Odilon Leston Júnor*
Mônica dos Santos Santos**
Peterson Lima Schimulfening***
Universidade Federal de Pelotas. Brasil
Email: odilon.leston@gmail.com
RESUMO
Este  artigo pretende caracterizar o cotidiano educacional no país, demonstrando os avanços  no sistema educacional à distância, nos quais vamos verificar como esse  processo pode alcançar localidades distintas com suas dificuldades, o que  ocorre sistematicamente no sistema de ensino.   Logo, demonstrar a situação do ensino à distância EAD se faz necessário  para compreendermos essa nova realidade no ensino brasileiro para que possamos  evoluir na discussão com intuito de expandir as possibilidades do tema.
    Palavras-chave:  Educação, Ensino à distância, Brasil. 
ABSTRACT
This article intends to characterize the educational daily life in Brazil, demonstrating the advances in the educational distance system, in which we will verify how this process can reach different locations with its difficulties, which occurs systematically in the education system. Therefore, demonstrate the situation of distance learning EAD is very important for us to understand this new reality in Brazilian education so that we can evolve this discussion in order to expand the possibilities of the subject.
Keywords: Education; Distance Learning; Brazil.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato: 
Odilon Leston Júnor, Mônica dos Santos Santos y Peterson Lima Schimulfening  (2019): “Educação EAD no Brasil: uma realidade multifacetada”, Revista Atlante: Cuadernos de Educación y Desarrollo (febrero 2019). En línea: 
https://www.eumed.net/rev/atlante/2019/02/educacao-ead-brasil.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/atlante1902educacao-ead-brasil
INTRODUÇÃO
 
   O primeiro aspecto a ser abordado é  a modificação global que aconteceu nas décadas de 1980 e 19901  com o advento dos primeiros computadores e a realidade da internet naquele  período que, até então, era de uma rede lenta se comparada com a de hoje.
   Além de todas as modificações e  avanços que ocorreram nos últimos trinta anos, é de suma importância, abordar o  acesso aos produtos eletrônicos à maioria da população, visto que, na década de  1990, existia um computador para cada 50 mil habitantes no Brasil. Além disso,  o preço em dólar desse produto reduziu consideravelmente, computadores que  custavam no mínimo $ 4 mil dólares, hoje são facilmente encontrados por $ 300  dólares. Relevante destacar a diminuição no preço deste produto no Brasil e o  acesso à internet como fatores substanciais para expansão da banda larga, bem  como a sua existência:
No  Brasil, o acesso à Internet começa em 1990, pela Rede Nacional de Pesquisas  (RNP), que liga as principais instituições de ensino e pesquisa do país. Em  julho de 1995, quando acaba o monopólio da Embratel como provedor único, surgem  diversas empresas privadas que disputam esse novo mercado. Atualmente existem  cerca de 500 provedores no país. A provedora Brasil Online, criada pelo Grupo  Abril em julho de 1996, associa-se em setembro do mesmo ano à Universo Online,  provedora do Grupo Folha da Manhã. Em 1996, cerca de 300 mil brasileiros estão  conectados à Internet (60% em São Paulo, 15% no Rio de Janeiro e o restante nas  outras cidades) [...] (GADELHA, 2012, P.5)
   
   Na atualidade o acesso aos computadores se tornou acessível  à grande parte da população. Contudo, a propagação das notícias e ideias  presentes na rede necessita ser elaborada e verificada quanto a sua  autenticidade, pois o livre acesso à exposição de conteúdos nem sempre o faz  verídico.
   Analisando a situação da tecnologia no Brasil, apesar de  sua expansão, é notável que este país não detém as principais empresas de  tecnologia, importando estes produtos com alta taxação de impostos pelo governo  brasileiro de produtos fabricados em outras nações localizadas nos Estados  Unidos da América, no continente europeu e asiático. 
   Nessa propagação de notícias e  conteúdos encontrados na internet -os quais inundam os pensamentos de quem as  consome, produzindo opiniões, há de se entender o papel do educador enquanto  mediador destes conhecimentos/informações, ao ponto em que nem sempre o exposto  por tais meios oportuniza um aprendizado enriquecedor e capaz de promover um  conhecimento científico com exatidão de fatos. 
   Na área educacional a utilização dos  computadores facilitou no desenvolvimento das pesquisas, pois facilita  localizar as fontes e conseguir possuir demais informações sobre o material necessário  ao pesquisador, sendo que em alguns casos o material pode ser enviado pela  internet, diminuindo custos financeiros e de tempo com viagens. Conforme  Antônio Joaquim Severino, podemos elencar que:
A internet é um conjunto de redes de computadores interligados no mundo inteiro, permitindo o acesso dos interessados a milhares de informações que estão armazenadas em seus Web Sites. Permite a esses interessados navegar por essa malha de computadores, podendo consultar e colher elementos informativos, de toda ordem, aí disponíveis. Permite ainda aos pesquisados de todo o planeta trocar mensagens e informações, com rapidez estonteante, eliminando assim barreiras de tempo e de espaço. (SEVERINO, 2007, p.137)
Informações de trabalhos e publicações de pesquisas  acadêmicas estão propagadas em âmbito mundial, com o advento da internet,  diminuindo distâncias de tempo e espaço para estudarmos e acessarmos novas  produções universitárias. 
   Apesar das pesquisas vinculadas no âmbito de graduação e pós-graduação  ser amplamente difundido. O ensino à distância ainda possui entraves e  dificuldades para a sua implementação como será descrito neste artigo.    
   O presente trabalho demonstrará determinadas políticas  educacionais no Brasil que influenciam na educação à distância além de discutir  como podemos avançar neste tipo de atividade educacional. Assim, poderemos  refletir a pluralidade de fatores que interferem no processo da aprendizagem  EAD, bem como a sua organização e a situação no cenário nacional.
SURGIMENTO DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA NO BRASIL
Os primeiros cursos no Brasil à distância ocorriam por correspondência  num período em que os correios eram um dos principais meios de comunicação em  nosso país. Alguns cursos datados em meados na primeira metade do século XX no  Brasil, tiveram considerável avanço na década de 1970 aplicando cursos técnicos.
   A legislação sobre o ensino a distância foi exposta na Lei  de Diretrizes e Bases (LDB) da educação nacional em 1996, sendo a conjuntura  socioeconômica e a educação digital à distância na República Federativa do  Brasil, explicitada no 80ª da LDB.  
Art. 80. O Poder  Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a  distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação  continuada.
   § 1º A educação a  distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por  instituições especificamente credenciadas pela União.
   § 2º A União  regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma  relativos a cursos de educação a distância.
   § 3º As normas para  produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a  autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino,  podendo haver cooperação e integração entre os diferentes  sistemas.        
   § 4º A educação a  distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá:
   I - custos de  transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e  imagens e em outros meios de comunicação que sejam explorados mediante  autorização, concessão ou permissão do poder público;
   II - concessão de  canais com finalidades exclusivamente educativas;
   III - reserva de tempo  mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais  comerciais. (BRASIL, 1996, p.7)
   
   O  pensamento crítico inicial sobre os cursos à distância tem em vista uma  diminuição do número de profissionais da educação o que a tornaria sem  qualidade e, principalmente, uma redução dos custos financeiros das  instituições privadas, as maiores interessadas nesse processo.
   Analisando que o número de salas  ofertadas para os alunos, seriam ocupadas somente um dia na semana somando-se a  esta possibilidade dos cursos EaD terem apenas 20% de suas atividades na  modalidade presencial, tais fatores auxiliariam na redução dos custos com  infraestrutura das instituições. Dessa forma, uma sala de aula que seria  utilizada durante toda a semana pela mesma turma, pode ser ocupada de segunda a  sábado por seis turmas diferentes.
   Realizando uma conta básica em que  no ensino médio a média de discentes por turma é em torno de 40 alunos podem  ser atendidos nesta mesa sala de aula em torno de 240 alunos. Ao considerarmos  que podem ser três turnos este número atinge o total de 720 discentes. 
   Nas universidades com sala de aula  ainda maiores o número se torna espantoso algumas universidades particulares  atendem até 120 alunos em sala de aula. O que pode significar 600 alunos  utilizando o mesmo espaço. Utilizando este espaço nos três turnos são 1800  alunos utilizando a mesma sala de aula. 
   A conta realizada acima facilita no  entendimento de custos sobre o ensino médio e superior atuando para  compreendermos como o espaço físico é reduzido com as turmas EAD.
   Os alunos que procuram os cursos EAD,  têm como perfil profissional serem trabalhadores que geralmente não tem horário  fixo para estudar todos os dias, logo esta modalidade a distância se torna  atrativa para este público.            Considerando  que não são todas as cidades que possuem instituições de ensino superior, a  modalidade EAD possibilita que alunos das cidades sem estas instituições se  organizem para irem até o polo presencial em um turno especifico, apenas um dia  na semana. Isso, portanto, acarreta em uma diminuição de custos com  deslocamentos e reduz o cansaço dos discentes nas viagens até as instituições  de ensino.
   Embora as vantagens para os alunos e  gestores de ensino de instituições superiores sejam evidentes devemos  considerar a situação dos professores. Os docentes EAD passaram a atender até 6  vezes mais alunos com mesma carga horária. A carga de trabalho de um  profissional do ensino superior que possui, por exemplo, 100 alunos, aumenta na  educação a distância, para algo em torno de 600 discentes. No entanto, o período  se mantem o mesmo visto que, sua atividade laboral, juntamente com o trabalho  extra classe de preparação de aula, verificação de chamadas, elaboração de  provas e trabalhos e tempo para corrigir este material demande muito mais  tempo, mesmo que sejam aplicadas apenas questões de múltipla escolha o que não  auxilia no desenvolvimento da escrita e principalmente o senso crítico do  aluno.
   Logo estes números podem gerar um  axioma de possibilidades que tangem tanto o menor custo, quanto refletir sobre  a qualidade do ensino e a sobrecarga de trabalho do profissional da educação. O  qual muito provavelmente não obterá nenhuma vantagem tanto financeira quanto  laboral em sua atividade profissional e principalmente colocando em xeque as  atividades do ensino, a pesquisa e a extensão que deveriam ser fundamentais na  vida de uma instituição.
   Os dados da educação brasileira não  são satisfatórios, até mesmo em índices básicos, conforme informação do  Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). O Brasil possui uma taxa  de analfabetismo no ano de 2017 estipulada em 7% na população acima de 15 anos  de idade. Não alcançando a meta estipulada para o ano de 2015 do Plano Nacional  de educação que deveria ser inferior a 6,5%.   Isto significa que “em números absolutos, a taxa representa 11,5 milhões  de pessoas que ainda não sabem ler e escrever. [...]” (IBGE, 2018, p.1).  Notadamente o Brasil não está alcançando metas básicas como o menor índice de  analfabetismo. Sendo que neste estudo não estão considerados os dados dos  analfabetos funcionais que já possuem níveis de escolaridade ratificados pelas  instituições de ensino, todavia não conseguem compreender a língua portuguesa.   
   
  O ENSINO A DISTÂNCIA E SUA RELAÇÃO COM OS ALUNOS
        O papel do homem na sociedade é  desenvolvido a partir da sua consciência como indivíduo. Desde os primórdios  das civilizações o homem busca o convívio com seus pares a fim de facilitar a  sua sobrevivência e, tal processo, é construído com o auxílio da cultura.
   A educação tem um importante papel  nesse processo de desenvolvimento cultural, pois é a partir dela que os  indivíduos estabelecem relações, constroem e registram o conhecimento que será  absorvido por gerações futuras.
   Segundo Tomasello (2003), o organismo em  desenvolvimento adquire individualmente informação não só de seu meio físico,  mas também de seu meio social – ou de aspectos de seu meio físico que foram  modificados de maneira significativa por seus co-específicos. 
   Levando em conta a necessidade social e  cultural, devemos analisar alguns aspectos recorrentes em ambientes de ensino à  distância. As particularidades e dificuldades de aprendizagem presentes em um  ambiente tão heterogêneo quanto este, tornam-se ainda mais evidentes quando  temos uma grande parcela de trabalhadores, os quais estão retornando ao nicho  educacional após um longo tempo afastados por diferentes motivos.
   As relações sociais representam  cognitivamente as individualidades de cada ser, porém essas individualidades  são construídas a partir destas mesmas relações.  A educação tem um importante papel nesse  processo de interação entre indivíduos e, consequentemente, o desenvolvimento  cultural, pois é a partir dela que as pessoas estabelecem relações, constroem e  registram o conhecimento que será entregue para as gerações futuras.        
   Observando-se que os alunos oriundos de vários  locais e com diversidades culturais e cognitivas consideráveis buscam o retorno  aos estudos, pensamos nas dificuldades psicológicas e físicas para uma  reaquisição da identidade discente após esse longo tempo em que permaneceram  afastados do meio educacional.
   Um aspecto importante o qual devemos  destacar é a experiência e superação que muitas dessas pessoas trazem ao  decidirem retornar aos estudos.       Esta  tarefa se torna facilitada pela educação à distância, pois muitos não poderiam  frequentar uma escola presencial. Porém, mesmo com tais fatores conspirando a  favor deste público discente, o papel da instituição educadora e do professor é  de suma importância no acompanhamento desse aluno em seu percurso formador. 
Ninguém  ensina o que não sabe. Mas também ninguém, numa perspectiva democrática,  deveria ensinar o que sabe sem, de um lado, saber o que já sabem e em que nível  sabem aqueles e aquelas a quem vai ensinar o que sabe. De outro, sem respeitar  esse saber, parte do qual se acha implícito na leitura do mundo dos que vão aprender  o que quem vai ensinar sabe. (FREIRE, 1992, p.67).
   
   Assim,  o professor deve estar atento as principais dúvidas e preocupações dos discentes, pois eles não estão  pleidnte habituados com as ferramentas digitais colocadas a sua disposição, tornando  imprescindível o papel do educador como orientador e facilitador neste  processo. 
   Apesar da diminuição dos custos  tanto para o nível do ensino superior quanto para o ensino básico. Surgem  dúvidas em relação ao desenvolvimento da capacidade do aluno em desenvolver aspectos  básicos na escrita. Restando dúvidas sobre o aprendizado dos alunos, como será  possível um aluno conseguir realização uma redação sendo que não desenvolveu a  escrita.  
   Logo implementar o ensino a  distância para no ensino médio torna-se uma tarefa de difícil compreensão, mas  que já está exposta e em funcioidnto na educação brasileira. Decreto número  9057/2017. Sendo difícil imaginar uma boa nota em sua redação no Exame Nacional  do Ensino Médio (ENEM) se não desenvolveu a escrita durante o período deste  ensino da educação básica.  
   Outros projetos para diminuir o  custo na educação brasileira, visa regulamentar para as crianças do Brasil o  ensino a distância no ensino fundamental. Num período de desenvolvimento motor  e de sociabilidade.
   A impessoalidade entre aluno e  professor pode gerar dificuldades no aprendizado pela distância e a falta de  empatia entre docentes e educandos. Esta situação poderia ser amenizada com um  breve relato sobre a trajetória carreira e um breve memorial sobre a sua vida.  Essa aproximação alunos e professores poderia iniciar uma empatia no ensino e  aprendizagem dos alunos.  
O HIBRIDISMO ENTRE O VIRTUAL E O REAL
            Segundo o Historiador Peter Burke  existem os “artefatos híbridos” (BURKE, 2006, p. 27-28) no  qual se nota inovações e não pura e simplesmente imitações. Ao analisarmos os  avanços na tecnologia envolvendo os computadores, no final do século XX,  podemos destacar este equipamento como artefato híbrido no qual uma mercadoria  engloba e desenvolve diferentes tecnologias causando efeitos na sociedade.
   Neste texto ao considerarmos os  computadores como um objeto que causou múltiplos efeitos na sociedade  contemporânea, podemos elencar uma de suas modificações no âmbito educacional  com a criação de cursos online nos  níveis da educação básica e superior.  
   Como  o mundo real e o virtual se confundem? Qual a relação entre a educação  presencial e a virtual? Como o aluno deve se adaptar a este novo momento da educação?  Os perigos do mundo virtual – diversão ou estudo?
   
   Estimativas feitas pela  Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) apontam que há, no Brasil, cerca  de 20 milhões de conexões máquina-máquina. A previsão é que o número salte para  42 milhões em 2020. No mundo todo, até 2025, o total de objetos conectados deve  ficar entre 100 milhões e 200 milhões, de acordo com a consultoria Teleco.  (BRASIL, 2017, P.1)
Há  de se compreender o contexto digital ao qual o público EJA/EAD está inserido:  em sua grande maioria, não comungam de um letramento digital, apresentando  pouca afinidade com as tecnologias. 
   As  plataformas virtuais, por mais diversificadas e postuladas por inúmeros  artefatos pedagógicos, não são capazes de promover o processo de abstração do  “lápis-papel” utilizado no primórdio de suas vidas escolares.
   Entende-se  que o ato “aprender”, o processo de ensino-aprendizagem, advém de um misto  mediativo entre docente e aluno, onde o segundo é protagonista de seu  aprendizado; mas como aprender em um ambiente de aprendizagem ao qual não está  familiarizado? Não seria o uso da plataforma um agravante para a não conclusão  dos estudos?
   Considerando  o contexto de retorno ao ambiente escolar somado à pouca intimidade com as  tecnologias – observando o público usuário dos cursos EJA/EAD – não se faz  difícil compreender os altos níveis de evasão presentes mesmo em uma modalidade  à distância: o aluno, para além de romper com seus atenuantes pessoais no que  tangem o regresso ao ambiente escolar ao qual, por algum motivo, precisou  desvincular-se, ainda precisa despir-se do ideal de sala de aula clássico,  provido de materiais didáticos “físicos” (livros, cadernos e canetas) para  desmistificar o uso das tecnologias e, a partir daí, redescobrir uma nova forma  de aprender.
   Este  percurso, de compreensão e apropriação do uso das tecnologias, até o uso das  mesmas em prol do aprender, vem associado a um contexto de rotina laboral,  desgaste físico e emocional, o que faz com que nem sempre se obtenha êxito no  mesmo, dando margem à evasão do aluno. Vale destacar que a internet é uma  ferramenta que auxilia no desenvolvimento de pesquisas conforme Nicholas  Burbules:
A internet tem efeitos facilitadores e inibitórios sobre a formação de comunidades dentro de si mesma. Por um lado, a internet tornou-se um meio em que o trabalho conjunto ocorre e onde as pessoas podem criar redes para distribuir conhecimentos. Esta questão é crucial porque significa enxergar a internet como mais do que um depósito ou um meio de disseminação de ‘informações’ (sua caracterização usual) e mais do que um simples meio de comunicação. Ela também é um ambiente que instancia o trabalho conjunto, em que os participantes podem se compor na forma de grupos de trabalho e onde a identidade de um grupo de trabalho como grupo é mantida. [...] (BURBULES, 2004, p.216-217)
Sendo  assim, existem fatores para além do processo de ensino-aprendizagem, que por si  já é bastante minucioso quando se trata de uma retomada à jornada escolar, e  que são agravantes dentro do montante de fatores a se considerar para a  conclusão dos estudos. Se por um lado o EJA/EAD oportuniza um caminho de  retomada e conclusão dos estudos, por outro, por falta de letramento digital,  acaba por excluir novamente este aluno do ambiente escolar.
   Há  de se pensar aí o quanto o mundo virtual e real já comungam do mesmo universo  dos seres, e o quão o aluno educação de jovens e adultos na modalidade do  ensino à distância EJA/EAD está apropriado do ambiente virtual, no intuito de  que este venha a ser um recuso válido para seu processo de ensino-aprendizagem,  e não um limitador.
   Desta  forma este hibridismo possibilita a coadunação de novas pesquisas via internet,  todavia considerando importantes aspectos reais e vitais da sociedade  cosmopolita. Principalmente na propagação e divulgação de pesquisas e artigos  acadêmicos que auxiliam no desenvolvimento intelectual dos estudantes e demais  pesquisadores dos mais variados campos científicos que propagam o conhecimento  pela rede de computadores. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação à distância no Brasil, apesar da sua evidente  evolução, ainda não tem a credibilidade necessária para concorrer, por exemplo,  com o ensino presencial. Observamos que os próprios agentes educacionais envolvidos  nesse processo, muitas vezes, não consolidam essa forma de educação. Isso  ocorre a partir do desconhecimento de mecanismos que envolvem os processos de  administração do ensino à distância e de práticas educacionais eficazes na  relação professor/ aluno.
   Entretanto, muitas experiências educacionais têm se  apresentado promissoras a partir da viabilidade e facilidade ao acesso a essas  plataformas. Assim, professores e gestores devem sensibilizar os alunos e  estimular o seu crescimento, aproveitando suas experiências visando à  transformação educacional, profissional e social desse público. Logo, devemos  compreender que adolescentes e adultos retornam à escola motivados pela  possibilidade de conseguir uma melhora no aspecto profissional e,  consequentemente, uma elevação da sua autoestima.  
   Devemos considerar que o EAD emerge da necessidade de  atingir as populações com dificuldades de acesso aos meios tradicionais de  educação. Os motivos que afastam as pessoas da escola regular são de um modo  geral, as grandes distâncias em relação aos locais educacionais, a idade  avançada, a falta de tempo adequado e a concorrência com o trabalho, isto é, a  pessoa ter que escolher entre estudar ou trabalhar.
   Na educação à distância, o aluno tem a flexibilidade do  horário e do conteúdo, podendo, assim, estabelecer objetivos com o auxílio do  professor que, por sua vez, passa a ser um orientador no processo de  aprendizagem. Logo, o educando tem a oportunidade de participar ativamente do  seu processo de aprendizagem.
   O acumulo de trabalho dos profissionais da educação,  concomitantemente com a baixa remuneração prejudicam a qualidade de vida dos  profissionais, consequentemente diminuindo a qualidade dos cursos ofertados.  Todavia as grandes empresas desta modalidade, parecem não estarem preocupadas, pois  desta forma, aumentam seus lucros vertiginosamente gerando satisfação garantida  aos principais acionistas destas corporações de ensino.
   Dessa forma, devemos evoluir nos aspectos técnicos e  educacionais  para que possamos  consolidar o EAD dentro do universo educacional brasileiro aumentando  investimentos e salário para os profissionais quanto na infraestrutura e  geração de programas dos computadores para evoluir este sistema de ensino.
   As  modificações tecnológicas alteraram vertiginosamente a formatação da sociedade  contemporânea, incluindo a esfera educacional com equipamentos acessíveis para  profissionais da área educacional e seus alunos.  
   Ao  verificarmos a modernização digital torna-se latente os novos rumos do ensino. O  artigo não pretende esgotar a temática envolvendo as práticas educacionais e as  novas tecnologias as quais influenciam o ambiente escolar na contemporaneidade. 
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