¿Buscas otro libro?
Buscalo aquí:
Amazon Logo





 

 

Pulse aquí para acceder al índice general del libro.

Esta página muestra solo parte del texto, y puede carecer de formato, notas, fórmulas, esquemas, tablas o gráficos.
Pulse aquí para bajarse el libro completo en formato PDF (45 páginas, 1100 Kb)

Asas para voar
Estudo sobre o Crescimento e a
Crise de uma Região Europeia

Paulo Reis Mourão
 

7. Porquê a fuga dos pássaros é má

A perda de população comporta todo um conjunto de considerações pessimistas que, na sua dimensão maior, se relacionam com a importância singular de cada indivíduo, a diluição dos grupos sociais, o enfraquecimento imediato das relações estabelecidas quer com o meio envolvente acolhedor quer com a matéria, fruto da atenção, do trabalho e da transformação dos homens.

Numa perspectiva mais restrita, poderíamos procurar conhecer a importância dos indivíduos e da população, na tentativa de resposta a uma questão aparentemente basilar:

- o que perderia esta região se eu e a minha família saíssemos daqui?

Desde logo, em termos de micro-análise, a perda populacional provocaria uma redução do número de fogos habitados, uma diminuição do consumo, uma ameaça de desemprego (se a saída humana comportasse o afastamento de investimentos, cenários geralmente correlacionados), a redução da frequência de estabelecimentos de ensino, e uma diluição dos lados dinamizadores dos mercados (menor procura que desincentivará a oferta existente).

Outros domínios afectados seriam a iniciativa privada, a criatividade de decisões face a problemas emergentes e um menor dinamismo nas diversas actividades. Os propósitos de modernização (e aqui entendemos não a provocação de rupturas com características regionais como a ruralidade tradicional, mas antes uma capacidade maior de resposta às diversas realidades actuais) ficariam comprometidos e a tendência da concentração em lugares centrais que oferecessem um mínimo de bens e serviços procurados pelas famílias acentuar-se-ia.

Em termos de base política nacional, diversos autores preconizam nesta desertificação do interior uma ameaça à própria estrutura de suporte da democracia portuguesa, na medida em que, por um lado, o eleitorado se concentra em determinadas zonas (impondo a perda de mandatos de representantes das áreas abandonadas, por exemplo, no parlamento, em virtude de menores parcelas de votantes), uma maior atenção aos problemas das zonas de acolhimento (onde, na prática, a maior quota de eleitorado se encontra estacionada), certos sentimentos de abandono e de desânimo nas estruturas de decisão das autarquias despovoadas e uma uniformização/estabilização do sentido de voto em áreas que podem, progressivamente, perder criticidade política.

Outras implicações da “desertificação do interior” (para muitos, já uma ‘desumanização do interior’) encontram-se explanadas nos “Impactos prováveis da evolução demográfica entre 2000-2006 em TAD” do DIAGNÓSTICO PROSPECTIVO14 reflectindo-se em três domínios gerais (Economia, Sociedade, e Território) que se dividem em nove sub-domínios (Estrutura Produtiva, Estrutura do Emprego, Educação, Saúde, Segurança Social, Coesão Social, Ambiente, Ordenamento e Rede Institucional).

Destacamos, no entanto, dentre as diversas realidades previstas:

Ø Menor disponibilidade de mão-de-obra,

Ø Perda de activos qualificados e altamente qualificados,

Ø Ameaça de encerramento de numerosas escolas do 1º ciclo do Ensino Básico ou necessárias adaptações implicativas de deslocações dos alunos para estabelecimento de ensino centralizados,

Ø Maior consumo de bens ligados à Saúde e necessidade de repensar as estruturas sociais de apoio à 3ª idade,

Ø Provável redução da atractividade dos investimentos privados com a consequente diminuição das oportunidades de emprego,

Ø Maiores clivagens sociais resultantes de um cenário social global onde os jovens poderão sentir-se desenquadrados pr ovocando situações de marginalidade com os problemas daí resultantes,

Ø Degradação de diversos ecossistemas baluartes do património natural da própria região e do País,

Ø Tendência para a concentração urbana acentuada, que, se não for integrada com a caracterização envolvente, poderá comportar a diluição dos laços sociais tradicionais caracterizadores da cultura transmontana e alto-duriense,

Ø Redução progressiva da atenção do País face aos problemas estruturalmente regionais. Permitimo-nos a acrescentar ainda a constatação que afecta o sector público da região, em especial o Sector Público Administrativo (SPA). Diversos rácios de fomento de receitas municipais têm uma consideração plena da população absoluta, pelo que a redução desta comportará, na actual disposição, a diminuição das verbas disponibilizadas pelas entidades centrais.


14 “Plano Nacional de Desenvolvimento Económico-Social (2000-2006) – Diagnóstico Prospectivo e Orientações Estratégicas para Trás -os-Montes e Alto Douro” versão provisória; CCRN; 1999; pg. II -7


Volver al ÍNDICE

Volver a LIBROS GRATIS DE ECONOMÍA

Volver a la ENCICLOPEDIA DE ECONOMÍA EMVI

Google
 
Web eumed.net