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Keynes em Cambridge
1932-1935
Mario Gómez Olivares
2. As lições de Keynes em Cambridge: Da Teoria Monetária da Produção á Teoria Geral.
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29 de Outubro de 1934
A segunda lição realiza‑se em 29 de Outubro de 1934. Keynes continua a lição anterior dizendo que o primeiro postulado, de que o salário real é igual ao produto marginal do trabalho, está correcto, porque o emprego só aumenta se diminue o salário real, pois no curto prazo a productividade marginal do emprego diminue, mas que o salário real depende do volume de emprego.
A seguir Keynes discute a lei de Say, o lei dos mercados[1], a definição é a mesma que nas lições de 1933, mas diferente da versão final. A seguir Keynes debruça‑se sobre a teoria da procura efectiva. Procura efectiva significa a suma de moeda pela qual o output corrente será vendido[2]. Agora: D=Ó(N). Se N pessõa estão empregadas, espera‑se que o seu output será vendido por D. DF(N) é a função emprego, onde D é a suma que permite empregá‑los, i.e., it is the price supply of the output of N men[3]. Assim que a oferta é elástica, o emprego será incrementado até que D= D. A lei de Say pressupõe que D = D e que não existe obstáculo para o pleno emprego. O emprego é pleno quando a oferta de output e de emprego é completamente inelástica em resposta a um incremento em D. Observando a igualdade entre D e Dcomo caso limite, então os empresários não producirão para além do ponto em que D = D. No caso clássico este limite não existe porque D = D sempre, pelo que as suas teoria da taxa de juro, a teoria quantitativa da moeda, o livre comércio, o valor da poupança individual para a comunidade resultam desse pressuposto..otherwise these theories are only true in certain circumstances, mas, the failure of classical theory in prediction has impaired the prestige of the practitioners and has earned it lack of respect of the common man[4].
Se existe um erro na teoria clássica é necessário uma nova teoria, tal era a certeza de Keynes em Novembro de 1934, e esse livro deveria revolucionar a teoria económica, como escreve A G.B. Shaw: To understand my stand of mine, however, you have to know that I believe myself to be writing a book on economic theory which largely revolutionise, ‑not, I suppose, at once but in the course of the next ten years‑ the way the world thinks about economic problems, when my new theory has been duly assimilated and mixed with politics and feeling and passions, I can predict what the final upshot will be in its effect on action and affairs. But there will be a great change, and, in particular, The Ricardian foundations of Marxism will be knocked away[5].
Keynes embora coloca‑se Marx na galeria dos heréticos, aceitando este a teoria de Ricardo, não vé outra via de saída para a inestabilidade do sistema capitalista na revolução, sem preocupar‑se de vias intermédias.
A procura efectiva é a suma de dinheiro que as pessõas estão preparadas para depender no consumo(dadas as preferências) e a suma que as empresas estão preparadas para investir (set aside). O consumo corrente depende do rendimento ( assim como o rendimento se incrementa, as pessoas consumem mais mas a uma taxa inferior). A função consumo, ignorando os preços, é:
D1 = Ó1(N1) onde N1 = Ð(N). Onde D1 é a quantidade provavelmente a ser gasta e consumo e N1 é o emprego( na indústria de bens de consumo)equivalente ao consumo resultante do rendimento real do trabalho de N homens, e o ratio N1/N dependerá da psicologia e do state of news, pelo que N1 tenderá a ser menos que N mas do mesmo signo, i.e., 0 < ÙN1< ÙN ou 0 > ÙN1 > ÙN
D1 a despesa em consumo, o output de N1
D² a despesa de investimento, o output de N²
D² =Ó²(N²), que depende da eficiência marginal do capital e da taxa de juro[6]. Será beneficioso empregar até o ponto em que a eficiência marginal iguala a taxa de juro.
Em equilíbrio D1 + D²= D. E desde que F(N) = Ó1(N1) + Ó²(N²) porque N1+ N² = N. Significa isto pleno emprego?
Quando a propensão a investir absorve o output de N² homens, o equilíbrio requere que que o emprego agregado seja de N, onde N é tal que, com a propensão psicológica a consumir, o volume de emprego conducirá a um volume de consumo que absorve o trabalho de N ‑ N². Dado a propensão a investir e a consumir, existe apenas um nível de empego que é consis tente com tais propensões. Existe um nível de investimento que conduz á situação de pleno emprego, mas não existe obrigação que exista sempre thus, the marginal eficiency of capital, the rate of interest and the propensity to consume will serve to give us the level of employent. The richer the community, the wider will tend to be the gap betwen N and full employment[7].
[1] É necessário primeiro introduzir um elemento teórico vital para compreender a teoria dos mercados de Say. Esta ideia chave que encontramos em Say é a ideia da neutralidade da moeda. Say pensa que a moeda é procurada pelo desejo de adquirir um bem. Escreve " Semelhante ao óleo que adoça os movimentos de uma máquina complicada, derramada pelas vias da industrial humana, facilitando os movimentos que não são mais produtivos se a industrial cessa de emprega‑ los". O conceito de moeda em Say é o de moeda que facilita a circulação, moeda como meio de circulação. Deste modo a moeda é procurada com algum fim, i.e., a sua procura não se processa pelo motivo de ser a moeda um bem em si próprio. O que conta diz Say é a economia real, a moeda só conduz a obter os valores comprados aos outros o que se segue a venda dos próprios produtos. O dinheiro representa a transformação transitória de uma soma de valor, entre um acto de compra e venda. Não existe então nenhum motivo para procura de moeda para além desse e nenhum motivo que impeça a troca, e nenhum motivo para reter a moeda.
Os excedentes de moeda ocasionam ofertas adicionais desta ou aquela mercadoria que a sua procura, depreciando o valor da oferta. Quanto maior seja o excedente, maior resulta um encorajamento poderoso a fim de tirar partido dessa situação, com benefício para todo o mundo. Com este esclarecimento prévio podemos ver a lei de Say ou lei dos mercados.
Say escreve: " Nos lugares que se produz muito, se cria a substância, a única com a qual se compra, o valor. O dinheiro não oficia senão como intermediário desta troca dupla; acabadas as trocas encontra‑se sempre alguém que pague produtos com produtos. É preciso remarcar que um produto terminado oferece nesse instante um mercado aos outros produtos pelo montante do seu valor. Em efeito assim que o produtor acaba um seu produto, seu maior desejo e o de vende‑lo, para que o valor desse produto não se paralise nas suas mãos.. Também não está menos interessado em desfazer‑se do dinheiro obtido na sua procura, de modo a que o valor não se paralise.. Ve‑se pois, que só o facto de formar‑se um produto, mesmo no instante, mediatiza‑se (débouché) em outros produtos". A produção de um novo bem é criar um valor e assim o poder de adquirir o poder de comprar um produto de valor equivalente. A ideia base de esta chamada lei de Say é que o valor de todo produto se transforma em rendimento para todos os que participaram no acto da sua produção. O dinheiro que circula sempre será despendido automaticamente. Assim o valor total da produção será igual ao valor total dos rendimentos distribuídos, a qual provocará despesas em bens de consumo e bens de produção. Dito brevemente todo o que é produto, será comprado por um valor de compra equivalente a valor a ser distribuído..
A procura é derivada, elemento subordinado à oferta, dito de outro modo os consumidores nunca faltam; o dinheiro não se entesoura e revêem sempre aos produtores os quais o utilizam num novo ciclo produtivo..
O problema não é a falta de dinheiro mas sim a falta de outros produtos. Se existe falta de dinheiro, diz Say, é porque faltam produtos que se transformem em dinheiro.. A riqueza provem do facto que exista mas riqueza para trocar, onde o dinheiro adoce os movimentos dos seres humanos. Assim a procura não tem senão a função de orientar a actividade na direcção dos sectores onde se produz de maneira útil, de mais forte crescimento, e com os máximos de rendimentos. Say respondeu as críticas da época dizendo " um produto que não encontra compradores não é um produto verdadeiro pois ele é desprovisto de utilidade".
[2]Thring define procura efectiva: "the actual demand realised in selling current output, the actual amount spent on it". Hopkin anota que Keynes pressupõe que a tecnologia, as preferências e que os tock de capital são dados, in T. Rymes, " Keynes´s Lectures 1932‑35: Notes of a Representative Student", MacMillan, 1988, p. 134.
[3] Idem.
[4] Idem, p. 135, Keynes refere‑se ao caso especial de pleno emprego, com a oferta de emprego e o output totalmente inelásticos relativamente a uma subida da procura efectiva.
[5] Keynes J.M.," To a letter to George Bernard Shaw, 1 January 1935", in JMKCW, vol. XIII, pp. 492‑493.
[6] Na lição do ano anterior o investimento era função só da taxa de juro.
[7] Idem, p. 136. Embora Keynes explique um fenómeno, com hipóteses de curto prazo, está a pensar numa tendência permanente, que é de curto e de longo prazo simultaneamente. Hopkin conclue as suas notas " in a rich community, the propensity to invest is also smaller, since the marginal efficiency of capital is low. It is difficult to stimulate investment sufficiently to fill the gap", idem, p. 137.