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Keynes em Cambridge 1932-1935
Mario Gómez Olivares

2.         As lições de Keynes em Cambridge: Da Teoria Monetária da Produção á Teoria Geral.

 

14 de Novembro de 1932

A sexta lição de Keynes, tem lugar em 14 de Novembro de 1932, versa sobre a economia neutral e monetária no longo e no curto período. O longo prazo é uma posição estável na direcção da qual o curto período tende a mover-se. Não existe uma única posição de longo prazo independentemente do tipo de política da autoridade monetária. Um período de longo prazo de uma economia neutral é aquel em que a autoridade monetária promove a igualdade entre a S e o I. Numa situação de depressão a autoridade pode assegurar que S=I, mas será que o nível de output é o prévio? “ How can there be then an optimum monetary policy? There is not inherent tendency for the economic system to react back to the optimum output regardless of the monetary policy followed-that is so even where there is compete fluidity[1]“. O que Keynes diz é que a teoria tradicional não considera um caso teórico geral, mas um caso em que a posição de longo período corresponde à política particular por parte da autoridade monetária, aquela de uma economia neutral, em que a autoridade monetária promove a igual­dade entre poupança e investimento. Assim sendo, a teoria de longo período de uma economia monetária não pode ser construida sem a política monetária, pelo que economia neutral e monetária não são equivalentes no longo prazo[2]. O novo equilíbrio de longo prazo pode ser necessariamente um no qual não todos os recursos são empregues no seu nível óptimo, por exemplo se uma queda no output constitue uma força equilibradora, o output pode ser subóptimo no equilíbrio.

Keynes introduz duas notas. Primeiro o que significa productividade marginal do capital. Este é essencialmente um conceito de equilíbrio, que não pode ser medido através do nível corrente dos lucros, nem da taxa de juro. Este muda de ano para ano porque: i) o crescimento do capital relativamente ao output quando existe a expectativa de uma queda na productividade mar­ginal de capital e ii) devido às diferencias na elasticidade na procura de bens de capital mais intensivos relativamente aos menos intensivos. Pode-se observar a productividade marginal do capital como um conceito de equilíbrio em torno ao qual as quase-rendas oscilam. Se a productividade marginal do capital sustitui a taxa de juro em alguns trabalhos de Marshall, isso poderia ser mais consistente. As quase-rendas estão unidas aos lucros ocasio­nais, aumentando as complicações causadas por uma mudança no valor do dinheiro. Considerando Pr, como os custos de produção dos activos de capital no tempo r, Kr igual à productividade marginal no tempo r, Qr o lucro no tempo r para além da producti­vidade marginal do capital. Supondo Dr o valor presente de £1 difererida r anos, então o valor presente de um activo é:

E ( PrKr + Qr )Dr. Keynes pensa que esta fórmula ilustra os diferentes factores que determinam o valor presente de um activo de capital.

A segunda nota refere-se ao conceito de productivi­dade marginal do capital em Bõhm-Bawerk, como sendo uma taxa natural. Keynes pergunta é uma taxa?

Keynes continua com “ The parameter of a Monetary Economy”[3]. Aqui Keynes assenta um ponto que caracteriza a futura exposição da Teoria Geral. Todos os factores são interdepen­dentes, como num conjunto de equações simultâneas, mas para o seu tratamento tratam-se cada um ao seu tempo, negligenciando tempo­rariamente as suas interdependências. Os factores que alude são:

1) a quantidade de moeda

2) os factores fundamentais da psicologia de mercado:

a) o estado de preferência pela liquidez

b) as expectativas das quase-rendas

c)  o estado de preferência temporal

3) ‘The supply schedule‘, i.e., a resposta da oferta ao estado dos lucros.

Dados estes factores, pode-se deduzir várias conclusões relativamente a três classes de coisas compráveis: dívidas, activos e consumíveis. Pode-se determinar o preço e nível do output( activos e consumíveis) e o nível de rendimento. Estes parâmetros não são indepententes um dos outros, de modo que estando perversamente ligados uns com os outros, isso não pode ver-se no ‘one-at-a-time method‘, pelo que é necessário desenvolv­er a mecânica do sistema como um todo.

Um segundo aspecto metodológico que Keynes aponta, permite uma interpretação das fórmulas que aparecem na Teoria Geral, refere-se ao carácter simbólico das equações e notações algébricas, assim diz “G =A(M), the rate of interest is a func­tion, given the state of liquidity preference, of the quantity of money, is a symbolic equation, not an algebraic one. We really mean the complex of rates of interest for different maturities bears[some] relationship with M and A, with A too being a complex relationship. All such relations are [symbolic] schedules, not an algebraic one. P [ the level of prices] is not an index number but a complex of prices. [ We have] not a machinery of calcula­tions, hence there is not need to boil all prices down to one number. We can deal with a catalogue of prices and so forth rather than indexes[4]“.


 

[1] Idem, p. 73.

[2] Nas notas de R.Bryce,lé-se que de acordo ao método de Keynes um equilíbrio se realiza se a quantidade de moeda é fixa, mas a nova posição de equilíbrio pode não ser óptima. O nível do output pode ser menor na nova posição de equilíbrio, como um factor "making for the equilibrium, tendo-se menor output, menor poupança e menor investimento,."output would then certainly be at a suboptimal level", idem, p. 74. Esta passagem é curiosa, porque as mudanças no output são vistas como uma força de re-equilíbrio, se por equilíbrio se entende um ponto de repouso, i.e., em que S=I, em que os preços permanecem constantes, em que os factores de produção são remunerados segundo as suas contribuições margi­nais ao produto, em que oferta é igual à procura. Mas esta força re-equilibrante contém uma enorme carga social.

[3] Existe um `draft` desta parte titulada " The parameters of  Monetary Economy",  capítulo 9, e outro similar capitulo 5 in Keynes J.M., CWJMK, vol. XIII, pp.  396-406.

[4]Idem, p. 76.