Wendell Lima Bandeira*
Fernando Bueno Vieira**
Universidade Federal da Integração Latino-Americana, Brasil.
wendellbandeeira@gmail.com
Resumo: O presente artigo tem como objetivo abordar questões sobre como a Educação se contextualiza no processo de ensino-aprendizagem. A partir dos apontamentos levantados pretende-se abordar também pertinentes relacionadas ás dificuldades de aprendizagem e prevenção, bem como a importância dos profissionais da educação sobre suas práticas pedagógicas, fazendo uma auto avaliação. A metodologia será por meio de pesquisas bibliográfica utilizada para análise dos conceitos relacionados á esse tema. Os resultados referem-se ás discussões sobre o papel da psicopedagogia de frente ás dificuldades de aprendizagem, bem como a análise de como o papel do psicopedagogo pode auxiliar crianças e adolescente frente ás suas dificuldades de aprendizagem nas escolas. A Psicopedagogia tanto no aspecto clínico quanto no aspecto institucional tem o mesmo objetivo onde visam compreender e desvendar o não aprender, buscando despertar as habilidades e potencialidades de cada aluno através de atividades lúdicas, possibilitando novas hipóteses e diagnósticos para uma posterior intervenção.
Palavras chave: Dificuldades de Aprendizagem, Educação, Prevenção, Psicopedagogia.
Resumem: El presente artículo tiene como objetivo abordar cuestiones sobre cómo la Educación se contextualiza en el proceso de enseñanza-aprendizaje. A partir de los apuntes levantados se pretende abordar también pertinentes relacionadas a las dificultades de aprendizaje y prevención, así como la importancia de los profesionales de la educación sobre sus prácticas pedagógicas, haciendo una autoevaluación. La metodología será por medio de investigaciones bibliográfica utilizada para el análisis de los conceptos relacionados con ese tema. Los resultados se refieren a las discusiones sobre el papel de la psicopedagogía frente a las dificultades de aprendizaje, así como el análisis de cómo el papel del psicopedagogo puede auxiliar a los niños y adolescentes frente a sus dificultades de aprendizaje en las escuelas. La Psicopedagogía tanto en el aspecto clínico y en el aspecto institucional tienen el mismo objetivo en el que pretenden comprender y desvelar el no aprender, buscando despertar las habilidades y potencialidades de cada alumno a través de actividades lúdicas, posibilitando nuevas hipótesis y diagnósticos para una posterior intervención.
Palabras clave: Dificultades de Aprendizaje, Educación, Prevención, Psicopedagogía.
Abstrac: This article aims to address questions about how education is contextualized in the teaching-learning process. From the notes raised, it is also intended to address pertinent issues related to learning and prevention difficulties, as well as the importance of educational professionals about their pedagogical practices, making a self-assessment. The methodology will be through bibliographic research used to analyze the concepts related to this topic. The results refer to discussions about the role of psychopedagogy in the face of learning difficulties, as well as the analysis of how the role of psychopedagogues can help children and adolescents face their learning difficulties in schools. Psychopedagogy both in the clinical and institutional aspects have the same objective where they aim to understand and unveil the non-learning, seeking to awaken the abilities and potential of each student through play activities, enabling new hypotheses and diagnoses for a later intervention.
Key words: Learning Difficulties, Education, Prevention, Psychopedagogy.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Wendell Lima Bandeira y Fernando Bueno Vieira (2018): “O papel da psicopedagogia frente aos desafios da aprendizagem”, Revista Atlante: Cuadernos de Educación y Desarrollo (junio 2018). En línea:
https://www.eumed.net/rev/atlante/2018/06/psicopedagogia-aprendizagem.html
//hdl.handle.net/20.500.11763/atlante1806psicopedagogia-aprendizagem
1. Introdução
A Psicopedagogia no Brasil existe a cerca de 40 anos, e vêm chamando a atenção de profissionais da área da Educação que estão em contato com crianças, jovens e adolescentes que apresentam dificuldades de aprendizagem. A escola como órgão que têm grande importância na formação do ser humano, o trabalho psicopedagógico nas escolas têm como objetivo prevenir no sentido de criar competências e habilidades a fim de solucionar os problemas recorrentes do grande número de crianças com dificuldades de aprendizagem.
Este trabalho surgiu como base na preocupação diante das dificuldades de aprendizagem presente na vida dos alunos, onde se constrói seus próprios conhecimentos por meio de estímulos com o objetivo de fazer uma abordagem sobre a importância do psicopedagogo diante da escola.
A aprendizagem é algo que envolve os pilares cognitivos e de emoções, é uma interação entre professor-aluno. Se o professor não estiver ligado e preocupado com a aprendizagem de seus alunos esses mesmos ao final do bimestre ou do ano letivo não terão um resultado satisfatório. O ser humano é o sujeito que busca novas determinações, um novo patamar de conhecimentos, habilidades, competências.
Porém, o aluno não consegue ter essa visão e acaba se aprisionando dentro da própria escola a partir das relações de convívio com os pais ou de pessoas de seu convívio diário. As relações de professor e aluno, seja nas formas de comunicação, nos aspectos afetivos e emocionais, a dinâmica em sala de aula, faz parte das condições de trabalho docente, juntamente com os aspectos cognitivos e socioambientais da relação professor-aluno.
Isso significa que o trabalho docente se caracteriza por toda a equipe escolar, mas também, pelo vaivém entre as tarefas cognoscitivas impostas pelo professor e o nível dos alunos em resolverem determinadas tarefas.
O papel do psicopedagogo frente ás dificuldades de aprendizagem atua quando o aluno vem apresentando alguma dificuldade em sala de aula. A partir daí cuida-se em apresentar os objetivos, os temas a serem estudados, juntamente com o professor e da escola.
O função do professor não é apenas transmitir conhecimento, mas também, de ouvir o aluno, suas necessidades, seus conflitos, seus medos, o professor sempre deve conversar com seus alunos para que ele aprenda a expor suas opiniões. O que mais conta é a condição social do aluno o meio em que ele está inserido e não a sua idade cronológica, é importante conhecer também o nível de conhecimento dos mesmos.
É necessário também ter um bom plano de aula para aplicar em sala de aula para os alunos, entendemos como bom plano de aula aquele plano que traz ideias claras, objetivos bem elaborados e estratégias de ensino que sejam colocadas em prática de acordo com a capacidade dos alunos.
Com tudo isso, espera-se que esse aluno tenha um bom rendimento escolar e que todos assimilem o conhecimento que lhe foi transmitido. A família também é outro item que deve ser levado em conta na vida do aluno, visto que, os alunos precisam de um encaminhamento dos pais, é importante que os pais participem ativamente da vida escolar de seus filhos.
Contudo, ainda vivemos em dias em que não há aceitação dos pais por ter um filho que possui alguma dificuldade de aprendizagem, deficiência, distúrbio, é um assunto mal visto para eles. Se escola, pais e alunos caminharem juntos para o mesmo fim, obteremos ótimos resultados. Pois não é somente papel da escola e dos professores participarem da vida dos alunos, mas sim, os pais.
2. Aspectos da Educação
De acordo com Demo (2007) percebe-se que a Educação não vem tendo dias de glória, a mesma vem sendo um tanto quanto criticada por pais, alunos, professores e o que prova isso são os dadas e estatísticas lançadas recentemente, onde aborda que a educação está regredindo nos últimos tempos.
Segundo Demo (2007), para garantir um ensino de qualidade é preciso que os profissionais da educação estejam bem capacitados. O professor é o mediador de conhecimento, portanto, a capacitação dos professores é imprescindível.
Hoffmann (2001) relata que questões diferentes ás dificuldades de aprendizagem não são responsabilidade da família, mas sim, dos profissionais da área de educação. Pois os pais não conseguem alfabetizar seus filhos, visto que, eles não possuem métodos, nem estratégias tais quais só um professor possui.
É papel dos pais acompanhar ativamente a vida escolar dos seus filhos, conversar sempre com a escola, professores, sobre o rendimento escolar dos seus filhos.
Segundo estatísticas comprovam que para o aluno de classe econômica favorecida, quatro anos de estudos equivalem á quatro anos bem aproveitados, bem estudados. Já para um aluno economicamente desfavorecido, pode significar uma série e mal feita. É preciso que o professor tenha clareza do seu papel e consiga exercer seu papel que é alfabetizar seu aluno independente do seu método de ensino.
É nas séries iniciais que ocorre o desenvolvimento cognitivo do aluno, é um momento muito importante e que precisa de atenção especial por parte dos educadores. Caso não seja suprida, deverá ser retomada em outro momento da vida desse aluno. Há muito a se fazer com a educação, há um imenso trabalho para ser feito na direção na busca de uma reforma no Sistema Educacional Brasileiro.
3. Dificuldades de Aprendizagem
Segundo Smith e Strick (2001) as dificuldades de aprendizagem é um assunto muito vasto e que têm sido muito pesquisados por diferentes autores. O mesmo vem sendo discutido com grande intensidade por educadores e profissionais como: médicos, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, dentre outros.
O conceito sobre dificuldade de aprendizagem está relacionado à diferentes definições. De acordo com o tema abordado, as dificuldades de aprendizagem podem ter algumas definições de diferentes pontos de vista, onde irão auxiliar na compreensão desses transtornos. A dificuldade de aprendizagem está relacionada á diversos fatores que podem afetar qualquer área do desempenho acadêmico, não se atribui á uma única causa, pois muitos aspectos diferentes podem prejudicar o funcionamento cerebral podendo até complicar os fatores psicológicos da criança.
Smith e Strick (2001, p. 15) abordam que muitas vezes as dificuldades de aprendizagem são tão imperceptíveis que algumas crianças não apresentam problema algum, dificultando o diagnóstico dos profissionais envolvidos. Porém, a falta de experiência por parte de alguns educadores, aliado ao medo dos pais em enfrentarem a situação de ter um filho que possui alguma dificuldade de aprendizagem, dificultando assim resolver o problema.
Para Osti (2004, p. 52) expõe que as dificuldades de aprendizagem são consideradas como um grupo heterogêneo que envolve em si vários outros transtornos que afetam crianças, jovens e adultos.
Relata Sánchez (1998 apud, OSTI, 2004, p. 48) que a historia das dificuldades de aprendizagem são divididas em três pontos: a primeira é a chamada de Etapa de Fundação, a segunda é chamada de Primeiros Anos e a terceira é chamada de Projeção. A Etapa de Fundação é o período anterior á fundação oficial das dificuldades de aprendizagem, originou-se antes da década de 1950. Em meados dessa data não foram achados estudos.
Os Primeiros Anos foram onde aconteceram os primeiros estudos sobre as dificuldades de aprendizagem, originou-se em 1963, onde o psicólogo Samuel Kirk titulado como o pai das teorias de dificuldades de aprendizagem começou desenvolver estudos em crianças que apresentavam algum problema físico ou mental.
A chamada Projeção é senão a evolução desses estudos acerca das dificuldades de aprendizagem, esta etapa originou-se em 1990. Onde o principal objetivo era uma educação de qualidade em todos os países.
Segundo Osti (2004) é considerável que o problema de aprendizagem seja também um sintoma, no sentido do não se aprender não está configurado a um quadro permanente, mas sim, á uma variedade peculiar de comportamentos nos quais está relacionado á um sinal de descompensação.
Diante do exposto, percebe-se que as dificuldades de aprendizagem advêm de inúmeros fatores. Ou seja, cada caso é um caso e deve ser analisado de forma diferente. Uma criança que possui alguma dificuldade de aprendizagem é aquela que não consegue aprender com métodos iguais aprende os demais alunos, com isso, seu rendimento escolar está abaixo de suas capacidades intelectuais. Caso não houver uma metodologia adequada á esses alunos que possuem tais dificuldades de aprendizagem, eles cresceram e se tornaram pessoas frustradas e que abandonarão ou nem terminarão seus estudos. Ou ainda, se tornarão adultos fáceis de cometer suicídios, uso de substâncias tóxicas e até mesmo se envolverem com atividades criminosas.
De acordo com Osti (2004) por isso, é importante que os professores estejam sempre atentos á esses alunos que estão dando algum sinal de alguma dificuldade, encaminhar para a equipe pedagógica e comunicar também imediatamente aos pais. Com isso, entendemos que os fatores relacionados ás dificuldades de aprendizagem já são inúmeros. Esses fatores também podem estar ligados á ordem genética, ambiental e até mesmo social, mas, se forem detectados de imediato e for tratado corretamente, o aluno terá um bom rendimento.
Relata Vygotsky (1989, apud Weiss 1992) a criança aprende muito antes de começar a frequentar a escola, ou seja, ela nunca parte do, ou seja, ela nunca parte do zero, toda aprendizagem da criança na escola já tem sua bagagem antes mesmo de entrar na escola.
Weiss (1992, p. 11) expõe que é necessário considerar perspectivas que facilitam a dificuldade de aprendizagem gerando um fracasso escolar.
Segundo dados de estatísticas oficiais confirmam que a sociedade brasileira vem reclamando que 60% dos estudantes do quinto ano do ensino fundamental não sabem ler ou não entendem o que leem isso revela níveis críticos para a educação. Atualmente as dificuldades de aprendizagem mais frequente em crianças de forma sucinta são: dislexia, disgrafia, discalculia e TDAH. Normalmente em alguns casos são identificados indicadores neurológicos que podem estar relacionados a um problema de aprendizagem.
As causas das dificuldades de aprendizagem podem estar relacionadas tanto á aspectos positivos quanto negativos isso varia do grau de limitação de cada criança e da participação constante dos pais, pois eles fazem parte da vida de seus filhos e devem acompanhar seus avanços e regressos. Tanto a escola quanto a família devem estar intimamente ligadas na vida da criança, no sentido de ajuda-la, evitando assim maiores dificuldades. É de total importância que a família dê todo o suporte necessário para que ela supere suas dificuldades de aprendizagem.
Smith e Strick (2001, p. 18) afirmam que os pais dessas crianças portadoras de dificuldades de aprendizagem precisam entender e aprender a trabalhar o modo efetivo juntamente com os professores e os gestores escolares para obter um resultado satisfatório. A cooperação de pais e escola deve existir, pois os pais podem trazer questões norteadoras que podem ajudar os professores em sala de aula a trabalhar com esses alunos.
Osti (2004, p. 5) afirma que esses alunos que possuem dificuldades são encaminhados á uma avaliação neuropsicológica com queixas de dificuldade na aprendizagem que, na maioria das vezes são considerados normais, dentro dos conceitos determinados.
4. O papel da Psicopedagogia
Segundo Osti (2004) a Psicopedagogia tanto Clínica quanto Institucional vêm ocupando um vasto espaço na sociedade, tendo em vista o baixo índice de aprendizagem no nosso país. A Psicopedagogia é voltada para compreender os problemas de aprendizagem e com isso avaliar, refletir sobre as questões que estão intimamente ligadas ao relacionamento cognitivo, psicomotor e afetivo nas diversas situações de aprendizagem.
A Psicopedagogia Clínica é vista por dois olhares: a curativa ou terapêutica e tem como objetivo reintegrar aquele aluno que possui dificuldades de aprendizagem. Tem como ênfase também o atendimento em sua singularidade, pois cada pessoa atendida possui dificuldades diferenciadas, portanto, o papel do psicopedagogo é de fazer as intervenções que melhor se identifica no aluno.
Porém, a Psicopedagogia Institucional, que é vista como preventiva, tem como objetivo refletir e desenvolver projetos pedagógico-educacionais, de forma que enriqueça o trabalho em sala de aula, as avaliações são sistemáticas e assistemáticas.
Segundo Osti (2004) a Psicopedagogia Institucional trabalha com grupos de alunos e fora isso tem como objetivo ser parceira da coordenação, direção e professores, pois desenvolve um trabalho em conjunto com agentes educacionais da escola.
Tem como objetivo fazer um trabalho pertinente ás relações professor-aluno e redefinir os procedimentos pedagógicos buscando englobar o aspecto afetivo e cognitivo. O Psicopedagogo não trabalha somente no interior do aluno, mas também requer uma transformação interna por parte do educador, no intuito de desenvolver no aluno a percepção do outro e do mundo. A Psicopedagogia Institucional ainda tem muito que se expandir e se apresenta de forma tímida e insuficiente, tendo em vista que esta não faz parte da realidade das escolas públicas.
Vale ressaltar que o psicopedagogo deve ser ousado e saber acreditar mais nas diversas possibilidades, mas, infelizmente acaba sendo visto como “doutor do resgate cognitivo”, tornando-se às vezes desnecessário dificultando assim a resolução dos conflitos nos alunos. É responsabilidade de o psicopedagogo acolher o aluno que possui alguma dificuldade de aprendizagem e iniciar uma mediação bem conduzida de qualidade para então poder resgatar o potencial de aprendizagem desse aluno.
De acordo com a autora Sara Pain (1992), o primeiro contato do psicopedagogo com um aluno é de tentar tirar dele informações sobre sua dificuldade, fazer uma avaliação sobre esse aluno, detectando as possíveis causas e como ajuda-lo com essas dificuldades de aprendizagem. Caso houver algum vínculo afetivo entre psicopedagogo e aluno, será mais fácil detectar o problema e solucioná-lo de forma rápida e eficaz.
Depois de criado esse vínculo, o próximo passo é criar outro vínculo com a família desse aluno, pois a família também precisa entender o que está acontecendo e juntos buscarem soluções.
Segundo Noffs (1994) para esclarecer uma queixa, seja do próprio aluno, da família e na maioria das vezes da própria escola, não é uma tarefa fácil, pois é desconfortável para o aluno assumir o “não aprender”, ou ainda do aprender com dificuldade. Com base nessas questões que é extremamente importante que o Psicopedagogo desenvolva seu trabalho de forma mais fácil, simples e harmoniosa que é o lúdico. Esse, garante a motivação para resgatar a aprendizagem perdida do aluno ou que está adormecido, o mesmo provoca conflitos internos, necessitando uma saída. O jogo tem um grande poder sobre o aluno, esse poder deve ser aproveitado como resgate de aprendizagem, assim, cabe ao psicopedagogo clínico ou institucional orientar os profissionais da educação sobre a importância de se trabalhar conteúdos voltados em jogos e brincadeiras. Um espaço que vem expandido muito e faz parte da Psicopedagogia Institucional é a brinquedoteca.
A brinquedoteca segundo Noffs (1994) se mostra como um recurso facilitador na construção de vínculos entre pessoas, pois resgata o brincar de um jeito prazeroso. O brincar e o brinquedo possibilitam ao aluno o aprender permitindo a aquisição/ressignificação de conhecimentos que se movem em direção ao saber.O jogo permite observar a dinâmica de aprendizagem, que de uma maneira geral aproxima-se do conhecimento e para conformar o seu saber.
Toda essa dinâmica desenvolvida pelo psicopedagogo está voltado a outro aspecto importante, a valorização da família, seja ela na escola ou na clínica. A participação da família é extremamente necessária, pois as dificuldades de aprendizagem também podem estar ligadas ao ambiente familiar. Com a família participando intensamente pode-se rever algumas questões para melhorar o desempenho escolar, tendo em mente que a família tem como principal objetivo formar o caráter, ensinar valores éticos e morais, muitas vezes esses princípios são pulados ou esquecidos pelas famílias, cabendo assim o psicopedagogo propor algumas reflexões acerca dos mesmos.
De acordo com Osti (2004) o papel do psicopedagogo é um grande desafio, pois se trata de algo amplo e complexo. Este profissional acredita no potencial do ser humano, porém, basta ser despertado e conduzido.
Outro papel do psicopedagogo é de desenvolver a autonomia do aluno, já que está não surge espontaneamente. Para se obter uma aprendizagem significativa é necessário que o Psicopedagogo estabeleça relações entre o conhecimento que está sendo proposto e valorizar toda a bagagem trazida pelo aluno. Com isso, na intervenção psicopedagógico, deve-se promover experiências voltadas ao processo e não de adotar o imediatismo, ou seja, o produto final, pois a construção de um conhecimento onde respeita as etapas do aluno é o caminho a se seguir.
O aluno muitas vezes dá sinais de dificuldades de aprendizagem como, por exemplo: fuga no meio das aulas, dores de cabeça resultando em notas baixas. Vale ressaltar que no atendimento psicopedagógico não se trabalha apenas o problema desse aluno, pois com isso, corre-se o risco de fortalecer ainda mais o problema inibido assim o ciclo de aprendizagem.
Serrat (2007) relata que uma das grandes funções da psicopedagogia são de desvendar as pessoas, suas possibilidades e limitações, suas capacidades e dificuldades. Diagnosticar uma dificuldade de aprendizagem é a questão mais importante do psicopedagogo, pois requer muita atenção, responsabilidade e sensibilidade para descobrir o que está interferindo na aprendizagem do aluno. Psicopedagogos devem ser bem capacitados e ter um amplo conhecimento referente à temas como: educação, síndromes, patologias, etc.
Quando um aluno passa por cima de sua dificuldade, automaticamente sua autoestima muda, sua visão de mundo muda, ele se liberta para um novo espaço, seja no contexto familiar ou na própria sala de aula. É importante que o psicopedagogo tenha consciência da necessidade de realizar uma auto avaliação do seu trabalho, na busca de detectar falhas e paralelo a isso buscar a formação continuada para desempenhar suas funções com mais qualidade.
6. Considerações finais
De acordo com tudo que foi abordado, constatou-se o quão importante é o papel da psicopedagogia como investigadora das causas que bloqueiam a aprendizagem dos alunos. Com todos os problemas que causam as dificuldades de aprendizagem é dever de a psicopedagogia institucional contribuir para o processo de reflexão-ação e na reflexão do contexto escolar, orientando os professores a reformular suas práticas escolares.
Já na psicopedagogia clínica ainda é um cotidiano ainda restrito, tendo em vista a distância que separa o consultório da escola, porém, a psicopedagogia pode muito bem estar em parceria com a escola, basta que as duas proporcionem esse diálogo. A psicopedagogia deve sempre estar voltada ao olhar do aluno, aquele aluno que possui alguma dificuldade de aprendizagem.
A conquista gradativa pelo saber e pela autoestima proporciona segurança e aos pouco a ideia de difícil vai saindo da mente do aluno, as diversas tentativas sobre tentar abrir espaço para novas oportunidades, novos desafios. Com isso, os avanços vão aparecendo, os alicerces cognitivos se fortalecendo, além do avanço pessoal do aluno diante da diversidade e qualidade de suas interações, despertando interesses, necessidades e desejos ao se apropriar do saber.
Compreendendo as dificuldades de aprendizagem como algo comum e corriqueiro do dia a dia em quase todas as escolas do Brasil, um fator que dificulta é a identificação dessas dificuldades em crianças que não são portadoras, sendo assim, os educadores precisam estar equipados e preparados para conseguirem identificar esse problema e conseguir uma solução. O diagnóstico precoce faz toda a diferença na vida dessas crianças.
Conhecer as inteligências e habilidades dos alunos é um auxilio de grande valia para favorecer o processo de aprendizagem, como também sua relação com as outras crianças, com o professor.
Desenvolver uma ideia conceitual sobre o assunto nem é tão difícil, o complicado é isto acontecer de forma construída e coletiva. Geralmente, cada ator da situação terá a necessidade de sanar seus próprios desafios individuais sobre o assunto. As informações sobre dificuldades de aprendizagem sempre foram amplamente divulgadas e na teoria, nenhum educador se oporia à mesma. Mas quando a teoria torna-se uma realidade a situação muda de foco.
O direito de aprender está para todos de forma idêntica e negar este direito a quem seja precisa ser uma realidade do passado. Também é direito do professor ser instruído e capacitado para fazer seu trabalho com o mínimo de respaldo pedagógico. Muitos se julgam despreparados para encarar uma sala de aula com alunos com qualquer que seja a dificuldade, deficiência ou transtorno. Este é um problema bem complexo, visto que a própria formação inicial do professor já é repleta de lacunas.
Quando uma comunidade escolar nega o preconceito e se propõe a construir uma base inclusiva para suas ações, muitas das problemáticas existentes podem ser sanadas, só com a consequência natural de se enxergar a prática pedagógica sob uma nova ótica.
É importante lembrar que, a importância que os pais dão para esse problema e o suporte necessário para a criança é imprescindível. Melhora até a autoestima da mesma, ela se sente segura sabendo que os mesmos entendem o seu problema e conseguem junto solucioná-lo. O papel da família é extremamente importante, mas o da instituição escolar não fica por menos, é igual, senão de maior importância ainda, devido ao fato de estar completamente ligado á formação dessa criança.
A análise correta é indispensável para não tirarmos conclusões precipitadas ou ter um olhar diferente nas crianças que possuem algum problema de aprendizagem. Devemos dar destaque no papel que a família tem na compreensão em entender esse problema, pois vem deles dar todo o apoio á essa criança. Se os pais se recusam a aceitar o problema, fingem que nada está acontecendo, deixam para resolver quando for muito tarde, eles estarão prejudicando a vida do filho portador desse problema que tem ajuda.
Por isso, entende-se que as dificuldades de aprendizagem envolvem vários determinantes, porém, o mais importante é como se percebe o potencial de aprendizagem de crianças que possuem alguma dificuldade de aprendizagem. A educação é um direito de todos, não se deve menosprezar ou ridicularizar uma criança que possui alguma dificuldade de aprendizagem, seja ela qual for, o problema desse ser detectado, encarada e superada.
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*Mestrando em Políticas Públicas e Desenvolvimento. Universidade Federal da Integração Latino-Americana. E-mail: wendellbandeeira@gmail.com