Revista académica de economía
con
el Número Internacional Normalizado de
Publicaciones Seriadas ISSN
1696-8352
Lafaiete Neves
FAE- Centro Universitário
l.lafa@terra.com.br
A crise econômica iniciada nos EUA e hoje espalhada pelo mundo em decorrência da globalização econômica e financeira fez os governos do capitalismo central tomarem diferentes medidas de intervenção para controlar a crise.
O epicentro da crise sendo os EUA, o governo Bush elaborou um plano de socorro
aos bancos de investimentos da ordem de mais de um trilhão de dólares. A reação
dos contribuintes norteamericanos foi imediata condenando o plano de Bush que
pretendia de uma só vez salvar os bancos às custas dos contribuintes sem
garantias para cobrir os títulos podres ou os chamados subprimes em poder dos
bancos quebrados pela crise de liquidez em decorrência da crise do financiamento
de habitações dada a permissão de hipotecas que geravam liquidez ( dinheiro no
bolso) para o consumo dos norteamericanos.
Neves, L: "O Brasil na crise" en Observatorio de la Economía Latinoamericana, Número 104, 2008. Texto completo en http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/
O governo da Inglaterra toma medidas de intervenção mais duras quando decide de imediato comprar as ações de todos os bancos ingleses, numa operação de estatização do sistema financeiro. Os demais países da União Européia acabaram seguindo a decisão inglesa. A Europa com essas medidas foi mais rápida do que os EUA para tentar controlar a crise, criando condições para retornar a confiança no sistema de crédito bancário com a garantia dos governos europeus que estatizou os bancos.
Com essas medidas que rompem com a política anterior praticada pelos governos Reagan nos EUA e Tatcher na Inglaterra, que permitiram a supremacia do mercado sobre o Estado ou a chamada liberalização absoluta do sistema financeiro, chega ao fim, essa face do neoliberalismo, defensor intransigente de mais mercado e menos Estado.
No Brasil, no início da crise o discurso do governo LULA era de que o Brasil fez a lição de casa e estava preparado para enfrentar a mesma, inclusive chamou a crise de perdas de cassino. Nas últimas semanas já mudou o discurso e tomou decisão baixando medida provisória dando carta branca ao Banco Central para socorrer os pequenos bancos de investimentos que estão com dificuldades diante da política dos grandes bancos de não socorrerem no dia a dia com empréstimos interbancários essas instituições financeiras menores. O Ministro do Planejamento na última semana já acena com recursos do BNDES para socorrer grandes empresas com dificuldades de liquidez devido a operações especulativas na bolsa que com a crise perderam muito dinheiro. O ministro Paulo Bernardo defende esse socorro dizendo que é um empréstimo e não doação de recursos públicos, porém, não diz que são empréstimos a juros subsidiados pelos contribuintes, logo o conjunto dos cidadãos brasileiros que mesmo em grandes dificuldades sustentam os governos com seus tributos e quando precisam de dinheiros são obrigados a pagarem taxas de juros exorbitantes aos bancos e preços aviltantes as empresas que embutem nos preços de suas mercadorias os juros que pagam ao mercado financeiro.
Diferentemente dos EUA e da Europa o que vemos nas medidas do governo federal não tem nada de estatização com compra de ações dos bancos e empresas e sim um novo PROER as empresas e bancos que perderam dinheiro em investimentos especulativos. A grande diferença da nossa sociedade com a dos países do capitalismo central é que lá ela reage e tem força para não permitir a farra com o dinheiro público e aqui a sociedade passiva assiste bestificada as bravatas do governo e o uso do dinheiro público para salvar poucos aventureiros que arriscaram seus lucros neste grande cassino da especulação com ações que despencaram no mercado, porém sem risco algum já que contam com a cobertura de um governo que se diz democrático e popular.