Revista académica de economía
con
el Número Internacional Normalizado de
Publicaciones Seriadas ISSN
1696-8352
Daniel Tajes Ruas
(1)
dtruas@hotmail.com
Aline Antunes
aliantunes19@hotmail.com
Marcio Moro
marciodmoro@hotmail.com
Luciano Christi Braun
lc.braun@terra.com.br
Eduardo Mauch Palmeira (2)
eduardopalmeira@brturbo.com.br
RESUMO
O Brasil é um país com vocação para o agronegócio, em face de suas características e diversidades, tanto de clima quanto de solo, possuindo ainda áreas agricultáveis altamente férteis e ainda inexploradas. O aumento da demografia mundial e sua conseqüente demanda por alimentos nos leva a uma previsão de que o Brasil alcançará o patamar de líder mundial no fornecimento de alimentos e commodities ligadas ao agronegócio, solidificando sua economia e catapultando seu crescimento.
Palavras-chave: Agronegócio, PIB, Economia, Brasil, Globalização.
Tajes Ruas, Antunes, Moro, Braun y Mauch Palmeira: "A Economia e o Agronegócio no Brasil e sul do Brasil" en Observatorio de la Economía Latinoamericana, Número 105, 2008. Texto completo en http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/
O Brasil possui uma vocação natural para o agronegócio em função da diversidade de seu clima, chuvas regulares, energia solar abundante e quase 13% de toda a água doce disponível no planeta, contando ainda com uma enorme área agricultável fértil e de alta produtividade, na ordem de 388 milhões de hectares, dos quais 90 milhões ainda constam inexplorados, o que vem a comprovar as previsões da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), de que o Brasil será o maior produtor mundial de alimentos da próxima década, o que irá causar impactos positivos diretos em sua economia, reforçando sua taxa de crescimento e auferindo uma maior credibilidade frente a outras economias, o que pode ser entendido como um ciclo sinérgico de vantagens, catapultando fatores econômicos, e contribuindo para a solidificação da economia interna do país.
2. Panorama dos principais produtos agropecuários do Brasil.
De acordo com Bacha (2003), o Brasil possui inúmeros produtos agropecuários que possuem um significante valor estratégico em nossa economia.
São eles:
ÁLCOOL E AÇUCAR Graças à colonização portuguesa, a cana-de-açúcar se tornou um dos produtos mais importante do agronegócio brasileiro. Se mantendo desde os tempos colônia (séculos XVI e XVII) até os dias de hoje, se mantendo como um dos produtos nacionais mais fortes. O Brasil é o maior produto de cana do mundo, com uma área plantada de 5,4 milhões de hectares e uma safra anual de cerca de 354 milhões de toneladas. Devido a isto se torna uma potência na produção de açúcar e de álcool.
O álcool para ser extraído depende cana. O potencial energético de 1,2 barris de petróleo corresponde a uma tonelada de cana. O álcool movimenta 15% dos meios de transporte do país.
Perante dados consolidados pela Secretaria de Produção e Comercialização (SPC) as exportações de açúcar atingem anualmente cerca 12,9 milhões de toneladas, com receitas de US$ 2,1 bilhões. Nosso produto foi destinado principalmente para: Rússia, Nigéria, Emirados Árabes Unidos, Canadá e Egito. A produção em média por ano chega a 24,8 milhões de toneladas de açúcar.
O álcool é um produto que cada vez mais interessa às nações que procuram diminuir a emissão de gases prejudiciais à saúde humana por se tratar de um combustível não poluente. Grandes potências como a China e o Japão já manifestaram intenção de importar o combustível. Espera-se um grande aumento nas exportações para os próximos anos.
CAFÉ
Em 1727 os portugueses entenderam que a terra do Brasil tinha todas as possibilidades que convinham à cafeicultura. Mas infelizmente eles não possuíam nem plantas nem grãos. O governo do Pará encontrou um pretexto para enviar Palheta, um jovem oficial a Guiana Francesa, com uma missão simples: pedir ao governador M. d’Orvilliers algumas mudas. M. d’Orvilliers seguindo ordens expressas do rei de França, não atende ao pedido de Palheta. Quanto à Mme. d’Orvilliers, esposa do governador da Guiana Francesa, não resiste por muito tempo aos atrativos do jovem tenente. Quando Palheta já regressava ao Brasil, Mme. d’Orvilliers envia-lhe um ramo de flores onde, dissimuladas pela folhagem, se encontravam escondidas as sementes a partir das quais haveria de crescer o poderoso império brasileiro do café – um episódio bem apropriado para a história deste grão tão sedutor. Do Pará, a cultura passou para o Maranhão e, por volta de 1760, foi trazida para o Rio de Janeiro por João Alberto Castelo Branco, onde se espalhou pela Baixada Fluminense e posteriormente pelo Vale do Paraíba.
É plantado por ano cerca de 2,2 milhões de hectares, o Brasil teve uma safra de 28,82 milhões de sacas. Os principais importadores do café brasileiro são os Estados Unidos, Alemanha, Itália e Japão. O Brasil domina 28% do mercado mundial do café em grão in natura.
CARNES E COURO O alto padrão da sanidade e qualidade dos produtos de origem bovina, suína e de aves leva as exportações à aproximadamente US$ 4,1 bilhões/ano. O Brasil é um dos lideres mundial na exportação de carne bovina e de frangos. A pecuária brasileira é hoje uma das mais modernas do mundo.
SOJA
A soja é hoje o principal grão do agronegócio brasileiro. O país é o segundo maior produtor mundial da oleaginosa, com uma safra de 52 milhões de toneladas e
uma área plantada de 18,4 milhões de hectares em média por ano.
No Brasil a soja chegou em 1882, embora conhecida a mais de cinco mil anos, começando pelo território baiano. Em 1940 passou a ter destaque na agricultura. Depois de quase sessenta anos se tornou um dos maiores destaques do agronegócio brasileiro. O Brasil tem assumido a liderança no mercado internacional de soja (grãos, farelo e óleo), com exportações que chegam a aproximadamente US$ 8,1 bilhões/ano.
Um dos maiores exemplos do potencial e vocação agrícola brasileira em expansão é o plantio de soja. As lavouras da oleaginosa, até os anos 80, estavam principalmente nos estados do Sul - Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. O desenvolvimento de cultivares adaptados ao solo e ao clima das diferentes regiões
brasileiras, a soja se espalhou também pelo Centro-Oeste, nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e no Distrito Federal, além de parte do Nordeste - principalmente no oeste da Bahia e no sul do Maranhão e do Piauí.
SUCOS e FRUTAS A fruticultura gera um superávit de aproximadamente US$ 267 milhões/ano, o setor ocupa uma área de 3,4 milhões de hectares. A produção de frutas permite obter um faturamento bruto entre R$ 1 mil e R$ 20 mil por hectare. Hoje, o mercado interno consome 21 milhões de toneladas por ano e o excedente exportável é de cerca de 17 milhões de toneladas.
O Brasil é um dos maiores produtores de sucos de frutas. Ao ano, as exportações do setor alcançam em média US$ 1,25 bilhão/ano. O país é o maior produtor e exportador de suco de laranja. O setor gera receitas cambiais de US$ 1,2 bilhão por ano. Os principais destinos foram Bélgica, Países Baixos, Estados Unidos e Japão.
O Brasil produz anualmente cerca de 38 milhões de toneladas no setor de fruticultura sendo o terceiro no ranking mundial. As vendas externas de frutas frescas alcançam em média por ano US$ 335,3 milhões. Tendo em torno de 15% de crescimento todos os anos.
Consciente do enorme potencial do país na área de fruticultura, com plenas condições de ampliar sua participação do mercado internacional, o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento e os produtores do setor estão investindo
em um sistema de cultivo de frutas de alto padrão de qualidade e sanidade. É o programa de Produção Integrada de Frutas (PIF), que prevê o emprego de normas
de sustentabilidade ambiental, segurança alimentar, viabilidade econômica e socialmente justa, mediante o uso de tecnologias não agressivas ao meio ambiente
e ao homem.
PRODUTOS FLORESTAIS No comércio internacional a indústria brasileira de papel e celulose tem vocação exportadora devido a sua competitividade. As exportações de celulose giram em torno de US$ 1,4 bilhão/ano. Os principais importadores são Estados Unidos, China, Japão e países da União Européia. As vendas externas de papel é
aproximadamente US$ 1 bilhão por ano.
As exportações brasileiras contam com importantes itens como papel,
celulose e madeiras. O país tem exportado cerca de US$ 4,9 bilhões de produtos
florestais anualmente.
O principal importador da madeira brasileira é os Estados Unidos, absorvendo 44% das vendas. Outros importantes destinos são Reino Unido, China, Bélgica, França, Japão e Espanha.
3. O Agronegócio Gaúcho
Em meio a crises financeiras, os indicadores econômicos registram algumas altas que refletem no agronegócio, aumentando o volume de produção do agricultor, por sua vez a instabilidade do câmbio desvaloriza o real, dificultando a abertura de novos negócios.
Seria prematuro definir, agora, quais são os problemas financeiros que vem atingindo o mundo, o que se sabe é que o PIB Mundial provoca efeitos práticos
sobre toda a economia do planeta, como por exemplo: os cortes de créditos bancários para produtores rurais e o aumento dos juros bancários.
Em termos de produto, nas últimas semanas de setembro, o preço internacional da soja (Mercado de Chicago) aumentou 2% e do milho 8%. Quanto ao
arroz, de acordo com a CEPEA – USP, o cereal obteve um aumento de 3%, mesmo com leilões da Conab tentando deprimir os preços. E, de acordo com a mesma fonte, o boi em pé variou 7% no espaço de tempo em questão.
Mesmo em meio a crises financeiras, os valores econômicos dos principais produtos do RS não foram prejudicados. Mesmo com as variações de Commodities.
Já com as exportações, a desvalorização da moeda, favorece o aumento das vendas internacionais, não existindo sinais que indiquem algum tipo de queda do
mercado interno gaúcho e brasileiro.
Dessa forma, a crise internacional, ainda não trouxe conseqüências negativas para o agronegócio do RS, afora alguma dificuldade maior para captação de recursos financeiros para os novos entrantes.
4. O Agronegócio na Sociedade
Segundo Vieira (2000), nos dias de hoje, o agronegócio tornou-se uma opção de desenvolvimento econômico para o agricultor, oportunizando uma melhor qualidade de vida na zona rural do RS, através da produção agrícola.
Já para a zona urbana, obteve o aumento na variedade de produtos para consumo. No que se refere a avanços tecnológicos, estes favoreceram os agricultores e se especializarem, com a utilização de máquinas que fazem
aumentar sua produtividade de trabalho, reduzindo assim a pouca mão de obra qualificada
existente.
Mas verificamos que quanto à produção, esta é o mesmo tipo de produção que foi utilizado no período da Colônia, nos tempos do modelo agroexportador.
Muda-se apenas de trabalhador escravizado para assalariado e com o avanço tecnológico, as técnicas ficaram mais modernas. E esses salários, segundo
estudos,
são os menores em comparação com as remunerações da indústria, comércio e das
fazendas dos países desenvolvidos ou competidores. Muitos estudiosos brasileiros
afirmam que não são nosso clima e nossa sabedoria agrícola as vantagens comparativas que os fazendeiros brasileiros têm, mas sim a falta de respeito com
seus empregados que promovem ao meio ambiente, sem nenhuma responsabilidade com as gerações futuras. Há, por exemplo, inúmeras denúncias de
agrônomos e cientistas dos estragos que ao meio ambiente.
5. Conclusão
Portanto podemos claramente verificar a vocação e o potencial futuro do Brasil e do Rio Grande do Sul no âmbito do agronegócio. A crescente demanda de
alimentos no espectro mundial, a utilização de novas tecnologias, os crescentes
investimentos em produção e em P&D, aliadas ainda à potencialidade de áreas agricultáveis inexploradas vêem cada vez mais a solidificar a competitividade
brasileira frente a outros mercados, e que, ao prospectarmos um cenário futuro
com base nessas informações poderemos afirmar que o Brasil se consolidará cada vez
mais no mercado internacional como o maior produtor e exportador de commodities,
cristalizando assim sua base econômica e catapultando seu crescimento.
Referências:
BACHA, C. J. C. Economia e Política Agrícola no Brasil - São Paulo: Atlas, 2004. VIEIRA, W. C. (Ed.). Agricultura na virada do milênio: velhos e noves desafios. Viçosa, 2000. p. 93-116
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA – Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/portal/page?_pageid=33,969647&_dad=portal&_schema=PORTAL>
acesso em : 21/10/2008
Food and Agricultural Policy Research Institute – FAPRI – Disponível em: <http://www.fapri.iastate.edu/outlook2008/> acesso em 22/10/2008
Financial Times Market Data – FT.com – Disponível em: <http://markets.ft.com/markets/com> acesso em 22/10/2008
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior- MDIC- Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=1955> acesso em 21/10/2008 Portal do Agronegócio – Disponível em:
<http://www.portaodities.aspldoagronegocio.com.br> acesso em 23/10/2008
NOTAS
1 Acadêmicos do MBA Gestão Estratégica de Negócios- Faculdade Atlântico Sul de Pelotas - AESA
2 Economista e Especialista em T.I. (UCPel-RS/Brasil), Economista da Universidade Federal do Pampa-UNIPAMPA (Bagé-RS/Brasil), Professor de Economia Empresarial do MBA Gestão Estratégica de Negócios- Faculdade Atlântico Sul de Pelotas – AESA e Mestrando em Integración Económica Global y Regional- Universidad Internacional de Andalúcia- UNIA-ES