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Keynes em Cambridge 1932-1935
Mario Gómez Olivares

2.         As lições de Keynes em Cambridge: Da Teoria Monetária da Produção á Teoria Geral.

 

16 de Outubro de 1933

Quando Keynes regressa as suas conferências de outono de 1933, estas mantêm o título “ The Monetary Theory of Produc­tion”. No seu ‘Treatise‘ o problema era a determinação dos preços utilizando o análise de equilíbrio, que permitem algumas indicações sobre os movimento do output, agora o interesse é a determinação do nível do output e do emprego mais do que a determinação do nível dos preços[1]. Assim começa Keynes a 16 de Outubro de 1933, a sua primeira lição. Qual é a relação da abor­dagem dos clássicos com a sua?

Keynes sublinha que a teoria do desemprego de Pigou, constitue a última manifestação de teoria clássica[2]. Os manuais clássicos estão interessados com o problema da distribuição e afectação de uma determinada quantidade dada dos recursos entre diferentes usos e as suas remunerações. Os clássicos também estiveram preocupados com as determinações do volume dos recur­sos. A natureza dos argumentos sobre as forças que determinam o volume de emprego baseia-se em dois postulados: primeiro, o salário é igual ao produto marginal. O salário de uma pessoa empregada, é em qualquer tipo de equilíbrio, curto ou longo, igual ao produto que seria perdido se o emprego fosse reduzido em uma unidade; segundo, em equilíbrio a utilidade do salário, quando é dado o volume de trabalho empregado, é igual a utilidade marginal desse volume empregado.

O primeiro postulado da-nos a função procura de tra­balho. O segundo a oferta. Assim é determinado o emprego na teoria clássica. Certos tipos de desemprego são compatíveis com estes dois postulados: o desemprego friccional, o desemprego voluntário devido à recusa de uma unidade de trabalho em aceitar uma recompensa inferior que não é maior que o seu produto margin­al, i.e., um trabalhador se recusa a trabalhar se a sua recompen­sa não for superior ao seu produto marginal. O conceito de desem­prego involuntário confina-se ao caso em que as pessoas não conseguem trabalhar mesmo quando pretendem uma recompensa igual ao produto marginal: “ Men are involuntary unemployed if the supply of labour willing to work for a money wage worth less in terms of a product than the existing money wage is greater tham the existing volume of employment[3]“. Se o segundo postulado estive correcto, não existiriam desempregados involuntários. A aplicação da teoria clássica é baseada na suposição de que uma redução do salário real é a mesma coisa que uma redução do salário monetário. O desemprego segundo os clássicos deve-se a um produto marginal real mais baixo comparado com o montante real de salário procurado, i.e. , os trabalhadores se recusam a um salário monetário mais baixo. Se uma redução dos salários não provoca uma descida da oferta de trabalho então existe desemprego involuntário.

Keynes rejeita o segundo postulado. No mundo actual os salários são salários monetários. Os salários reais não dependem exclusivamente dos salários monetários, dependem de outras forças. O verdadeiro teste não é saber se os trabalhadores aceitam um salário monetário inferior, mas se abandonam o trabalho quando o salário monetário é inferior ao seu produto marginal. Nesse caso, i.e., se os trabalhadores não abandonam o seu serviço quando o produto real dos seus salários é inferior, existe desem­prego involuntário. Keynes não nega que uma diminuição dos salários reais afecte positivamente o emprego, o que afirma é que os salários reais vem determinados por outras forças e que essas forças determinam o volume de emprego apenas se os trabalhadores aceitam os comcomitantes salários reais[4].

Keynes mantém o primeiro postulado que significa, que dada uma técnica, existe uma correlação única entre salários reais e o volume de emprego, de modo que um incremento no emprego pode apenas resultar de uma descida da taxa de salário real, ou que não significa que para reduzir o salário real se reduza o salário monetário e por essa via se aumente o emprego. O que Keynes nega é de que o salário real esteja determinado pelo salário monetário. Ambos estão determinados por outras forças[5].


 

[1] Keynes explicitando os objectivos de um teoria monetária da produção escreve:" Let us suppose ourselves to be in possession of all relevant knowledge concerning the behaviour of a monetary economy in different sets of hypothetical circumstances which lie within the range of practical possibilities. And let us suppose a given state of affairs to exist. And let us imagine that we have been asked you explain what consequences will result to prices, output and income if the monetary authorities decides to increase the quantity of money by a given amount. In what way will it be most instructive for us to give our explanation? For to lay down the general principles on which questions of this kind can be answered is the object of the monetary theory of production", Keynes J.M. , " The Parameters of a Monetary Economy", CWJMK , vol. XIII, p. 396-397.

[2] Sobre a denominação de teoria clássica por Keynes, debrucei-me anteriormente no ponto 3.1.

[3] T. Rymes,  " Keynes`s Lectures 1932-35: Notes of a Represen­tative Student", MacMillan, 1988, p. 87.

[4] Encontra-se assim a resposta teórica porque uma redução dos salários monetários não contribuem para melhorar a situação do emprego, i.e., para que aumente o emprego e necessário que os salários reais se mantenham, porque outras forças determinam esse salário real, o modelo terá que explicar quais e como. Uma coisa é certa uma redução dos salários monetários criará o efeito contrário àquela que pressupõem os clássicos. O problema é insis­tir num análise de equilíbrio para um problema de não-equilíbrio.

[5] Keynes discute a posição clássica na base do livro de A. Pigou, " The Theory of Unemployment"; sobre a relação salários reais, monetários e emprego ver capítulo 10, parte II. Existe no vol. XIII das CWJMK , pp.311-326, um epistolário sobre este livro entre Keynes, Robertson e Shove. A resposta de Pigou à crítica de Keynes encontra-se no livro de Pigou " Full Emploument and equi­librium", matéria sobre aqual prestei devida atenção na minha tesis de mestrado.