Christian Q. Pinedo
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5.3.1 Multiplicidade.
Definição 5.10 Múltiplo de um número.
Diz-se que um número natural a é múltiplo de outro natural b, se existe k N tal que: a = b . k.
Exemplo 5.10
• O número 15 é múltiplo de 5, pois existe 3 N tal que 15 = 5 3
• O número 24 é múltiplo de 4, pois 24 = 6 4.
Quando a = k . b, segue que a é múltiplo de b, mas também, a é múltiplo de k, como é o caso do número 35 que é múltiplo de 5 e de 7, pois: 35 = 7 5.
Observação 5.3
1. Quando a=k . b, então a é múltiplo de b e se conhecemos b e queremos obter todos os seus múltiplos, basta fazer k assumir todos os números naturais possíveis.
2. Como estamos considerando 0 como um número natural, então o número 0 (zero) será múltiplo de todo número natural. Considerando k=0 em a=k b obtemos a=0 para todo b N.
3. Um número b é sempre múltiplo dele mesmo. a = 1 b a = b
A definição de divisor está relacionada com a de múltiplo.
5.2.2 Divisibilidade.
Definição 5.11. Divisibilidade.
Sejam os números d, n N, diz-se que d divide n e escrevemos d| n quando existe c N tal que n = c . d.
A divisibilidade estabelece uma relação binária entre números naturais com as seguintes propriedades:
Propriedade 5.26
Sejam a, b, d, , n , m N
1. n | n . . . reflexiva
2. d | n e n | m d | m . . . transitiva
3. d | a e d | b d | (a+b) e d | ab
4. d | n e d | m d | (an+bm) para algum a, b N . . . linear
5. d | n ad | an . . . multiplicação
6. ad | an e a 0 d | n . . . simplificação
7. 1 | n . . . 1 é divisor de todo natural
8. n | 0 . . . todo natural é divisor do zero
9. 0 | n n = 0 . . . zero é divisor somente do zero
Exemplo 5.11
Mostre que 2 . (1 + 2 + 3 + 4 + . . . + n ) = n(n+1).
Solução.
Neste exemplo observe que P(n) : 2. ( 1 + 2 + 3 + 4 + . . . + n ) = n(n+1).
Para n = 1, P(1) : 2. 1 = 1(1+1) é verdadeira.
Suponhamos que P(h) : 2. (1 + 2 + 3 + 4 + . . . + h ) = h(h+1) seja verdadeira.
Mostrarei que P(h+1) : 2. ([ 1 + 2 + 3 + 4 + . . . + h + (h+1)] = (h+1)[(h+1)+1] é verdadeiro.
Com efeito, temos que:
2. [1 + 2 + 3 + 4 + . . . + h + (h+1)] =
= 2. [1 + 2 + 3 + 4 + . . . + h ]+ 2 (h+1)] = h(h+1) + 2. (h+1)=
= (h+1)(h+2 ) = (h+1)[(h+1)+1].
Logo, pelo princípio de indução matemática cumpre:
2. (1 + 2 + 3 + 4 + . . . + n ) = n(n+1) n N
Exemplo 5.12
Deseja-se construir uma parede decorativa com tijolos de vidro da seguinte forma: a primeira fileira (base) deverá ter 100 tijolos, a segunda fileira, 99 tijolos, a terceira, 98 tijolos e assim por diante até a última fileira que deverá ter apenas 1 tijolo. Determine o número total de tijolos necessários para construir desta parede. será igual a:
Solução.
Observe que a quantidade de número de tijolos necessários para cada fileira é um número natural decrescente a partir de 100, logo temos aplicando a fórmula do Exemplo (5.11) que o total de tijolos é: 2.(100 + 99 + . . . + 3 + 2 + 1 ) = 100(100+1) = 5050.
Portanto são necessários 5.050 tijolos.
Definição 5.12
Sejam os números naturais m e n, dizemos que ``m é maior ou igual que n'' e escrevemos m q n se, e somente se, m > n ou m = n.
Sejam os números naturais a e b, dizemos que ``a é menor ou igual que n'' e escrevemos m n se, e somente se, n > m ou m = n.
Definição 5.13 Número primo.
Diz-se que um número natural n é um ``número primo'', se n > 1 e os únicos divisores positivos de n são 1 e o próprio n.
Se n não é número primo então é chamado de número composto.
Exemplo 5.13
São números primos: 2, 3, 7, 11 13, 17, 19
São números compostos: 4, 6, 8, 10, 16, 24
O número 1 não é primo; observe que não satisfaz a definição.
Propriedade 5.27
Todo número inteiro n > 1 é número primo ou produto de números primos.
Demonstração
Mostremos por indução sobre n. A propriedade é obvia para n = 2.
Suponhamos que a propriedade seja verdadeira para cada inteiro menor que n . Se n não é primo, então n é divisível por um inteiro d 1 e d n. Portanto n = cd, de onde c n, como c e d são menores que n e maiores que 1 , pelo que cada um deles é o produto de números primos; logo n é produto de números primos.
Propriedade 5.28 Euclides.
Existe uma infinidade de números primos.
Demonstração
Suponhamos exista uma quantidade finita de números primos, por exemplo:
p1, p2, p3, . . . , pn-1, pn n N n-fixo.
Consideremos o número N = 1 + p1, p2, p3, . . . , pn-1, pn . Observe que N > 1 ou N é primo, ou N é produto de primos.
Porém N não é produto de primos, pois é maior que cada um dos p_i e nenhum dos p_i é divisor de N caso contrário, se p_1 | N então p_i também é divisor de 1, o que contradiz a propriedade.
Portanto N é número primo.
Propriedade 5.29 Teorema fundamental da aritmética.
Todo inteiro n > 1 podemos expressar como produto de fatores primos de modo único.
Demonstração
Mostraremos por indução. Para o caso n = 2 a propriedade é evidente.
Suponhamos a propriedade verdadeira para todo inteiro maior que 1 e menor do que n . A mostrar que é verdadeira para n. Se n é primo nada a mostrar.
Suponhamos que o número n seja composto e admite decomposição da forma:
n = p1p2p3 . . . ps ou n =q1q2q3. . . qt p1p2p3 . . . ps = q1q2q3. . . qt (5.6)
A mostrar que s = t e que cada p é igual a q .
Dado que p1 divide n = q1q2q3. . . qt , então deve dividir pelo menos um de eles, suponhamos que (depois de ordenados) p1 | q1, então p1 = q1 já que p1 e q1 são primos.
Assim, em (5.6) podemos obter m = p2p3 . . . ps ou m = q2q3. . . qt p1p2p3 . . . ps = q1q2q3. . . qt
Se s > 1 ou t > 1, então 1 < m < n. A hipótese de indução diz que as duas decomposições são idênticas se prescindimos da ordem dos fatores. Conseqüentemente s = t e as decomposições em (5.6) também são idênticas, se prescindimos a ordem dos fatores.
Portanto a propriedade é válida.
Uma conseqüência imediata do Exercício 5-1 (16) é a a propriedade seguinte .
Propriedade 5.30
Para a, b N sendo a b > 0 tem-se que existem os números q, r N tais que b | q, e:
a = bq + r, r < b
A demonstração é exercício para o leitor.
Na igualdade a = bq + r , o número a é chamado de “dividendo”, b é o “divisor”, q o “quociente” e r é chamado de “resto”.
Definição 5.. Divisor Comum.
Sejam os números a, b, d N, se o número d divide simultaneamente a os números a e b, o número d é chamado ``divisor comum de a e b''.
Exemplo 5.14
A divisão de um certo número inteiro N por 1994 deixa resto 148. Calcule o resto da divisão de N + 2000 pelo mesmo número 1994.
Solução.
Temos pelo enunciado: N = 1994. q + 148. Adicionando 2000 a ambos os membros, vem:
N + 2000 = 1994. q + 2000 + 148 N + 2000 = 1994. q + 2000 + 148
Decompondo 2000 na soma equivalente 1994 + 6, fica:
N + 2000 = 1994. q + 1994 + 6 + 148 N + 2000 = 1994. (q + 1) + 154
Logo, o novo quociente é q + 1 e o novo resto é igual a 154.
Propriedade 5.31 Algoritmo da Euclides.
Dados os números naturais a e b, podemos repetir o processo da Propriedade (5.30) como segue:
a = bq + r1 0 r1 < b
b = r1q1 + r2, 0 r2 < r1
r1 = r2q2 + r3 0 r3 < r2
.
.
.
.
.
rk-3 = rk-2qk-2 + rk-1, 0 rk-1 < rk-2
rk-2 = rk-1qk-1 + r_{k}, 0 rk < rk-1
Por último um dos r será zero, suponhamos o primeiro deles rk = 0, logo rk-1 0.
Então rk-1 será o máximo divisor comum de a e b.
Demonstração
Existe um instante em que rk = 0, pois os rj são números naturais na ordem decrescente.
Sendo rk = 0, então tem-se que rk-2 = rk-1qk-1 + 0, logo rk-1 | rk-2.
Por outro lado, aplicando a Propriedade (5.25) e de rk-3 = rk-2qk-2 + rk-1 rk-1 | rk-3.
Podemos continuar este processo até que na primeira igualdade tem-se que r_{k-1} divide a r1 e b, conseqüentemente divide a a.
Definição 5.. Máximo divisor comum.
O número natural rk-1 da Propriedade (5.30) é chamado “máximo divisor comum de a e b”.
Observação 5.4
O “máximo divisor comum de a e b”. denota-se d = m.d.c{ a, b }.
Também é costume denotar o m.d.c{ a, b }de dois números, como o par não ordenado (a, b).
Para o caso do máximo divisor comum de três números a, b, c N, denotamos d = m.d.c{ a, b ,c } ou (a, b, c) = (a, (b, c)) = ((a, b), c). Isto é o máximo divisor comum depende somente dos números e não da ordem em que eles estão escritos.
Exemplo 5.15
Dado os números 726 e 275, determine seu m.d.c.
Solução.
726 = 275 . (2) + 176
275 = 176 . (1) + 99
176 = 99. (1) + 77
99 = 77 . (1) + 22
77 = 22 . (3) + 11
22 = 11 . (2) + 0
Portanto, 11 = m..d.c{726, 275}.
Propriedade 5.32
Dados a, b, c N, existe um e somente um m.d.c.{a, b} = d que satisfaz:
i) d | a e d |b . . d é um divisor comum de a e b.
ii) Se c | a e c | b c| d . . . cada divisor comum divide d
Demonstração.
Pela Propriedade (5.30) existe pelo menos um d que satisfaz as condições (i)} e (ii).
Pela Propriedade (5.25) tem-se que d | (a+b) d = (a+b) para algum N; como c | a e c | b , então a = . c e b = . c para , N.
Logo d = (a+b) = (. c + . c) = c( . + . ) c | d.
Propriedade 5.33 Lema de Euclides.
Se a | bc e m.d.c{ a, b } = 1 então a | c.
Demonstração.
Desde que m.d.c{ a, b } = 1 , então a não divide b.
Do fato a | bc bc = a para algum N, e como a não divide b a | c.
Dados dos números naturais a e b, quando m.d.c{ a, b } = 1 , dizemos que os números a e b são primos relativos. Também é costume dizer que os números a e b são co-primos.
Exemplo 5.16
i) Os números 2 e 9 são primos relativos.
ii) Os números 3 e 15 não são primos relativos.
iii) Os números 3 e 11 são primos relativos.
Propriedade 5.34
Sejam a, b N tais que a = p1^{1} p2^{2}p3^{3} . . . p_s^{_s} e b = p1^{1}p2^{2} p3^{3}. . . pt^{t} .
Então d =m.d.c{ a, b } , admite a decomposição: d = p1^{c1} p2^{c2} p3^{c3}. . . pk^{ck} , onde c i = min{ i , i }.
Demonstração.
Seja d = p1^{c1} p2^{c2} p3^{c3}. . . p_k^{ck} , dado que c i = min{i, i } então ci _i e c_i _i, de onde d | a e d | b, logo d é um divisor comum de a e b.
Suponhamos que d' seja outro divisor de a e b e consideremos a decomposição d' = p1^{e1} p2^{e2}p3^{e3}. . . pm^{em} .
Então, e i i e e i i , logo pela Propriedade (5.33) segue que ei ci.
Portanto, d' | d, logo d = m.m.c{a, b}.
Observação 5.5
Os múltiplos de 2 são denominados números pares.
Os demais números naturais são denominados números ímpares.
Assim, denotando por P o conjunto dos números pares e por I o conjunto dos números ímpares, poderemos escrever: P = {0, 2, 4, 6, 8, 10, 12, . . . } I = { 1, 3, 5, 7, 9, 11, 13, . . . }.
Observa-se que ambos os conjuntos são infinitos.
Exemplo 5.17
Seja a N tal que a seja número par se, e somente se a2 também é número par.
Solução.
Como a N é par, então podemos escrever na forma a = 2k para algum k Z, logo a^2 = a . a = (2k) . (2k) = 4 k . k = 2(2k2) = 2. t, onde t = 2k^2 Z assim a2 é par.
Reciprocamente ().
A mostrar que se existe a^2 como número par, então a também é par.
Por contradição. Suponhamos que a é ímpar, então a = 2r+1 para algum r N, isto implica que a2 = (2r+1) . (2r+1) = 4r2 + 4r + 1 = 2(2r2+2r)+ 1 = 2s + 1, onde (2r2+2r) = s N.
Assim, a ímpar implica a^2 ímpar se, e somente se a2 par implica a par.
Portanto, a N é número par se, e somente se a2 é par
Definição 5.. Mínimo Múltiplo Comum.
Diz-se que um número m é múltiplo comum dos número a e b e denotamos m = m.m.c{a, b}, se m é múltiplo de a e também é múltiplo de b; isto é: m = k a e m = r b onde k e r números naturais.
5.3.3 Relação entre o m.m.c. e m.d.c.
Uma relação importante e bastante útil entre o m.m.c. e o m.d.c. é o fato que o m.d.c.{a, b} multiplicado pelo m.m.c.{a, b} é igual ao produto de a e b, isto é:
m.d.c.{a, b} m.m.c.{a, b} = a b
Exemplo 5.18
Determinar o m.m.c. e o m.d.c. dos números 15 e 20.
Demonstração.
O primeiro passo é determinar o m.d.c. ou o m.m.c. dos números 15 e 20, obtido o m.d.c.{15, 20} = 5 e sabendo que 15 20 = 300, basta lembrar que m.d.c.{15, 20} m.m.c.{15, 20} = 15 20 e fazer o cálculo.
Donde obtém-se que o m.m.c.{15, 20} é igual a 300 dividido por 5, ou seja m.d.c.{15, 20} = 60.
Exemplo 5.19
Seja f: N N N a operação mínimo múltiplo comum, isto é f(a, b) = m.m.c.{a, b}. Esta aplicação f é comutativa? É associativa ? Determine o elemento neutro de f. Quantos elementos em N se existem, tem simétrico, e quais são?
Demonstração.
Como o m.m.c.{a, b} = m.m.c.{b, a} então f é comutativa. A demonstração da associatividade é óbvia.
O número 1 é o elemento neutro para f, observe que m.m.c.{a, 1} = a. Como o m.m.c.{a, b} = 1 se, e somente se, a=1 e b=1, o único número que tem simétrico multiplicativo é o 1, ademais é seu próprio simétrico.
5.3.4 Propriedades adicionais de divisibilidade.
Propriedade 5.35 Representação decimal de números naturais.
Para cada n N, n 1 existem “algarismos” a0, a1, a2, : . . . as, onde as 0 no conjunto { 0, 1, 2, . . . , 8, 9 } tais que:
n = .10i = as10s + as-110s-1 + . . . +a1. 10 + a0. 100
Demonstração.
Se n = 1 podemos considerar n = a_0 = 1.
Suponhamos a propriedade seja válida para todo 1 n h, logo é verdade que:
h = .10i = as10s + as-110s-1 + . . . +a1. 10 + a0. 100
Seja n = h+1, então pelo algoritmo da divisão temos que h+1 = 10q + r com 0 r < 10.
Se q = 0 h+ 1 = r = a0, com a0 { 0, 1, 2, . . . , 8, 9 }.
Se q > 0 q h, pois se q > h, h+1 = 10q+r > 10h+r 10h e assim h+1>10h e então 1 > 9h 9, o que é impossível.
Sendo então 1 q h, pela hipótese de indução.
q = bt10t + bt-110t-1 + . . . + b1. 10 + b0. 100
para certos algarismos bt, . . . , b1, b0 todos em { 0, 1, 2, . . . , 8, 9 }.
Então h+1 = 10q+r = 10(bt10t + bt-110t-1 + . . . + b1.10 + b0.100 )+r = bt10t+1 + bt-110t + . . . + b1.10 + b0.101+r com bt, . . . , b1, b0, r todos em { 0, 1, 2, . . . , 8, 9 }.
Portanto, pelo princípio de indução finita, a propriedade é verdadeira.
A propriedade diz que quando escrevemos qualquer número inteiro, por exemplo 50237, podemos representar na forma:
50237 = 5. 104 + 0 . 103 + 2. 102 + 3. 101 + 7
Seja a N, por exemplo consideremos a = ; isto é a é um número composto por cinco dígitos. A decomposição polinômica na base decimal do número a é: a = 105x+104m+103z+102n+u e, os dígitos satisfazem as seguintes propriedades:
O número a N é divisível por:
• 2 se, e somente se, u = 0, 2, 4, 6, 8.
• 3 (ou 9) se, e somente se, a soma x+m+z+n+u for divisível por 3 (ou 9).
• 4 se, e somente se, o número for múltiplo de 4.
• 5 se, e somente se, u = 0, 5.
• 6 se, e somente se, a for divisível por 2 e 3.
• 8 (ou 125) se, e somente se,o número for divisível por 8 (ou 125).
• 11 se, e somente se, (n+m) - (x+z+u) for divisível por 11.
• 25 se, e somente se, o número for múltiplo de 25, ou = .....00.
Exemplo 5.20
Seja a = 75341250 , este número é divisível por 2, 5 e 125 , observe que o número formado pelos três últimos dígitos de a é 250 e 125 | 250 . Também o número a é divisível por 3 e 9, pois 3 | (7+5+3+4+1+2+5+0), análogo para 9.
Exemplo 5.21
Mostre que n N a expressão n3 - n é divisível por 6 (seis).
Demonstração.
Temos que P(n) : n3 - n
P(1) : 1^3-1 = 0 é divisível por 6.
Suponha que P(h) : h3 - h seja divisível por 6 sendo h N.
Para n = h+1 temos P(h+1) :
(h+1)3-(h+1) = (h+1)[(h+1)2- 1] = h3-h + 3h(h+1) (5.7)
Observe que 3h(h+1) é divisível por 6.
Com efeito, se h = 1 temos que 3(1)(2) é divisível por 6. Suponha 3h(h+1) é divisível por 6 h N.
Logo para h+1 segue que 3(h+1)(h+2) = 3h(h+1) + 6 sendo divisível por 6. Então em (5.7) da hipótese auxiliar para P(n) concluímos que n N a expressão n3-n é divisível por 6 (seis).
Exemplo 5.22
Determine a validade da seguinte proposição: (10^{n+1} + 10^n +1) é divisível por 3 para todo n N.
Solução.
Seja S o conjunto dos números naturais que satisfazem:
(10n+1 + 10n +1) é divisível por 3, n N (5.8)
Se n = 1 tem-se na (5.8) que 102+101+1 = 111 é divisível por 3, logo a proposição é verdadeira.
Suponhamos para h S em (5.8) a seguinte proposição seja verdadeira.
(10h+1 + 10h +1) é divisível por 3, h N (5.9)
Para h+1 S tem-se pela hipótese auxiliar (5.9) que:
10h+2 + 10h+1 +1 = 10(10h+1+10+1)-9
é divisível por 3.
Portanto, S = N e a fórmula (5.8) é válida.
Exemplo 5.23
Mostre que se n N, então (n3+2n) é um número natural.
Demonstração.
Seja S o conjunto de números naturais tais que (n3+2n) é um número natural.
O número 1 S pois (13+2(1)) = 1.
Suponha que h S; isto é (h3 + 2h) é um número natural.
Então, [(h+1)3+2(h+1)] =
[(h3+3h2+3h+1) + (2h+2)] = (h3+2h) + (h2 + h + 1) é um número natural.
Assim h S implica (h+1) S. Logo S = N pelo princípio de indução.
Exemplo 5.24
Mostre que 2n-1(an + bn) > (a+b)n com a+b > 0, a b e n > 1, n N. é verdadeira.
Demonstração.
Para n = 2 a desigualdade é da forma:
2(a2+b2) > (a+b)2 (5.10)
Como a b, temos a desigualdade (a - b)2 > 0 que, somando (a+b)2 obtemos (a - b)2 + (a+b)2 > (a+b)2 isto implica a desigualdade (5.10); portanto a desigualdade é válida para n = 2.
Suponhamos que a desigualdade seja válida para n = h; isto é:
2h-1(ah + bh) > (a + b)h (5.11)
Mostraremos a desigualdade para n = h+1, isto é:
2h(ah+1 + bh+1) > (a + b)h+1 (5.12)
Multiplicando em (5.11) por (a + b) tem-se 2h-1(ah + bh)(a + b) > (a + b)h (a + b) = (a + b)h+1. Resta mostrar que 2h(ah+1 + bh+1) > 2h-1(ah + bh)(a + b).
Com efeito, 2h(ah+1 + bh+1) > 2h-1(ah + bh)(a + b) (ah+1 + bh+1) > (ah + bh)(a + b) > (ah + bh)(a +b) (ah+1 + bh+1) > (ah + bh)(a +b) . Esta última desigualdade podemos escrever sob a forma:
(ah - bh)(a - b) > 0 (5.13)
Suponha a > b, da hipótese a > 0 segue que a > | b |; portanto ah > bh, logo (5.13) sempre é verdadeira. Para o caso a < b, então ah < bh e a desigualdade é o produto de números negativos, logo (5.13) sempre é verdadeira. Assim se a desigualdade (5.12) vale para n = h, também vale para n = h+1.
Exemplo 5.25
Para que valores de n N verifica a desigualdade 2n > n2 ?
Solução.
Quando n = 1 a desigualdade é verdadeira, tem-se 21 > 12.
Para n = 2 tem-se que 22 = 22, a desigualdade é falsa.
Para n = 3 a desigualdade 23 < 32, a desigualdade é falsa.
Para n = 4 tem-se que 24 = 42, a desigualdade é falsa.
Para n = 5 tem-se que 25 > 52, a desigualdade é verdadeira.
Suponhamos em geral que n > 4, logo se n= 5 a desigualdade é verdadeira.
Suponhamos que para todo k> 5 número natural temos 2k > k2.
Sabe-se em geral que para todo k N é válida a desigualdade 2k > 2k + 1, então adicionando o resultado da hipótese auxiliar segue que 2k + 2k > 2k + 1 + 2k 2k+1 > (k+1)2.
Portanto, 2n > n2 para n=1 e n > 4.
Exemplo 5.26
Descubra o erro no seguinte raciocínio por indução:
Seja P(n): “Se a e b são inteiros não negativos tais que a+b n a = b”.
Observe que P(0) é verdadeira.
Sejam a e b inteiros tais que a+b h+1, defina c = a-1 e d = b-1, então c + d = a + b - 2 h +1 -2 h. A verdade de P(h) implica que a = b; isto é P(h+1) é verdadeira.
Portanto P(n) é verdadeira para todo n 0, n N.
Exemplo 5.27
Supondo que o número k = seja divisível por 21, mostre que o número h = a-2b+4c também é divisível por 21.
Demonstração.
Como k = k = 100a + 10b + c k + 5h = 21(5a+c), por hipótese k | 21 5h | 21.
Sendo m.d.c.{ 5, 21 } = 1 21 | h.
Portanto, h é divisível por 21.
Exercícios 5-2
1. Sejam, a, b, c, n N, mostre cada uma das seguintes proposições são verdadeiras:
1. Se m.d.c{a, b} = 1 e c | a, d | b, então m.d.c{c, d} = 1
2. Se m.d.c{a, b} = m.d.c{a, c}= 1 , então m.d.c{a, bc} = 1
3. Se m.d.c{a, b}= 1 , então m.d.c{a^n, b^k} = 1, n, k N
4. Se m.d.c{a, b} = 1 , então m.d.c{a+b, a-b} = 1 ou 2.
5. Se m.d.c{a, b} = 1 , então m.d.c{a+b, a2-ab+b2} = 1 ou 3.
6. Se m.d.c{a, b} = 1 e se d | (a+b), então m.d.c{a, d} = m.d.c{b, d}= 1.
2. Para cada uma das seguintes proposições em N, demonstre ou considere um contra-exemplo:
1. Se b2 | n, a2 | n e a2 b2, então a | b.
2. Se b2 é o maior quadrado que divide n, então a2 | n implica a | b.
3. Se an | bn então a | b.
4. Se nn | mm, então n | m.
5. Se an| 2bn e n > 1, então a | b.
3. Se a soma de dois números é 320 e o mínimo múltiplo comum entre eles é 600, quais são esses números? Qual é o máximo divisor comum entre eles?
4. Provar que se n > 1, então n4 + 4 é número composto.
5. Mostre que, se a e b são números tais que não sejam divisíveis por 3 então, a6-b6 é divisível por 9.
6. Quais os dígitos que temos a substituir nas letras a e b do número 1a8b2 para que seja divisível por 4 e por 9?
7. Quais são as condições a satisfazer a e b para que a2+b2 seja múltiplo de 7?
8. Mostre que 32n+3+40n+37 é divisível por 64 para todo n N.
9. Determine o menor número de modo que ao multiplicar por 4662, o produto resulte ser divisível por 3234.
10. Mostre que a soma dos 2n+1 números naturais consecutivos é divisível por 2n+1.
11. Mostre que se k = na+pb é divisível por n-p, então o produto h = (a+b)(n+p) também é divisível por n-p.
12. Mostre que o número 32n+ 7 é um múltiplo de 8 para todo n N.
13. O resto da divisão de um número k por 4 é 3 e o resto da divisão do número k por 9 é 5. Determine o resto de k por 36.
14. Mostre que se um número primo p não divide a a, então (p, a) = 1.
15. Consideremos os números naturais ímpares tomados em ordem crescente: 1, 3, 5, 7, . . . . Indiquemos o primeiro com a1, o segundo com a2, o terceiro com a3, e assim sucessivamente. Determine uma fórmula que relacione o número ímpar an e seu índice n.
16. Demonstre que o dobro da soma dos n primeiros números naturais é: n(n+1)
17. Determine uma fórmula para calcular a soma dos n primeiros números naturais ímpares.
18. Mostre que seis vezes a soma dos quadrados dos n primeiros números naturais é: n(n+1)(2n+1)
19. Sejam a, b N com b 0, e seja r o resto da divisão Euclidiana de a por b. Então m.d.c.{ a, b}=m.d.c.{ r, b }.
20. Determine r, s Z tais que 5480r + 1780s = m.d.c.{ 5480, 1780 } = 20 .
21. Ao dividir 4373 e 826 por um número k, obtemos 8 e 7 como resto respectivamente. Determine o número k.
22. Suponhamos que m.m.c.{ a, b}=297 e a2+b2 = (10)(13)(5)(34). Determine os números a e b.
23. Mostre que o quadrado de todo número ímpar, é múltiplo de mais uma unidade.
24. Determine todos os números inteiros positivos k de três dígitos tais que sejam divisíveis por 9 e 11.
25. Determine os dígitos a e b para que o número 1234 seja divisível por 8 e 9.
26. Sejam a 5 e n N. Mostre que o número h = a8n+3a4-4 é divisível por 5.
27. Dado qualquer número n N da forma n = as. 10s + as-1. 10s-1 + . . . a1. 101 + a0, mostre que:
1. n é divisível por 3 se, e somente se, a_s+as-1 + . . . a1+a0 é divisível por 3.
2. n é divisível por 4 se, e somente se, 2a_1 + a_0 é divisível por 4.
3. n é divisível por 8 se, e somente se, 4a2 + 2a1 + a0 é divisível por 8.
4. n é divisível por 9 se, e somente se, as + as-1 + . . . a1 + a0 é divisível por 9.
28. Utilizando o princípio de indução matemática, verifique a validade de cada um dos seguintes enunciados:
1. (n^2 + n) é divisível por 2, n N.
2. (n^3 + 2n) é divisível por 3, n N.
3. n(n+1)(n+2) é divisível por 6. n N, n 0.
4. (3^{2n} - 1) é divisível por 8, n N.
5. (10^n -1) é divisível por 9, n N.
6. 2n n2; n N, n 4.
7. 3n (1 + 2n); n N.
8. 8 é um fator de 5^{2n} + 7 n N, n 1.
29. Determine a validade das seguintes proposições; justifique sua resposta.
1. Se x, y R, com 0 < x < y , então xn < yn n N, n 0.
2. (4n -1) é divisível por 3, n N.
3. (8n - 5n) é divisível por 3, n N.
4. 4n > n4 ; n N, n 5.
5. 22n+1+32n+1 é múltiplo de 5.
30. Demonstrar que:
1+ 32 + 52 + 72 + . . . + (2n-1)2 =
31. Demonstrar que a soma dos cubos dos n primeiros números naturais é igual a
32. Mostre o seguinte:
1. Se (a, s) = (b, s) = 1, então (ab, s) = 1.
2. Se p é um número primo e p| ab, onde a, b Z, então p | a ou p| b.
33. Mostre que, se a N tal que a > -1 então, para todo n N+ temos a desigualdade: (1+a)n 1+na.
34. Mostre que a soma dos divisores de um número K=p1^{n1} p2^{n2}p3^{n3} . . . p{m-1}^{nm-1}pm^{n_m} é dada pela igualdade:
S(K) = . . . .
35. Mostre que o produto dos divisores de um número k=p1^{n1} p2^{n2}p3^{n3} . . . p{m-1}^{nm-1}pm^{n_m } é
P(k) =
36. Mostre que 2 e 3 são as únicas raízes da equação x2 - 5x + 6 = 0.
37. Determine a soma: S = 1 + 2x + 3x2 + 4x3 + . . . + (n+1)xn.
Miscelânea 5-1
1 Determine a soma: 1 + 11 + 111 + 1111 + . . . + 111111111. . . 1 , se o último somando é um número de n dígitos.
2 Determine a soma: S = nx + (n-1)x2 + (n-2)x3 + . . . + 2xn-1 + xn.
3 Determine a soma: S = + + + + . . . +
4 Mostre que, se m N são válidas as seguintes desigualdades:
1. + + + . . . + >
2 + + + . . . + > 1
5 Prove que, para qualquer inteiro positivo n é valido o seguinte:
+ + + + . . . + <
6 Mostre que, se | x | < 1, para qualquer inteiro n 2, então é válida a desigualdade: (1 - x)n + (1 + x)n < 2n.
7 Mostre que se ab 0, então ab min.{a2, b2}.
8 Mostre por indução sobre n, que:
1. Se x = p + , onde p e q são racionais, e n N -{0} então x^n = a + b sendo a e b números racionais.
2. Mostre que: (p - )n = a - b .
9 O símbolo é usado para representar a soma de todos os ai para valores do inteiro i desde 1 até n; isto é = a1 + a2 + a3 + . . . + an-1 + an. Mostre que: =
10 Calcular a soma S = sendo ai = k uma constante.
11 Mostre que: | | .
12 Prove que se m N -{0}, então: 1m + 2m + 3m + . . . (n-1)m + nm nm+1, n 1
13 Mostre por indução que para qualquer inteiro k > 1 e n N -{0}:
1. nk+1 (k+1).[1 + 2 k + 3 k + . . . + (n-2) k + (n-1)k]
2. k . (k -1).[1 + + +. . . + + ]
14 Mostre por indução o seguinte:
1. A desigualdade de Cauchy : .
2. (1+q)(1+q2)(1+q4) . . . (1+q2(n-1))(1+q2n) = q 1.
15 Mostre a seguinte igualdade: = nb +
16 Define-se o coeficiente binomial = se 0 m n. Mostre que:
1. = + se 1 m n.
2. (a + b)n = an-jbj a, b R.
17 Mostre que: 1 - 22 + 32 - 42 + 52 - 62 + 72 - . . . + (-1)n-1. n2 = .
18 Mostre que: 1 + x +x2 + x3 + . . . + xm= m N, x 1
19 Mostre que: 3. [1 2 + 2 3 + 3 4 + . . . + n(n+1)] = n(n+1)(n+2) n N, n 0 .
20 Mostre que: sen x + sen 2x + sen 3x + . . . + sen nx = .sen
21 Demonstrar que: (1+i) n = ( )n[cos + i sen ] n N.
22 Demonstrar que: (cos x + i sen x)n = = cos nx + i sen nx n N.
23 Demonstrar que para todo número natural n > 1 tem-se:
+ + + . . . + >
24 Demonstrar que: 2n-1(an+bn) > (a+b)n onde a+b > 0, a b e n é um número natural maior que 1.
25 Mostre que, para números naturais x e y, e n N n \geq 2 são válidas as seguintes igualdades:
1. xn - yn = (x - y)(xn-1 + xn-2.y + xn-3.y2 + . . . + x2.yn-3 + x.y n-2 + y n-1)
2. xn + yn = (x + y)(x n-1 - x n-2.y + x n-3.y2 - . . . +(-1) n-3 x2.y n-3 - x.y n-2 + y n-1) somente para n ímpar.
26 Mostre que, se o produto de n números positivos é igual a 1 (um), a soma dos mesmos não é menor que n.
27 Mostre que todo número natural podemos escrever como o produto de números primos.
28 Mostre por indução que: an = n N é um número natural.
29 Mostre que, se a1, a2, a3, . . . , an são números reais tais que | a1 | 1 e | a_n - an-1 | 1, então | an | 1.
30 Mostre que, para todo inteiro positivo n e para p > 0 número real a seguinte desigualdade é válida: (1+ p)n 1 + np + p2 .
31 Mostre que, para qualquer x > 0 e para todo número natural n, a seguinte desigualdade é verdadeira: xn + x n-2 + x n-4 + . . . + + + n+1
32 Utilizando o princípio de indução matemática, mostre que:
+ + + . . . + = n N, n 0
33 Mostre que, se a1, a2, a3, . . . , an , n N não nulos, tem-se:
+ + + ,. . . . + + n
34 Mostre que, para quaisquer que sejam os números positivos diferentes a e b é válida a desigualdade: < .
35 Mostre que: . . . = n N.
36 Seja r 1.
1. Deduzir que, a + ar + ar2 + ar3 + ar4 + . . . + arn-1 = a
2. Mostre por indução sobre n que: a + ar + ar2 + ar3 + ar4 + . . . + arn-1 = a
37 Demonstrar a identidade : cos . cos 2. cos 4 . . . cos 2n =