Revista: Atlante. Cuadernos de Educación y Desarrollo
ISSN: 1989-4155


TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC’S) NA ESCOLA A PARTIR DA PERSPECTIVA DE GÊNERO

Autores e infomación del artículo

Guélmer Júnior Almeida de Faria*

Ulisses Henrique Drumond de Macena**

UNIMONTES-MG-BRASIL

guelmerjrf@yahoo.com.br


RESUMO

Este artigo tem por objetivo promover uma reflexão do uso das TIC’s nas escolas na perspectiva de gênero, buscando compreender como se dá esse acesso pelas professoras. A partir da consulta em outras produções acadêmicas, o exercício aqui proposto é suscitar novos debates sobre o tema, bem como compreender se estamos vivenciando uma quebra de paradigma em relação às TIC’s como campo não alheio a perspectiva de gênero e das relações de poder. Conclui-se que há um avanço ao tratar das TIC’s e a relação com o gênero por considerar a produção bibliográfica e a literatura que vem apontando as brechas as serem preenchido quanto ao acesso das mulheres às TIC’s. As TIC’s sendo utilizadas na formação pedagógica de professoras podem contribuir para que alunas e professoras possam dar vozes a outras mulheres. E assim, atuar como uma ferramenta de empoderamento das mulheres na busca dessa igualdade.

Palavras-chaves: Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s), Educação, Relações de Gênero.

RESUMEN

Este artículo tiene por objetivo promover una reflexión del uso de las TIC en las escuelas en la perspectiva de género, buscando comprender cómo se da ese acceso por las profesoras. A partir de la consulta en otras producciones académicas, el ejercicio aquí propuesto es suscitar nuevos debates sobre el tema, así como comprender si estamos viviendo una ruptura de paradigma en relación a las TIC como campo no ajeno a la perspectiva de género y de las relaciones de poder. Se concluye que hay un avance al tratar de las TIC's y la relación con el género por considerar la producción bibliográfica y la literatura que viene apuntando a las brechas a ser llenadas en cuanto al acceso de las mujeres a las TIC. Las TIC's siendo utilizadas en la formación pedagógica de profesoras pueden contribuir para que alumnas y profesoras puedan dar voces a otras mujeres. Y así, actuar como una herramienta de empoderamiento de las mujeres en la búsqueda de esa igualdad.

Palabras claves: Tecnologías de la Información y la Comunicación (TIC), Educación, Relaciones de Género.

ABSTRACT

This article aims to promote a reflection on the use of ICTs in schools from a gender perspective, seeking to understand how this access is given by teachers. From the consultation in other academic productions, the exercise proposed here is to stimulate new debates on the subject, as well as to understand if we are experiencing a paradigm shift in relation to ICTs as a field not unrelated to the perspective of gender and power relations. It is concluded that there is an advance in the treatment of ICTs and the relationship with gender, considering the bibliographical production and the literature that is pointing out the gaps to be filled regarding women's access to ICTs. The ICTs being used in the pedagogical training of teachers can contribute to the ability of female students to give voice to other women. And thus, act as a tool to empower women in the pursuit of such equality.

Keywords: Information and Communication Technologies (ICTs), Education, Gender Relations.


Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Guélmer Júnior Almeida de Faria y Ulisses Henrique Drumond de Macena (2019): “Tecnologias de informação e comunicação (TIC’S) na escola a partir da perspectiva de gênero”, Revista Atlante: Cuadernos de Educación y Desarrollo (marzo 2019). En línea:
https://www.eumed.net/rev/atlante/2019/03/tics-perspectiva-genero.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/atlante1903tics-perspectiva-genero


1. INTRODUÇÃO

Atualmente vivemos em um mundo marcado pela “sociedade do conhecimento” invariavelmente esse conhecimento tem sido expandido e mediado pela “sociedade em rede”. Esse momento se expressa pela elevada intensificação das informações, onde o conhecimento denota nas palavras de Maciel (2015) uma vantagem comparativa mais decisiva e que coloca novos desafios para o empoderamento das mulheres, ao mesmo tempo em que oferece oportunidades únicas aos conectados a essa dita sociedade, nos faz olhar para a inclusão digital das mulheres como uma ferramenta de reforço de cidadania, de combate à exclusão e à pobreza.

Quando se analisa pela ótica da formação docente Costa (2008) remete-se nos a pensar novas maneiras de estabelecer as relações sociais e os intercâmbios informativos que deve corresponder a um novo modelo de escola e também da formação docente.

Argumenta-se que a perspectiva de gênero no acesso e na conectividade às tecnologias da informação e comunicação (TIC’s) reconhece tanto o potencial que as tecnologias da informação e comunicação têm para promover “igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres” e as “imensas oportunidades para as mulheres” na sociedade da informação (SI).

Entendendo o gênero como Saffioti (2000) preconiza da construção social do masculino e do feminino e a desigualdade entre homens e mulheres não é natural, mas posta pela tradição cultural e pelas estruturas de poder, bem como pelos agentes envolvidos na trama de relações sociais, onde se inclui a tecnologias da informação e da comunicação.

Muzi e Muzi (2010) asseveram que tradicionalmente não se associa as mulheres com a tecnologia e inclusive se aplica uma atitude passiva frente a elas. A realidade mostra a existência de barreiras persistentes que podem inibir ou dificultar o acesso e o uso por parte das mulheres destas novas tecnologias. Embora, Libâneo (2004, p. 54) diz que a “educação e comunicação sempre andaram juntas na reflexão pedagógica”.

Maciel (2015, p. 38) chama atenção para o não acesso,

Especialmente, às tecnologias digitais é uma história de exclusão injusta, imposta, mantida e cultivada. “Mulher não foi feita para lidar com máquinas”. Quantas vezes já ouvimos esta frase? E de tanto se repetir ideias e frases como esta, as próprias mulheres acabaram criando uma consciência de que não são capazes de lidar com as novas tecnologias. O preconceito em relação à capacidade da mulher em lidar com a tecnologia é uma das principais barreiras de acesso dentro e fora dos grupos de mulheres.

Diante desse contexto que a utilização das TIC’s representa para a prática docente um instrumento de empoderamento feminino, sendo necessária a percepção pela escola e dos docentes que as mudanças vão além da mera inserção de recursos, que precisam efetivamente passar por uma compreensão profunda sobre o papel das novas tecnologias e sua apropriação na prática docente.

Assim, esse conjunto de conhecimentos é apreendido por meio de novas práticas pedagógicas. Por isso, entende-se que as formas como o conhecimento é transmitido e apreendido se modificam, se renovam à medida que as novas tecnologias são introduzidas no âmbito educacional, sem que a escola perca de vista a sua função no processo de formação humana (MARTINS e MASCHIO, 2014).

É preciso considerar que toda ferramenta de aprendizagem segundo Muzi e Muzi (2010, p. 3) “por si mesma nada pode fazer se não houver alguém capacitado para lidar com ela, e mais, saber usá-la em todas as situações-problema, o que quer dizer que é necessário saber, de certa forma, como manipular todo instrumento de aprendizagem que se fizer presente e necessário nos ambientes pedagógicos”.
Logo, o problema que orienta este estudo está em como se oferece a apropriação das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) nas escolas na perspectiva de gênero?

A justificativa para este estudo está em desnaturalizar à visão de que as mulheres, no caso, as professoras sofram com a desigualdade de acesso e uso entre os gêneros das TIC’s para que figurem como fator primordial de empoderamento do trabalho docente feminino.

Uma vez que as mulheres, na visão de Barbosa, Carvalho e López (2018) estão menos incluídas digitalmente do que os homens. O mapa da inclusão digital no Brasil revela que o percentual de acesso digital (a computador e a computador com internet) de mulheres brasileiras é menor que o dos homens: 15,1% menor, no caso do uso doméstico da internet, e 11,7% menor no acesso ao computador em geral. Segundo Neri apud Barbosa, Carvalho e López (2018, p. 152), “homens têm 18% a mais de chances de acessar do que mulheres com as mesmas características observáveis”.
O presente trabalho tem por principal objetivo promover uma reflexão do uso das TIC’s nas escolas na perspectiva de gênero, buscando compreender como se dá esse acesso pelas professoras. A partir da consulta em outras produções acadêmicas, o exercício aqui proposto é suscitar novos debates sobre o tema, bem como compreender se estamos vivenciando uma quebra de paradigma em relação às TIC’s como campo não alheio a perspectiva de gênero e das relações de poder.

2. O ACESSO FEMININO ÀS TIC’S

As desigualdades de gênero não se configuram apenas por um dos vieses da economia, da política, da cultura, da raça, da cor, da sexualidade; mas também pelo acesso às tecnologias. De acordo com Paz (2015) em decorrência da associação de masculinidade à tecnologia, o campo das TIC’s também apresenta uma brecha (lacuna ou divisão) digital de gênero. Tal fenômeno se apresenta em termos de diferenças de usos.

A análise do mundo das TIC’s sob a perspectiva de gênero, na visão de Plou (2004, p. 2) “implica compreender as relações de poder dentro da sociedade, revendo o conceito equivocado de que o campo da tecnologia seria neutro em matéria de gênero”.

Além disso, sua crítica vai ao sentido de que enquanto o uso da perspectiva de gênero para a análise nos campos social, econômico, político e cultural tem conseguido numerosos avanços na busca da igualdade de oportunidades e equidade no acesso a essas oportunidades para homens e mulheres, se acredita que não há necessidade de aplicá-la no que diz respeito ao desenvolvimento da tecnologia (PLOU, 2004).

Em relação às novas formas de sociabilidade, Bernardes (2013, p. 7) diz que “o estabelecimento de vínculos, de laços, por meio da interação e do estabelecimento de redes vinculam e se relacionam com a questão da identidade, uma vez que refletem práticas, hábitos e constituem elementos de pertencimento e de compartilhamento de uma cultura”. A sociabilidade pode ser vista como uma troca, baseada também nas TIC’s.

Corroborando com Simmel (1986, p. 168) quando afirma que a:

“sociedade” propriamente dita é o estar com um outro, para um outro, contra um outro que, através do veículo dos impulsos ou dos propósitos, forma e desenvolve os conteúdos e os interesses materiais ou individuais. As formas nas quais resulta esse processo ganham vida própria. São liberados de todos os laços com os conteúdos; existem por si mesmo e pelo fascínio que difundem pela própria liberação destes laços. É isto precisamente o fenômeno a que chamamos sociabilidade.

Assim, as mulheres dadas às necessidades de se investigarem possíveis práticas cotidianas de segregação das mulheres nas esferas reprodutivo-produtivas que podem impactar na sua inclusão digital exemplifica Maciel (2015) a presença desse tipo de análise da TIC’s entre a construção da sociabilidade do acesso feminino.
O Relatório sobre Igualdade de Gênero e Desenvolvimento, do Banco Mundial, enfoca o papel das tecnologias de informação e comunicação na redução, tanto das restrições de tempo e mobilidade que as mulheres enfrentam para acessar e participar do mercado de trabalho (BANCO MUNDIAL, 2012).

Como caracteriza Maciel (2015, p. 49) as “novas tecnologias de informação e comunicação está se transformando em criação de mais empregos e ligações mais sólidas nos mercados para mulheres, aumentando seu acesso a oportunidades econômicas e contribuindo para seu empoderamento econômico”.

O tema do uso das TIC’s tem sido discutido em diferentes pontos de vista, segundo Silva e Cunha (2017) os estudos sobre o seu uso e seus impactos sociais, econômicos e políticos, portanto sobre um enfoque multifuncional. Corroborando essa compreensão, a preocupação da relação entre TIC’s e gênero além da sua dimensão inovadora é tema de alta relevância pelo seu uso, impacto, contexto, conteúdo e meios de disseminação.

Negrão e Viscarra (2007) explicitam seus pressupostos quanto ao padrão cultural vigente na nossa sociedade. Em um estudo com usuárias, monitoras e especialistas das TIC’s identificam que fatores relacionados ao gênero (dificuldades de participação, medo de se expor, obediência ao marido, falta de tempo, responsabilidades familiares etc.) ao se entrecruzarem com os de gerações (as meninas só podem utilizar os telecentros depois de realizar as tarefas domésticas, e as mulheres adultas e mais velhas, só depois de atenderem o marido) criam maiores obstáculos à participação e aquisição de novos conhecimentos. Neste aspecto, a socialização de gênero, no que toca à mudança de padrões culturais.

Portanto, a questão das mulheres nas TIC’s, na opinião de Paz (2015) não é um problema das mulheres, mas sim um reflexo de como as TIC’s são planejadas e desenvolvidas segundo uma lógica segregadora. É necessária uma crítica feminista à tecnociência, levando-se em conta as diversas formas pelas quais o gênero está implicado nas tecnologias digitais, através da linguagem, das metáforas discriminantes, das ideologias masculinizantes associadas às tecnologias ao longo do processo de projeto, produção e consumo e das práticas sociais que acarretam na exclusão das mulheres.

3. A UTILIZAÇÃO DAS TIC’S NA FORMAÇÃO DOCENTE FEMININA

Na opinião de Martins e Maschio (2014, p. 8) “um dos principais aspectos externos a influenciar a escola contemporânea tem sido o avanço das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s). Os computadores têm extrapolado os espaços sociais e avançado para o espaço escolar da sala de aula”.

Quanto às políticas públicas, Zandavalli e Pedrosa (2014, p. 388) dizem que devem ser “voltadas à formação continuada de docentes e devem abranger as TIC’s, mas não podem descurar das lacunas existentes na formação inicial dos professores no que toca aos fundamentos da educação, aos próprios conteúdos a serem ensinados e suas metodologias”.

O uso do computador no contexto escolar atual, embora ainda incipiente, tem gerado amplo impacto sobre a educação, criando-se novas formas de aprender e acessar o conhecimento. Nesse processo, merece especial ênfase, as novas maneiras como as professoras se relacionam - como representam e como se apropriam – dos recursos digitais (MARTINS e MASCHIO, 2014).

Pois, na visão de Oliveira e Belchior (2009) é na escola que se reforça o fato do “processo de construção da incompetência técnica das mulheres”. Esse processo explica, em grande medida, a falta de motivação que as meninas em idade escolar apresentam, muitas vezes, para empreenderem trajetórias educacionais que contemplem o mundo da informática. O pouco interesse manifestado pelas meninas por essa área de estudos, posteriormente condicionará a trajetória profissional feminina, afastando um número significativo de mulheres das TIC’s.

É nesse sentido que concordamos com Muzi e Muzi (2010) nos interessa pensar a questão do gênero em relação à apropriação das TIC’s, especificamente voltada para uma prática docente que privilegie os (as) maiores interessados (as) – alunos e alunas.

Igualmente pensar em uma preparação docente atualizada na visão de Barbosa, Carvalho e López (2018) sua implementação curricular deve propiciar o uso efetivo das TIC’s a fim de atender às perspectivas da “geração Net” – nascidos em meados dos anos de 1980 até o final dos anos de 1990 e conectados à web, o que já estava indicado nos Parâmetros Curriculares Nacionais, mas permanece como desafio. Nesse contexto, os cursos de formação docente mediados por TIC’s devem ser prioridade política e trazer efeitos benéficos abrangentes no tocante à inclusão educacional, digital e social de mulheres tanto de professoras quanto de alunas.

Uma coisa é fato, Muzi e Muzi (2010) quando afirmam que as TIC’s já estão presentes na vida dos alunos, alunas, professores e professoras, consequentemente, estão presentes na escola. Entendemos que as transformações na vida desses agentes serão visíveis e profundamente marcadas pelo uso ou não destas tecnologias.

As TIC’s impõem diversos desafios para a formação de professores e para a educação, no dizer de Calixto, Calixto e Santos (2011) debater sua utilização no espaço escolar exige sua compreensão dentro de um contexto mais amplo, analisando-se as políticas educacionais e as várias implicações desencadeadas com sua adoção, sem contribuir, a partir da voz do professorado, com o debate acerca da formação docente para a utilização das TIC’s, com o fim último de colaborar na construção de uma educação de qualidade e socialmente mais justa e solidária.

Assim, Martins e Maschio (2014) explicitam que a preocupação e a promoção de uma formação inicial e continuada dos professores para o uso das novas tecnologias deve ser o principal desafio da escola contemporânea. Quando se analisa do ponto de vista da formação docente feminina esta deve proporcionar as transformações necessárias da prática pedagógica. Uma prática que deve acompanhar a rápida difusão e acesso aos saberes produzidos pela cibercultura e do acesso das mulheres a tecnociência, sem perder de vista a formação humana baseada nos saberes acumulados historicamente.
Portanto, como esclarece Mororó e Nascimento (2017) refletir acerca das possibilidades de formação docente feminina para o uso das TIC’s na perspectiva da formação humana integral, tendo como eixo central, a discussão sobre tecnologia, trabalho, gênero, pois diante da incorporação das tecnologias na contemporaneidade em distintos setores da sociedade, exige-se uma formação docente para o seu uso de forma consciente e reflexiva, aliada a concepção de formação humana integral, na busca pela ruptura com o uso tecnicista das TIC’s que mesmo com as novas características desses artefatos tecnológicos, ainda tende a ocorrer, por estar alinhada à concepção adestradora do mercado de trabalho.

A relação entre gêneros como caracteriza Maciel (2015, p. 43) “permeiam as interações sociais e são reflexo das desigualdades ainda hoje verificadas. As TIC’s estão para as mulheres como uma ferramenta para acesso a dados e informação e como recurso, inclusive, para tornar as informações acessíveis às outras mulheres”.

Enfim, para uma formação docente feminina que alie a perspectiva das TIC’s faz-se necessário dar reconhecimento e legitimar a igualdade de condições e oportunidades entre professores e professoras, a inclusão digital representa aqui mais uma, dentre as conquistas femininas, notadamente, nos dias de hoje. Sendo assim entendida como uma ferramenta de empoderamento das mulheres na busca dessa igualdade.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando as TIC’s como um fator de empoderamento feminino e seu acesso na formação docente feminina, como algo inerente a sua profissão esta se reveste da multiplicação e abre novas possibilidades de utilização do saber. Assim há muito a ser realizado para que de fato essa perspectiva do uso das TIC’s e o acesso das mulheres possam ser realizados em conformidade com o espaço escolar, tais como: as professoras encontram-se sobrecarregado com aulas em mais de um estabelecimento, faltando-lhe tempo para estudar e experimentar coisas novas, recebem baixos salários.

 Em relação às docentes percebe-se uma tripla jornada de trabalho aliada ao trabalho doméstico no âmbito familiar. Essas desigualdades de gênero perpassam a vida quer seja das professoras ou das alunas. As mulheres ainda hoje têm a sua socialização voltada para a domesticidade. Quando se analisa as TIC’s e o acesso feminino verifica-se que a exclusão digital perpassa toda a sociedade e tem cunho geracional dado o caráter patriarcal e da relegação da mulher no âmbito privado.

Percebe-se um avanço ao tratar das TIC’s e a relação com o gênero por considerar a produção bibliográfica e a literatura que vem apontando as “brechas” as serem preenchido quanto ao acesso das mulheres às TIC’s. Embora, pensando o Brasil com sua vasta extensão territorial, as grandes disparidades regionais e consequentemente o agravamento da exclusão digital de mulheres que estão no meio rural, nas favelas, etc. Portanto, a tecnociência pode contribuir para o sucesso ou o fracasso das assimetrias de gênero em torno das TIC’s.

Nesse sentido, sugere-se que a formação docente feminina seja caminho para libertar as mulheres para o acesso as máquinas de sociabilidade do mundo contemporâneo. As TIC’s sendo utilizadas na formação pedagógica de professoras podem contribuir para que alunas e professoras possam dar vozes a outras mulheres. E assim, atuar como uma ferramenta de empoderamento das mulheres na busca dessa igualdade.

Finalmente, reconhecem-se nas TIC’s práticas cotidianas escolares que não estão alheias à realidade dos alunos, uma vez que vivemos na “sociedade em rede”. Esses dispositivos para a formação docente feminina aproximam, facilitam e dinamizam o processo ensino-aprendizagem, mas, também são reveladores das novas manifestações dos novos papéis assumidos pelas professoras (mulheres) no uso e no acesso às tecnologias e dessa forma, passam a configurar como novos sujeitos sociais na era digital.

5. REFERÊNCIAS

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*Doutorando em Desenvolvimento Social (UNIMONTES-MG-BRASIL) E-mail: guelmerjrf@yahoo.com.br
** Psicólogo (UNILESTE-MG-BRASIL) E-mail: ulissesdrumondpsic@gmail.com

Recibido: 19/11/2018 Aceptado: 15/03/2019 Publicado: Marzo de 2019

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