Erlesson Andrei Cerdeira Costa*
Thais Reis Silva de Paulo**
Universidade Federal do Amazonas, Brasil
andrei@outlook.com
RESUMO
O objetivo da Educação Física escolar é promover a interação e desenvolvimento psicossocial do aluno. Através das atividades de correr, saltar, equilibrar- se, levantar, puxar, empurrar, girar, saltar corda, que permitem a manutenção da saúde, além de favorecer o crescimento. A educação rural, e aqui em especial a educação física, é um objeto de pouco estudo, poucas ou raras são as pesquisas nessa área. Toma-se como objetivo analisar a atuação do profissional de Educação Física e como este tem realizado a prática de Atividade Física na zona rural de Parintins - AM. A pesquisa realizada em Parintins – Amazonas (2017-2018) revela algumas problemáticas na educação física escolar na zona rural como o acesso às escolas que muitas vezes os professores tiram do seu próprio bolso para se locomoverem, as dificuldades na aprendizagem, dificuldade de assimilação dos conteúdos propostos em sala de aula, material didático precário, falta de respeito pela profissão de professor. Assim, esse estudo buscou retratar essa realidade, pouco descrita em estudos bibliográficos.
Palavras Chaves: Educação Física; Educação no Campo; Atividades Físicas.
ABSTRACT
The goal of School Physical Education is to promote the student's psychosocial interaction and development. Through the activities of running, jumping, balancing, lifting, pulling, pushing, turning, jumping rope, which allow health maintenance, in addition to favoring growth. Rural education, and here in particular physical education, is an object of little study, few or rare are the researches in this area. The purpose of this study is to analyze the performance of the Physical Education professional and how the Physical Activity practice has been carried out in the rural area of Parintins - AM. The research carried out in Parintins - Amazonas (2017-2018) reveals some problems in school physical education in rural areas such as access to schools that teachers often take out of their own pocket to get around, difficulties in learning, difficulty in assimilating content proposed in the classroom, precarious teaching material, lack of respect for the teaching profession. Thus, this study sought to portray this reality, little described in bibliographic studies
Keywords: Physical Education; Education in the Field; Physical activities.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Erlesson Andrei Cerdeira Costa y Thais Reis Silva de Paulo (2018): “A educação física em escolas da zona rural de Parintins/AM”, Revista Atlante: Cuadernos de Educación y Desarrollo (septiembre 2018). En línea:
https://www.eumed.net/rev/atlante/2018/09/educacao-fisica-parintinsam.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/atlante1809educacao-fisica-parintinsam
A escola é de suma importância para o desenvolvimento de vida dos sujeitos que vivem nas comunidades. Porém, as escolas da zona rural são as que mais sofrem principalmente no diz respeito ao material humano disponível para o trabalho, à infraestrutura, a falta de condições de trabalho e o acesso até a essas localidades (RODRIGUES, 2007).
Podemos dizer também que a Educação Física é de suma importância para a formação do aluno e, desta maneira ela deve ser tratada com muito interesse pelos profissionais da área. O que nos faz verificar que “no âmbito escolar da Educação Física os conhecimentos construídos devem possibilitar a análise crítica dos valores sociais” (BRASIL, 1997, p.30).
A educação rural, e aqui em especial a educação física, é um objeto de pouco estudo, poucas ou raras são as pesquisas nessa área. Assim, esse estudo busca retratar essa realidade, pouco descrita em estudos bibliográficos.
O objetivo da Educação Física escolar é promover a interação e desenvolvimento psicossocial do aluno. Através das atividades de correr, saltar, equilibrar- se, levantar, puxar, empurrar, girar, saltar corda, que permitem a manutenção da saúde, além de favorecer o crescimento. Desse modo “a prática de atividade física destaca-se como forma de promoção da saúde e de prevenção de doenças” (BICALHO ET AL, 2010, p. 02).
A cidade de Parintins, conhecida como “Ilha Tupinambarana”, localizada no Baixo Amazonas, a 369 km da capital Manaus, é um município brasileiro com área territorial de 5.952.290 km². Tendo sua população estimada em 112.716 mil habitantes, segundo dados do IBGE (2016), sendo o segundo município mais populoso do estado do Amazonas.
Da população de mais de 100 mil habitantes, 32.143 mil vive na área rural do município (IBGE, 2016) o que representa 31,50% da população, que abrange as comunidades: Aninga, Macurany, Parananema e Vila Amazônia, que são as comunidades onde a pesquisa foi desenvolvida. É importante ressaltar que a cidade de Parintins é um dos importantes centros de educação do estado do Amazonas, em especial de nível médio e superior.
Este estudo pauta-se metodologicamente nos resultados parciais de uma pesquisa bibliográfica e de campo pertencentes à finalização de uma pesquisa de iniciação científica no período de 2017 a 2018 que surge da necessidade de conhecer a realidade das escolas da zona rural do município de Parintins e como são desenvolvidas as atividades físicas nessas escolas. Foram realizadas pesquisas bibliográficas, revisão de literatura para realização deste trabalho e pesquisa de campo. Diante disso, esse estudo tem grande relevância social e contribuirá na formação acadêmica, pois diante desta pesquisa o conhecimento da teoria e da prática se ampliará.
A Constituição Nacional de 1988 assegurou a educação como um direito de todas às pessoas, sejam negras, pardas, brancas, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, deficientes, urbanas, do campo, da floresta, independentemente da classe social, garantindo o direito ao respeito e à adequação da educação às singularidades culturais e regionais.
A escola é de suma importância para o desenvolvimento de vida dos sujeitos que vivem nas comunidades, é importante também que a escola local de cada comunidade construa a identidade local, aproveitando o conhecimento dos povos mais antigos para aplicar no cotidiano cultural, trazendo experiências de vidas.
A Educação Física escolar tem como objetivo promover a interação e desenvolvimento psicossocial do aluno, tratando todos com igualdade, procurando dar ênfase a prática da cultura corporal.
Para Barros e Barros (1972, p, 16):
As atividades de correr, saltar, arremessar, trepar, pendurar-se, equilibrar- se, levantar e transportar, puxar, empurrar, saltitar, girar, saltar corda permitem a descarga da agressividade, estimulam a auto expressão, concorrem para a manutenção da saúde, favorecem o crescimento e corrigem os defeitos de atitude.
Podemos dizer também que a Educação Física é de suma importância para a formação do aluno e, desta maneira ela deve ser tratada com muito interesse pelos profissionais da área. O que nos faz verificar que “no âmbito escolar da Educação Física os conhecimentos construídos devem possibilitar a análise crítica dos valores sociais” (BRASIL, 1997, p.30).
Desse modo podemos afirmar que:
A Educação Física é uma prática pedagógica que no âmbito escolar trabalha os temas da cultura corporal, que são os jogos e brincadeiras, o esporte, as danças, a ginástica e as lutas, conteúdos estes historicamente construídos pelo homem (RODRIGUES, 2007, p. 12).
A Educação Física como uma das disciplinas que compõe o currículo escolar, também têm conteúdos específicos e responsabilidades com o aprendizado do aluno, ou seja, a prática pedagógica da Educação Física se valoriza a partir do enriquecimento do desenvolvimento dos alunos nas escolas, não bastando somente o incentivo por parte do corpo docente para esse aluno começar a praticar atividades físicas ou ate mesmo se tornar um atleta de rendimento, mas sim adquirir melhores qualidades de vida e benefícios a se próprio a traves de conteúdos práticos e teóricos na sala de aula.
A Educação Física como parte de um processo histórico educacional, pode dentro dessa perspectiva estruturar-se de forma a articular estratégias e métodos de ensino que favoreçam um aprendizado crítico-social dos conteúdos, valorizado por uma prática pedagógica clara, consciente, significativa e contextualizada (VASCONCELOS,2OO7)
A Educação Física faz com que a escola, seja para o aluno um espaço para promover as relações interpessoais, a autoestima e a autoconfiança, valorizando-se aquilo que cada indivíduo é capaz de fazer em função de suas possibilidades e respeitando suas limitações pessoais.
A Educação Física Escolar “deve dar oportunidades a todos os alunos pra que desenvolvam suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando seu aprimoramento como seres humanos” (BRASIL, 2001, p. 29).
O artigo 8º das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil, em seu parágrafo 3º, assinala que nas escolas de campo as propostas pedagógicas devem reconhecer os modos próprios de vida no campo como fundamentais para a constituição da identidade das crianças. A educação do campo precisa levar em consideração as particularidades e as necessidades do estudante.
Não são em todas as comunidades que existem escolas, dessa forma alunos de comunidades que não possuem escolas adquirem barco ou rabeta até chegarem às comunidades que possuem escolas. O que nos faz reforçar a afirmação de Dias e Neves Júnior (2015, p.85) que a “educação rural necessita de projetos capazes de dar um suporte para o aluno da zona rural”.
A educação rural, e aqui em especial a educação física, é um objeto de pouco estudo, poucas ou raras são as pesquisas nessa área (DIAS e NEVES JÚNIOR, 2015). Assim, esse estudo busca retratar essa realidade, pouco descrita em estudos bibliográficos.
Para Dias e Neves Júnior (2015, p. 02):
Os professores necessitam se fundamentarem teoricamente a fim de se justificarem perante a escola e a sociedade o que já sabem fazer estreitando as relações entre teoria e prática pedagógica, buscando novos modelos e métodos para que a Educação Física siga formando a integralidade dos alunos, sempre levando em conta a moral e a ética, onde os mesmos devem ser tratados com respeito, e sempre que possível levar em conta nas aulas os conhecimentos que os mesmos trazem de suas experiências de vida.
É importante salientar que a educação do campo tem que considerar que seus sujeitos possuem história, cultura e levar em conta seus modos de serem, seus costumes. É preciso levar em consideração os valores de cada aluno em sala de aula através do dialogo.
A educação do campo por não ficar localizada nas cidades, fica longe dos olhos de autoridades e desta forma, tornar-se esquecida e as problemáticas acabam se tornando cada vez mais agravantes.
A educação urbana acaba tendo mais valor por parte dos governantes e sendo assim mais salientada, há uma ausência de compromisso político com os povos que habitam em áreas ribeirinhas e poucos investimentos para elaboração de políticas e propostas pedagógicas para essa realidade. Daí a importância de um profissional criativo e compromissado com o desenvolvimento do seu trabalho.
Mas afinal para que serve a Educação Física escolar? Qual é o papel do professor de Educação Física?
Para Piccolo (1993, p. 13):
O principal papel do professor, através de suas propostas, é o de criar condições aos alunos para tornarem-se independentes, participativos e com autonomia de pensamento e ação. Assim, poderá se pensar numa Educação Física comprometida com a formação integral do indivíduo. Dessa forma, pode-se enfatizar o papel relevante que a Educação Física tem no processo educativo. O que, na verdade, ameaça a existência desta disciplina nas Escolas é a sua falta de identidade. Ela sofre consequências por não ter seu corpo teórico próprio, isso é, a informação acumulada é vasta e extremamente desintegrada por tratar-se de uma área multidisciplinar.
O objetivo da Educação Física escolar é promover a interação e desenvolvimento psicossocial do aluno. Através das atividades de correr, saltar, equilibrar- se, levantar, puxar, empurrar, girar, saltar corda, que permitem a manutenção da saúde, além de favorecer o crescimento. Desse modo “a prática de atividade física destaca-se como forma de promoção da saúde e de prevenção de doenças” (BICALHO ET AL, 2010, p. 02).
Entendemos que a Educação Física deve tratar dessas diferentes dimensões do movimento corporal humano, num processo de articulação entre as mesmas, na dinâmica da relação teoria e prática.
Ventorim e Locatell (2010) assinalam a necessidade de construirmos a prática pedagógica da Educação Física nas escolas e no currículo do meio rural, com base nas características desse ambiente e para esse ambiente.
Garantir ensino de qualidade na Educação Física do campo requer nos comprometermos com a diversificação e aprofundamento dos conteúdos, levando aos alunos o conhecimento da Educação Física, assim como, o desenvolvimento destes conteúdos no cenário cultural. Vale ressaltar que é importante considerar as experiências produzidas pelos sujeitos do campo, promovendo o diálogo entre saberes locais e saberes sistematizados na teoria.
A pesquisa iniciou-se com a aproximação do objeto. Foi realizado um primeiro levantamento bibliográfico de textos pertinentes à temática que nos permitiu fazer leituras, fichamentos, resumos e discussões com a orientadora sobre as categorias da pesquisa.
Perfil institucional das escolas da pesquisa
Para esta pesquisa, foram escolhidas 05 (cinco) escolas da zona rural de Parintins sendo todas em área de terra firme totalizando os 100%.
No que tange as etapas de ensino 80% das escolas possuem Educação Infantil, Ensino Fundamental do 1º ao 5º ano e Ensino Fundamental do 6º ano 9º ano; e nenhuma escola pesquisa possui Ensino Médio.
Em relação à infraestrutura 100% das escolas possui alimentação escolar, energia elétrica e água filtrada; enquanto que apenas 20% possui internet escolar.
Quanto às dependências das escolas 100% possui salas de aula, cozinha e banheiros; 40% possui sala dos professores; 20% possui quadra de esportes e estacionamento; e nenhum das escolas possui biblioteca e refeitório, segundo os professores pesquisados.
Perfil sociodemográfico dos professores da zona rural de ensino do município de Parintins/AM.
Nesta pesquisa, foram entrevistados 05 (cinco) profissionais da rede municipal de ensino de Parintins, sendo 02 (dois) do sexo masculino e 03 (três) do sexo feminino.
Quanto à faixa etária dos profissionais 20% tem de 20 a 30 anos, 60% tem de 31 a 40 anos, e 20% de 41 a 50 anos. Confirmando assim a tendência no mercado de trabalho no Estado do Amazonas, onde o maior percentual dos trabalhadores se situa entre as faixas de 18 a 49 anos (MTE, Rais 2010).
Quanto aos filhos 80% dos professores possuem filhos enquanto 20% não possuem.
O Estado civil dos professores 80% são solteiros e 20% são casados.
Em relação a Formação Acadêmica 100% dos professores possuem Nível Superior sendo os cursos de Licenciatura de Educação Física e Normal Superior. E tem como ano da formação acadêmica 40% de 2000 a 2010, e 60% de 2011 a 2018.
No que tange a Pós-graduação 40% não possuem enquanto que 60% possuem pós-graduação nas áreas de Fisiologia do Exercício e Biomecânica do Movimento, Língua Portuguesa e Literatura, Gestão e Coordenação Pedagógica.
Em relação ao salário, 80% dos professores recebem de 4 a 7 salários e 20% recebem de 6 a 10 salários. Quando questionados se o salário condiz com o trabalho realizado na instituição, todos responderam que não e que o professor precisa ser valorizado pelo seu trabalho na escola. As pesquisas realizadas pela Unesco e pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelam que os trabalhadores em educação no Brasil recebem um dos piores salários entre os 32 países de economia equivalente. Esse dado, mais uma vez, evidencia a falta de políticas públicas que insiram a educação como uma prioridade nacional.
Quanto ao Tempo de Serviço na Instituição 40% tem de 7 (sete) meses a 1 (um) ano de trabalho na instituição e 60% tem mais de 8 anos.
Em relação à Carga horária semanal 20% trabalham 40 horas na semana e 80% trabalham 20 horas semanais.
O acesso à escola
O difícil acesso à escola, em função das distâncias e da falta de ajuda de custo para a locomoção, aparece como uma das adversidades enfrentadas pelos professores no cenário rural brasileiro (MARIN ET AL, 2010).
E não é diferente na zona rural parintinense. Quando questionado sobre o acesso à escolas o professor respondeu: “Como a nossa escola é da zona rural as dificuldades são várias, pegamos um barco para chegar até a comunidade, de lá pegamos outro transporte, seja moto ou ônibus escolar que nos leva até a escola. È complicado, pois tiramos do nosso salário que já é pouco e isso gera um grande desgaste para nós professores” (Professor 01).
A maioria dos professores relataram que utilizam o transporte próprio como a moto, no caso das escolas que ficam nas estradas, como o seu principal meio de transporte, onde eles tiram do seu próprio bolso para o combustível.
Os professores relatam ainda que as vezes necessitam conciliar seus horários com os de outros colegas da mesma escola, para garantirem uma “carona”, dividindo, assim, os custos e economizando gastos com combustível.
Principais dificuldades enfrentadas referentes ao contexto escolar
As particularidades de cada escola sejam elas relacionadas à estrutura e infraestrutura existente, pode ter relação direta com o desenvolvimento de seus alunos.
Para Arroyo (1999, p. 25), “a escola tem que ser mais rica, tem que, incorporar o saber, a cultura, o conhecimento socialmente construído [...]”. Embora não se tenha uma educação diferenciada para a população que vive na zona rural, as escolas nesses setores possuem características diferenciadas.
Em relação às dificuldades no contexto escolar os professores responderam: “Dificuldades na aprendizagem, dificuldade de assimilação dos conteúdos propostos em sala de aula, material didático precário, falta de respeito pela profissão (Professor 01)”. “Participação dos pais na vida escolar dos seus filhos” (Professor 02). “No momento o espaço físico é a principal dificuldade. A falta de tempo para realizar o planejamento das aulas também dificulta o processo, pois o calendário escolar não comtempla o mesmo” (Professor 04).
Identificamos que as principais dificuldades no contexto escolar, vivenciada pelos professores pesquisados, referem-se, de modo articulado, ao contexto político e econômico, às relações estabelecidas no contexto escolar e ao trato das disciplinas.
Marin et. Al. (2010, p. 06) explicita que “as dificuldades relativas ao contexto político e econômico, tanto em macro quanto em microperspectiva, podem ser traduzidas por falta de espaço físico adequado e de materiais didáticos; pelo difícil acesso ao local de trabalho dentre outras”.
A Importância da Educação Física no contexto escolar
Entendemos que a Educação Física é a área do conhecimento/disciplina, tanto pela sua legalidade como pela sua identidade, responsável pelo tratamento pedagógico do movimento corporal humano como práticas resultantes de um processo de organização histórico-cultural dos seres humanos na dinâmica de construção de sua existência (VENTORIM E LOCATELLI, 2007).
Sobre a importância da Educação Física no contexto escolar os professores explicitam: “Faz com que o aluno saiba a importância da atividade física, os benefícios e a formação do individual no processo de ensino-aprendizagem” (Professor 01). “A Educação Física é importante para o corpo e para alma” (Professor 02). “De fundamental importância, desperta toda a psicomotricidade dos alunos, além do livre arbítrio tanto na sua formação intelectual e social” (Professor 03). “Eu acredito que a Educação Física é o momento muito esperado pelos alunos, pois é nesse momento que o aluno tem a oportunidade de exercitar-se e brincar de acordo com o planejamento do professor” (Professor 04). “É importante para um bom desempenho e/ou desenvolvimento corporal, mental e social do aluno, pois o mesmo irá desempenhar essas funções através do lúdico com atividades prazerosas” (Professor 05).
A Educação Física faz com que a escola, seja para o aluno um espaço educativo privilegiado para promover as relações interpessoais, a autoestima e a autoconfiança, valorizando-se aquilo que cada indivíduo é capaz de fazer em função de suas possibilidades e limitações pessoais (COSTA, 2008). A escola acaba sendo o lugar onde as crianças se socializam com as outras.
Nesta pesquisa dos 05 professores apenas 02 são formados em Educação Física, e é notória por parte desses que a importância da Educação Física nas escolas.
É nesse sentido que Martins e Gress (2012) explicitam que a principal luta da Educação Física nas escolas é torná-la um componente curricular de extrema relevância para o aluno, onde o mesmo possa através dela perceber o mundo que o cerca, e qual o seu papel na construção de uma nova sociedade mais justa e igualitária.
Avaliação da estrutura física da escola para a pratica de atividades físicas
Muitas escolas rurais ainda sofrem com a falta de infraestrutura física, com transporte escolar precário, com as salas multisseriadas, onde as diversidades de idade dos alunos são frequentes, entre outros problemas (DIAS e NEVES JUNIOR, 2015).
Sobre a estrutura física da escola para a prática de atividades físicas nas escolas os professores assinalam: “A estrutura é ótima para a prática de Educação Física, espaço amplo, pátio, quadra de esportes, um campo, área ampla de mata que serve como trilha para a pratica de atividades físicas” (Professor 01). “Ainda falta melhorias na estrutura física da escola e materiais de apoio para as atividades práticas com os educandos. Não temos uma área adequada para executar as aulas práticas, pois geralmente, utilizamos a rua para as aulas práticas” (Professor 02). “Conforme nosso planejamento, vamos fazendo adaptações, lembrando não como improviso, mas como criatividade e habilidade” (Professor 03). “O espaço é a própria sala de aula” (Professor 04). “A escola tem, além do ginásio, uma quadra e ainda tem muita área e um campo de futebol” (Professor 05).
Das 04 (quatro) escolas apenas 01 (uma) possui quadra de esportes. Segundo a fonte MEC/Inep 2002/2005 (Brasília, 2006), o percentual de escolas com quadra de esportes no meio urbano, em 2002, era de 50,7% e, em 2005, de 53,8%; já no meio rural, em 2002, apenas 4,0% das escolas possuíam quadras e, em 2005, somente 5,6%.
Atividades físicas mais praticadas na escola e os recursos utilizados
A Educação Física, como disciplina escolar, deve tratar da cultura corporal, em sentido amplo: sua finalidade é introduzir e integrar o aluno a essa esfera, formando o cidadão que vai produzir, reproduzir e também transformar essa cultura. Para tanto, ”o aluno deverá deter o instrumental necessário para usufruir de jogos, esportes, danças, lutas e ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida” (MARTINS e GRESS, 2012, p. 02).
Quando questionados sobre as atividades praticadas nas aulas de Educação Física os professores responderam: “Dinâmicas em Grupos, futsal, queimada, futebol” (Professor 01). “Jogos recreativos, alongamentos e futebol” (Professor 02). “Trabalhamos a Educação Física de forma interdisciplinar, como práxis” (Professor 03). “Esquema corpora, orientação espacial, Medidas dos alunos” (Professor 04). “Futsal, futebol, queimada e vôlei” (Professor 05).
Nas aulas de Educação Física trabalha-se os temas da cultura corporal, que são os jogos e brincadeiras, o esporte, as danças, a ginástica e as lutas, conteúdos estes historicamente construídos pelo homem.
Planejamento das aulas de Educação Física
Darido (2004) assinala que o tratamento contextualizado propicia uma aprendizagem significativa para o aluno, já que estabelece uma relação de reciprocidade entre ele e o conteúdo. É possível ainda associar essa contextualização com experiências cotidianas e conhecimentos adquiridos espontaneamente, fazendo com que o aluno deixe a condição de espectador. Também é interessante trabalhar o planejamento participativo, onde o conteúdo é formulado de acordo com os interesses dos alunos.
Sobre o planejamento das aulas de Educação Física os professores relatam: “É preciso planejar sempre as atividades, é muito importante a construção dos conteúdos que serão ministrados aos alunos durante o ano letivo, para que o professor tenha um resultado satisfatório” (Professor 01). “O planejamento é direcionado de modo interdisciplinar, no nosso caso, brincando, se divertindo e aprendendo” (Professor 03).
A Educação Física assume, articulada ao projeto político pedagógico, a tarefa de qualificar os sujeitos para a leitura e compreensão da realidade por meio de princípios teórico metodológicos problematizadores, com o intuito da emancipação humana (VENTORIM E LOCATELLI, 2007).
Planejamento de acordo com Parâmetros Curriculares da Educação Física
Na escola acontecem as primeiras relações fora da família, a criança aprende a dividir, conviver, competir, interagir. As aulas de Educação Física tem esse papel. “A Educação Física Escolar deve dar oportunidades a todos os alunos pra que desenvolvam suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando seu aprimoramento como seres humanos” (BRASIL, 2001, p. 29).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, PCNs (BRASIL, 1997, p. 27) indicam que “a área de Educação Física hoje contempla múltiplos conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento”, compreensão que contribui para o desenvolvimento das aulas de Educação Física na perspectiva da cultura corporal.
Ainda segundo os PCN’s):
No âmbito escolar da Educação Física, os conhecimentos construídos devem possibilitar a análise crítica dos valores sociais, tais como os padrões de beleza e saúde, que se tornaram dominantes na sociedade, seu papel como instrumento de exclusão e discriminação soc
A Educação Física escolar estimula o desenvolvimento orgânico e funcional de uma criança, tendo através das atividades físicas, uma melhora nos fatores de coordenação e execução de movimentos.
Quando questionados sobre o planejamento seguindo os PCN’s os professores ressaltam: “Abordo conteúdos como cultura corporal de movimento, a promoção da saúde individual e coletiva” (Professor 01). “Não. As aulas são realizadas de acordo com o plano de trabalho bimestral” (Professor 02). “Buscamos sempre fontes para enriquecer mais ainda nossas atividades e pelo próprio buscar, conhecer, compreender, entender e aplicar” (Professor 03).
Podemos perceber que os professores formados em Educação Física seguem os PCn’s em suas aulas, já os outros professores, uns dizem buscar mais conhecimentos sobre a Educação Física, outros dizem que seguem somente o que é estabelecido pela Secretaria de Educação.
Garantir ensino de qualidade na Educação Física do campo requer nos comprometermos com a diversificação e aprofundamento dos conteúdos, levando os alunos a conhecerem as várias produções sistematizadas na Educação Física, assim como, o desenvolvimento destes conteúdos no cenário cultural (suas transformações, história, mitificações, etc.).
Importante também é considerar as experiências produzidas pelos sujeitos do campo, promovendo o diálogo entre saberes locais e saberes sistematizados, na perspectiva de ampliar aquilo que é próprio e de autoria desses sujeitos.
A pesquisa realizada em Parintins – Amazonas (2017-2018) revela algumas problemáticas na educação física escolar na zona rural como o acesso às escolas que muitas vezes os professores tiram do seu próprio bolso para se locomoverem, as dificuldades na aprendizagem, dificuldade de assimilação dos conteúdos propostos em sala de aula, material didático precário, falta de respeito pela profissão de professor.
Percebe-se o esforço dos professores para a realização de aulas de Educação Física de qualidade, mas a dificuldade de se ter um local apropriado aparece como uma das problemáticas para a realização das atividades físicas.
Entendemos, portanto, a necessidade de construirmos a prática pedagógica da Educação Física nas escolas e no currículo do meio rural, com base nas características desse ambiente e para esse ambiente. É preciso considerar o que já vem sendo realizado pelos professores da área na escolar e problematizar essas condições de realização para que possa se realizar uma Educação Física escolar de qualidade.
ARROYO, M. G.; FERNANDES, B. M. Educação básica e o movimento social do campo. 2. ed. Brasília: Vozes, 1999. 46 p;
BARROS, D.; BARROS, D. Educação física na escola primária. 4. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972;
BICALHO et al, Paula Gonçalves. Atividade física e fatores associados em adultos de área rural em Minas Gerais, Brasil. Rev Saúde Pública 2010;44(5):884-93;
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2016;
______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: MEC / SEF, 1997;
______. Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física 1º e 2º ciclos do ensino fundamental. 3 ed. Brasília: Ministério da Educação, 2001;
BRASÍLIA. Panorama da educação no campo. Brasília: MEC, 2006;
COSTA, J. L. D. A Educação Física nas escolas publicas de ensino fundamental do município de Erechim-RS. 2008. 100 f. Dissertação (Mestrado Ciência do Movimento Humano) – Programa de Pós-Gadruação em Ciência do Movimento Humano, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008;
DARIDO, SC. A educação física na escola e o processo de formação dos não praticantes de atividade física. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Campinas: V. 18, nº1 p.61-80; Jan/Mar., 2004;
DIAS, Ademir Goulart; NEVES JÚNIOR, Cláudio Luiz. A realidade das aulas de Educação Física de uma escola da zona rural no interior de Minas Gerais. Evidência, Araxá, v. 11, n. ;11, p. 81-100, 2015;
FONSECA, Denise Grosso da. Educação Física: para dentro e para além do movimento. Porto Alegre: Mediação, 2002;
FRANCISCO, Marcos Vinicius. Descompassos da formação de professores em Educação Física no contexto brasileiro. Nuances: estudos sobre Educação, Presidente Prudente: UNESP, v. 24, n.3, set./dez. 2013;
MARIN, Elizara Carolina; SOUZA ET AL. Educação física no contexto rural: perfil dos professores e prática pedagógica1 Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 31, n. 2, p. 231-246, janeiro 2010;
MARTINS, Emerson Keller; GRESS, Flademir Ari Galvão. Educação física escolar: estudo comparativo entre a escola urbana e rural. Rev. Acta Brasileira do Movimento Humano – Vol.2, n.4, p.5-15 – Out/Dez, 2012;
PAGNI, Pedro Angelo. As contribuições da História para a Educação Física: um ponto de vista. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, vol 17, 1996;
RANGEL, Conceição B. Educação Física escolar: a preparação discente. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 1995.
RODRIGUES, Joslea Silva. O ensino do esporte em escolas da zona rural de São Luís-MA. Monografia (Especialização) – Universidade de Brasília. Centro de Ensino a Distância, 2007;
TAPIA, J et al. A motivação em sala de aula: o que é, como se faz. 4ª ed. São Paulo: Loyola, 2001 ;
VASCONCELOS, Aline Tâmi Sousa de Vasconcelos. Interdisciplinaridade na Educação Física: Valorizando a Prática Pedagógica no Ensino Fundamental. Porto Velho (RO): s.n, 2007;
VENTORIM, Silvana; LOCATELLI, Andrea Brandão. Reflexões sobre o ensino da educação física na educação do campo. In: Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte, 15, 2007, Porto Alegre. Anais. Recife, 2007.
*Graduando em Educação Física pela Universidade Federal do Amazonas/ Campus Parintins. Email: Erlesson-andrei@outlook.com