Para atingir a melhoria da qualidade de vida não bastam conformações técnicas e introdução de estruturas produtivas que ofereçam empregabilidades pontuais, tal como mostrou a trajetória das políticas sociais vivida pela sociedade brasileira ao longo do século passado. Do mesmo modo, a superação da pobreza não se resume a oferta de estruturas básicas, se não se propõem gerar capacitação e autonomia das sociedades em que se inserem. A pobreza não é fundamentada apenas no capital físico e financeiro, mas também na degradação/ausência do capital humano e social. Portanto, apropriando dos termos de Muls (2008), a superação da pobreza exige que se criem e fortaleçam estruturas que instiguem a reação autônoma 1 dos indivíduos e comunidades à pressão heterônoma2 da superestrutura que os condiciona à tal situação.
Um dos meios que tem ganhado notoriedade como elementar na superação de adversidades coletivas é o capital social. Termo que tem se tornado jargão teórico e panaceia social, como critica Portes (2000). O capital social também está elencado entre os objetivos do PCPR, que se propõe a (IDENE, 2011):
Cabe, portanto discutir o conceito de capital social e como o IDENE tem fomentado-o, até o momento, através do PCPR.
1 Reação autônoma implica em organizar e movimentar as forças a partir de dentro, e pode “ser mensurada pela capacidade dos atores que vivem neste território em desviar o movimento
imposto pela pressão heterônoma e de redirecioná-lo positivamente para a criação consciente de valores adicionados (recursos específicos) localmente” (MULS, 2008 p.10).
2 Pressão heterônoma implica no movimento de forças externas sobre determinada localidade, uma destas manifestações, segundo Muls (2008, p.10) é a divisão internacional do trabalho que é “forte elemento de regulação que destrói, pela uniformização das normas e hierarquização das tarefas, as estruturas do espaço local tradicional” (MULS, 2008 p.10).
3 Destaque meu.
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