Mario Gómez Olivares
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Pertence a H. Johnson a famosa frase de que Keynes foi um oportunista e um operador, cujo brilhantismo como um téorico aplicado apenas significa que: “the theory was applied when it was useful in supporting a proposal that migh win current political acceptance, and dropped along with that proposal when the inmediate purpose and been served or had failed...” Where five economists are gathered together there will be six conflicting opinions and two of them will be held by Keynes”.
Esta ideia é não muito diferente da expressa muito antes por Chumbarei. Contrariamente à opinião de autores como Chumbarei ou H. Jocosos, e servindo-me da ideia de Lakatos de que as teorias tem o seu núcleo duro e um anel protector de hipóteses auxiliares e, porque o próprio Keynes reconhece numa carta a M. Norman estar na procura de ‘verdades‘ que arrumassem definitivamente os problemas do capitalismo, a mudança de ideias não é oportunismo, pelo contrario reflectem a evolução da teoria e do seu entorno.
Para isso, discutimos e comentamos neste livro as discussões de J.M. Keynes com Hawtrey, Robertson e o Círculo de Cambridge sobre os problemas da acumulação e a determinação do rendimento, é o inicio dos anos da high theory na expressão de Schakle, este constitui o ponto de partida para a nova teoria, que apresentamos através do processo de formulação dos vários ‘drafts‘ da Teoria Geral, em simultaneamente com a correspondência com vários colaboradores e críticos da Teoria Geral, os vários artigos escritos durante este período. Enquanto que no período de culminação do ‘Treatise‘, Keynes despregou uma enorme actividade política e de persuasão, pode apontar-se para o período da Teoria Geral apenas um significativo panfleto sobre política económica “ The Means to Prosperity”. O ‘Treatise é uma obra de teoria e política enquanto que a Teoria Geral é um livro sobre teoria onde se incrustam apreciações sobre política. O problema surge quando as ideias sobre o mundo contrariam a teoria comummente aceite, mantendo-se a teoria, pelo que, na minha opinião, o oportunismo não é teórico, nem político, é intelectual.