Revista académica de economía
con
el Número Internacional Normalizado de
Publicaciones Seriadas ISSN
1696-8352
O JOGO DA SUCESSÃO PRESIDENCIAL NO BRASIL
Lafaiete Neves
l.lafa@terra.com.br
As eleições para a Câmara e o Senado Federal, tendo como resultado as eleições de José Sarney (PMDB) para a Presidência do Senado e Michel Temer(PMDB) para a Presidência da Câmara dos Deputados, revelam um jogo de bastidores em que o objetivo é ganhar a corrida para a sucessão presidencial.
Do lado do Governo Lula, a movimentação nessas eleições revelou uma aparente
neutralidade do Presidente da República, que na realidade trabalhou para a
eleição do PMDB nas duas casas legislativas. Isto porque, Lula sabe muito bem o
que tem que fazer para garantir a sua sucessão. Não elegerá seu sucessor sem o
apoio do PMDB( Partido do Movimento Democrático Brasileiro) que tem a maioria na
Câmara e no Senado Federal, nos governos estaduais e nas prefeituras municipais.
Com esse domínio que tem nas três esferas é o aliado fundamental para eleger o
próximo Presidente da República.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Neves, L.: "O jogo da sucessão presidencial no Brasil" en Observatorio de la Economía Latinoamericana, Número 110, 2009. Texto completo en http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/
Na cabeça de Lula, a política é uma operação bem sucedida de alianças e isso ele demonstrou com as alianças mais contraditórias, do ponto de vista partidário e ideológico, que fez para se eleger presidente por duas vezes consecutivas. Para Lula, os partidos são meras siglas de aluguel que fazem acordos em troca de cargos e benesses do governo federal. O seu próprio partido, há muito tempo, foi abandonado por ele. Hoje, o PT (Partido dos Trabalhadores) para sobreviver, também faz a política do toma lá da cá, para se manter nos cargos oferecidos pelo Presidente da República.
O PT entrou no jogo do faz de conta para aparentar uma certa independência do Governo, mas não convence mais nem os seus, cada vez mais raros, militantes. Fez um jogo de cena lançando um candidato para a presidência do Senado sabendo que a vitória seria do Sarney. Jogou para a platéia no sentido de querer demonstrar autonomia. Porém, o jogo é desmascarado quando o presidente do PT um dia após as eleições sai a público pondo panos quentes ao dizer que o resultado eleitoral nas duas casas congressuais não provoca racha algum nas bases do governo. Esqueceu o acordo anterior, em que se havia firmado que o PT presidiria o Senado com o apoio do PMDB e que o PMDB presidiria a Câmara com o apoio do PT.
A candidata do Presidente Lula para a Presidência da República, Dilma Rousseff, que caberá ao PT apenas homologar, já que é uma decisão de Lula, também saiu a campo para louvar o resultado eleitoral e para assim garantir a apoio do PMDB à sua candidatura. Os que acompanham a política brasileira, sabem muito bem que o PMDB não é um partido e sim uma frente de personalidades políticas, cujos interesses nacionais e regionais é que determinam a cada momento sua política de alianças.
Essa frente, para se manter no poder, sempre estará a cada eleição com quem tiver maiores chances de ganhar. É bom lembrar sempre que Sarney, assim como outros líderes nacionais do PMDB, sempre estiveram no poder e mudam de partido exatamente para se manterem no poder. O jogo da sucessão está apenas no início. Tudo vai depender do quadro eleitoral no período mais próximo das eleições presidenciais. Nada garante que as duas principais lideranças do PMDB, José Sarney e Michel Temer venham a apoiar a candidata de Lula. Michel Temer é um político muito próximo de José Serra do PSDB ( Partido das Social Democracia Brasileira).
Outra expressiva liderança do PMBB paulista, Orestes Quércia, não apoiou a candidata do PT para a Prefeitura de São Paulo e sim o candidato do DEM (Democratas), que saiu vitorioso naquela eleição. Como o PMDB não age como um partido unificado, a cada eleição e em cada lugar ele fará a política de alianças que melhor atender os interesses dos seus caciques políticos nacionais e regionais. E o PT, que se tornou um projeto fracassado de partido, hoje é uma mera caricatura do PMDB para frustração de todos aqueles que acreditaram seriamente na possibilidade da construção de um partido com definição programática, ideológica e ética para as mudanças que o Brasil precisa.
