Monike Couras Del Vecchio Barros*
Rosângela Couras Del Vecchio**
Sebastiao Inácio Jacinto Cruz***
Universidad de la Integracion de las Americas (UNIDA) Brasil
Email: (monike.delvecchio@yahoo.com.br).
RESUMO
A postura docente tendo como foco a formação humana é comum nas Instituições de ensino, pois acredita-se que o professor prima pelo ensino e aprendizado tendo como parâmetro a formação do homem para o meio social e promoção da vida. O objetivo desta pesquisa é estudar a postura do professor sob a perspectiva da formação humana, sendo esses agentes da aquisição do conhecimento em diversas áreas (educação, saúde e gestão); assim tem como objetivos específicos apresentar a influência da educação para a conquista da liberdade humana; mostrar a postura do professor frente a perspectiva da formação do ser humano; identificar segundo Paulo Freire os saberes necessários para a prática educativa. A metodologia adota foi revisão de literatura, onde buscou-se atender as características de cada área. O resultado foi apresentar a temática com foco em diversas áreas e verificou-se que a figura do professor como mediador nesse processo torna-se indispensável na identificação dos papéis assumidos, principalmente quando da utilização dos gêneros textuais em suas áreas no resgate de valores universais difundidos, mas nunca ultrapassados. Aquele educador que se fecha em um mundo de mediocridade e reclamação esquece de encarar a realidade. Conclui-se que a formação profissional, buscando alternativas para a sua prática pedagógica, ainda é o melhor caminho para o educador se engajar plenamente e criar um novo perfil profissional. Dessa forma, o educador estará autorizando ou seus educandos a tornarem-se sujeitos de seus pensamentos e de suas elaborações. Independente da área o docente é um agente do conhecimento que proporciona aos discentes a aquisição dos mesmos através da sua prática pedagógica, didática e metodologias adequadas, mesmo sabendo que cada área exige suas especificidades.
Palavras-chave: Postura Docente. Prática Educativa. Educação.
RESUMEN
La postura de enseñanza centrada en la formación humana es común en las instituciones educativas, porque se cree que el maestro sobresale en la enseñanza y el aprendizaje teniendo como parámetro la formación del hombre para el entorno social y la promoción de la vida. El objetivo de esta investigación es estudiar la actitud del profesor desde la perspectiva de la formación humana, siendo estos agentes de adquisición de conocimiento en varias áreas (educación, salud y gestión); Por lo tanto, sus objetivos específicos son presentar la influencia de la educación en el logro de la libertad humana; mostrar la actitud del profesor hacia la perspectiva de la formación humana; Identificar según Paulo Freire los conocimientos necesarios para la práctica educativa. La metodología adoptada fue una revisión de la literatura, que buscaba cumplir con las características de cada área. El resultado fue presentar el tema con enfoque en varias áreas y se descubrió que la figura del maestro como mediador en este proceso se vuelve indispensable en la identificación de los roles asumidos, especialmente cuando se utilizan los géneros textuales en sus áreas en el rescate de valores universales generalizados. pero nunca anticuado Ese educador que cierra en un mundo de mediocridad y queja se olvida de enfrentar la realidad. Se concluye que la capacitación profesional, que busca alternativas para su práctica pedagógica, sigue siendo la mejor manera para que el educador se involucre y cree un nuevo perfil profesional. De esta manera, el educador estará autorizando a sus alumnos a convertirse en sujetos de sus pensamientos y elaboraciones. Independientemente del área, el maestro es un agente de conocimiento que proporciona a los estudiantes la adquisición de ellos a través de su práctica pedagógica, didáctica y metodologías apropiadas, incluso sabiendo que cada área requiere sus especificidades.
Palabras clave: Postura docente. Práctica educativa. Educación.
ABSTRACT
The teaching position focusing on human formation is common in educational institutions, because it is believed that the teacher excels in teaching and learning, having as a parameter the formation of man for the social environment and promotion of life. The objective of this research is to study the teacher's posture from the perspective of human formation, being these agent of knowledge acquisition in diverse areas (education, health and management); thus has as specific objectives to present the influence of education for the conquest of human freedom; show the teacher's attitude towards the perspective of the formation of the human being; To identify, according to Paulo Freire, the knowledge required for educational practice. The methodology adopted was literature review, where it was sought to meet the characteristics of each area. The result was to present the theme with focus in several areas and it was verified that the figure of the teacher as mediator in this process becomes indispensable in the identification of the assumed roles, mainly when the use of the textual genres in their areas in the rescue of universal values diffused , but never outdated. That educator who closes himself in a world of mediocrity and complaint forgets to face reality. It is concluded that professional training, seeking alternatives to their pedagogical practice, is still the best way for the educator to fully engage and create a new professional profile. In this way, the educator will be authorizing or their students to become subjects of their thoughts and their elaborations. Regardless of the area, the teacher is an agent of knowledge that provides students with the acquisition of the same through their pedagogical practice, didactics and appropriate methodologies, even knowing that each area requires their specifics.
Keywords: Teaching Posture. Educational Practice. Education.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Monike Couras Del Vecchio Barros, Rosângela Couras Del Vecchio y Sebastiao Inácio Jacinto Cruz(2019): “O docente e suas posturas frente a formação humana”, Revista Atlante: Cuadernos de Educación y Desarrollo (septiembre 2019). En línea:
https://www.eumed.net/rev/atlante/2019/09/docente-formacao-humana.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/atlante1909docente-formacao-humana
A principal preocupação do professor precisa ser a de conhecer os processos cognitivos que envolveram a aquisição do conhecimento para em cima dessa questão desenvolver toda a sua prática pedagógica.
Independente da área que o docente atua, a metodologia ou didática utilizada para apresentar as informações devem ser adequadas e principalmente que proporcionem ao discente a transformação dessas informações em conhecimento, isso só se torna possível quando o aluno encontra similaridade com o que está sendo apresentado com o seu cotidiano.
Muitos são os fatores que possibilitam a aquisição do conhecimento, desde a as influências externas até o estado emocional de cada pessoa.
Sabendo que esses fatores existem, Gadotti (1980) nos mostra claramente que o educador precisa estar consciente de seu papel que é o de formador de opinião, que lida com pessoas e que dessa forma necessita aprender a valorizar talentos, aperfeiçoar habilidades e ajudar a fazer com que seus alunos aprendam a viver bem, em harmonia consigo mesmo, com os outros e com o mundo.
O objetivo geral desta pesquisa é estudar a postura do professor sob a perspectiva da formação humana, sendo esse o agente da aquisição do conhecimento em diversas áreas (educação, saúde e gestão); assim tem como objetivos específicos apresentar a influência da educação para a conquista da liberdade humana; mostrar a postura do professor frente a perspectiva da formação do ser humano; identificar segundo Paulo Freire os saberes necessários para a prática educativa.
Com base nesses objetivos, pretende-se elucidar a seguinte problemática: O docente é agente responsável na aquisição do conhecimento com foco na perspectiva da formação humana?
Desta forma, a pesquisa se dividiu em cinco seções, sendo a primeira a introdução onde serão apresentados os objetivos, a justificativa da pesquisa e problemática.
Na segunda seção serão abordados os referenciais com foco nos objetivos, apresentando a influência da educação para a conquista da liberdade do homem através do conhecimento; mostrar a postura do professor frente a perspectiva da formação do ser humano e identificar segundo Paulo Freire os saberes necessários para a prática educativa.
Na terceira seção a metodologia a qual foi revisão bibliográfica e por fim na quarta seção as considerações.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A Conquista da Liberdade Através do Conhecimento
De acordo com Gadotti (1980), o profissional do ensino não é um técnico, um especialista, é antes de tudo, um profissional do humano, do social, do político.
Um trabalho desenvolvido na perspectiva da formação humana rejeita o discurso preconceituoso, acredita que através do esforço e do desempenho todos são capazes.
Esperança é a palavra – chave para motivar o trabalho pedagógico que cresce objetivando criar no aluno uma postura crítica diante da sociedade, independente da área de atuação o docente vai atuar de forma a possibilitar ao outro aquisição do conhecimento, essa é a base.
Para desenvolver um trabalho sob essa égide, o professor precisa conhecer o processo de formação do aluno nos domínios: cognitivo, afetivo e psicomotor.
De acordo com Boechat (2000) o que se espera do domínio cognitivo é o conhecimento demonstrado pelo uso da memória; no domínio afetivo, a capacidade de externar a sensibilidade e o bom gosto; no domínio psicomotor, as habilidades manuais e artesanais. Estes três aspectos se inter-relacionam com um todo.
Para entender essa área do processo de aprendizagem dos alunos é necessário que os professores modifiquem a postura diante do pedagógico.
Essa postura é facilmente identificada nos docentes de áreas diferentes da educação, tais as que estamos tratando nessa pesquisa como: saúde e gestão, pois conhecer a formação da mente humana; aprender os estágios de desenvolvimento do discente: buscar novas metodologias de ensino; aprender a ouvir o aluno, as suas necessidades; ter uma postura crítica diante da própria prática são algumas das competências que acompanham o cotidiano do profissional da educação, diferente dos educadores de outras áreas que não encontram em sua base o estudo dessas premissas.
Paulo Freire (1999, p.11) fala que “a leitura do mundo preceda a leitura da palavra”. Quanta bagagem os alunos carregam como resultados de suas vivências e nos que não ouvido para ouvir o que eles têm de mais significativo, ou seja, as próprias experiências.
Quando o professor passa a escutar mais e consegue interagir trocando experiências, aquela aula técnica passa a ser vista sob um novo olhar.
O aluno explorado em suas potencialidades, seduzidos pelo poder da palavra atingirá o objetivo maior que o professor deseja.
Para que ocorra esse processo de sedução pelo discurso o educador precisa valorizar a oralidade.
Contar histórias; ler textos argumentativos, narrar crônicas, formar grupos de estudo de autores dos diversos gêneros trocando ideias, são algumas das estratégias que valorizam no educando, o hábito da comunicação oral.
Pode-se citar como prática quando o desenvolvimento do assunto sobre persuasão e argumentação, competências imprescindíveis à resolução de problemas, têm um requintado sistema de comunicações que originam informações variadas aos nossos interlocutores.
Aproveitar esses momentos desenvolvendo essa competência, fazer o aluno compreender que existe e que faz parte de um contexto no qual ele deve se posicionar como sujeito desse processo e não apenas como um recipiente de informações, dá-se um grande passo quando o discente consegue entender essa relação.
2.2 A Postura do Professor Sob a Perspectiva da Formação Humana
Num tempo em que os valores universais estão esquecidos é imprescindível que o educador busque o resgate desses valores-sabedoria, respeito, solidariedade, humildade, coragem, idealismo são alguns dentre tantos que precisamos construir ao longo do trabalho pedagógico independente da área de atuação, o docente tem por deve educar para a sociedade.
Gabriel Chalita (2003) diz que as grandes histórias de todos os tempos contêm ingredientes imprescindíveis para que a regência da orquestra ocorra da melhor forma possível e os valores universais são alguns dos instrumentos fundamentais ao bom andamento dessa orquestra magnífica que é, sem sombra de dúvida, o cerne da ópera da vida.
Como fica a postura dos educadores, sabedores da real situação de desigualdade social enfrentada pelos discentes, dentro de uma enorme contradição nacional?
Enfrentar essa complexa realidade não é algo simples, pois inseridos num conjunto de políticas públicas nacionais clientelistas e assistencialistas, resta cruzar os braços e assistir de camarote a todo esse espetáculo de degradação social?
Se esse aprendizado não for próximo a uma ou mais atividades sociais, suscetíveis de ter um sentido para os alunos, será velozmente esquecido, considerado como um dos obstáculos a serem vencidos para conseguir um diploma, e não como uma competência que foi assimilada para ser empregada nas situações que aparecerão no decorrer da vida (Perrenoud, 1999 apud Silva; Felicetti, 2014, p. 08).
Nesse processo de crise entra a própria forma de ser da educação. O grande paradigma que durante séculos o ensino buscou, já não atende às metas: “o professor, enquanto detentor do conhecimento transmite aos estudantes que depois devolvem o que “aprenderam” em forma de provas (Tiba, 1998, p.23)”.
Entra o sistema antigo – eu, professor, ensino, os alunos escutam e aprendem – ficou obsoleto.
Somam-se ainda outros problemas no sistema educacional: falta de respeito por parte dos alunos, indisciplina, baixa remuneração dos professores que atinge a totalidade do ensino quer seja público ou privado, essas dificuldades já se generalizaram de forma a atingir toda a camada da sociedade.
Diante de tantas dificuldades, a aquisição do saber é possível?
Precisa-se acreditar que sim, pois acima de qualquer solução está o sentimento de esperança que todo educador deve possuir e não deixar esmorecer essa chama.
Içami Tiba (1998) aponta como um novo caminho a teoria Integração Relacional que segundo o autor oferece subsídios para que o professor se transforme em um mestre através de três pontos fundamentais que são:
Falando assim, pode parecer receita de bolo ou a fórmula para se conseguir como num passe de mágica essa tão necessária postura do educador, mas na verdade são dicas que podem auxiliar bastante a retomada desse processo de ensino e aprendizagem em qualquer área que se apresente.
Lastres, Albagli, Lemos e Legey (2002, p.05) informam:
Países e blocos dedicam-se a traçar estratégias e a promover iniciativas orientadas para enfrentar os novos desafios e alcançar os benefícios que tem a oferecer a difusão das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), assim como da própria sociedade da informação. No entanto, dar acesso a essas novas tecnologias e promover seu uso é essencial, mas ainda insuficiente. Mais grave do que não possuir acesso às novas tecnologias e às informações é não dispor de dados suficientes para desenvolver e produzir conhecimentos, que permitam dominar novas tecnologias e gerar conteúdos para novas redes eletrônicas.
O professor precisa urgentemente se apropriar dessa capacidade relacional, pois através do planejamento de suas aulas ele pode colocar em pauta a disciplina, a ética, a cidadania, a qualidade de vida etc., transcendendo o conteúdo expresso pela matéria, pela disciplina em si.
“Um mestre, ao ultrapassar a função de transmitir um conteúdo programático, ensina ao aluno um estilo de vida que enobrece sua alma” (Tiba, 1998, p.65).
Recentemente, ocorreram depoimentos de alunos que falavam da importância dessa relação mais próxima do professor com o aluno.
Sobre a relação professor aluno Coll e Solé (1995 apud Barbosa; Campos; Valentim, 2011, p. 10) afirmam que,
Historicamente, o estudo da interação professor-aluno passou por várias etapas, com métodos e objetos de pesquisa distintos. A eficácia docente tem sido abordada de maneiras diferenciadas no decorrer da história. Os estudos iniciais visavam identificar as características pessoais dos professores como responsáveis por essa eficácia, tendo tais investigações sofrido fervorosas objeções. Num momento posterior, procurou-se identificar métodos de ensino eficazes com o mesmo intuito, deparando-se com dificuldades de ordem teórica e metodológica. Retomou-se, então, o valor do que ocorre realmente em sala de aula, ou seja, a interação entre professor e alunos, demandando o uso de instrumentos mais eficazes.
Diziam-se sem esperança de pensar mais alto em tentar continuar seus planos de vida, colocando o estudo como prioridade e que essa visão mudou após as aulas onde o docente com sua metodologia apresentou que os alunos tinham capacidade intelectual de ir além, concluir uma graduação, pós-graduação e possibilidades de destaque no mercado de trabalho.
Construir conhecimento com alunos de uma escola particular, que tem condições de vida sofisticadas é diferente de construir conhecimento com um aluno de uma escola pública na periferia da cidade. Isso acontece porque a capacidade desses alunos se distancia na medida em que as questões objetivas que condicionam sua vida são diferentes a cada um. Certamente o aluno que estuda em uma escola particular de mensalidade caríssima estuda em período integral e aprende desde pequeno falar várias línguas, praticar diferentes esportes, conhecer diversos autores clássicos, etc. Já o aluno de escola pública certamente mal conseguiu aprender o inglês, os livros do governo certamente já estão em más condições e a quadra se encontra péssima para prática de esportes, ou seja, esse é o espelho da queda de qualidade da educação pública. Portanto, construir conhecimento depende de certos determinantes e não é algo que se faz a qualquer condição (Russi, 2011, p. 05).
O educador democrático precisa em sua prática educativa ter rigorosidade metódica, ou seja, para atingir os objetos cognoscíveis precisa de um exercício constante de criticidade, o que implica a presença de educadores e educandos questionadores, curiosos, humildes e persistentes.
O educador não é aquele que educa o outro, mas o que permite e facilita o outro se educar. Uma prática efetivamente educativa consiste, portanto, numa ação deliberada com vistas a promover e facilitar o desenvolvimento da autonomia pensante e decisória nos indivíduos. A educação assim concebida, não exclui por certo o fato de que os indivíduos podem e com certeza devem ser informados, instruídos, treinados, habilitados, capacitados. Assim tais indivíduos serão capazes de entender e/ou fazer algo (pilotar um avião, marcar um impedimento em futebol corretamente, realizar uma cirurgia, usar corretamente a camisinha para se proteger de DSTs). A aquisição de habilidades é obviamente necessária para a reprodução da vida humana em sociedade (Lefèvre; Lefèvre; Cavalcanti, 2015, p.06).
Com esse pensamento, educador e educando vão se transformando em reais sujeitos do processo de construção ensino/aprendizagem.
O educador trabalha no sentido do educando pensar certo. Uma das condições primeiras de pensar certo é não estar tão certo das próprias certezas.
Ensinar exige pesquisa. Faz parte da natureza da prática docente a pesquisa, a busca constante.
O educador deve abandonar o “achismo” e dar saltos de qualidade, pois pensar certo também significa passar do senso comum para o conhecimento cientifico, passando também a ser um compromisso do educador com a consciência crítica do educando.
Assumir-se como professor, de acordo com Tunes, Tacca e Santos Junior (2006 apud Brait et al, 2010, p. 14), requer
A clareza de ter metas e objetivos, saber sobre o que vai ensinar, para quem se está ensinando e o como realizar. Integrar tudo traduz as diversas facetas do processo ensino-aprendizagem, e conjugar isso exige compromisso e responsabilidade com o aluno, avançando na compreensão da pessoa no processo de ensinar e aprender.
Esta postura não invalida o respeito que deve existir aos conhecimentos socialmente construídos pelo educando na prática comunitária, não esquecendo, porém, o educador de discutir com eles a realidade concreta da disciplina lecionada.
A pesquisa de representação social que busca resgatar tais esquemas ideativos é um instrumento muito útil para a educação democrática na medida em que permite que aflore a diversidade de pontos de vista existentes sobre o tema pesquisado, num determinado momento histórico e num determinado espaço sociocultural. Evidentemente tal pesquisa tem que ser feita de modo a viabilizar o resgate da diversidade e da diferença. Nesse sentido uma série de requisitos devem ser considerados: escolha criteriosa dos stakeholders, ou seja, das populações objeto envolvidas com o tema, definição dos instrumentos adequados de coleta de dados quantitativos e qualitativos, processamento dos dados de representação social com distinção clara entre os pensamentos coletivos obtidos e as interpretações de seus sentidos pelos pesquisadores (Lefèvre; Lefèvre, 2010, p. 15).
Essa experiência historicamente construída e reconstruída vem marcando os passos da importante e lenta promoção da ingenuidade para a criticidade.
Uma das tarefas principais da prática educativa construtiva é o desenvolvimento da criatividade dos alunos, demandando da profundidade na interpretação dos fatos.
A tarefa de refletir sobre a prática docente numa perspectiva crítica leva-se a considerar como primícias básica que: “ensinar não é transferir conhecimento (Freire, 1996, p. 54)“.
O professor, ao entrar na sala de aula deve ir despojado de empáfia, e estar aberto as indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos.
Este saber precisa ser apreendido, através da relação professor/aluno, como também precisa ser testemunhado e vivido.
Este pensar certo é uma postura penosa que exige do educador uma vigilância constante para evitar os simplismos e as incoerências. A postura do pensar certo não pode ser confundida com fórmulas preestabelecidas, mas sim encarada com uma rigorosidade metódica.
O professor que optar por levar a sua prática uma postura crítica deve reconhecer-se enquanto ser cultural, historicamente sujeito a mudanças, que precisa conscientizar-se das exigências do ensinar, tais como as citadas por Freire (1996, p.55).
- ensinar exige consciência do inacabamento.
- ensinar exige reconhecimento do ser condicionado
- ensinar exige respeito à autonomia do educando
- ensinar exige humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores.
- Ensinar exige apreensão da realidade
- ensinar exige alegria e esperança
- ensinar exige a convicção de que a mudança é possível.
Em suma a prática formadora tem uma natureza eminentemente ética, que para melhorar a sociedade em que se vive é preciso intervir e acreditar numa prática cheia de possibilidades e não de determinismo.
É impossível estar no mundo sem fazer história, sem pensar, sem assumir pontos de vista e é nesse ser inacabado inconcluso que se fundamenta a educação enquanto processo permanente.
Afirma Paulo Freire (1996, p.64) “A consciência do mundo e a consciência de si como ser inacabado necessariamente inscrevem o ser consciente de sua conclusão num permanente movimento de busca”.
Nessa busca da melhora de uma prática educativa com o compromisso da mudança, a alegria e a esperança devem estar presentes, pois fazem parte da natureza humana.
Uma pessoa que luta por justiça e decência, que combate as discriminações, acredita que a mudança é possível e levanta a programada a partir do saber fundamental de que mudar é difícil, mas é possível.
Pode-se através da leitura do mundo, o saber ingênuo dos grupos populares unirem-se ao saber do educador a um diálogo que desafia o grupo popular a pensar a sua história social.
É importante que o educador venha a questionar o poder ideológico que a classe dominante repassa, inculcando nos dominados a responsabilidade por sua situação.
De acordo com Freire (1996, p. 102): “Ensinar é uma especialidade humana e como tal exige: segurança, competência e profissionalismo, comprometimento, liberdade e autoridade tomada de decisões, saber escutar, disponibilidade para o diálogo e a afetividade”.
O educador quando faz a opção pelo autoritarismo nega toda a iniciativa do aluno, a criatividade, a liberdade, a busca pelo desafio.
Já o educador que faz a opção pelo compromisso com a autoridade democrática, busca junto ao educando a constatação da responsabilidade, da liberdade que se assume no caminho da autonomia.
A Educação Democrática tem a ver igualmente com a escuta do outro na medida em que o usuário (a) dos programas que viabilizam tal proposta é implicitamente educado para ouvir e respeitar o pensamento discrepante, buscando entender a sua lógica interna (Bastos, 2009 apud Lefèvre; Lefèvre; Cavalcanti, 2015, p.09)
E nesse processo, o educador não pode separar o ensino dos conteúdos, da formação ética dos educandos.
O educador precisa estar em permanente formação científica para que não se desqualifique profissionalmente e tenha força moral para coordenar o trabalho de sua classe.
Não é possível ajudar o educando a superar sua ignorância se o educador não superar permanentemente a dele.
Outro saber que precisa estar sempre presente na formação do educador é da prática educativa crítica como forma de intervenção no mundo. Intervenção que tem a ver com o repasse dos conteúdos de uma forma idônea ou não, bem como tem a ver com a reprodução ou desmascaramento da ideologia dominante.
Nem apenas uma coisa, nem outra, estes erros socialmente construídos implicam a compreensão mecanicista da história.
Do ponto de vista dominante a ocultação de verdades é uma pratica constante.
Ao educador cabe a árdua tarefa de estimular habilidades nos educandos que os tornem capazes de observar, de comprar, de avaliar, de decidir, de romper, de intervir e criticar, para que saibam no futuro condenar as transgressões éticas e não as absorver.
Conforme Zabala (1998), os educandos estudam de formas diferentes e, portanto, o educador precisa ser capaz de compreender e acatar essa distinção existente na sala de aula. Pensando nisso, o autor afirma que não basta o contato com os conteúdos para que a aprendizagem se concretize, é necessário, também, que o educando relacione seus conhecimentos prévios com os novos e que utilize seus diagramas de conhecimento para analisá-los e apreendê-los. Dessa forma ocorre a aprendizagem significativa conforme defendida por Ausubel (2003). (apud Silva; Felicetti, 2014, p. 07).
Outro ponto importante e fundamental no processo de crescimento do educador é não confundir liberdade com licenciosidade.
Os limites colocados de forma coletiva com a participação consciente interativa na relação educador/educando objetiva inserir o educando enquanto sujeito no processo civilizatório.
Este aspecto coletivo da participação não despersonaliza, mas funciona como instrumento de construção de individualidade.
“Ensinar exige ainda saber escutar (Freire, 1996, p.127).
Escutar criticamente é a demonstração da capacidade, disponibilidade para a abertura à fala do outro, às diferenças de pensamento do outro.
O que não pode diminuir a capacidade do que escuta em discordar, de se posicionar. Quando o educador consegue inserir em sua prática este “saber escutar”, consegue preparar-se melhor do ponto de vista de suas próprias ideias.
“Ensinar exige afetividade”. Freire (1996, p.157). A afetividade não pode andar desvinculada da cognoscibilidade, apenas a afetividade não pode interferir no cumprimento ético da autoridade do educador.
Fazendo parte do processo de busca, a afetividade deve estar incluída na estreita relação ensinar/aprender.
É esta percepção do homem e da mulher como seres programados, mas para aprender e, portanto, para ensinar, para conhecer, para intervir, que me faz entender a prática educativa como um exercício constante em favor da produção e do desenvolvimento da autonomia de educadores e educandos. Como prática estritamente humana, jamais pôde entender a educação como uma experiência fria, sem alma, que os sentimentos e as emoções, os desejos, os sonhos, devessem ser reprimidos por uma espécie de ditadura racionalista. Nem tampouco jamais compreendi a prática educativa como uma experiência a que faltasse o rigor em que se gera necessária disciplina intelectual. (Freire, 1996, p. 52).
De acordo com Demo (2010 apud Silva; Felicetti, 2014, p. 05),
Aprender a aprender é uma habilidade/competência que encontra-se conexa com a aprendizagem que acontece na vida toda. Esta compreensão admite uma formação capaz de interferir, como também de caráter propedêutico, o qual que invade a construção do conhecimento e a capacidade de utilizá-lo para intervir e fazer história.
É importante citar o grande professor Paulo Freire no fechamento deste tópico que a luz do saber desse grande mestre traz conhecimentos fundamentais e significativos na busca de uma prática docente coerente, independente da área.
Em uma pedagogia baseada em situações-problema, a função do educando é implicar-se, participar de um trabalho coletivo para organizar um projeto e construir, na mesma ocasião, novas competências. Ele tem direito a ensaios e erros e é convidado a expor suas dúvidas, a esclarecer seus raciocínios, a tomar consciência de suas formas de aprender, de memorizar e de comunicar-se (Perrenoud, 1999, p. 65 apud Silva; Felicetti, 2014, p. 11).
Saliente-se que a prática docente é uma só e essa precisa produzir um clima onde o educador sinta-se livre para ser curioso livre para cometer erros, livre para aprender do meio ambiente, dos colegas, do professor e da experiência, recapturando a excitação de aprender.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Trabalhar educação à luz de educadores brasileiros dos mais conceituados como: Paulo Freire, Moacir Gadotti, Celso Antunes e tantos outros faz crer que é preciso acreditar nela e jamais desistir. A persistência é um valor que se pode aprender.
Foi assim que os tópicos sobre a postura do educador e a relação de afetividade, compromisso e ética que ele deve possuir para levar adiante o seu trabalho.
Com esses pensadores se conclui que boa parte da problemática educacional reflete-se na metodologia adotada, mas não apenas isso, em tudo que envolve o homem como ser humano e suas necessidades, onde o docente está diretamente relacionado com a aquisição do conhecimento, podendo potencializá-lo ou não.
Defende-se um trabalho que viabilize um sentido crescente de aprendizagem.
Acredita-se que o trabalho docente dando ênfase às análises direcionadas, à leitura de compreensão interpretativa, à crítica sobre assuntos de forma construtiva, assim como ao professor não estar em um patamar longe do seu aluno e assumindo uma postura de parceria, poderá levar o discente a refletir sobre a sua condição humana.
O objetivo geral proposto para esta pesquisa foi estudar a postura do professor sob a perspectiva da formação humana, sendo esse o agente da aquisição do conhecimento em diversas áreas (educação, saúde e gestão); assim tem como objetivos específicos apresentar a influência da educação para a conquista da liberdade humana; mostrar a postura do professor frente a perspectiva da formação do ser humano; Identificar segundo Paulo Freire os saberes necessários para a prática educativa.
Desta forma, verifica-se que todos os objetivos foram atingidos onde observou-se que os fatores predominantes para a promoção social do ser humano e, que esse tipo de pesquisa visa proporcionar um caminho a ser trilhado na busca dessa tomada de consciência por parte dos alunos, para que se sintam como participantes da sociedade e, como todo cidadão, possam ter acesso às informações sobre o mundo e, além disso, ter a possibilidade de articular e organizar esses conhecimentos juntamente com o docente, independente da área de atuação, pois a prática do professor baseia-se em didática, conhecimento e um convite aos alunos a reflexões de como relacionar esse conhecimento apresentado a sua realidade, a sua necessidade.
No que tange a problemática levantada, ou seja, o docente é agente responsável na aquisição do conhecimento com foco na perspectiva da formação humana?
Viu-se que ele está diretamente relacionado, apesar de saber que a livre expressão do indivíduo consciente de seus papéis na sociedade e a tomada de atitude no combate à dominação, à opressão e à barbárie só será possível com uma educação antropo-ética ou humanística.
A pesquisa foi de grande valia para a sociedade científica, pois apresentou-se pontos trabalhando o conhecimento, a aquisição deste conhecimento por parte do discente e o papel do docente frente a essa nova realidade de possibilitar ao educando um crescimento significativo com foco na perspectiva da formação do ser humano.
REFERÊNCIAS
Ausubel, David Paul. (2003). Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva cognitiva. Lisboa: Plátano.
Barbosa, Altemir José Gonçalves; Campos, Renata Araújo; Valentim, Tássia Azevedo. (2011). A diversidade em sala de aula e a relação professor-aluno. Estud. psicol. (Campinas) vol.28 no.4 Campinas Oct./Dec. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-166X2011000400006.
Bastos, A. B. B. (2009). A escuta psicanalítica e a educação. Psicólogo Informação, São Paulo, v. 13, n. 13, p. 91-98.
Brait, Lílian Ferreira Rodrigues; Macedo, Keila Márcia Ferreira de; Silva, Francis Borges da; Silva, Márcio Rodrigues; Souza, Ana Lúcia Rezende de. (2010). A Relação Professor/Aluno no Processo de Ensino e Aprendizagem. Itinerarius Reflectionis, 6(1). https://doi.org/10.5216/rir.v6i1.40868.
Chalita, Gabriel. (2003). Pedagogia do amor: a contribuição das histórias universais para a formação de valores das novas gerações. 9ª edição. São Paulo: Editora Gente.
Coll C.; Solé I. (1995). A interação professor/aluno no processo de aprendizagem. In C. Coll (Org.), Desenvolvimento psicológico e educação (Vol. 2, pp.281-297). Porto Alegre: Artes Médicas.
Demo, Pedro. (2010). Habilidades e competências no século XXI. Porto Alegre: Mediação.
Freire, Paulo. (1999). A importância do ato de ler – em três artigos que se completam. 38ª Edição. São Paulo: Cortez.
______. (1998). Pedagogia da Autonomia. 7ª Edição. São Paulo: Paz e Terra.
Gadotti, Moacir. (1980). Educação e Poder: Introdução à pedagogia do conflito. São Paulo: Cartaz.
Lastres, Helena Maria Martins; Albagli, Sarita; Lemos, Cristina; Legey, Liz-Rejane. (2002). Desafios e Oportunidades da Era do Conhecimento. São Paulo Perspec. vol.16 no.3. São Paulo. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-88392002000300009.
Lefèvre, F.; Lefèvre, A. M. C. (2010). Os três sujeitos do diálogo intradiscursivo nas pesquisas sociais de atribuição de sentido: consequências para a avaliação. Revista Eletrônica de Comunicação, Informação & Inovação em Saúde, Rio de Janeiro, v. 4, n. 2, p. 15-21. Disponível em: <http://www.reciis.icict.fiocruz.br/index.php/reciis/article/view/676>. Acesso em: 27 abr. 2019
Lefèvre, Fernando; Lefèvre, Ana Maria Cavalcanti; Cavalcanti, Carla Cristina Tze Jú. (2015). A educação democrática e sua aplicação ao campo da saúde. Saude soc. vol.24 supl.1 São Paulo Apr./June 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902015S01015.
Moretto, Vasco Pedro. (2003). Construtivismo – a Produção do conhecimento em aula. 3ª edição. Rio de Janeiro DP e A editora.
Oliveira, Ivone Boechat de. (2002). Por uma escola humana. 5ª edição. Rio de Janeiro: Reproarte, 2000. Nós da educação. 1ª edição. Rio de Janeiro: Reproarte.
Perrenoud, Phillipe. (1999). Construir competências é virar as costas aos saberes? In: Pátio – Revista Pedagógica, Porto Alegre, n. 11, p. 15-19, nov. Disponível em: <http://www.unige.ch/fapse/SSE/teachers/perrenoud/php_main/php_1999/1999_39.html>. Acesso em: 25 abr. 2019.
Rangel, Mary. (1997). Dinâmicas de leitura para sala de aula. 8ª edição. Petrópolis: Vozes.
Russi, Ana Claudia Rodrigues. (2011). Comentários sobre o livro: Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Conexões: revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, Campinas, v. 9, n. 2, p. 219-226, maio/ago. ISSN: 1983-9030.
Silva, Gabriele Bonotto; Felicetti, Vera Lucia. (2014). Habilidades e competências na prática docente: perspectivas a partir de situações-problema. Educação Por Escrito, Porto Alegre, v. 5, n. 1, p. 17-29, jan.-jun. ISSN 2179-8435.
Tiba, Içami. (1998). Ensinar aprendendo – como superar os desafios do relacionamento professor – aluno em tempos de globalização. 17ª edição. São Paulo: Editora Gente.
Tardelli, Marlete Carboni. (2002). O Ensino da Língua Materna: interações em sala de aula. São Paulo: Cortez.
Tunes, Elizabeth; Tacca, Maria C. V. R.; Santos Junior, Roberto dos. (2005). O professor e o ato de ensinar. Cadernos de pesquisa, v. 35, n. 126, p. 689-698, set./dez.
Zabala, Antoni. (1998). A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: ArtMed.
*Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória pela UniAteneu, Mestranda em Saúde Coletiva pela Unifor (monike.delvecchio@yahoo.com.br).