seu campo de conhecimento.
Com base nos autores interdisciplinares, tais como Frigotto (2011), Gadotti (1999), , Japiassu (1976), Morin (2000) e Pombo (2004), dentre outros, buscaremos problematizar sobre o que se consolidou como paradigma científico, um saber fragmentado, distante do movimento democrático de diálogos e de debates, uma organização cada vez mais especializada e dividida.
O interesse pelo tema justifica-se por reconhecermos que a interdisciplinaridade permite fazer interligações com diversos campos de conhecimento, de modo a compreender a complexidade e as particularidades da vida em sociedade. Nesse sentido, pensar em uma Justiça Restaurativa em diálogo com a Linguística Aplicada requer esse olhar interdisciplinar, com vistas a compreendermos os contornos subjacentes às relações de conflito entre as pessoas.
Esse artigo é desenvolvido sob a perspectiva de uma abordagem qualitativa. Segundo Denzin e Lincoln (2006),
A pesquisa qualitativa abrange o estudo do uso e a coleta de uma variedade de materiais empíricos — estudo de caso; experiência pessoal; introspecção; história de vida; entrevista; artefatos; textos e produções culturais; textos observacionais, históricos, interativos e visuais — que descrevem momentos e significados rotineiros e problemáticos na vida dos indivíduos. (DENZIN; LINCOLN, 2006, p. 17).
Com efeito, uma abordagem qualitativa consiste em um conjunto de atividades práticas e interpretativas que permitem compreender os modos pelos quais se estabelecem as relações na sociedade.
Levando em consideração a natureza da pesquisa, que é interdisciplinar, fundamentada na introspecção e reflexão para construir abstrações recorremos à pesquisa bibliográfica, que de acordo com Fonseca (2002, p. 32) “A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites”.
O artigo está organizado em duas seções. Na primeira, denominada “Paradigma reducionista, paradigma multidimensional e interdisciplinaridade” problematizamos os fundamentos do modelo científico reducionista a partir de uma visão interdisciplinar. Na segunda, com a designação “Possibilidades interdisciplinares – Linguística Aplicada (LA) e Justiça Restaurativa (JR)” refletimos em torno das convergências que podem ser exploradas entre a LA e a JR para a compreensão dos modos da vida em sociedade e as relações que são estabelecidas entre as pessoas.
SEÇÃO I – Paradigmas reducionista e Paradigma interdisciplinar
2.1. Paradigma Reducionista
Um dos principais precursores, responsáveis pela definição da Ciência moderna, foi Francis Bacon, seguido por Isaac Newton e Renè Descartes, Blaise Pascal, Johannes Kepler, dentre outros. Com base nesses pensadores, consolidou-se o paradigma reducionista, também denominado newtoniano-cartesiano-mecanista responsável por estabelecer as relações de causa e efeito (CHALMERS, 1993), em uma determinística que não atentava para as particularidades do objeto de estudo, razão pela qual uma teoria poderia ser aplicada a diversos campos de conhecimento, desconsiderando as respectivas especificidades.
A partir daí, surge o movimento filosófico científico-intelectual do século XVIII, intitulado Iluminismo, que buscava a separação entre ciência e religião e a ideia de ilimitação do ser humano, desde que ele se libertasse das crenças disseminadas pela religião. Esse movimento mudou a forma de consagração de antigos mentores espirituais para sobrepor a neo-ideias filosóficas. Denominado por Voltaire de “confraria de filósofos”, o movimento iluminista tinha três princípios básicos: cosmopolitismo, humanismo e liberdade ampla e irrestrita (LEFEBRVE, 1989).
Assim, tudo que não fosse passível de comprovação científica era classificado como senso comum, ou seja, esse paradigma desconsiderava outras formas de produção de conhecimento complementar (SOUSA SANTOS, 1998).
Por esse motivo, diversos conhecimentos produzidos com base no senso comum foram desconsiderados, o que contribuiu, em parte, para que o paradigma cartesiano fosse incapaz de responder a outros fenômenos que foram surgindo na sociedade, nessa linha de pensamento
A intenção desse novo pensamento era promover a racionalidade (Ciência) em detrimento da fé, visando o crescimento da riqueza. Assim, o aparato de investigação serviu de instrumento para a produção de resultados necessários ao capital. Com a separação entre ciência e outras linhas de conhecimento, tudo que era considerado crença foi excluído do então conhecimento científico, sob o argumento de que a ciência deveria ser livre de conotação teológica. De modo gradativo, a ciência foi se impondo nas estruturas de poder e consequentemente, passou a ordenar a sociedade (CHALMERS, 1993).
Na essência, as bases do paradigma científico foram estabelecidas pela ordem burguesa e pelo capitalismo. No mundo contemporâneo, a Ciência dita as normas de alimentação, a forma do trabalho, o que é considerado verdadeiro ou não, ou seja, a Ciência atualmente é quem controla a ordem e reproduz conhecimento (Ibidem, 1993).
Para reforçar esse modelo científico, o pensamento positivista, introduzido por Comte (1912) no século XX, tornou-se o pilar principal em que a Ciência se fundamentou. Para o autor, as principais características do que se tornou o modelo positivista foram: a primeira, a distinção entre estática e dinâmicas sociais que estudaria as condições decorrentes da sociedade (a ordem); e a segunda pesquisaria as leis que regiam seu desenvolvimento (o progresso). A partir daí, o Estado passou a regular as normas em sociedade com base no sistema positivista que define o Direito como um conjunto de normas formuladas e postas em vigor.
De acordo com Pombo (2004, p. 16), a ciência moderna “é hoje uma enorme e devastadora organização dividida internamente por inúmeras comunidades, agregados competitivos cada qual com seus congressos, as suas revistas, os seus equipamento e espaços institucionais, etc.”, ou seja, a Ciência tornou-se refém do seus feitores que a despeito da especialização acabaram por se resguardar em um campo reducionista sobre as formas de compreender as dinâmicas da vida em sociedade. Nessa linha de pensamento Sousa Santos, 1998 afirma:
O determinismo mecanicista é o horizonte certo de uma forma de conhecimento que se pretende utilitário e funcional, reconhecido menos pela capacidade de compreender profundamente o real do que pela capacidade de o dominar e transformar. No plano social, é esse também e horizonte cognitivo mais adequado aos interesses da burguesia ascendente que via na sociedade em que começava a dominar o estágio final da evolução da humanidade (SOUSA SANTOS, 1998, p. 51).
Com isso, muito se perdeu nesse enquadramento do que concebemos hoje como Ciência, fruto da herança da teoria binária de Descartes que há muito vem sendo questionada porque fez surgir rei sem reinos e reinos sem reis, ou seja, a ideia de que cada Ciência deveria ter um objeto de estudo e respectivos métodos não se consolidou em face de aparecimentos de ciências que se consolidaram na esteira de outras Ciência desvirtuando desse modo a compartimentação dos campos de estudo.
Por essa razão, muito se questiona sobre os postulados de Descartes, pelo que: “É esse o erro de Descartes: a separação abissal entre o corpo e a mente, entre a substância corporal infinitamente divisível, com volume, dimensões e com um funcionamento mecânico, de um lado, e a substância mental, indivisível, sem volume, sem dimensões e intangível” (DAMÁSIO, 2005, p. 280). A delimitação do objeto de pesquisa não precisa passar pela limitação do contexto que é uno e indivisível.
Embora necessário, o sistema cartesiano encontra-se insuficiente como instrumento de pesquisa, sobretudo para áreas específicas áreas do conhecimento. Tal limitação decorre do seu caráter reducionista que impossibilita outras formas de produção de saberes devido ao formato positivista e estreito que ao ser determinista concebe “um conhecimento baseado na formulação de leis [que] tem como pressuposto metateórico a ideia de ordem e de estabilidade do mundo, a ideia de que o passado se repete no futuro”(I, 2005, p. 51).
Sobre o caráter binário da ciência, Morin (2000, p. 43) enfatiza que “a inteligência parcelada, compartimentada, mecanicista, disjuntiva e reducionista rompe o complexo do mundo em fragmentos disjuntos, fraciona os problemas, separa o que está unido, torna unidimensional o multidimensional”, o que em nosso entender dificulta a compreensão do todo e das respectivas particularidades.
A esse propósito, Damásio adverte que a divisão cartesiana está tão implícita na forma de pensar de diversos neurocientistas que ao recusarem ser cartesiano, acabam por cair nas mesmas teias, pois reiteradamente alegam que a mente pode ser entendida quanto aos fenômenos cerebrais, separada do restante do organismo, do ambiente físico e social. (Op. Cit., 2005).
Ainda a respeito do método cartesiano, Kosík (1976) defende que
O reducionismo é o método do “nada mais que", toda a riqueza do mundo não é nada mais que substância imutável ou então dinamizada. Esta também é a razão pela qual o reducionismo não pode explicar racionalmente uma evolução nova, de natureza qualitativa: tudo aquilo que é o novo pode ser reduzido a condições e hipóteses; o novo não é “nada mais que" o velho (KOSÍK, 1976, p. 28).
Com efeito, o afunilamento hodierno em que a Ciência se encontra a distanciou-se do processo integrativo que poderia ser explorado pelos pesquisadores. No afã de traçar essa dicotomia, arrebatou a fluidez pelo qual o conhecimento científico poderia permear-se e interconectar-se.
2.2. Paradigma Interdisciplinar
Segundo Frigotto (2011, p. 44, grifos nossos), “a compreensão da categoria totalidade concreta em contraposição à totalidade caótica, vazia, é imprescindível para entendermos a interdisciplinaridade como necessidade imperativa na construção do conhecimento”.
A ideia de totalidade concreta do autor remete a uma concepção homogênea, ou seja, uma totalidade concreta significa algo existencial e caracterizável do ponto de vista de semelhanças intrínsecas entre si, uma visão determinística e positivista que se destina a fabricar semelhanças. Já a visão de uma totalidade caótica remete à uma concepção do uno enquanto totalidade e que ao mesmo tempo se fragmenta em divisões múltiplas criando um caos, um vazio que decorre da ausência da essência a partir da qual se pode caracterizar essa totalidade.
Por essa razão, "a interdisciplinaridade requer a capacidade de transcender a fragmentação criada pela convenção científica cartesiana. Sair do estruturalismo, do preconceito e partir para o estudo interdisciplinar não é tarefa banal, exige esforço.” (Op. Cit., 2011, p. 45 ).
Com isso, urge um campo cientificamente vivo, aberto e estimulante da criatividade, onde esses saberes se imbriquem e possibilitem o surgimento de um novo meio de conhecimento. Paradoxal ao que deveria ter se tornado ciência, a neofobia, o anacronismo e o preconceito de muitos pesquisadores que atualmente dificultam o olhar interdisciplinar, pois enquadram-na como área que não sabe bem a que veio, isto é, apelidada de fazer tudo e não fazer nada.
Chiesa (2016) ousou, em sua obra intitulada “Além do que se vê”, ao inserir dentro da academia, na pesquisa etnográfica, a cura por meio da utilização de ectoplasmas e paracirurgias, o pesquisador utilizou-se de outros conhecimentos tidos como do “senso comum” e intangíveis.
Assim caminha a interdisciplinaridade para o campo além do que não se vê, na transcendência do disciplinar e do conhecimento contemporâneo. Bateson, apud Chiesa (2016, p. 236) alerta que "nós fomos educados a pensar os padrões como estáveis, invariáveis, inflexíveis, quando poderíamos pensá-los como um imbricado processo de interações e transformações, como uma ‘dança’ de partes que se interagem”.
Uma visão materialista e mecanicista do mundo tende a ignorar esses circuitos e conexões apostando numa clara separação ou divisão entre as coisas que não deveriam ser pensadas como separadas ou divididas. Repensando a ciência moderna, Japiassu (1976) preconiza que a especialização em exagero vem atingindo seu grau máximo de compartimentação. Ainda de acordo com o autor
No final de contas, para retomarmos a célebre expressão de G. K. Cherston, o especialista converteu-se neste homem que, à força de conhecer cada vez mais sobre um objeto cada vez menos extenso, acaba por saber tudo sobre o nada. Nesse ponto do esmigalhamento do saber, a exigência interdisciplinar não passa da manifestação, no domínio do conhecimento, de um estado de carência (JIAPASSU, 1976, p. 40).
Sob o argumento da necessária dicotomia entre essas linhas de conhecimento, muito se perdeu nesse enquadramento de que se concebe hoje como ciência, e de acordo com Veríssimo (2001, p. 141),
O debate entre disciplinaridade e interdisciplinaridade é também o debate em torno da chamada “crise da modernidade”, onde pode-se inclusive, identificar uma "crise educacional” e/ou uma "crise da universidade”, sobretudo quando a educação não consegue se situar nesse atual contexto, preferindo arraigar-se aos modernos fundamentos de uma constituição histórica. (VERÍSSIMO, 2001, p. 41).
As coisas não são ou estão fechadas e acabadas, tampouco encontram-se prontas, estáticas, ou rígidas. Deleuze e Guatari (1995) instigam a nos aventuramos, a juntarmos ao mundo e nos misturarmos nele, pois as estruturas atuais impedem a ousadia e a criatividade. Contemporaneamente, urge uma Ciência que contribua para pensar fora do convencional, que propicie ver o mundo de uma forma distinta, menos míope, menos dicotômica, mais fluída, menos binária, mais matizada, que proporcione uma amálgama entre a gama de conhecimento existente e outros saberes ainda não explorados. Apostilando Sousa Santos (1998, p. 51), “tal como foi possível descobrir as leis da natureza, seria igualmente possível descobrir as leis da sociedade”.
Olhando para os modos de se fazer Ciência, Japiassu (1976, p. 31) adverte que “Longe de nós, porém, a idéia de apresentar o interdisciplinar como panacéia científica ou como empreendimento dissociado das características sociais e intelectuais da comunidade dos pesquisadores." Assim, frisamos que a interdisciplinaridade não é remédio para todos os males, mas meio para buscar novos horizontes nas pesquisas.
O termo interdisciplinar, como todos os conceitos é ambivalente e, embora haja esforço de teóricos de diversas áreas de conhecimento, não se enquadra em definição específica e única. Com efeito, Pombo ressalta que existe uma incapacidade no seio do mundo científico de ultrapassar os “próprios princípios discursivos, as perspectivas teóricas e os modos de funcionamento em que fomos treinados, formados, educados" (POMBO, 2005, p. 5).
Com a visão sobre a realidade no âmbito universitário, Paviani enfatiza que
A organização da universidade, em seu aspecto estrutural, funda-se tradicionalmente na classificação das ciências. Em outras palavras, na unidade da ciência refletida na multiplicidades das disciplinas. Essa é a razão da existência de unidades acadêmicas como faculdades, departamentos, cursos, colegiados […]. As idéias de unidade e de multiplicidade explicam a tensão que perpasse o conhecimento científico e suas manifestações. A interdisciplinaridade é um sintoma desse conflito. (PAVIANI, 2007, p. 140).
Portanto, a interdisciplinaridade constitui uma alternativa dos modos de se fazer pesquisa baseados nas disciplinaridade porque correlaciona teorias e métodos, bem como a natureza e a finalidade das Ciências para que possam repercutir no caso da nossa pesquisa, que estabelece aproximações entre a Linguística Aplicada e a Justiça Restaurativa, possibilidades de apreensão da realidade social e suas peculiaridades da totalidade à fragmentação e da fragmentação à totalidade, em um trânsito insensante na busca de soluções práticas para um bem comum. Assim, Interdisciplinaridade não é puzzle das disciplinas, é mais do que juntar ou harmonizar, transcende o mero pensar, perpassa pelo repensar tudo o que está estruturado hoje, ampliando a visão de mundo para novos rumos de pesquisa. Desse modo, com a finalidade de demonstrar a contribuição acerca da visão interdisciplinar, a seguir, tecemos elos entre duas linhas de conhecimento, a Linguística Aplicada e a Justiça Restaurativa.
SEÇÃO II – Possibilidades Interdisciplinares – Linguística Aplicada e Justiça Restaurativa
A Linguística Aplicada (LA) possibilita diálogos com a Justiça Restaurativa (JR), pois essas duas linhas de conhecimento se interrelacionam de forma interdisciplinar, conforme abordamos a seguir.
No tocante à definição, tanto a Linguística Aplicada quanto a Justiça Restaurativa não apresentam conceitos herméticos e tampouco têm pretensão de fazê-lo com base na ciência convencional. A LA "... não é algo que tem a ver com o mapeamento de uma política fixa sobre um corpo de conhecimento estático, ao contrário, tem a ver com a criação de algo novo." (PENNYCOOK, 2016, p. 67). No mesmo diapasão, “a Justiça Restaurativa não é um mapa, mas seus princípios podem ser vistos como uma bússola que aponta na direção desejada" (ZEHR, 2017, p. 23). Assim, os teóricos dessas duas linhas de pesquisa partem do pressuposto que essas novas formas de pensar encontram-se em um processo de transição, portanto não há como encaixá-las dentro do paradigma da ciência cartesiana-reducionista.
Em linhas gerais, a Linguística Aplicada é uma área de produção de conhecimento quanto às práticas discursivas produzidas na sociedade em situações contextualizadas (MOITA LOPES, 2016). Diverge da Linguística propriamente dita, pois a importância não é a linguagem abstrata, mas a interação dialógica, ou seja, a linguagem na prática, considerando os sujeitos, o local e todo o contexto em que esta ocorre (RAJAGOPALAN, 2016). Por outro lado, a Justiça Restaurativa é um modelo de resolução de conflitos que foca em reparar o dano às vítimas, responsabilizando os ofensores por suas ações e engajando a comunidade no processo de resolução de conflito (A Law Comission of Canada). Trata-se de uma nova forma de lidar com as questões dos conflitos e dos crimes, com base mais no diálogo, nas pessoas e nos relacionamentos do que nas formalidades jurídicas (ZEHR, 2017).
A LA traz a concepção da língua como prática social, portanto, vê a linguagem em uso e não desvinculada do contexto social e dos sujeitos que a compõem (MOITA LOPES, 2013). A convergência com a JR ocorre no modo de resolução de conflitos ao tratar cada situação de forma singular e abrangente. A proposta de diálogo entre os envolvidos ocorre com base na necessidade dos sujeitos, centrado no respeito, na horizontalidade, na empatia, na escuta ativa e no empoderamento dos envolvidos. (PRANIS, 2018).
Considerando outro aspecto importante, a LA trata de questões situadas, evita buscar comparações, não faz generalizações, por entender que os contextos são particulares e distintos (MOITA LOPES, 2016). De forma semelhante, a JR entende que cada caso é um caso, e que as generalizações não contribuem para a pacificação social, devido aos contextos e sujeitos poliédricos envolvidos em questões singulares, em conflitos que dizem respeito a eles mesmos e não ao Estado (BRAITHWAITE, 2003).
A LA conjumina teoria e prática, haja vista a pesquisa ter influência nos contextos e nos sujeitos envolvidos (KLEIMAN, 2016), ou seja, "o foco tem sido o sujeito inscrito na produção de conhecimento ou a sua redescrição em outras bases." (MOITA LOPES, 2016, p. 87). Para a JR os sujeitos envolvidos no conflito tem significativa relevância e figuram como agentes capazes de protagonizar o resultado do processo e não apenas em ser estatística judiciária.
Outro ponto convergente entre as duas áreas funda-se na visão anti-hegemônica quanto à produção do conhecimento, de pensar o mundo sob um olhar não ocidencialista. Tanto isso é relevante na JR que o próprio Processo Circular, uma das bases para a composição pacífica de conflitos, em diversos países, tem suas raízes nas práticas de diálogo e composição de conflitos em aldeias indígenas (PRANIS, 2018). Assim, outros saberes, outras epistemes, outros ângulos de ver a realidade podem imbricar-se na formação desse conhecimento.
No que tange ainda à semelhança entre as duas áreas de conhecimento, a LA tem como traço a alteridade, em como lidar com as diferenças com base na compreensão de nós mesmos como outros. Na JR saber lidar com as diferenças é essencial para fundamentar o diálogo de modo horizontal com a finalidade de romper com as distinções, sejam hierárquicas, sociais, étnicas, econômicas, culturais, dentre outras.
Por fim, a LA tem o foco principal em bases não positivistas, justamente o que a JR está embrionariamente rompendo no âmbito do Judiciário, pois prioriza o conteúdo em detrimento da forma positivista instituída na esfera jurídica. A LA ao abandonar o dogmatismo tende a mobilizar os estudos cada vez mais para o âmbito social em que as desigualdades, opressões, sofrimentos, privações se constituem, sobretudo pela linguagem. Da mesma forma “a Justiça Restaurativa é focada em necessidades e papéis [...] começou como um esforço de repensar as necessidades que o crime gera e os papéis inerentes ao ato lesivo”, (ZEHR, 2017, p. 27), a fim de voltar as lentes para os problemas e exclusões sociais e não para o delito em si.
Outro traço da LA é a essência interdisciplinar, pois evidencia a necessidade de diferentes vozes, em uma perspectiva holística e contextualizada, com o consequente abandono do dogmatismo, Norteia-se pela necessidade de problematizar os modos de construção do conhecimento, trata das questões contemporâneas e uma imprescindível reinvenção da vida social. (MOITA LOPES, 2016). De forma convergente, a JR, também interdisciplinar, dialoga com diversos campos de conhecimento, agrega outros saberes, e uma multiplicidade de profissionais (advogados, assistentes sociais, juízes, pedagogos, promotores de justiça, psicólogos, dentre outros) que buscam convergir as áreas de conhecimento, assentados em novo modelo de solução pacífica dos conflitos (PRANIS, 2018).
Com efeito, as duas linhas sobre as quais que discorremos acima têm em seus fundamentos similitudes, e os pilares pelos quais se assentam demonstram uma verdadeira simbiose entre elas, pois dialogam entre si, convergem-se e vão ao encontro das demandas sociais de modo abrangente e contextualizado.
Considerações finais
Nesse artigo tínhamos como objetivo discutir a sublevação de um conhecimento mecanicista assentado em dicotomias e as possibilidades de um conhecimento pautado na interdisciplinaridade, focalizando o alinhamento entre a Linguística Aplicada e a Justiça Restaurativa. Das reflexões realizadas, concluímos que a Justiça Restaurativa, enquanto alternativa à Justiça Tradicional que se funda sob os princípios do Positivismo, constitui uma possibilidade de promover uma Justiça pautada na flexibilização das formalidades e na restauração dos relacionamentos visando a pacificação social.
Para tal, torna-se imprescindível o seu diálogo com a Linguística Aplicada que é um campo de saber interdisciplinar que contribui para compreender o específico e o holístico a partir de uma abordagem sócio-histórica, na qual as pessoas desenvolvem as suas vivências.
Por essa razão, um olhar interdisciplinar afigura-se como o fazer Ciência na pós-modernidade em contraposição ao fazer Ciência na modernidade que se demonstrou reducionista, unidimensional e, acima de tudo, condenada pelas próprias leis que a originaram.
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