Revista: Atlante. Cuadernos de Educación y Desarrollo
ISSN: 1989-4155


O USO DAS TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO NA ALFABETIZAÇÃO DE ALUNOS DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Autores e infomación del artículo

Camila Jardim Meira*

Marcia Auxiliadora Fonseca**

UFMG, Brasil

marciafonsecabio@hotmail.com


Resumo
O presente estudo teve por objetivo apreender as contribuições e desafios do uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no processo de alfabetização de alunos no primeiro ano do Ensino Fundamental.  Verificou-se que os dados descritos e analisados indicam a intenção dos gestores e professores na utilização das Tecnologias de Informação e de Comunicação, por outro lado, apontam uma necessidade de estudos e reflexões sobre esse uso da Sala de Informática na alfabetização dos alunos. Notou-se que os professores, reconhecem que os usos destas tecnologias podem contribuir para o processo educacional. Acredita-se que os profissionais da educação necessitem de uma avaliação das ações do trabalho pedagógico, com novas discussões e planejamento para desenvolver no ambiente escolar. Nota-se que as tecnologias existentes na humanidade e na educação, exigem uma redefinição de uso e análise nas práticas educativas.

PALAVRAS CHAVES: Alfabetização. Sala de Informática. Tecnologias da Informação e da Comunicação.

ABSTRACT
This study aimed to understand the contributions and challenges of the use of Information and Communication Technologies in the literacy process of students in the first year of primary education. It was verified that the data described and analyzed indicate the intention of the managers and teachers in the use of Information and Communication Technologies, on the other hand, point out a need for studies and reflections on this use of the Computer Room in student literacy. It was noted that teachers recognize that the uses of these technologies can contribute to the educational process. It is believed that educational professionals need an evaluation of the actions of the pedagogical work, with new discussions and planning to develop in the school environment. It is noted that existing technologies in humanity and education require a redefinition of use and analysis in educational practices.

KEY WORDS: Literacy. Computers room. Information and Communication Technologies.

RESUMEN

El presente estudio tuvo por objetivo aprehender las contribuciones y desafíos del uso de las Tecnologías de la Información y de la Comunicación en el proceso de alfabetización de alumnos en el primer año de la Enseñanza Fundamental. Se verificó que los datos descritos y analizados indican la intención de los gestores y profesores en la utilización de las Tecnologías de Información y de Comunicación, por otro lado, apuntan una necesidad de estudios y reflexiones sobre ese uso de la Sala de Informática en la alfabetización de los alumnos. Se notó que los profesores, reconocen que los usos de estas tecnologías pueden contribuir al proceso educativo. Se cree que los profesionales de la educación necesitan una evaluación de las acciones del trabajo pedagógico, con nuevas discusiones y planificación para desarrollar en el ambiente escolar. Se observa que las tecnologías existentes en la humanidad y en la educación, exigen una redefinición de uso y análisis en las prácticas educativas.

PALABRAS -CLAVES: Alfabetización. Sala de informática. Tecnologías de la Información y la Comunicación.


Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Camila Jardim Meira y Marcia Auxiliadora Fonseca (2018): “O uso das tecnologias de comunicação e informação na alfabetização de alunos do primeiro ano do ensino fundamental”, Revista Atlante: Cuadernos de Educación y Desarrollo (octubre 2018). En línea:
https://www.eumed.net/rev/atlante/2018/10/tecnologias-alfabetizacao.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/atlante1810tecnologias-alfabetizacao


1-INTRODUÇÃO

A tecnologia surge para facilitar a vida humana e seus afazeres, desenvolvem-se em um ritmo acelerado, até atingir os dias contemporâneos nos quais percebemos grande avanço.  Assim, a sociedade cada vez mais se torna tecnológica, inclusive na educação.
Ao observar o ambiente escolar, alguns professores identificam como problemas do cotidiano, questões que ocorrem durante as aulas, como as conversas paralelas, brincadeiras, usam de aparelhos eletrônicos, como os celulares com fone de ouvidos, caixinhas de som entre outros, fazendo com que alguns alunos se dispersem do conteúdo trabalhado.

Espera-se que os adolescentes (os nativos digitais) interajam com o mundo virtual de uma forma natural, pois são instrumentos usados por eles para diversos fins: comunicarem, buscarem informações para uso das atividades escolares, para namoros, conhecer novas pessoas, vender, comprar objetos, ver e postar vídeos, entre outros  (FONSECA, 2017, p. 3).

Considerando que as Tecnologias da Informação e da Comunicação fazem parte da vida social dos sujeitos, e este fator não pode ser ignorado pela escola. O objetivo dessa pesquisa é identificar o uso das tecnologias no processo de alfabetização de crianças do primeiro ano do ensino fundamental.

2- TECNOLOGIA

Inicialmente é importante refletir sobre, o que é tecnologia? Quais as transformações a tecnologia traz para a vida social e consequentemente para a educação dos sujeitos inseridos na vida cotidiana? O objetivo deste tópico é se pensar a partir do conceito de tecnologia as possíveis transformações da vida social e da educação nas sociedades contemporâneas.
Considera-se que Tecnologia são mecanismos, dons ou talentos, artefatos, processos e/ ou ferramentas utilizadas cotidianamente para melhorar condições de vida da sociedade e está presente no mundo de várias formas.

Ao conjunto de conhecimentos e princípios científicos que se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de equipamentos em um determinado tipo de atividade, chamamos de “tecnologia” (KENSKI,2007, p.24).

Gomez (2010) descreve que a tecnologia é ferramenta que deve ser usada cotidianamente tanto para benefício dos educadores quanto dos educandos.  
Assim os conhecimentos e princípios científicos são tecnologias, não apenas os artefatos construídos a partir do campo tecnológico, a senso comum, quando nos referimos a tecnologia é recorrente a referência aos objetos construídos por saberes tecnológicos (TVs, Computadores...), o conceito adotado nessa pesquisa de tecnologia é bem mais abrangente.

Atualmente vivemos em um mundo no qual o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) torna-se cada vez mais necessário para a participação em diversas instâncias sociais. As relações do homem com a informação e o conhecimento estão sendo modificadas pelo uso do computador e outros dispositivos digitais conectados à internet (SAITO; RIBEIRO, 2013, p. 39).

Assume-se com Kenski (2007) que tecnologia refere-se ao conjunto de conhecimentos e princípios científicos que se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de equipamentos em um determinado tipo de atividade.

Um fator que ampliou a disseminação das tecnologias na atualidade foi a globalização, conhecida como movimento que difundiu as possíveis maneiras de utilização de equipamentos de tipos diversos de atividades e culturas.
A globalização teve grande influência da tecnologia, rompendo barreiras e estreitando a distância entre as nações, ressalta Gadotti (2000) que aconteceram várias mudanças no campo socioeconômico, político, cultural, científico e tecnológico no final do século XX.
E após vários acontecimentos sociais, no leste da Europa, e consequentemente a queda do Muro de Berlim nos anos 80; há grandes expectativas quanto à globalização capitalista da economia, das comunicações e da cultura; trazendo transformações na tecnologia dando origem a era da informação.
O avanço tecnológico facilitou o intercâmbio entre as nações, e de acordo com Segenreich e Neves (2009) a tecnologia, usada na contemporaneidade, é mais antiga, e vem ao longo do século XX, apontando mudanças e transformações, caracterizando como união de conhecimentos, informações e habilidades originados de inovações ou invenções científicas resultados por metodologias e técnicas diferentes usados para produzir bens e serviços.
Enfatizam, Segenreich e Neves (2009), que a tecnologia representa a transformação deste conhecimento cientifico em técnica, que por sua vez, poderá gerar novos conhecimentos científicos. Um conhecimento e uma ação em crescimento, em constante reciprocidade, na medida em que a tecnologia busca permanentemente, aperfeiçoar as mudanças guiadas pela ciências, pois ambas caminham juntas.
No entanto, Kenski (2007), diz que as tecnologias são tão primitivas quanto a humanidade, portanto distintas tecnologias se tornam mais inovadoras a medida que o homem reformula suas ideias para aprimorá-la, dando origem a diferentes equipamentos, instrumentos, recursos, produtos, processos e ferramentas tecnológicas. 
Para Kenski (2007) essas tecnologias penetram as nossas vidas, acrescentando as lembranças e garantindo a satisfação da existência.  Com o conforto tecnológico, estamos acostumados a ter a água encanada, luz, fogão, sapatos, telefone etc., percebe-se a diferença dos nossos antepassados.
Pois na Idade da Pedra, os homens conquistaram a subsistência usando a criatividade e esperteza no domínio na natureza, usavam o fogo, pedaços de pau e ossos para se defenderem e sobreviverem. 
Para Kenski (2007), à medida que os grupos armados obtinham sucesso nossos ancestrais eram possuídos por novas sensações e ambições, usando as tecnologias para se defenderem atacarem e dominarem; começando as guerras pela conquista e domínio cultural.
Quando os povos antigos abrem mão dos machados de madeira e pedra e passam a utilizar lanças e setas de metal para as guerras; os cavalos são adestrados para batalha. E as Caravelas e navios tomam lugar dos pequenos barcos e canoas; com isso o homem busca dominar e acumular riquezas.
Pois nos dias atuais a situação não é diferente, o poder econômico e político são ampliados à medida que as grandes potências mundiais buscam recursos tecnológicos para produção de armamentos e equipamentos.
Com a Guerra Fria, a ciência e a tecnologia sofreram grandes impulsos, e muitos havendo grandes descobertas como a bomba atômica. “A corrida espacial, resultante do avanço científico proporcionado por essa tensão, trouxe inúmeras inovações: o isopor, o forno micro-ondas, o relógio digital e o computador” (KENSKI, 2007, p.16).

Na verdade, a expressão “tecnologia” diz respeito a muitas outras coisas além de máquinas. O conceito de tecnologias engloba totalidade de coisas que a engenhosidade do cérebro humano conseguiu criar em todas as épocas, suas formas de uso, suas aplicações (KENSKI,2007, p.22).

Para Kenski (2007) as tecnologias não são apenas maquinários, equipamentos que ajudam espécie humana como medicamentos, óculos, dentadura, etc. A linguagem também é uma tecnologia usada e desenvolvida na interação entre diferentes grupos.
Por outro lado, nos filmes de ficção cientifica visão distorcida de tecnologias que mostramos robôs e equipamentos sofisticados, exércitos de ciborgs que querem dominar a raça humana, trazendo uma visão de medo.
Desde os deslocamentos para diferentes lugares ao que usamos para nos divertir e até nas atividades rotineiras como dormir, comer, trabalhar, conversar e outros; só são possíveis usando recursos tecnológicos.
Na visão de Kenski (2007), as tecnologias de comunicação e informação mudaram a educação tradicional, na qual existiam as lousas, o giz, o livro e a voz do professor transformando em espaço de ensino aprendizagem com programas de vídeos televisíveis e computadores, sites e softwares
À propósito Kenski acrescenta que para construção de um equipamento desde uma caneta a um computador é necessário um planejamento com pesquisas até o produto final; em outras palavras o conceito de tecnologias algumas vezes é confundido com conceito de inovação.
Kenski (2007) relata a evolução dos primeiros registros gráficos do pensamento humano, encontrados nas paredes de cavernas, ossos, pedras e pele de animais que davam suporte a escrita, também de um papel criado pelos egípcios que chamava papiro, encontrado pelos arqueólogos; e de um pergaminho feito de pele de ovelha para registrar bens dos nobres e senhores. E finalmente os chineses inventaram o papel usado hoje, em dois mil anos atrás da cortiça da amoreira.

A tecnologia é uma nova forma de ver o mundo, de ver as coisas. E uma nova forma pela qual o ser se desvela. Nesta ótica, a tecnologia é um desvelamento de inúmeras possibilidades de ver que não eram antes percebidas (SEGENREICH E NEVES 2009, p.103).

Para Segenreich e Neves (2009), quando a tecnologia esta a disposição da comunidade ou do mercado, passa a ter um valor definido pelo estado assimilado. Observa-se que na sociedade existem tipos de tecnologias mais ou menos avançadas nos distintos ambientes. “Temos tecnologias no campo das comunicações, da educação, da saúde, da produção, dos serviços, etc.” (SEGENREICH E NEVES 2009, p.51).

A tecnologia é o pano de fundo, o próprio quadro referencial no qual todos os outros fenômenos sociais ocorrem. Ela molda nossa mentalidade, nossa linguagem, nossa maneira de estruturar o pensamento, inclusive a nossa maneira de valorizar (SEGENREICH E NEVES 2009, p.76).

Pinto (2004) utiliza da seguinte argumentação; as tecnologias estão presentes na sociedade, não sendo possível separá-las da sabedoria humana; por ser uma maneira nova de comunicação à linguagem digital encontra resistência.

O desenvolvimento técnico-científico, por sua vez, impulsionando novas descobertas, gera grandes alterações na vida humana e no trabalho, caracterizando este momento como período da Terceira Revolução Industrial ou Revolução Tecnológica. A exigência de um domínio cada vez maior de conhecimentos e habilidades, para tratar desta realidade diversa e complexa, impõe novas concepções de educação, escola e ensino (PINTO, 2004, p.2).

De acordo com Segenreich e Neves (2009), vamos encontrar o seguinte esclarecimento, não se pode refletir sobre tecnologia como consequência, mas como geração, sendo necessário o homem idealizar e a educação para construir. Na tríade ciência-tecnologia-sociedade, por certo, a educação tem uma parte em relevância pelo que produz, cresce, mas acima de tudo, pelo que ela pode levantar.

É verdade, existem ainda muitos desníveis entre regiões e países, entre o Norte e o Sul, entre países periféricos e hegemônicos, entre países globalizadores e globalizados. Entretanto, há ideias universalmente difundidas, entre elas a de que não há idade para se educar, de que a educação se estende pela vida e que ela não é neutra (GADOTTI,2001, p.12).

“A educação também é um mecanismo poderoso de articulação das relações entre poder, conhecimento e tecnologias” (Kenski, 2007, p.18). Ademais, tecnologia da escrita, internalizada no comportamento do homem comunica com o pensamento, e liberta-o de uma fixação duradoura, tornando um instrumento para ampliar a memória e a comunicação.
Em seu uso social, como tecnologia de informação e comunicação, os fatos da vida cotidiana são contados em biografias, diários, agendas, textos e redações. Como tecnologia auxiliar ao pensamento possibilita ao homem a exposição de suas ideias, deixando-o mais livre para ampliar sua capacidade de reflexão e apreensão da realidade (KENSKI,2007,p.31).

Gomez (2010), a informação presente em todos os lugares gera a cultura da era da informática ou cyber Cultura modificando o que pode ser lido por vários grupos de pessoas criando nova cultura dando novo significado as práticas sociais.
Podendo considerar a cultura cibernética um novo universo, integrando todos os conteúdos e seus significados.  As interconexões acometem a desigualdades culturais que se organizando, renovam o intercambio e geram redes de formação de educadores de jovens e adultos.
É importante notar que esta realidade muito dinâmica e rica em conexões simbólicas coexiste com 15 milhões de analfabetos, 13% da população brasileira, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A Educação Tecnológica, que tem suporte nos dois eixos básicos de sua concepção, numa interação dialética, incorpora também as dimensões correlatas de questão do trabalho e, portanto, das práticas sociais em que esse trabalho vai ocorrer (SEGENREICH E NEVES 2009,p.57).
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Em seguida Segenreich e Neves (2009), menciona que a tecnologia vai para mais dos estudos das técnicas ou do ensino técnico, mas com o compromisso com o olhar do mundo a sua volta e todos os princípios em que são baseados e estabelecidos; pois as vantagens são certas quando os profissionais conhecem a sociedade tecnológica, e estão atentos as mudanças sociais e sobretudo conectam as informações com empresa e produto que trabalham.
Dessa forma continua Segenreich e Neves (2009), a escola também terá que ser menos tradicional, voltando para produção de conhecimentos, pois a instituição de ensino terá que acompanhar as tendências, pois, o homem vê na tecnologia uma forma de transformar o mundo, e assim vai criando novas possibilidades e impondo novos padrões, e a educação da existência da comunidade tecnológica deve incluir ensinar princípios do funcionamento das técnicas e máquinas para seu uso.
Nesta perspectiva é possível perceber que a tecnologia é importante para a vida cotidiana, e que está presente na evolução do mundo e sua espécie, e na sequência como a tecnologia pode contribuir no processo educacional.
Diante disso, percebe-se quanto são grandes os desafios apontados no cotidiano escolar, pois as tecnologias de informação e comunicação mudaram o processo de alfabetização.

2.1-Alfabetização/letramento

Pensar o processo de alfabetização e letramento é sem dúvida um grande desafio, sobretudo, quando nos referimos a uma sociedade tecnológica e digital. Logo nos indagamos o que é preciso para ler e escrever em uma sociedade grafocêntrica e digitalizada.
Uma discussão muito recorrente na área da alfabetização tem sido a temática “dos letramentros”, que refere-se a leitura relacionada a vida social dos sujeitos. O uso recorrente das tecnologias impõe aos indivíduos outros tipos de leituras. Mas, como podemos definir o termo letramento?
Segundo Soares (2003); em meados de 1980 no Brasil, invenção da palavra letramento, coincidentemente as práticas sociais de leitura e de escritas aparecem como fundamental importância para distantes sociedades.

No Brasil os conceitos de alfabetização e letramento se mesclam, se superpõem, frequentemente se confundem. Esse enraizamento do conceito de letramento no conceito de alfabetização pode ser detectado tomando-se para análise fontes como os censos demográficos, a mídia, à produção acadêmica (SOARES,2003,p7).

Em Soares (2014) a ideia tradicional de alfabetização que usava o método analítico e sintético tornava alfabetização e letramento processos independentes; atualmente são processos simultâneos que devem ser trabalhados integrados, reconhecendo as muitas facetas de ambos.
Pela aquisição do sistema convencional de escrita – a alfabetização– e pelo desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em atividades de leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita – o letramento (SOARES,2003,p.14).

De fato, Soares (2014), que há várias maneiras de entendimento do processo educacional, ressaltando a alfabetização e o letramento, segue descrevendo uma evolução do termo letramento ao longo dos anos, trazendo uma melhor compreensão da distinção entre o indivíduo alfabetizado e letrado. 
Com o censo demográfico há uma progressão no conceito de alfabetização, no censo de 1940, alfabetizado era aquele que revela saber ler e escrever, ou seja que não é capaz de escrever apenas o próprio nome, mas aquele que lê escreve bilhetes fazendo uso corriqueiro da leitura e escrita.
Já no censo de 1950, após alguns anos aprendizagem escolar, o aluno aprende ler e escrever e fazer uso da leitura e escrita.

Durante toda a última década e até hoje a mídia vem usando, em matérias sobre competências de leitura e escrita da população brasileira, termos como semianalfabetos, iletrados, analfabetos funcionais, ao  mesmo tempo que vem sistematicamente criticando as informações sobre índices de alfabetização e analfabetismo que tomam como base apenas o critério censitário de saber ou não saber “ler e escrever um bilhete simples”(SOARES,2003,p8).

Pois para a mídia o termo alfabetização e letramento têm significados semelhantes; porém seria um erro separar alfabetização do letramento por ser a porta de entrada da criança e do adulto analfabeto no universo da escrita, pois alfabetização e letramento são processos inseparáveis.
A formação do professor deve prover condições para que ele construa conhecimento sobre as técnicas computacionais, entenda por que e como integrar o computador na sua prática pedagógica e seja capaz de superar barreiras de ordem administrativa e pedagógica (VALENTE (Org.),1999, p27).

               Para Soares (2003), a pessoa que se envolve em prática da leitura e da escrita torna-se diferente, adquire um outro estado, uma outra condição, pois muda sua forma de pensar conquistando um lugar na sociedade e inserção na cultura.

A escola não pode ficar a reboque das inovações tecnológicas. Ela precisa ser um centro de inovação. Temos uma tradição de dar pouca importância à educação tecnológica, a qual deveria começar já na educação infantil (GADOTTI,2001, p8).

 

É um conceito em desenvolvimento, e um produto que deve ser avaliado, então descreve muito bem a avaliação por amostragem que vai dar um diagnóstico do letramento, podendo ser feitas avaliações e medições em vários estágios, ou seja, é um progresso contínuo das habilidades, do conhecimento e do uso social e cultural da leitura e da escrita.

Alfabetizar um indivíduo, ensinar a ler e escrever, compreender códigos e símbolos; já o Letramento como o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter se apropriado da escrita (SOARES,2014, p36).

Soares (2003), percebe que a dificuldade de distinção e entendimento desses termos e a forma cuidadosa de se avaliá-los, há uma grande necessidade de avaliar e medir esses conhecimentos para que sejam estabelecidos e criados políticas para controlar o programa de alfabetização e letramento; é importante também que se encontrem soluções ao nível de letramento num contexto social.

Para isto, “o educador é um mediador do conhecimento, diante do aluno que é o sujeito da sua própria formação” (GADOTTI,2001, p.8); o professor necessita construir o conhecimento a partir de suas ações, requer curiosidade, buscando sentido no que produz e apontando novos sentidos para o que produzir dos seus alunos.

O conhecimento, principalmente no campo da informática deve estar relacionado aos demais campos do saber humano. Trata-se, pois, de uma nova linguagem, um novo elemento do processo de comunicação, um novo código: a linguagem digital (PINTO,2002, p.5).

2.2-Alfabetização Digital

          Conforme Gadotti (2001), a escola não pode ficar a dependente das inovações tecnológica, precisa ser núcleo de inovação. Temos o costume de dar pouco mérito à educação tecnológica, a que deveria iniciar na educação infantil.

Na verdade, a introdução da Informática na Educação, segundo a proposta de mudança pedagógica, como consta no programa brasileiro, exige uma formação bastante ampla e profunda do professor. Não se trata de criar condições para o professor dominar o computador ou o software, mas sim auxiliá-lo a desenvolver conhecimento sobre o próprio conteúdo e sobre como o computador pode ser integrado no desenvolvimento desse conteúdo (VALENTE (Org.),1999, p.25).

           Gomez (2010), segue refletindo também sobre a educação de jovens e adultos e o fato de os educadores aproveitarem essa brecha com recursos presencial ou online nos campos formativos revertendo essa situação; se a alfabetização é entendida como processo de início e desenvolvimento ao longo do ser humano, entende-se que a influência do meio interfere na leitura e na escrita.

Assim como a leitura e a escrita representaram um avanço tecnológico, educativo e, portanto, cultural -- ampliado e generalizado a partir da imprensa --, a alfabetização digital também se encontra ancorada em um fato tecnológico, cultural e educativo (GOMEZ, 2010, p.4).

Nesse sentido, Gomez (2010) diz que a alfabetização digital no contexto da educação freireana, que o conhecimento de informática deve ser introduzido, pois é uma necessidade do indivíduo no universo digital.

Hoje, a utilização de computadores na Educação é muito mais diversificada, interessante e desafiadora, do que simplesmente a de transmitir informação ao aprendiz. O computador pode ser também utilizado para enriquecer ambientes de aprendizagem e auxiliar o aprendiz no processo de construção do seu conhecimento (VALENTE (Org.),1999,p11).

Baseado nisso, Gomes (2010), fala que a alfabetização digital capacitaria no entendimento e uso de informações de muitas formas dos textos digitais de computadores.  Pois alfabetização não é apenas ler e escrever, a cognição permite ver, ouvir, e perceber que os textos trazem aprendizado.

Se estamos presenciando estas inovações da tecnologia é de fundamental importância que a escola aprenda os conhecimentos referentes a elas para poder repassá-los a sua clientela; pois, é preciso que a escola propicie esses conhecimentos e habilidades necessários ao educando para que ele exerça integralmente a sua cidadania (PINTO,2002, p3).

Dessa forma, algumas concepções mundiais e entendidos do mundo digital, mesmo que apontem certa igualdade, proporcionam, no aspecto cultural, a união de grupos regionais entre si e eles com a população virtual. “Por exemplo, certos sistemas operativos, os símbolos e ícones utilizados e os modos de intercâmbio de textos são quase estandardizados” (Gomez, 2010, p5).

Uma outra abordagem muito comum nas escolas, hoje, é a utilização do computador em atividades extraclasse, com o intuito de ter a Informática na escola, porém sem modificar o esquema tradicional de ensino. Certamente, essa abordagem não se encaixa no que entendemos como Informática na Educação (VALENTE (Org.),1999, p12).

Na visão de Valente (Org.) (1999), quando um especialista de Informática, desenvolve uma atividade utilizando o computador na escola, essa abordagem é adotada em ambientes educacionais, nos quais o trabalhador não tem interesse de resolver dificuldades na inserção do computador nas disciplinas ou no investimento na formação dos professores no uso do equipamento.

A Informática na Educação de que estamos tratando enfatiza o fato de o professor da disciplina curricular ter conhecimento sobre os potenciais educacionais do computador e ser capaz de alternar adequadamente atividades tradicionais de ensino-aprendizagem e atividades que usam o computador (VALENTE(Org.),1999,p12).

Para Gomez (2010), evidenciar os valores culturais de uma população educativa virtual é aflorar da produção coletiva da leitura e da escrita, para fazer o uso do correio eletrônico, porém isso não dá suporte para participar com opiniões e estudos em comunidade de discussão e definição na internet.

Espera-se que a educação do futuro seja mais democrática, menos excludente. Essa é ao mesmo tempo nossa causa e nosso desafio. Infelizmente, diante da falta de políticas públicas no setor, acabaram surgindo “indústrias do conhecimento”, prejudicando uma possível visão humanista, tornando-o instrumento de lucro e de poder econômico (GADOTTI,2001, p8).

Gomez (2010), fala do interesse e a angústia dos educadores em assistir o processo de criação cultural e educacional, tem que fazer realidade à democratização do ingresso e continuidade no método. O planejamento para alfabetização digital terá uma programação pedagógica com várias metodologias, que poderá ser presencial ou à distância.

A introdução da Informática na Educação, segundo a proposta de mudança pedagógica, como consta no programa brasileiro, exige uma formação bastante ampla e profunda dos educadores. Não se trata de criar condições para o professor simplesmente dominar o computador ou o software, mas, sim, auxiliá-lo a desenvolver conhecimento sobre o próprio conteúdo e sobre como o computador pode ser integrado no desenvolvimento desse conteúdo (VALENTE (Org.),1999, p22).

De acordo com Gomez (2010), alguns elementos da pedagogia freireana devem ser destacados, para uma reflexão nos espaços virtuais para se tornarem educativos, pois no Método Paulo Freire, todos aprendem e ensinam em comunhão.

A conectividade é a principal característica da Internet. O conhecimento é o grande capital da humanidade. Não é apenas o capital da transnacional que precisa dele para a inovação tecnológica. Ele é básico para a sobrevivência de todos e, por isso, não deve ser vendido ou comprado, mas sim disponibilizado a todos (GADOTTI,2001, p8).

Para Gomez (2010) permite-se uma certa autonomia no processo ensino-aprendizagem de acordo com a interpenetração da confiança, respeito, amorosidade, esperança e responsabilidade de cada envolvido; a importância dessa metodologia está na aprendizagem em relação aos através do mundo.

 As tecnologias da informação ou novas tecnologias da informação e comunicação são o resultado da fusão de três vertentes técnicas: a informática, as telecomunicações e as mídias eletrônicas. Elas criaram um encantamento no meio educacional; as possibilidades novas, alardeadas pelos teóricos e governo, que oferecem nesse campo são inúmeras, principalmente em relação aos conceitos de espaço e distância. Exemplos são as redes eletrônicas e o telefone celular (PINTO,2002, p.4).

Na visão de Fonseca (2017), a maior parte dos adolescentes brasileiros está conectada nas redes sociais e emprega no seu cotidiano o uso do Facebook, E-mail, Blogs, Twitter, WhatsApp, Snapchat, faz-se necessário assim a importância de inserir a educação tecnológica  ainda no Ensino Fundamental.

Podemos dizer que entrar na Internet envolve o encontro com os outros, mas muito mais consigo mesmo, ao colocar em questão nossa autonomia tanto para aprender como para ensinar, quando não há um detentor do saber, lugar dado tradicionalmente ao professor, e sem uma comunidade de aprendizagem onde todos aprendem e ensinam e juntos conhecem mais do que já sabiam (GOMEZ,2010, p.8).

Pois, “o educador é um mediador do conhecimento, diante do aluno que é o sujeito da sua própria formação (GADOTTI, 2000, p.8).  Necessita construir o conhecimento a partir das suas ações, precisa ter curiosidade, buscar sentido no que produz e apontar novos sentidos no que produzir dos seus alunos.

Na sociedade da informação, a escola deve servir de bússola para navegar nesse mar do conhecimento, superando a visão utilitarista de só oferecer informações “úteis” para a competitividade, para obter resultados (GADOTTI,2000, p8).

Sobre isto Gomez (2010) diz que alfabetização vai além do recurso de exclusivamente ler; é o significado de ler, entender e dar sentido. “ A alfabetização digital seria a habilidade para lidar, entender e usar informação em múltiplos formatos em uma extensiva gama de textos digitais apresentados por computadores ” (GOMEZ, 2010, p.5).

O aluno usa o computador para resolver problemas ou realizar tarefas como desenhar, escrever, calcular etc. A construção do conhecimento advém do fato de o aluno ter de buscar novos conteúdos e estratégias para incrementar o nível de conhecimento que já dispõe sobre o assunto que está sendo tratado via computador (VALENTE,1999, p12).

Na visão de FONSECA (2017), um grande número de adolescentes brasileiros   está conectada nas redes sociais e emprega no seu cotidiano o uso do Facebook, E-mail, Blogs, Twitter, WhatsApp, Snapchat, sendo assim faz-se necessário o uso das tecnologias de comunicação e informação na alfabetização de alunos do primeiro ano do ensino fundamental.

A abordagem que usa o computador como meio para transmitir a informação ao aluno mantém a prática pedagógica vigente. Na verdade, a máquina está sendo usada para informatizar os processos de ensino existentes. Ou problemas (VALENTE (Org.),1999, p12).

Na visão de Segenreich e Neves (2009), as vantagens são certas quando os profissionais conhecem a sociedade tecnológica, e estão atentas as mudanças sociais e sobretudo conectam as informações com empresa e produto que trabalham e que baseado nisso a escola também terá que ser menos tradicional, voltando para produção de conhecimentos, pois a instituição de ensino terá que acompanhar as tendências.

O grande desafio era a mudança da abordagem educacional: transformar uma Educação centrada no ensino, na transmissão da informação, para uma Educação em que o aluno pudesse realizar atividades por intermédio do computador e, assim, aprender (VALENTE (Org.),1999, p,12).

Nesse sentido, Gomez (2010) diz que a alfabetização digital no contexto da educação freireana, que o conhecimento de informática deve ser introduzido, pois é uma necessidade do indivíduo no universo digital.
Os cursos na Web, com suas características particulares, ressignificam a relação ensino--aprendizagem, uma vez que o professor a partir de seu saber encoraja a participação e propõe atividades em que os alunos/educadores aprendem, mas também ensinam (GOMEZ,2010, p.8).

                   Segenreich e Neves (2009) vão além, dando significado a uma educação tecnológica como inovação. Por outro lado, Kenski (2007), afirma que não se pode separar a educação das tecnologias, usadas para ensinar e saber mais, e por outro lado usa-se a educação para aprender a lidar com as tecnologias

 O conceito de Educação Tecnológica prende-se, evidentemente, aos conceitos específicos de sua expressão, mas na sua interação e integração diz respeito ou à formação do indivíduo par viver na era tecnológica de uma forma crítica e mais humana, ou à aquisição de conhecimentos necessários à formação profissional, assim como as questões mais contextuais da tecnologia, envolvendo tanto a invenção como a inovação tecnológica (SEGENREICH E NEVES (2009, p.57).

. “A escolha de determinado tipo de tecnologia altera profundamente a natureza do processo educacional e a comunicação entre os participantes” (KENSKI, 2007, p.45).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebe-se que o uso da tecnologia na educação merece uma proposta de intervenção com estudos, analisando as práticas, refletindo sobre novos caminhos a serem percorridos com o uso adequado das tecnologias e dos ambientes informatizados.
Compreende-se que os professores e gestores das escolas necessitam estudar sobre o uso de tecnologias na educação, o que requer fundamentação teórica e metodologia de trabalho.
Neste sentido não basta apenas ter os equipamentos no ambiente escolar, mas orientar o uso consciente, desfrutando dos benefícios para uma educação de qualidade. A comunidade escolar necessita estar conectada ao mundo moderno e de forma prática e atualizada.
Pois por ser importante para a vida cotidiana, a tecnologia carece estar presente na evolução do mundo e sua espécie, e dessa forma contribuir cotidianamente no processo educacional.

REFERÊNCIAS

GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre. Artes Medicas Editora, 2000.

GOMEZ, Margarita V. Alfabetização na Esfera Digital: Uma Proposta Freireana. Revista educação em foco. Juiz de Fora. Vol. 7, nº 1, p 99-115. Mar/agosto de 2002.

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*Doutoranda em educação FaE- UFMG, mestre em EducaçãoTecnologica CEFET MG e Professora do Curso de Pedagogia, UEMG.
** Mestra Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA.

Recibido: 07/09/2018 Aceptado: 23/10/2018 Publicado: Octubre de 2018

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