Simone dos Santos Rêgo*
Corina Fátima Costa Vasconcelos**
Jadson Justi***
Universidade Federal do Amazonas, Brasil
simone_santos_6@hotmail.com
RESUMO
A qualidade da aprendizagem de um estudante em sala de aula requer parceria entre escola e família, pois estas constituem as bases fundamentais para o desenvolvimento físico, emocional, social e intelectual das crianças. Este estudo apresenta como objetivo investigar as possíveis implicações da relação família e escola para o processo ensino-aprendizagem de estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental no município de Parintins, AM. A base teórica que fundamenta esta pesquisa é a de Zagury (2008), Tavares (2008), Gallo (2009), Parolin (2011), entre outros. Metodologicamente, este estudo assumiu uma abordagem qualitativa. A pesquisa de campo foi realizada em uma escola da rede estadual, cujos sujeitos foram uma professora, dezesseis alunos do terceiro ano do ensino fundamental e dezesseis pais. Os resultados apontam que a escola se esforça para incentivar a participação dos pais na vida escolar dos filhos. Afirma-se que a participação dos pais interfere positivamente de forma significativa na aprendizagem dos alunos. Conclui-se que a relação família-escola é indispensável não somente para o sucesso escolar das crianças, como também possibilita a formação de cidadãos conscientes de seus deveres e direitos.
Palavras-chave: Relação família e escola, Aprendizagem, Anos iniciais do ensino fundamental.
FAMILIA Y ESCUELA EN EL PROCESO DE APRENDIZAJE DE ESTUDIANTES
RESUMEN
La calidad del aprendizaje de un estudiante en el aula requiere asociación entre escuela y familia, pues estas son las bases fundamentales para el desarrollo emocional, social e intelectual de los niños. Sin embargo, no siempre hay una asociación significativa entre estas instituciones en favor de la calidad del aprendizaje de los niños. Este estudio tiene como objetivo investigar las posibles implicaciones de la relación familia y escuela para el proceso enseñanza-aprendizaje de estudiantes de los años iniciales de la enseñanza fundamental en el municipio de Parintins, AM. La base teórica que fundamenta esta investigación es la de Zagury (2008), Tavares (2008), Gallo (2009), Parolin (2011), entre otros. Metodológicamente, este estudio asumió un enfoque cualitativo. La investigación fue realizada en una escuela pública, cuyos participantes fueron una profesora, dieciséis alumnos del tercer año de la enseñanza fundamental y dieciséis padres. Los resultados de la investigación apuntan que la escuela se esfuerza para incentivar la participación de los padres en la vida escolar de los hijos. Ante los datos recolectados se afirma que la participación de los padres interfiere de forma significativa en el aprendizaje de los alumnos. Se concluye que la relación familia-escuela es indispensable no sólo para el éxito escolar de los niños, sino que también posibilita la formación de ciudadanos conscientes de sus deberes y derechos.
Palabras clave: Relación familia y escuela, El aprendizaje, Años iniciales de la enseñanza fundamental.
FAMILY AND SCHOOL IN THE STUDENT LEARNING PROCESS
ABSTRACT
The quality of student learning in the classroom requires a partnership between school and family, as these are the fundamental bases for children's emotional, social and intellectual development. This study aims to investigate the possible implications of the family and school relationship for the teaching-learning process of students from the initial years of elementary education in the municipality of Parintins, AM. The theoretical basis for this research is that of Zagury (2008), Tavares (2008), Gallo (2009), Parolin (2011), among others. Methodologically, this study took a qualitative approach. The research was carried out in a public school, whose participants were a teacher, sixteen students of the third year of elementary school and sixteen parents. The results of the research indicate that the school strives to encourage parental involvement in the children's school life. Based on the collected data, it is stated that the participation of the parents interferes in a significant way in the students' learning, since the children who count on this support present better school performance. It is concluded that the family-school relationship is indispensable not only for the school success of the children, but also enables the formation of citizens aware of their duties and rights.
Keywords: Relationship between family and school, Learning, Early years of elementary school.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Simone dos Santos Rêgo, Corina Fátima Costa Vasconcelos y Jadson Justi (2018): “Relação família e escola no processo de aprendizagem de estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental”, Revista Caribeña de Ciencias Sociales (agosto 2018). En línea:
https://www.eumed.net/rev/caribe/2018/08/familia-escola-aprendizagem.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/caribe1808familia-escola-aprendizagem
1 INTRODUÇÃO
A qualidade da aprendizagem de um estudante em sala de aula requer parceria entre escola e família, pois estas constituem as bases fundamentais para o desenvolvimento físico, emocional, social e intelectual das crianças. Todavia, nem sempre há uma parceria significativa entre essas instituições. Estudantes que têm a família desestruturada podem apresentar dificuldade na aprendizagem, visto que precisam do auxílio de um adulto para que possam aprender. No ambiente escolar, o professor faz esse papel, mas, fora dele, a família precisa assumir a responsabilidade de acompanhar e estimular a educação escolar de seus filhos.
A escolha do objeto de estudo deu-se a partir da vivência profissional dos idealizadores desta pesquisa, no qual perceberam que muitas crianças não tinham o acompanhamento de suas famílias nas atividades escolares, o que de certa forma afetava o seu desempenho escolar. Algumas crianças levavam atividades para casa e retornavam sem realizá-las, e quase sempre não participavam das atividades sociais na escola. Diante da constatação dessa realidade vivenciada profissionalmente, propôs-se o seguinte problema: como a participação da família no processo de aprendizagem das crianças pode contribuir para o desenvolvimento educacional dos estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental?
Para responder ao problema da pesquisa, definiu-se como objetivo “investigar as implicações da relação família e escola para o processo ensino-aprendizagem de estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental”. Serão levados em consideração também: a) discussão do papel da família e da escola no processo ensino-aprendizagem dos estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental; b) identificação de processos de compreensão dos pais e professor sobre o papel da família e da escola no processo ensino-aprendizagem; c) descrição da organização familiar e as possíveis implicações ao processo de aprendizagem dos estudantes; d) como a escola envolve a família no processo de aprendizagem dos estudantes; e) uma análise dos possíveis impactos positivos ou não decorrentes da relação família e escola para o processo ensino-aprendizagem dos estudantes.
Os idealizadores desta pesquisa acreditam que este estudo possa contribuir de maneira significativa com os pais e professores, na medida em que suscita reflexões sobre a compreensão de que a escola e a família juntas são pilares fundamentais para o sucesso escolar das crianças dos anos iniciais do ensino fundamental no município de Parintins, AM.
1.1 O papel da família na aprendizagem das crianças
As mudanças nas concepções de família iniciaram na Proclamação da República do Brasil (15 de novembro de 1889), quando no país foram introduzidas inúmeras modernizações que afetaram a estrutura familiar clássica, tais como: a queda dos números de casamentos e o crescimento de famílias chefiadas apenas por mulheres que, ao ingressarem no mercado de trabalho, passaram a ter menos tempo para se dedicar ao lar. O modelo de família constituído pelo pai, mãe e filhos denominava como desestruturado qualquer outro tipo de organização familiar. Mas, contemporaneamente é possível identificar novos modelos de família, como é o caso de famílias formadas somente pela mãe e os filhos, dos filhos criados por avós e daqueles que a família é composta de dois pais ou duas mães.
Para Bock, Furtado e Teixeira (2002), essas mudanças ocorrem porque as famílias estão inseridas na base material da sociedade e com isso as condições históricas e as mudanças sociais determinam a forma como a família irá se organizar para cumprir sua função social. Desse modo, a família precisa ser entendida não somente como uma agregação de comportamentos, mas também como aquela responsável pela trajetória individual de cada membro familiar. À família cabe primeiramente a responsabilidade pela sobrevivência física e psíquica das crianças. Os costumes culturais e seus hábitos rotineiros são aprendizados que têm relação direta com a família. É no ambiente familiar que a criança recebe o direito a ter os cuidados essenciais para o seu desenvolvimento integral. Na ausência da família, é necessário que se encontrem pessoas para exercer tal função.
As mudanças que as famílias enfrentam interferem diretamente na estrutura familiar e na dinâmica escolar. E um fator decorrente destas tem sido a transferência por parte da família das suas responsabilidades para a escola. Entretanto, no artigo 4º, do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990), discorre:
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (Brasil, 1990).
Consonante ao que determina o Estatuto quanto ao dever da família na educação de seus filhos, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n. 9.394/1996), em seu artigo 1º, afirma que a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem entre outros espaços, na vida familiar. “[...] a importância da primeira educação é tão grande na formação da pessoa que podemos compará-la ao alicerce da construção de uma casa [...]” (Bock; Furtado; Teixeira, 2002: 252).
Segundo Bordignon (2001: 37), “A vida familiar é uma das primeiras experiências significativas de vida do indivíduo [...]”. É nela que se dá o primeiro contato com a sua formação moral, cultural e afetiva, sendo esta reconhecida como o berço da transmissão de valores que a criança levará para toda a sua vida, o que implica diretamente a sua formação social. Para esse autor, os pais carregam a responsabilidade de serem os primeiros motivadores para encorajar os filhos a encontrarem o sucesso escolar. Cabe a eles a preparação dos filhos para terem um bom diálogo diante das frustrações na vida escolar e nas suas relações sociais. O sistema familiar contribui diretamente para o sucesso das relações estabelecidas pela criança ao longo da vida.
É no seio familiar que a criança deve receber estímulo para mais tarde ocupar o seu lugar na sociedade. Sua responsabilidade é também de suprir as necessidades básicas de uma criança. Esta deve receber atenção e carinho, assim como deve ser corrigida nas suas falhas. Uma boa parte dos pais não consegue suprir os anseios de seus filhos. O que se tem presenciado é o esforço dos pais em corrigirem o comportamento inadequado de seus filhos em vez de educá-los. “[...] não dá para educar uma criança entre uma novela e outra ou de forma rapidinha. O que não for feito hoje, faltará amanhã.” (Parolin, 2010: 13).
A família precisa criar condições para que as crianças possam ter sucesso na escola e na vida. Ela deve estar comprometida com o processo ensino-aprendizagem de seus filhos. Para Vygotsky (1991), a aprendizagem acontece de forma participativa, não acontece de maneira automática, o processo de aprendizagem não é estático, muito menos mecânico, é ativo, precisa da interação da pessoa com a outra. Desse modo, cabe à família proporcionar à criança estímulos, incentivo e boas condições de ensino para que haja um desempenho escolar satisfatório. Delors (2005) acrescenta que tudo aquilo que circula a aprendizagem é tão relevante quanto as atividades educacionais realizadas dentro da instituição escolar.
Grande parte das dificuldades apresentadas pelas crianças em sala de aula é resultado de problemas familiares. Para Maldonado (1997: 11), “[...] por falta de um contato mais próximo e afetuoso, surgem as condutas caóticas e desordenadas que se refletem em casa e quase sempre, também na escola em termos de indisciplina e de baixo rendimento escolar.” Por isso, a família tem um papel decisivo na formação educacional da criança. É dever da família acompanhar seus filhos nas atividades escolares, verificar o seu desenvolvimento educacional, questionar como foram as aulas, as brincadeiras e tudo aquilo que acontece na escola, assim como manter um diálogo constante com os professores de seus filhos. Assim, a criança se sentirá mais segura e apta a realizar suas atividades escolares e, consequentemente, apresentará um melhor desempenho escolar.
A família deve exercer sua função educativa, discutindo, informando e orientando sobre os mais variados assuntos, em conjunto com todos aqueles que rodeiam a criança. É importante que a família saiba que educar não é uma tarefa fácil e que exige tempo, paciência e necessita da mediação de um adulto. Parolin (2010: 49) menciona que
A mediação de um adulto competente e sensível é fundamental para que a criança desenvolva habilidades para conhecer melhor seus sentimentos e para que possa, a partir dessa tomada de consciência, ser mais competente e assertiva em suas experiências.
Nenhuma criança nasce sabendo, por isso, é necessário que haja a disponibilização de um adulto para que a construção do conhecimento seja mediada. Infelizmente, o que se vê na contemporaneidade são crianças realizando as suas atividades escolares sem a participação da família. Segundo Kortmann (2011: 91), “[...] a família está passando por grandes transformações e, muitas vezes, delegam sua função educativa tradicional a outros agentes como a televisão ou a própria escola.” É ideal que a família desde cedo possa formar bons hábitos de estudo, de modo a evitar problemas para a aprendizagem da criança (Zagury, 2008). Deve-se também zelar e proteger aqueles que não podem fazer por si mesmo. A família é a mediadora entre o homem e a cultura, cabendo-lhe a responsabilidade de incentivar a construção de relações afetivas e de construção individual e coletiva à criança.
Para que a criança tenha uma aprendizagem escolar satisfatória, a família precisa proporcionar meios que oportunizem o seu aprendizado. Para Zagury (2008), os pais devem desde o ensino infantil prestigiar as atividades escolares. É importante também que haja um espaço adequado para realizar atividades educacionais em casa. Os pais precisam ainda demonstrar orgulho por seus filhos estarem estudando. E para um melhor diálogo com as atividades escolares, é bom que a criança possa ter um horário para realizá-las em casa. Mesmo que os pais passem o dia trabalhando, é importante ao chegar em casa supervisionar as atividades escolares. Os pais não devem fazer as atividades pelos filhos, mas sim orientá-los e garantir que o trabalho seja realizado da maneira correta. Entretanto, para que isso aconteça, a família deve estar presente em todos os momentos da vida do seu filho, principalmente na vida educacional. “[...] se os pais não ajudarem nesse sentido, vai ser difícil a criança se habituar. É necessário que estejamos atentos, ativos, à frente desse processo.” (Zagury, 2008: 183). Desse modo, cabe aos pais darem continuidade ao trabalho da escola.
É preciso que os pais saibam agir com equilíbrio, dedicação, amor e carinho, além de definirem metas educacionais para seus filhos. O papel da família não é fazer as atividades escolares pela criança, mas proporcionar meios para sua realização. Para Zagury (2008: 213), “[...] se de fato, quer que seu filho se torne um bom estudante e futuramente um cidadão produtivo, reforce e apoie o trabalho da escola da mesma forma que espera que a escola apoie e reforce o que você ensina em casa.” A participação dos pais no processo ensino-aprendizagem da criança influencia decisivamente em seu comportamento e, consequentemente, em seu desempenho escolar. Quando os pais participam do processo educativo de seus filhos, estes se sentem mais motivados a estudar, assim como possibilita aos pais visualizarem o trabalho realizado pela escola.
Mesmo com todas as mudanças que a família vem passando ao longo dos tempos é preciso que a criança entenda o seu lar como sinônimo de apoio, segurança e tranquilidade. E os pais, por sua vez, necessitam envolver-se diretamente com o processo educacional de seus filhos, ainda que esta tarefa seja exigente e desafiadora.
1.2 O papel da escola e o processo ensino-aprendizagem
Em tempos longínquos não existiam escolas, a transmissão do conhecimento se dava a partir das experiências vividas pelo outro. A educação era realizada por meio da convivência cotidiana com a família. Com isso, qualquer adulto poderia ensinar uma criança, o que acabou confundindo a aprendizagem com o ensino de tarefas domésticas (Xavier; Ribeiro; Noronha, 1994). Na Idade Média, na Europa, a educação passou a não ser apenas uma tarefa da família. Após a criança completar sete anos, competia ao Estado oferecer-lhes o ensino gratuito, sendo este restrito apenas às crianças do sexo masculino, enquanto as meninas aprendiam as tarefas domésticas.
Desse modo, pode-se dizer que a escola surgiu apenas para atender uma minoria da sociedade, para que poucas pessoas tivessem acesso ao conhecimento (Aranha, 2006). Atendeu-se primeiramente aos nobres e depois a burguesia que, de acordo com a sua ascensão, exigia os mesmos direitos da classe nobre. Conforme o autor, com o passar do tempo, o acesso à escola passou a ser reclamado pela grande massa da população, ao qual se tornou uma necessidade de todos e não apenas privilégio da classe dominante, constituindo um espaço fundamental para o desenvolvimento educacional e social da criança.
A influência estrangeira marcou o início da educação brasileira. Diante disso, Gadotti (2001) afirma que, no final do século XIX, ainda era reproduzido um pensamento pedagógico voltado ao pensamento religioso medieval. Somente com a chegada do século XX, foi possível visualizar de fato a educação brasileira. De acordo com o dicionário Aurélio, a educação é um “[...] processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do ser humano [...]” (Ferreira, 2001: 251). O que requer da escola um trabalho educativo voltado para a formação integral do aluno. Não se deve compreender a escola apenas como transmissora de conhecimentos acumulados, separada da realidade em que o aluno vive.
Até meados do século XX, as escolas existentes desenvolviam um trabalho semelhante. Zagury (2008: 91) destaca que, “[...] até por volta de 1950 e 1960, aproximadamente, as escolas trabalhavam mais ou menos da mesma forma: seguindo o que se convencionou chamar Escola Tradicional ou Conservadora.” As aulas nesses ambientes escolares aconteciam sem que o professor precisasse se preocupar em variar a metodologia utilizada em sala de aula. A escola precisa ser vista como “[...] um instrumento de críticas dos valores herdados e dos novos valores que estão sendo propostos [...]” (Aranha, 2006: 52). É importante que a escola repense a sua prática pedagógica de modo a atender as particularidades do seu educando e assim atingir seus objetivos funcionais.
Nota-se que a partir do início deste século vive-se em uma sociedade globalizada, na qual a escola atua em um cenário repleto de mudanças.
O que há de novo na escola? Pequenas revoluções, nas formas de se organizar, na conquista de espações, nas lutas coletivas, na busca e na exigência de autonomia, no prazer do encontro, na construção do conhecimento realizado ali, na concretude de cada dia. (Eizirik; Cormelato, 2004: 28).
As transformações pelas quais a sociedade tem passado têm dificultado a definição do papel da escola, exigindo-se desta total responsabilidade pela educação das crianças e dos jovens. As mudanças na família estão afetando a estrutura escolar, que em hipótese alguma deve assumir o papel dos pais. Para Rodrigues (2003: 64), a escola da atualidade precisa estar “[...] comprometida politicamente e prepare o educando para o exercício da cidadania.” No entanto, para que cumpra esse papel, necessita corresponsabilizar os pais pela educação de seus filhos. Sua tarefa é também ensinar para que a criança possa conviver na sociedade, ter uma formação profissional e contribuir para uma sociedade melhor, cabendo-lhe a função de democratizar o conhecimento para que seja possível formar cidadãos participativos e atuantes no meio em que vive. Libâneo (2000) destaca que os docentes sabem reconhecer as mudanças pelas quais as escolas vêm passando e que é preciso uma reavaliação do papel da escola e dos professores.
O ambiente escolar, além de exercer a função de ensinar os conteúdos, também necessita ensinar à criança os valores fundamentais para a vida. “Algumas atividades, antes tidas como mais afeitas aos pais, são transferidas para a escola, como a de impor limites [...]” (Tavares, 2008: 49). Esse papel deveria ser compromisso da família, mas, infelizmente, está sendo atribuído à escola. A falta de controle dos filhos por parte dos pais tem dificultado o trabalho pedagógico dos professores, pois, muitas vezes, precisam se deter em estabelecer normas e valores que deveriam ser inicialmente trabalhados pelos pais. É responsabilidade da escola proporcionar meios educacionais para que o aluno possa construir conhecimento e desenvolver suas habilidades. “[...] a escola tem que dar um estudo melhor, [...]; oferecer um bom ensino, bons livros e ótimos professores [...]” (Tavares, 2008: 89). O autor ainda destaca outras atividades pertencentes ao papel da escola no processo ensino-aprendizagem da criança:
Proporcionar estudos de qualidade para que possam conquistar uma profissão [...]. Ajudar os alunos no aprendizado, apoio e oportunidade aos estudos [...]. Ensinar a aprender ler e ter modos, além do encaminhamento profissional. [...]. Ajudar os que têm dificuldade de aprender [...]. Ter professores para orientar os alunos no que for preciso [...]. Tratamento igualitário para os alunos, mais explicação para tirá-los da ignorância [...] (90-91).
Libâneo (2000: 9-10) menciona que a escola, ao oferecer uma educação de qualidade, garante melhores oportunidades profissionais para o educando e ainda descreve que:
[...] a escola tem um papel insubstituível quando se trata de preparação das novas gerações para enfrentamento das exigências postas pela sociedade moderna ou pós-industrial, como dizem outros. [...]. A escola tem, pois, o compromisso de reduzir a distância entre a ciência cada vez mais complexa e a cultura de base produzida no cotidiano, e a provida pela escolarização. Junto a isso tem, também, o compromisso de ajudar os alunos a tornarem-se sujeitos pensantes, capazes de construir elementos categorias de compreensão e apropriação crítica da realidade.
O ambiente educacional não deve ser pensado apenas como um espaço para a transmissão da cultura e da socialização, mas também como um lugar para a construção da identidade da pessoa. Por mais que a escola esteja passando por um processo de crise de valores, ela precisa ser uma instituição valorizada para que não perca sua função essencial: garantir o acesso ao conhecimento produzido pela humanidade e potencializar o desenvolvimento integral das pessoas. Tavares (2008) afirma que a escola precisa ter seu ensino voltado para o futuro do aluno, assim proporciona significado ao presente e isso possibilita que ele estruture o seu futuro. Para o mesmo autor, a escola tem sido vista como um reflexo da sociedade e se modifica em função das transformações sofridas por esta. O ambiente escolar, por não conseguir lidar com essas mudanças, está perdendo seu sentido. A evolução tecnológica, por exemplo, poderia ser uma grande aliada no processo ensino-aprendizagem, contudo, não está sendo bem-aproveitada pelos docentes como um recurso potencialmente pedagógico.
Quando de fato a escola inclui o estudante em seu contexto escolar, possibilita-lhe o direito a uma educação de qualidade. Deste modo, as diferenças individuais dos estudantes devem ser contempladas no processo ensino-aprendizagem e a escola, como instituição educativa, precisa inovar, planejar e refletir a prática pedagógica de acordo com a realidade do aluno, comprometendo-se com o trabalho pedagógico realizado (Tavares, 2008). A escola é muito mais que uma instituição social responsável pelo processo ensino-aprendizagem.
De acordo com Severino (1994), a escola apresenta diversas funções sociais. No entanto, uma dessas funções está fundamentada na preparação do aluno para o exercício da cidadania vivendo como profissional e cidadão. Tavares (2008: 142-143) destaca ainda que:
Não há dúvida quanto à pluralidade de visões, de influências e de perspectivas que hoje interferem no campo da educação. Esta tem sido questionada sobre as formas como a educação formal está acontecendo e seu impacto na formação da criança. A escola continua, sem dúvida, como espaço mais apropriado para a formação intelectual e, até emocional das novas gerações, diante desse novo ambiente.
A escola tem como função primordial o trabalho educativo. Este deve ser intencional, para buscar no educando uma formação consciente. Como a maior parte da vida dos estudantes é passada na escola, esta precisa proporcionar-lhes uma boa formação para que possam exercitar o convívio social. Cabe a ela, como instituição social, exercer os mecanismos educacionais para avaliar e julgar o desempenho escolar dos estudantes. Para tanto, necessita assumir sua função de proporcionar conhecimento científico, organizado e sistematizado aos estudantes, para que possam usá-lo na sua vida social.
1.3 Relação família e escola no processo ensino-aprendizagem das crianças: uma parceria necessária
Com a chegada do século XXI, chegou também o questionamento a respeito do verdadeiro papel da família no processo educacional da criança. Sabe-se também que educar uma criança é uma tarefa difícil, por isso a família precisa ser cúmplice da escola. Para Szymanski (2001), a família é a principal instituição promotora de socialização, mesmo que as pessoas sejam submetidas a outros contextos como a escola e o meio laborativo, ainda sim, a família é sobrepujante. O que torna indispensável a participação da família do processo ensino-aprendizagem da criança. Para Weber (2017), a educação que a criança recebe é fundamental para a formação de sua personalidade. É na família que a criança tem o primeiro contato com a religião, o valor cultural, deveres, isto é, vivencia suas primeiras experiências de vida. Portanto, é no contexto familiar que se inicia o processo educativo das pessoas. Daí decorre a necessidade da parceria entre escola e família, como afirma Parolin (2010: 36): “A qualidade do relacionamento que a família e a escola construírem será determinante para o bom andamento do processo de aprender e de ensinar do estudante e o seu bem viver em ambas as instituições [...]”. Afinal, a educação da criança se dá tanto no ambiente escolar como no familiar.
Por isso é que a intervenção dos pais, quando se trata da educação dos filhos, é indispensável, embora muitos deles deixem a desejar na hora dessa intervenção. Para Parolin (2010), os pais perdem ótimas oportunidades de educar os filhos, em vez disso demonstram falta de paciência, acusam as crianças de malcriadas, esquecendo que a responsabilidade de educá-las é sua. Szymanski (2001) menciona que a educação não é uma tarefa que a escola possa realizar sozinha sem a cooperação de outras instituições. Para o autor, a família é a instituição que mais perto se encontra da escola. Se a família e escola buscam atingir os mesmos objetivos, devem elas comungar os mesmos ideais para que possam vir a superar dificuldades e conflitos que diariamente angustiam os profissionais da escola e também os próprios alunos e suas famílias. Com isso surge a necessidade da construção de uma relação aberta entre família e escola, para que seja possível a oferta de uma educação de qualidade tanto na escola como no ambiente familiar da criança.
Acompanhar o filho até a porta da escola não significa participar de sua vida escolar, pois cabe a esta a função de proteger e orientar seus filhos durante todo seu processo educativo. O artigo 22, do Estatuto da Criança e do Adolescente, determina que “[...] aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.”; e o artigo 53, parágrafo único, destaca que “[...] é direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.” (Brasil, 1990). A educação das crianças é tanto responsabilidade dos pais quanto da escola, por essa razão esta necessita desenvolver ações que envolvam os pais na educação escolar de seus filhos. A participação da família no ambiente educacional é um processo de mão dupla, pois tanto a escola como a família devem dialogar sobre o processo ensino-aprendizagem dos estudantes (Rodrigues, 1992). Para essa relação acontecer é preciso que haja envolvimento, participação e cooperação de ambas as partes. Sem dúvida, a família é o grupo social responsável pela relação que a criança vai ter com o meio social que a rodeia.
A escola tem a responsabilidade de promover atividades socioeducativas com o objetivo de estreitar relações com a família. O Ministério da Educação e Cultura instituiu o dia 24 de abril como o Dia Nacional da Família na Escola, além de publicar a cartilha Educar é uma Tarefa de Todos Nós: um Guia para a Família Participar, no Dia-a-Dia, da Educação de Nossas Crianças (Brasil, 2002).
A Cartilha tem como objetivo incentivar o permanente diálogo entre família e escola, assim como deixar evidente a diferença do papel da família e escola. A Cartilha também enfatiza a necessidade da participação dos pais na escola, para que seus filhos possam sentir-se valorizados e aprendam a interligar o aprendizado educacional com as experiências cotidianas (Brasil, 2002). Apesar das iniciativas do Ministério da Educação e Cultura para incentivar a participação da família na escola, é cada vez maior o número de pais que têm transferido para a escola o papel de educar seus filhos. Uma das razões apresentadas para que esse fato ocorra é a falta de tempo, pois este é dedicado ao trabalho para garantir o sustento da família. “Educar é um ato de amor e de dedicação que requer tempo e disponibilidade [...]” (Parolin, 2010: 49).
Entretanto, destaca-se a relevância da relação família e escola para o sucesso escolar das crianças. Para estreitar os laços com a família, a escola pode proporcionar atividades para os pais conhecerem o ambiente onde seus filhos estudam. Por mais que as reuniões pareçam ser uma estratégia antiquada, são necessárias e podem acontecer com a finalidade de manter os pais informados sobre o desempenho de seus filhos. Mas para acontecer de forma satisfatória, a escola precisa organizar um horário que seja conveniente aos pais. A escola pode em parceria com outras instituições oferecer cursos gratuitos para os pais, a fim de trazê-los para o ambiente educacional do aluno. “A escola nunca educará sozinha, de modo que a responsabilidade educacional da família jamais cessará. Uma vez escolhida a escola, a relação com ela apenas começa. É preciso o diálogo entre escola, pais e filhos [...]” (Reis, 2007: 6).
A escola necessita exercer a sua função educativa com a família para que assim o aluno tenha um bom desenvolvimento educacional e social. A família precisa estar comprometida com o processo ensino-aprendizagem do aluno, isso torna o seu desempenho escolar mais satisfatório. Fernandes (2001) descreve que a família também é responsável pelo processo ensino-aprendizagem da criança, pois esta é a primeira instituição que ela tem contato nos seus primeiros anos de vida. A construção de uma relação consistente entre escola e família possibilita estabelecer compromissos com uma educação de qualidade, tanto na escola como no ambiente familiar. Para tanto, esta pesquisa propôs-se a investigar as possíveis implicações da relação família e escola para o processo ensino-aprendizagem de estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental no município de Parintins, AM.
2 METODOLOGIA
Este estudo engendra-se como bibliográfico e se respalda na literatura educacional sobre a temática discutida e áreas afins para o auxílio da construção da lógica do pensamento científico. É relevante mencionar que esta pesquisa apresenta inúmeras concepções relevantes quanto à problemática descrita. Tal molde metodológico foi o mais apropriado por acreditarem autores numa visão generalista já que o tema abordado dá suporte para uma discussão maior e rica em proposições argumentativas e reflexivas à luz de áreas de dimensões enriquecedoras.
Este estudo norteou-se metodologicamente por uma abordagem qualitativa, por entender-se que esta tem no ambiente natural sua fonte direta de dados e os pesquisadores como seu principal instrumento. A pesquisa qualitativa é caracterizada por um aprofundamento da compreensão de um grupo social ou mesmo de organizações (Lüdke; André, 1986).
A pesquisa foi realizada em uma sala de aula de uma escola estadual, localizada no município de Parintins, AM, que atende crianças dos anos iniciais do ensino fundamental. Está situada em um bairro próximo ao centro da cidade, no qual há um posto de saúde, algumas residências e estabelecimentos comerciais. Apesar de sua localização, algumas crianças residem em bairros periféricos e distantes da escola. Possui oito salas de aula, atendendo um total de 432 crianças nos turnos matutino e vespertino. Em 2005, 2007, 2009, 2011, 2012 e 2013 a escola foi premiada com o título de “Escola de Valor” por alcançar as metas criadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, denominado Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Tal premiação foi o motivo que levou os pesquisadores a selecionar o respectivo lócus para a realização do estudo.
Os participantes da pesquisa foram uma professora, dezesseis pais e alunos do terceiro ano de um universo de trinta, cujos pais responderam ao questionário ofertado pelos pesquisadores. A professora participante possui formação em Normal Superior, e além de atuar nessa escola há nove anos, trabalha também como professora em outro horário. A docente possui vinte anos atuando no magistério. Os estudantes participantes têm em média entre oito e nove anos de idade. Destaca-se ainda, no sentido de resguardar a identidade dos participantes, que foram adotados nomes fictícios para os participantes da pesquisa.
Para a coleta dos dados foram utilizados os seguintes instrumentos: a) questionário para os pais dos alunos; b) entrevista semiestruturada com a professora e produção textual com as crianças. A aplicação do “[...] questionário implica a clareza que tem o pesquisador (a) quanto à necessidade de coletar dados que facilitem a obtenção de informações para a consecução dos objetivos formulados.” (Oliveira, 2012: 85). Nesse sentido, o questionário viabilizou a produção de dados referente à compreensão sobre o papel da família e da escola no processo ensino-aprendizagem, assim como o conhecimento da organização familiar e suas implicações no processo de aprendizagem dos estudantes. A entrevista semiestruturada possibilitou identificar a compreensão da professora quanto ao papel a ser desempenhado pela família e escola no processo ensino-aprendizagem da criança. Para Lüdke e André (1986: 34), “A entrevista semiestruturada [...] se desenrola a partir de um esquema básico, porém não aplicado rigidamente, permitindo que o entrevistador faça as necessárias adaptações.” Desse modo, a entrevista foi conduzida a partir de um roteiro elaborado pelos pesquisadores, cujo consentimento da professora em participar da pesquisa deu-se por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Descreve-se ainda, que o questionário aplicado aos pais dos alunos foi composto das seguintes questões: a) Quem são os responsáveis pela criança? (pais; parentes; amigos; avós; tios; outros); b) No caso de pais, que tipo de vínculo existe entre estes? (casados; separados; divorciados; união estável; não sabe); c) Qual a quantidade de pessoas que compõe a família?; d) Qual o grau de escolaridade dos pais e/ou responsáveis pela criança?; e) Qual a profissão dos pais e/ou responsáveis pela criança?; f) Qual a faixa de renda de sua família (somando todas as rendas das pessoas que vivem na casa)?; g) A família reside em imóvel próprio, cedido, alugado ou financiado?; h) Quantos cômodos há na casa?; i) Você acompanha as atividades escolares de seu filho? Em caso de não, a quem é atribuída esta tarefa?; j) Há em casa um espaço para estudo? (em caso de sim, descreva-o; em caso de não, justifique); k) Há um tempo determinado pelos pais e/ou responsáveis para o estudo em casa?; l) Você tem dificuldade em ajudar os filhos com os deveres escolares? (em caso de sim, escreva-a); m) Quando você vai à escola para saber da situação escolar do seu filho? (somente nas reuniões para receber as notas; para participar de atividades socioeducativas “feiras, quermesse, festas juninas, entre outras”; quando solicitado por seu filho(a) apresentar comportamento inadequado na escola; nunca vai; outros); n) Como é a sua relação com a professora do seu filho(a)? (justifique); o) Há incentivo por parte da escola para os pais participarem das atividades escolares? (como isso ocorre?); p) Para você, qual o papel da família e da escola no processo ensino-aprendizagem dos estudantes?; q) Quanto tempo por dia você dedica a seu(sua) filho(a)? (justifique sua resposta).
O roteiro direcionado à professora compôs uma primeira parte com dados como: a) sexo; b) idade; c) formação acadêmica; d) vínculo institucional; e) tempo de serviço na escola. A segunda parte do roteiro foi composta de questões como: a) A seu ver, como a escola promove a participação da família na escola?; b) Você ou outra pessoa na escola informam periodicamente para os pais ou responsáveis sobre os progressos e dificuldades dos(as) seus(suas) filhos(as)?; c) Como você avalia a sua relação com os pais de seus alunos? (Poderia exemplificar?); d) Com que frequência você solicita a presença dos pais de seus(suas) alunos(as) e em quais situações?; e) Como os pais ou responsáveis podem contribuir para uma melhor aprendizagem de seus filhos?; f) As crianças que contam com o acompanhamento dos pais em suas atividades escolares apresentam melhor desempenho do que aquelas que não têm esse acompanhamento?; g) Para você, qual o papel da família e da escola no processo ensino-aprendizagem dos estudantes?
No primeiro contato dos proponentes deste estudo com a turma estavam presentes vinte e sete estudantes. Os pesquisadores explicaram de maneira simples, com uma linguagem acessível, os objetivos da pesquisa, enfatizando a relevância da participação das crianças e de seus respectivos pais para sua realização. Em seguida, entregou-se a cada criança um envelope contendo dois Termos de Consentimento Livre e Esclarecido, sendo um para os pais e outro solicitando autorização formal para que as crianças pudessem participar voluntariamente da pesquisa de forma a realizar a atividade de produção textual e, logo, um questionário aos pais. No dia seguinte retornaram apenas dezesseis questionários respondidos e seus respectivos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido.
No dia da atividade de produção textual com as crianças, cujo objetivo foi conhecer, ainda que parcialmente, a organização familiar delas e complementar os dados informados no questionário pelos pais, a professora cedeu os dois últimos tempos de aula. A atividade se desenvolveu a partir da leitura da poesia intitulada Família de autoria de Vanessa Rodrigues Herrera, aluna do 4º ano do Colégio Alpis Veredas, de Itapetininga, SP, a qual trata do cotidiano de uma menina que retrata o seu dia a dia e a presença constante da família em sua vida (Silveira, 2014):
Acordo sempre ansiosa pro meu café da manhã tomar
Todo dia é uma surpresa da mamãe a me esperar
Se eu toco violão ou capoeira vou treinar
Do meu lado minha família sempre está a incentivar
Vou pra escola bem contente com meu pai a me levar
Procurando um horário pra atrasado eu não chegar
Se eu esqueço minha lancheira ou doente eu ficar
Alguém da minha família aparece pra ajudar
Saio da escola preocupada com a tarefa por fazer
Chego em casa agitada
Minha mãe já me avisa: você primeiro vai comer!
Se a tarefa está difícil os meus pais vão me ajudar
Com paciência e carinho até a tarefa eu terminar.
Minha família pra mim é tudo
Agradeço a Deus por me abençoar
Nela encontro à proteção que o mundo não pode me dar.
Inicialmente, os pesquisadores solicitaram às crianças que realizassem a leitura silenciosa do poema; em seguida, fizessem a leitura em voz alta e, ainda foi realizada a leitura com todos ao mesmo tempo. Os pesquisadores ainda fizeram uma leitura compartilhada em que estes liam uma estrofe e as crianças liam a estrofe seguinte. Após a leitura, iniciou-se um diálogo referente ao texto, envolvendo indagações relacionadas a situações apresentadas no poema e ao contexto familiar dos estudantes. Algumas indagações foram levantadas referentes à ajuda dos pais nas atividades escolares para casa, com quem eles moravam, como era constituído o ambiente familiar das crianças, entre outras.
Após a conversa, os pesquisadores solicitaram aos alunos que elaborassem um texto, no qual pudessem retratar o seu dia a dia, considerando a temática abordada no poema lido. Os dados produzidos nessa atividade e nos demais instrumentos foram analisados tendo em vista os objetivos da pesquisa e os fundamentos teóricos assumidos.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Papel da família e da escola no processo ensino-aprendizagem: o que dizem professores e pais?
A relação família-escola desenvolveu-se ao longo dos anos de várias formas, introduzindo diferentes papéis à escola e à família. Por causa das transformações ocorridas, hoje, tanto a escola como a família assumiram novos papéis na sociedade. Na maioria das vezes, a mãe trabalha o dia inteiro fora de casa e isso acaba não permitindo que ela tenha tempo suficiente para acompanhar seu filho nas atividades escolares (Zagury, 2008). A escola acaba assumindo o papel de educar o filho naquilo que a família não foi capaz de realizar.
Para Pinto (1999), a escola é uma instituição onde a criança inicia a sua relação social sem que seja com o seu grupo de origem. Caracteriza-se também como o lugar onde as pessoas poderão estruturar a sua identidade social e pessoal. A escola deve então fornecer meios e criar condições para que os alunos possam ter sucesso na escola.
A família é a primeira instituição onde a criança interioriza normas e valores para a sua vida. Ela também está inteiramente ligada ao desempenho escolar da criança. O seu envolvimento nesse processo possibilita melhores resultados ao educando. Marques (2001: 12) argumenta que “Não restam dúvidas de que os pais são os primeiros educadores da criança e que, ao longo da sua escolaridade, continuam a ser os principais responsáveis pela sua educação e bem-estar [...]”. A participação dos pais na vida escolar dos filhos deve, portanto, ser uma ação contínua.
Partindo desse pressuposto, buscou-se por meio da entrevista saber da Professora qual o papel dos pais e da escola no processo de ensino-aprendizagem das crianças:
[...] O papel da escola [...]: nós promovemos a leitura da criança, a alfabetização e o letramento, mas a família é essencial porque ela é motivadora dos seus filhos. Se a criança sai de casa desmotivada [...], digamos assim, são ralhados em casa, são forçadas a vir para a escola, não tem nenhum incentivo, a criança vem para escola só para brincar. Ela não vai chegar aqui com aquela empolgação de querer aprender cada vez mais. É por isso que eu sempre coloco que a criança tem que ter incentivo, incentivo na escola, incentivo em casa. E a nossa escola, ela promove assim ações boas que ajudam com que a criança tenha esse incentivo. Com o que? Com os nossos projetos [...]. Então, o papel da escola e da família na vida da criança é muito importante.
Para a Professora, o papel da escola é ensinar a leitura, alfabetizar e letrar seu alunado, enquanto o papel da família é incentivar seus filhos a gostarem de estudar, sendo esta função também atribuída à escola. Destaca que uma das estratégias para incentivar as crianças é o trabalho com projetos. Nogueira (2005) argumenta que o trabalho com projetos temáticos é uma excelente proposta para envolver o estudante em seu processo de construção de conhecimento, resolvendo problemas e desenvolvendo habilidades e competências para sua formação integral, além de auxiliar a práxis docente. A escola trabalha com o Projeto Incentivo, Projeto Aluno Nota 10 e outros, os quais têm como objetivo motivar os alunos para o estudo e dinamizar as aulas.
Ainda que a docente atribua à escola a responsabilidade pelo ensino de algumas habilidades como a leitura e a motivação para os estudos por meio de projetos, apresenta uma concepção limitada do papel que a escola deve desempenhar na aprendizagem das crianças. À escola cabe a função socializadora e educativa do estudante, sendo o espaço que viabilize o desenvolvimento de suas habilidades específicas e a ampliação de sua vivência social. Ou seja, esta instituição intitulada de “escola” é “[...] o local apropriado para o desenvolvimento moral, afetivo, cognitivo, social e físico da criança [...]” (Tavares, 2008: 64). Quando essas dimensões são alcançadas é possível torná-la um adulto independente e preparado para lidar com o futuro.
Nessa mesma perspectiva, o papel da família vai além de apenas incentivar os filhos a estudarem. Cabe a ela a responsabilidade de garantir todos os meios e condições necessários para que a criança tenha uma vida escolar de sucesso, na qual deve iniciar no próprio ambiente familiar e se estender ao longo de sua trajetória escolar. “A família é, assim, o primeiro patamar para a sua formação e socialização [...]” (Tavares, 2008: 63). O acompanhamento da família no processo de aprendizagem de seus filhos deve acontecer de forma contínua por meio do apoio aos estudos realizados em casa, participação nas atividades escolares, nas datas comemorativas, comparecimento nas reuniões, além de dedicar um tempo para dialogar com eles. Para o autor, os pais precisam participar continuamente da vida escolar dos filhos, comparecendo às reuniões escolares, dialogando com os professores sobre o comportamento destes, corrigindo-os adequadamente e orientando-os nos deveres de casa.
Na concepção dos pais, a família apresenta a responsabilidade de cuidar da aprendizagem das crianças contribuindo para a formação de cidadãos críticos e competentes para atuar na sociedade. Para tanto, destacam que esta deve garantir aos filhos um ambiente saudável, apoiá-los nos estudos, dar conselhos, atribuir-lhes responsabilidades e deveres, ensinar valores. “[...] o papel da família é o principal, somos nós pais os responsáveis pela formação de nossos filhos [...]” (Mãe).
Para os pais, o papel da escola é também ajudar a consolidar os valores trabalhados na família, como ressalta uma das mães: “[...] a escola é um alicerce importante na aprendizagem e formação de valores para que a criança tenha sucesso na vida [...]”. A educação escolar deve acontecer de forma planejada para promover o desenvolvimento e a socialização da criança, aproximando-se de sua realidade. Desse modo, a escola precisa proporcionar um espaço para que o aluno possa, além de desenvolver suas tarefas pedagógicas, compartilhar seus conhecimentos (Parolin, 2011). É necessário que a escola saiba dialogar com a realidade do aluno, pois é no ambiente educacional que este se apropria de códigos e valores sociais. Daí a necessidade de oferecer à criança diferentes formas de apropriação do conhecimento.
Os pais enfatizam também que a escola como instituição educativa deve oferecer aos alunos condições para o desenvolvimento de sua educação formal. “[...] a escola responde pela educação formal, portanto, não substitui a família. Quando os dois se juntam, as coisas funcionam de verdade [...]” (Mãe). Na fala da Mãe é possível perceber que esta tem a consciência de que a escola não pode assumir o papel da família, mas que as duas podem exercer um trabalho muito mais satisfatório no processo de ensino-aprendizagem da criança. Para Gallo (2009), família e escola necessitam dessa relação para que seja possível o alcance dos objetivos e a melhoria da aprendizagem dos estudantes.
A parceria entre escola e família facilita o desempenho da criança no processo ensino- aprendizagem. Os filhos se sentem mais valorizados quando os pais os acompanham nas atividades escolares e quando os professores respeitam e valorizam suas diferenças. “Nem todas as crianças têm a mesma facilidade para aprender, o mesmo ritmo, nem o mesmo rendimento. Conhecer bem a criança, suas capacidades, suas características pessoais de aprendizagem, é fundamental [...]” (Zagury, 2008: 79-80). Tanto os pais como as escolas devem se atentar às particularidades de cada criança.
3.2 Organização familiar e suas implicações no processo de aprendizagem dos estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental
No que concerne à organização familiar dos estudantes, sujeitos da pesquisa, doze moram com os pais, um com os avós e três com os pais e avós. Quanto ao vínculo dos pais, oito são casados, quatro são separados e quatro vivem em união estável. Os dados revelam que a estrutura familiar aqui apresentada não difere das composições familiares da sociedade contemporânea.
O número de pessoas que compõem a família e vivem na mesma casa chama atenção deste estudo. Das famílias, seis revelaram que moram na mesma casa de dois a quatro pessoas; sete famílias indicaram que moram de cinco a sete pessoas; duas famílias informaram que moram de oito a catorze pessoas e uma família não respondeu. Gallo (2009) relata que tal como a escola, as famílias brasileiras passam também por mudanças constantemente. O autor sustenta essa proposição em Ana Maria Goldani, em As Famílias Brasileiras: Mudanças e Perspectivas (1994), que destaca a diminuição no tamanho e uma maior diversificação nos arranjos domésticos e familiares, tendo os adultos vivendo sós e as famílias monoparentais como os arranjos com maior crescimento; o aumento da complexidade da vida familiar por causa do incremento no número de famílias reconstituídas, resultado do aumento nas taxas de separação, divórcio e recasamentos e, ainda, o crescimento da presença feminina no mercado de trabalho.
As casas dos pais e/ou responsáveis nem sempre possuem a quantidade de cômodos necessários para o número de pessoas que lá residem. Assim, sete casas possuem quatro cômodos; quatro casas têm três; duas casas, cinco; duas casas, seis e uma casa tem dois. Essa ausência de um lugar adequado para a moradia das famílias é ocasionada pela má distribuição de renda no país. Os pais nem sempre possuem as condições necessárias para garantirem um espaço adequado para seus filhos realizarem suas atividades escolares.
Das residências, doze pais possuem residência própria, dois moram em residências cedidas e dois moram em residências alugadas. Diante desses dados é possível afirmar que os pais buscam proporcionar um lugar para que seus filhos possam crescer e desenvolver suas atividades escolares no cotidiano. Mas, infelizmente, em consequência das suas condições socioeconômicas, nem sempre isso é possível. Para Gallo (2009), as condições de vida familiar e econômica ocasionam aos pais pouco tempo para se dedicarem aos filhos e acompanharem sua vida escolar.
Quanto ao nível de escolaridade, a maioria dos pais possui ensino superior completo ou está cursando (31,3%) e boa parte das mães tem ensino médio completo (43,8%). Somente 12,0% das mães possuem ensino superior ou estão cursando. Doze por cento dos pais e mães possuem ensino médio incompleto. Os demais, 9,0%, possuem o ensino fundamental completo ou incompleto. A formação educacional dos pais não os impende de acompanhar a vida escolar de seus filhos, pois o seu papel não é realizar as atividades por eles, mas orientá-los. Para Dessen e Polonia (2005), os pais podem envolver-se nas atividades escolares dos filhos independente da sua escolaridade ou nível socioeconômico.
A profissão dos pais e mães são as mais variadas. Os pais geralmente exercem o trabalho de: caseiro, professor, técnico de assistência de celular, vigilante, autônomo, produtor musical, feirante e policial. As mães, na maioria, são domésticas e outras trabalham como técnica em enfermagem, revendedora, aposentada (avó), auxiliar de serviços gerais, cozinheira, manicure, agente de viagem, diarista e professora. A profissão dos pais é uma consequência de sua formação educacional. Entretanto, esta pode estreitar a relação com os professores de seus filhos, pois a vivência no mesmo meio social irá possibilitar um melhor diálogo entre eles, mesmo que não seja diretamente ligado ao acompanhamento da vida escolar dos filhos (Gallo, 2009).
Quanto à renda familiar, onze famílias vivem com um salário mínimo, três famílias vivem de um a dois salários mínimos, um vive com a renda provinda de bolsa social e um vive de quatro a seis salários mínimos. As condições econômicas das famílias interferem no êxito escolar das crianças, pois a maioria dos pais passa mais tempo fora de casa para garantir o sustento da família, e nem sempre recebe o necessário para suprir as necessidades escolares de seus filhos, não conseguindo prover, na maioria das vezes, um bom lápis, caderno e outros materiais que as crianças precisam para realizar suas atividades. Para Kortmann (2001: 90), “A progressivo empobrecimento das famílias, associado à má distribuição de renda brasileira afeta principalmente os mais vulneráveis dessa população, que são as crianças e os adolescentes [...]”.
No sentido de atingir o objetivo vinculado à organização da família e à participação desta no cotidiano escolar dos seus filhos, os pesquisadores propuseram uma produção de texto aos estudantes, conforme apresentado a seguir.
Eu acordo sozinha, mas às vezes minha mãe vem me acordar. Eu vou para o banheiro, tomo meu banho, escovo meus dentes. Mais tarde eu almoço, arrumo as minhas coisas e vou para à escola. Bate o sino para entrar, começa a aula de matemática e o professor passa tarefa para casa [...]. Minha mãe vem me buscar. Chego em casa, tomo meu banho. Depois pego meu caderno ou meu livro e faço minha tarefa. Quando termino, janto. Antes de dormir, dou boa noite para minha família que mora comigo: minha mãe, meu pai, meu tio, meu primo, minha avó e meu avô. (Amanda).
Eu acordo de manhã, tomo meu banho [...], tomo o meu café e me arrumo para ir ao Liceu de Artes. Quando eu chego, faço minha tarefa [...]. Meu pai e minha mãe me levam à escola [...]. Depois da aula vou para casa, merendo [...], vou para o meu treino de jiu jitsu [...]. Antes de dormir eu assisto um filme com a minha mãe, meu pai, meu tio, minha avó, aí vou dormir [...]. (Antônio).
Quem me acorda são meus pais. Meus pais são bons [...]. Na minha casa moram meus pais, meu avô, minha avó [...]. (Beatriz).
Eu acordo cedo e faço minha tarefa [...]. (Mateus).
Eu sempre acordo feliz [...]. Na minha casa moram meu pai, minha mãe e meus três irmãos [...]. A vida é sempre agitada, mas é legal porque meus pais o tempo todo me ensinam coisas boas da vida [...]. (Yasmim).
Minha mãe me acorda todos os dias. Eu vou comprar o pão [...]. Depois faço a lição. Minha mãe me leva para a escola [...]. Eu moro com meu pai e minha mãe. (Sofia).
Minha mãe é minha família. Ela é tudo para mim[...]. Nela encontro a proteção que o mundo não pode me dar [...]. Eu vou para a escola [...]. (Isabela).
Minha mãe me acorda para tomar café da manhã. Mais tarde eu vou para à escola e ela vai me buscar. Quando chego em casa, faço a tarefa e depois vou dormir. (João).
Acordo sozinho, tomo banho e vou comprar pão. Minha mãe faz o almoço, meu pai varre a casa e me arrumo para ir à escola. Minha tia me leva à escola. Na hora da aula eu fico bem concentrado, escrevo tudo bem rapidinho e sempre tiro nota dez. Eu moro com meu pai e minha mãe. Eu chego da escola, faço minha tarefa, janto e vou dormir. (Eduardo).
Primeiro tomo meu banho, depois o café e aí faço a minha tarefa [...]. Meu pai me leva para à escola. Quando a minha tarefa não está correta, meu pai e minha mãe me ajudam. Quando termino de fazer minha tarefa, eu, minha mãe, meu pai e minha irmã vamos para a praça. (Joaquim).
Minha vida é triste. Eu vou para a casa da minha amiga. Eu estou triste, porque não tenho família completa. (Júlia).
Quando a minha mãe me acorda, fico feliz. Ela me leva para tomar café [...]. Mora na minha casa: minha mãe, minha avó, meu avô, minha bisavó, meu bisavô, meu tio, minha tia. Eles me ajudam na lição de casa. Quando dar 11 h eu almoço, depois me arrumo e mamãe me leva para a escola [...]. (Lúcia).
Eu acordo sempre feliz [...]. Na minha casa mora minha mãe, meu pai, minha avó, meu tio e meu irmão. Meu irmão me leva para a escola [...]. (Emanuel).
Mamãe e eu vamos pegar o pão [...], depois vou lavar a louça [...]. Mamãe me deixa na escola [...]. Quando chegamos em casa, o papai já fez o café da tarde. (Vitória).
Minha mãe me leva para a escola [...]. Quando chego em casa, faço a minha tarefa. (Diego).
Os textos escritos pelos estudantes comunicam que a maioria mora com os pais, irmãos e parentes, geralmente, avôs e tios. A presença da mãe no dia a dia das crianças apresenta-se de forma expressiva tanto na orientação da higiene e alimentação quanto na atribuição de levá-las à escola. De acordo com Zagury (2008), é uma minoria de pais que participam ativamente da educação dos filhos.
Geralmente, mesmo em meio às mudanças, contemporaneamente ainda é a figura materna que mais predomina na vida escolar das crianças. As mulheres ganharam novos posições na sociedade brasileira e cada vez mais estão desempenhando papéis que até então eram destinados aos homens, mas ainda assim cabe a elas as tarefas domésticas e maior responsabilidade com a educação dos filhos.
Grande parte dos estudantes demonstram autonomia na hora de acordar, contando algumas vezes com a ajuda dos pais, além de colaborarem também nas atividades domésticas, como lavar louça, varrer a casa e comprar pão. O café, almoço e jantar são refeições garantidas na mesa dos estudantes, pois boa parte afirma tomar café, almoçar antes de ir à escola e jantar antes de dormir.
Conforme consta nas escritas colhidas, as crianças realizam as tarefas sozinhas, apenas uma delas declarou contar com a ajuda dos pais. Todos os pais e/ou responsáveis que responderam ao questionário afirmaram que acompanham as atividades escolares dos filhos, contradizendo o que os estudantes informaram em seus respectivos textos, visto que a maioria realiza essa atividade sozinho. Zagury (2008) afirma que os pais apresentam a função de supervisionar e orientar os filhos nos trabalhos escolares, verificar se a atividade está completa e responder a algumas dúvidas das crianças referentes à atividade realizada, o que não acontece com quase a totalidade das crianças participantes deste estudo.
Dos questionários aplicados aos pais, 66,7% ainda afirmaram que reservam um tempo em casa para os estudos, porém, somente 20,0% mencionaram ser esta atividade realizada pela parte da manhã ou à noite, o que já havia sido informado pelos estudantes. Dos pais e/ou responsáveis, 13,3% responderam não reservar um tempo dedicado para o estudo em casa com seus filhos. É fundamental a participação dos pais na vida escolar dos filhos, isso faz com que a criança se sinta mais valorizada e estimulada a estudar. Zagury (2008) afirma que os pais precisam demonstrar sentimentos de valorização pelas atividades realizadas pelos seus filhos.
Um número bem expressivo dos pais (71,0%) diz não ter dificuldade para ajudar os filhos nos deveres escolares, sendo esta função dividida entre os pais e as mães. Os que afirmaram ter dificuldades (29,0%) indicaram sobretudo o ensino da leitura e falta de tempo por causa do trabalho. Para sanar as dificuldades relacionadas às tarefas escolares, alguns pais realizam pesquisas em livros.
Os espaços que as crianças realizam as tarefas escolares são os mais variados possíveis, conforme informado pelos pais e/ou responsáveis: na cozinha, no quarto da criança ou dos pais, em um barracão, na varanda, na sala, em uma mesa grande, em um espaço organizado. Um ambiente adequado para a realização das atividades escolares é fundamental para a aprendizagem das crianças. Contudo, essa realidade ainda está distante de muitas famílias brasileiras, particularmente, a parintinense. “[...] a casa é pequena. As tarefas são feitas no quarto, em cima da cama ou no chão [...]” (Mãe). O ambiente familiar, assim como a situação socioeconômica dos pais, suas atitudes e comportamentos, situação socioeconômica e financeira são aspectos que influenciam na educação dos filhos (Tavares, 2008).
A participação da família na formação e no sucesso escolar de seus filhos é indispensável, como se pode constatar no texto escrito pela estudante Fernanda: “[...] eu sempre acordo feliz [...]. Na minha casa moram meu pai, minha mãe e meus três irmãos [...]. A vida é sempre agitada, mas é legal porque meus pais o tempo todo me ensinam coisas boas da vida [...]”.
Entretanto, a ausência da família impacta decisivamente no desenvolvimento afetivo, comportamental, social e psicológico das crianças, como revela Júlia: “Minha vida é triste. Eu vou para a casa da minha amiga. Eu estou triste, porque não tenho família completa.”
Cabe à família a tarefa de acompanhar o desenvolvimento da aprendizagem do seu filho. É responsabilidade dela a personalidade que a criança irá formar em seu convívio familiar e social. A disponibilidade que os pais irão dispensar à criança é um aspecto importante na sua formação. Diante disso, Vygotsky (1991) defende que as relações sociais são a base para o desenvolvimento humano. Com isso pode-se afirmar que desde cedo a criança interage com seu meio pela mediação dos adultos. Daí a necessidade da mediação de um adulto na aprendizagem da criança.
Diante dessa realidade, a família torna-se indispensável para o desenvolvimento multidimensional da criança, pois é no convívio familiar que ela terá o seu primeiro contato com o mundo externo (Leite; Gomes, 2008). Essa convivência permite que a pessoa se sinta mais valorizada, além de que os pais desempenham um papel relevante na construção da autoestima das crianças. Porém, quando os pais se ausentam da vida escolar dos filhos, contribuem não somente para o enfraquecimento da relação família e escola, mas, sobretudo, para o fracasso escolar das crianças.
3.3 Relação família e escola: desafios e possibilidades para o processo ensino-aprendizagem dos estudantes
Este tópico tem como objetivo descrever e discutir às ações desenvolvidas pela escola para fomentar o envolvimento da família no processo de aprendizagem dos estudantes, assim como analisar os impactos decorrentes da relação família e escola para o processo ensino-aprendizagem das crianças.
De acordo com os pais e/ou responsáveis, a escola, para incentivar a participação destes em suas atividades, utiliza projetos; tarefas e trabalhos para casa; atividades socioeducativas; ações sociais; reuniões entre pais e professores; datas comemorativas como o Dia das Crianças, das Mães, dos Pais, dos Estudantes, entre outras; promoções e eventos; e prestação de contas. Essas ações também são mencionadas pela Professora:
[...] a escola traz a família desenvolvendo projetos ou quando tem alguma ação na escola [...]. Se vocês passarem por aqui um dia que tenha eventos [...] com a participação dos pais, vocês irão ver que eles são bem participativos. Acontece o ano todo, é data de pais, ações envolvendo educação, saúde [...].
Quando a escola estreita a relação com a família, afirma um compromisso efetivo no processo ensino-aprendizagem da criança. Silva (2012) diz que a escola deve proporcionar à família ações que visem a fortalecer sua participação na aprendizagem de seus filhos. Fica evidente que a escola precisa sempre planejar e programar ações que possam facilitar a parceria com a família.
Os pais e/ou responsáveis informaram que vão à escola para saber da situação escolar dos seus filhos principalmente para participar de atividades socioeducativas (50,0%), somente nas reuniões para receber as notas (37,5%) e os demais (12,5%) apresentaram outras razões como: quando solicitado por seu(sua) filho(a) apresentar comportamento inadequado no ambiente escolar, somente quando lhe permitem sair do trabalho, em todas as ocasiões que a escola necessita da presença dos pais, sempre vão à escola para saber do comportamento dele e se os filhos estão fazendo suas atividades escolares.
A família pode dispor à criança um bom acompanhamento escolar por meio do comparecimento à escola, mas não somente quando é solicitado, mas em todo e qualquer momento que houver necessidade. Zagury (2008) fala da importância de prestigiar toda e qualquer atividade que a criança leva para ser realizada em casa, assim como da necessidade de a família instigar bons hábitos educacionais na criança.
Os pais e ou responsáveis foram unânimes em afirmar que possuem uma boa relação com a professora de seus filhos, pois ela é esforçada, receptiva e atenciosa quando eles a procuram para conversar, além de incentivar as crianças a serem estudiosas.
[...] a professora é muito boa, ela se esforça para ensinar o meu filho [...]. (Pai).
[...] sempre converso com ela a respeito do comportamento do meu filho [...]. (Mãe).
[...] converso com ela a respeito do comportamento do meu filho [...]. É sempre atenciosa quando procuro para tirar as minhas dúvidas [...]. (Mãe).
[...] ela assim como eu ajuda o meu filho a aprender a ser uma criança estudiosa [...]. (Mãe).
A Professora também sustenta que possui uma relação positiva com os pais, sempre que precisa conversar com eles, estes comparecem à escola apesar de serem muito ocupados. Ela recebe o apoio deles e enfatiza que são famílias carentes que têm dificuldade de proporcionar mais oportunidades para os filhos, como colocá-los em um reforço.
A docente destaca ainda que periodicamente a escola informa os progressos e dificuldades dos estudantes para os pais, principalmente quando estas estão relacionadas à falta de acompanhamento da família. Então os pais são chamados para uma conversa, podendo esta se prolongar por várias semanas, os quais passam a dar mais atenção e apoio aos filhos que melhoram seu desempenho, principalmente, na leitura. A Professora também afirma que muitos pais não sabem o que fazer para incentivar ou ajudar os filhos a superarem suas dificuldades. É inegável a relevância da participação da família na educação dos filhos, entretanto, existem algumas cobranças por parte da escola que não correspondem à função dos pais, mas da própria escola.
O papel da família é proporcionar à criança meios para auxiliar na sua vida escolar, tal como uma boa alimentação, moradia, cuidado e outras necessidades básicas para sua sobrevivência. Os pais não devem em momento algum realizar as atividades escolares pelo seu filho, mas orientá-lo na sua realização. Zagury (2008) ressalva que os pais não têm a obrigação de corrigir as tarefas dos filhos, mas observar se tudo foi feito com capricho.
De acordo com a Professora, não existe uma data certa para chamar os pais, mas sempre que há necessidade ou dependendo da dificuldade apresentada pelos estudantes. Ressalta ainda a importância do celular que torna a comunicação mais acessível. Em consonância com a fala da Professora é possível afirmar que hoje as escolas contam com novos mecanismos para facilitar a participação dos pais na vida escolar dos seus filhos, mesmo que muitos ainda não utilizem isso a seu favor.
Os pais desempenham um papel de grande importância para uma aprendizagem significativa de seus filhos. Para a Professora, estes podem contribuir quando são parceiros da escola e de suas crianças, ajudando no desenvolvimento delas e acompanhando as atividades da escola. Ressalta ainda que existem crianças que levam atividades para casa e esta retorna em branco. São crianças “[...] que não têm sua família, que não têm apoio da mãe, não têm o olhar de seus responsáveis em casa [...]. Têm famílias muito carentes, os pais trabalham o dia todo, chegam em casa à noite [...], não têm como ajudar os filhos [...]”. Mesmo conhecendo a realidade dos pais, a docente sugere a eles que coloquem um filho mais velho para ajudar e reforça que a família precisa dedicar um tempo para os filhos. Os pais podem usar o telefone para lembrá-los de realizar as atividades escolares, orientar alguém que fique com a criança para zelar pelo cumprimento da atividade e ao chegar do trabalho verificar se tudo ocorreu bem (Zagury, 2008).
A Professora afirma de maneira incisiva que as crianças que contam com o acompanhamento dos pais em suas atividades escolares apresentam melhor desempenho escolar do que aqueles que não têm esse apoio:
[...] o maior exemplo é essa turma que tenho este ano. No início, tinham doze crianças que não conheciam o alfabeto. Hoje, com o apoio e acompanhamento daquelas mães que se dedicaram mesmo, que ajudaram seu filho, incentivando-os, melhoraram bastante, já estão lendo [...]. Na sala de aula, as crianças [...] que estão com mais dificuldade são aquelas que a mãe trabalha o dia todo e não tem quem as ajude em casa [...]. Se criança não tem nenhuma necessidade especial, se a dificuldade de leitura não for um problema mesmo da criança, com certeza, com o apoio dos pais ela vai aprender. Porque a criança só precisa de incentivo, [...], sentir o gosto pela leitura [...]. Quando eles começam a ler, eles ficam empolgados, e a gente vê o sorriso deles, pela palavrinha, uma palavra que eles conseguem ler, para eles já é uma felicidade imensurável.
A participação da família na vida escolar dos filhos contribui para que estes apresentem um bom rendimento escolar. Por ser o berço da cultura da criança, a família é imprescindível em seu processo formativo. A Professora destaca em sua fala a importância de a criança receber incentivo por parte dos pais em suas atividades escolares. “Não esqueça de elogiar, diariamente, quando ele estiver cumprindo o que foi combinado ou as partes que estão bem-feitas [...]” (Zagury, 2008: 182-183).
É desejável que escola e família construam juntas estratégias para compreender as dificuldades de aprendizagem que os alunos enfrentam, partindo do contexto em que vivem. Para tanto, a escola precisa acolher os estudantes com carinho, para que possam sentir-se confiantes para aprender e, a família, por sua vez, deve prover os meios necessários para que a aprendizagem aconteça de forma satisfatória.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A família e a escola desempenham um papel imprescindível na educação das crianças. Isto porque é no ambiente familiar que a criança vivencia o seu primeiro contato social e cultural. É responsabilidade da família a formação de valores e a preparação dos filhos para a convivência em sociedade. À escola, cabe o papel de ampliar os valores e experiências construídas no âmbito familiar, além de criar as condições favoráveis para que as crianças possam se apropriar dos conhecimentos científicos produzidos pela humanidade. A escola cumpre seu papel social e político à medida que garante a formação de sujeitos autônomos e críticos, capazes de enfrentar os desafios da sociedade em que vivem.
Não é papel da família ensinar os conteúdos específicos para seus filhos, mas criar as condições para que possam desenvolver suas habilidades educacionais tanto em casa como na escola. A participação dos pais na vida escolar dos filhos pode ser viabilizada por meio do incentivo na realização das tarefas de casa; de visitas à escola com frequência e não somente quando solicitados; participar das atividades sociais realizadas pela escola; ir às reuniões para saber como está o desempenho escolar de seus filhos; e proporcionar um ambiente adequado para o acompanhamento e realização das tarefas escolares.
A escola, por sua vez, não pode assumir as responsabilidades da família nem atribuir à esta função pedagógica, por ser esta de sua competência. Cabe-lhe a função de mediar o processo de aprendizagem das crianças, criando todas as possibilidades possíveis para sua efetivação.
Nota-se que a Professora apresenta uma visão limitada do papel da escola no processo ensino-aprendizagem dos estudantes, ao reduzir sua função somente ao ensino de algumas habilidades, como a leitura e a motivação dos alunos para os estudos por meio de projetos. Igualmente, compreende o papel da família apenas como incentivadora dos filhos, restringindo sua participação nas mais diversas situações que envolvem o processo de ensinar e aprender. Os pais, entretanto, atribuem tanto à família quanto à escola a função de cuidar da aprendizagem das crianças, ressaltando que os pais são responsáveis pela formação de seus filhos, devendo também a escola contribuir para a consolidação dos valores trabalhados na família. Essa realidade evidencia a necessidade de a escola pesquisada realizar um trabalho de discussão e reflexão sobre o papel da família da escola no processo ensino-aprendizagem das crianças.
Quanto à organização familiar dos estudantes, a maioria mora com os pais, embora vivam na mesma casa outros parentes com os quais têm que dividir os poucos cômodos existentes. As famílias não possuem um espaço adequado para que as crianças possam realizar suas atividades escolares, pois boa parte vive apenas com um salário mínimo.
Os textos escritos pelas crianças demonstram que os pais poucas vezes conseguem ajudar os filhos nas tarefas escolares. As crianças recebem auxílio dos pais na alimentação, vestimenta e ida para escola. Mas quando se trata de realizar as atividades escolares, a maioria acaba fazendo sozinho, embora todos os pais tenham afirmado que acompanham os filhos em seus deveres. É relevante esclarecer que os pais não têm o papel de ensinar os conteúdos para os filhos, mas orientar e criar condições para que a criança possa realizá-los.
A pesquisa revelou que a escola se esforça para incentivar a participação dos pais na vida escolar dos filhos. Para isso, desenvolve projetos, atividades socioeducativas, reuniões entre pais e professores, ações sociais, promoções e eventos. A participação dos pais interfere de forma positiva na aprendizagem dos alunos, pois as crianças que contam com esse apoio apresentam melhor desempenho escolar. Conclui-se que a relação família-escola é indispensável não somente para o sucesso escolar das crianças, mas também possibilita a formação de cidadãos conscientes de seus deveres e direitos multidimensionais oriundos de uma dimensão maior chamada educação.
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