Observatorio de la Economía Latinoamericana

 


Revista académica de economía
con el Número Internacional Normalizado de
Publicaciones Seriadas  ISSN 1696-8352

ECONOMÍA DO BRASIL

 

A COMPETITIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CAVACO DE MADEIRA

Francisco Carlos Neutzling
Administrador de Empresas com ênfase em Comércio Exterior

Eduardo Mauch Palmeira
Faculdade Atlântico Sul de Pelotas
eduardopalmeira@brturbo.com.br

 

RESUMO: O objetivo deste trabalho foi verificar o posicionamento da competitividade das exportações brasileiras de cavaco de madeira, por isso foi analisado o índice VCR-Balassa. O mercado nacional de madeira demonstra crescimento nos últimos anos, o reflorestamento tem sido o principal motivo para esse crescimento, as áreas plantadas, principalmente com o eucalipto contribuíram para esse cenário. O crescimento médio desta cultura é de 4Om3/Ha./Ano, isto e o triplo da média de países como a Espanha e Portugal, o foco deste trabalho reside no cavaco de madeira. Os principais países com florestas plantadas são a China e a Índia, o Brasil ocupa a sétima colocação entre os dez países com a maior extensão de florestas plantadas. Os maiores exportadores de cavaco no mercado mundial são a Austrália e a África do Sul, em contrapartida,os maiores importadores são o Japão e os Estados Unidos. O estado brasileiro que tem a maior área plantada de floresta é o de Minas Gerais, com 23,2% de participação no total das plantações brasileiras. O Rio Grande do Sul ocupa a sexta posição e sua participação vem sendo ampliada. O Brasil tem superávit, no que se refere a cavaco de madeira, de U$ 86,253 milhões, em função das suas importações serem pouco expressivas. Existem três tipos de cavacos, a saber os tipos I ,ll e III. O fomento, tanto do setor público como do setor privado vem sendo aprimorado, o póío de reflorestamento da metade sul do RS e o Mercosul receberão ainda investimentos de grande monta. A saber, o país é um grande exportador de cavaco de madeira, estando entre os 10 maiores exportadores mundiais e com os investimentos que estão programados para os próximos anos, poderá ainda melhorar sua colocação entre os exportadores, e, com isso, melhorar ainda mais sua vantagem comparativa frente a outros países.
Palavras-Chave: Competitividade. VCR. Cavaco. Madeira. Exportação.

ABSTRACT: The objective of this work was to VERIFY the positioning of the competitiveness ofthe Brazilian exportations of wooden cavaco, therefore the VCR-Balassa index was analyzed. The wooden national market demonstrates growth in recent years, the reforestation has been the main reason for this growth, the planted areas, with eucalipto had mainly contributed for this scene. The average growth of this culture is of 40m3 -~ /Ha. /Ano, that is the triple of the average of countries as Spain and Portugal, the focus of this work inhabits in the wooden cavaco. The main countries with planted forests are China and India, Brazil occupies the seventh rank enters the ten countries with the biggest extension of planted forests. The exponing greaters of cavaco in the world-wide market are Australia and Africa of the South, on the other hand, the import greaters are Japan and the United States. The Brazilian state that has the biggest planted area offorest is of Minas Gerais, with 23,2% ofparticipation in the total of the Brazilian plantations. The Rio Grande Do Sul occupies the sixth position and its participation comes being extended. Brazil has surplus, with respect to wooden cavaco, of U$ 86,253 million, in function of its importations to be little expressivas. Three types of cavacos exist, namely types 1, II and III. The promotion, as much of the public sector as of the private sector comes being improved, the polar region of reforestation of the half south ofthe RS and the Mercosul will still receive investments from great sum. Namely, the country is a great exporter of wooden cavaco, being between the 10 world-wide exporting greaters and with the investments that are programmed for the next years, it will be able to still improve its rank between the exporters, and, with this, to improve its comparative advantage still more front to other countries.
Key-words: Competitiveness. VCR. Woodchips. Wood. Exportation.


Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Neutzling , F.C. y Mauch Palmeira, E.: "A competitividade das exportações brasileiras de cavaco de madeira" en Observatorio de la Economía Latinoamericana, Número 77, 2007. Texto completo en http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/


INTRODUÇÃO

O agronegócio está por trás do processo de desenvolvimento dos países mais avançados do mundo. A maioria das pessoas que moram nas cidades desconhece a dimensão desse segmento na economia do país. Há na sociedade uma idéia equivocada de que ela serve apenas para produzir comida. Na verdade, a riqueza de um país vem da agricultura e da pecuária, já que nenhuma nação nasceu industrial. Todos começaram com a agropecuária, desenvolveram os serviços e depois suas indústrias.

Trabalhamos diariamente com o papel que se origina de árvores que dá o celulose que vem do campo, quer dizer, o agronegócio gira a roda de toda a nossa economia.

Precisamos exportar, aumentar nosso superávit comercial e dessa forma fazer uma poupança em dólares. Temos criado condições de desenvolvimento e de investimentos em outros setores fundamentais, como indústria, comércio e serviços. Mas é a agricultura que tem uma vantagem comparativa imediata. O crescimento das exportações de cavado de madeira (Woodchips) aumenta o horizonte para a criação de novos empregos e com isso gera novos impostos e cresce a demanda no comércio.

O setor da base florestal brasileira pode produzir mais e transferir riqueza para outros segmentos da economia. Mas, para que esse processo ocorra de forma consiste e sustentável, é necessário abrir novos mercados, exportar mais, fazer reformas com modelos adequados de crescimento e conquistar fronteiras agrícolas com total respeito ao meio ambiente e à biodiversidade, já que a madeira de reflorestamento hoje exige certificação para ser industrializada. Esse é o nosso desafio.

Há muitos problemas que temos de resolver, um dos quais de extraordinária importância para acelerar o desenvolvimento. É uma questão que decide a “tribo” dos economistas entre os que acreditam que vantagens comparativas podem ser criadas pela mão do homem e aquelas que acham que elas são um dom que Deus deu a cada país. A política industrial é entendida como um importante instrumento para os primeiros e um “pecado capital” para os demais.

A história mostra que o Estado teve um papel decisivo no desenvolvimento de todos os países e que vantagens comparativas podem, sim, ser construídos.

A política industrial nada tem a ver com elevação de tarifas de importação e não envolve nenhuma forma de protecionismo. O que se deseja é que ela proporcione aos empresários brasileiros condições isonômicas de competição com nossos concorrentes estrangeiros, basicamente taxa de juros de nível internacional, câmbio em equilíbrio e tributação suportável. O agronegócio deve crescer mais, seja impulsionado pelo crédito, pela correção do câmbio pelos pesquisas da Embrapa e pelas novas técnicas de plantio.

Ter um projeto bem detalhado e baseado em pesquisas é fator decisivo na tarefa de prospectar novos consumidores para os nossos produtos fora do país, o mundo é o limite, e crescer é o melhor problema.

As espécies mais importantes para o fornecimento de madeira, no Brasil são o eucalipto, o pinus e a acácia-negra. O eucalipto se destaca pelo rápido crescimento, boa adaptação e pela edafoclimática e também pelo baixo custo de produção.

A madeira é um material sólido, orgânico higioscópio (absorve água) e ortetrópico (crescimento diferente nas dimensões espaciais), as plantas que não produzem madeira são chamadas de herbáceas, a madeira é um tecido formado com uma função de sustentação e, por isso, ela é utilizada, freqüentemente, como um material estrutural efetivo e eficiente pela humanidade, é constituída de fibras de celulose unidas por lignina, é classificado como madeira dura e macia.

A indústria madeireira hoje, tem a oportunidade em ingressar no segmento petroquímico, através da inovação tecnológica conquistada pelas indústrias de extrusão, permite desenvolver formulações de compostos de madeira com plástico, que é denominada, internacionalmente, de composto termoplástico com a serragem de madeira.

Se realizarmos um corte transversal num tronco de uma árvore, podemos facilmente observar que ele é formado por vários anéis circulares concêntricos, que correspondem ao crescimento da árvore e que organizam a sua estrutura.

Casca – responsável pela proteção do tronco, é a sua parte exterior.

Lenha – é a parte do tronco de onde se extrai a madeira compreendida entre a casca e a medula, e divide-se em duas zonas:

Cerne – é a parte mais escura da madeira e a que lhe dá mais resistência.

Alburno – é a zona mais clara que transporta a seiva bruta das raízes para as folhas.

Medula – corresponde ao tecido mole e esponjoso na parte do tronco.

Quanto mais folhas uma árvore suportar, mais vigoroso é o seu crescimento, maior o volume de borne necessário, as árvores que crescem em clareiras podem desenvolver um tamanho considerável de 30cm ou mais em diâmetro.

Taxa de crescimento do eucalipto no Brasil comparado a outros países.

LOCALIZAÇÃO

M3/Ha/Ano

Sul da Bahia

50

Chile

35

Portugal

12

Espanha

12

Média Brasil (plantio tecnificado)

40

Quando a madeira está cortada e seca, ela é utilizada para diferentes aplicações. Por exemplo, ela pode ser fragmentada em fibras e transformada no material denominado polpa, o qual é a matéria prima para a produção de papel, hoje a madeira já é substituída em muito de suas aplicações tradicionais pelos metais e plásticos.

Entre os derivados da madeira destacam-se o lamelado colado, compensado laminado e placas de partículas de madeira.

Dentro de placas de partículas de madeira o principal é o MDF (Médium – Density Fibreboard). Placa de Fibra de madeira de média densidade é fabricado através do processamento de fibras de madeira com resina e outros aditivos, é moldado em painéis lisos sob alta temperatura e pressão a madeira é cortada em pequenos cavacos que, em seguida são triturados pelas desfibradas. Surgiu nos anos 60nos Estados Unidos, nos anos 70 chegou a Europa, no Brasil iniciou a produção em 1997. Existem vários tipos de MDF e a principal utilização é para a indústria moveleira e vem de madeira de reflorestamento.

Outros derivados da madeira são o carvão vegetal, madeira para construção civil e o cavaco de madeira (Woodchips) que são na realidade lascas cisalhadas obtidas a partir de toras de madeira que passará pelo processo de cozimento para obter a celulose. Existem três tipos de cavacos de madeira e são cortados em três modalidades que são o corte 90-0, corte 90-90 e corte 0-90.

Tipo I: o cavaco é formado à frente da aresta de corte da ferramenta à primeira ruptura se dá por fendilhamento e o cavaco se separa da peça por ruptura a flexão, como uma viga engastada.

Tipo II: o Cavaco é formado quando a ruptura da madeira se produz ao longo de uma linha que se estende a partir da aresta de corte da ferramenta: a ruptura se dá por cisalhamento diagonal e forma um cavaco contínuo. É o tipo de cavaco relacionado à melhor qualidade de superfície.

Tipo III: as forças de corte produzem ruptura por compressão paralela e cisalhamento longitudinal, diante da aresta da ferramenta de corte: o cavaco não tem forma definida e é reduzido a fragmentos.

A qualidade do cavaco é proveniente do tipo de corte, pois não existe um padrão definido em função do cisalhamento, mas o tamanho é importante.

A celulose é um polímero de cadeia longa, composto de um só monômero, carboidrato, classificado como polissacarídeo, a celulose foi notada pela primeira vez em 1838, está naturalmente na maioria das fibras puras de algodão, seu peso molecular variável com fórmula empírica (C6H1005). Industrialmente, a celulose é extraída de madeira de árvores, com o pinho, o eucalipto ou o abeto.

Conforme o tipo de árvores, se obtém a celulose, fibra curta ou de fibra longa. Essa característica torna o papel resultante mais absorvente ou mais resistente, respectivamente.

Os produtos são madeireiros são as resinas, etanol celulósico, óleos essenciais e taninos.

1.1 O MERCADO MUNDIAL

Ranking dos países com maiores plantios florestais em 2005.

Superfície terrestre

Florestas Plantadas

Ranking

Pais

(1000 ha)

(1000 ha)

%

1

China

932.743

45.083

23,5

2

Índia

297-319

32.578

17,0

3

Rússia

1.688-851

17.340

9,0

4

EUA

915.895

16.238

8,5

5

Japão

37.652

10.682

5,6

6

Indonésia

181.157

9.871

5,1

7

Brasil

845.651

5.242

2,7

8

Tailândia

51.089

4.920

2,6

9

Ucrânia

57.935

4.425

2,3

10

Irã

162.201

2.284

1,2

Outro

7.893.407

43.312

22,6

13.063.900

186.733

100,00

Os dez países maiores exportadores de cavaco de madeira no mundo.

No mercado mundial de cavaco de madeira, os principais exportadores são a Austrália e a África do Sul, seguido por Estados Unidos e Canadá, com base no ano de 2004, quando o Brasil obteve a oitava posição nesse mercado, superando a Alemanha e a Áustria conforme tabela.

EXPORTAÇÕES 2000-2004 CAVACO DE MADEIRA

Colocação

País

2000

2001

2002

2003

2004

US$ ‘000

US$ ‘000

US$ ‘000

US$ ‘000

US$’ 000

1

Austrália

420,113

366,94

427,642

505,836

622,151

2

África do Sul

151,188

171,961

186,435

247,086

268,701

3

Estados Unidos

418,311

305,391

206,781

169,849

178,159

4

Canadá

120,935

137,217

128,776

143,853

171,535

5

Chile

133,733

166,01

123,158

128,335

137,714

6

China

120,881

105,88

91,305

96,609

103,007

7

Latvia

15,444

23,607

38,043

72,046

90,934

8

Brasil

52,489

48,642

51,892

61,241

86,296

9

Alemanha

71,198

62,113

67,452

66,26

84,934

10

Áustria

23,237

23,236

28,945

57,119

65,535

Fonte: Adaptado de International Trade Centre UNCTAD/WTO, 2006

Quanto as importações de cavaco de madeira os principais países importadores no mundo são o Japão e os Estados Unidos, o Brasil não figura entre os dez maiores importadores.

OS 10 PAÍSES MAIORES IMPORTADORES DE CAVACO NO MUNDO

IMPORTAÇÕES 2000-2004 CAVACO DE MADEIRA EM US$ 1.000,00

Colocação

País

2000

2001

2002

2003

2004

1

Japão

1,915,044

1,761,411

1,672,115

1,716,549

1,945,212

2

Estados Unidos

79,803

90,193

84,176

120,387

144,224

3

Suécia

66,283

65,706

81,148

124,397

133,604

4

Itália

37,667

35,266

42,116

80,609

112,254

5

Finlândia

32,878

43,097

47,034

62,263

101,643

6

Korea Rep.

83,496

80,851

64,58

73,9

93,055

7

Canadá

79,152

64,828

62,734

66,281

78,677

8

Dinamarca

15,144

27,314

43,559

56,989

68,636

9

Noroega

20,848

26,805

25,178

39,952

51,968

10

Bélgica

30,378

32,007

32,726

34,423

50,41

Fonte: Adaptado de International Trade Centre UNCTAD/WTO, 2006

O Brasil é eminentemente um país exportador de cavaco de madeira, e eventualmente importa este produto.

O movimento das exportações e importações mundiais tem demonstrado evolução em alguns anos e retração em outros conforme tabela.

TOTAIS DAS EXPORTAÇÕES MUNDIAIS

CAVACO DE MADEIRA – TOTAIS MUNDIAIS EM US$ 1.000,00

SITUAÇÃO

2000

2001

2002

2003

2004

Exportações

6051,715

7780,670

6895,257

6171,313

6699,925

Importações

10791,217

14241,161

15066,615

10407,323

9625,048

Fonte: Adaptado de International Trade Centre UNCTAD/WTO, 2006

1.2 MERCADO NACIONAL

A produção de madeira no Brasil existe ha décadas, e, ao longo dos anos, tem sido aumentada, através de resultados econômicos obtidos em função das florestas plantadas.

Os estados do Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí e Minas Gerais, passaram a cultivar o eucalipto e o pinus para produção de celulose, segundo o Anuário estatístico da ABRAF (2006: p. 16) “Em 2005 o Brasil possuía área total de cerca de 5,2 milhões de hectares de florestas plantadas com pinus e eucalipto concentrados, principalmente, nos estados de Minas Gerais , Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O país possui, hoje, vários estados produtores, destacando-se o de Minas Gerais como o maior produtor individual, no que tange às florestas plantadas.

Segundo informações da ABRAF (2006: p-16) o estado de Minas Gerais detém a maior área individual com florestas plantadas compreendendo 1.216.744 ha (sendo 13% com pinus e 87% com eucaliptos). Em seguida vem os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Bahia. O estado do Rio Grande do Sul é o sexto colocado em reflorestamento.

Os custos associados à atividade florestal, mesmo utilizando os métodos tradicionais de apuração de custos, devem ser observados os custos diretos e os custos indiretos. Na grande maioria das vezes, existe o rateio dos custos, obtidos pelo sistema ABC (Activity – Basded Costing), o que facilita o contrle gerencial referente as empresas florestais.

O Brasil é eminentemente um país exportador de cavaco de madeira, e, eventualmente, importa este produto.

EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES DE CAVACO DE MADEIRA REALIZADAS PELO BRASIL

CAVACO DE MADEIRA – BRASIL EM US$ 1.000,00

SITUAÇÃO

2000

2001

2002

2003

2004

Exportações

6051,715

7780,670

6895,257

6171,313

6699,925

Importações

10791,217

14241,161

15066,615

10407,323

9625,048

Fonte: Adaptado de International Trade Centre UNCTAD/WTO, 2006

O movimento das exportações e importações mundiais, tem demonstrado evolução em alguns anos e retração em outros.

Os maiores importadores do Brasil são o Japão e os Estados Unidos o Rio Grande do Sul através do porto de Rio Grande exportou em 2004 US$ FOB 44.171.223 e peso líquido (Kg) 742.015.800 sabendo-se que os valores e quantidades exportados para o Japão foram, em 2004 e 2005 US$ FOB 45.300.595 peso líquido (Kg) 758.902.990 e US$ FOB 61.171.761 e peso líquido (Kg) 905.589.011, respectivamente e para os Estados Unidos, em 2004, US$ FOB 23.226.881 e peso líquido (Kg) 357.338.600, em 2005 os valores foram US$ FOB 22.094.449 e peso líquido (Kg) 321.200.140, para o período.

Fluxograma do fluxo da indústria madeireira no Brasil.

O fluxograma abaixo demonstra de forma simplificada o processo de obtenção do cavaco de madeira. Serve simplesmente de base para entender os passos que existem no processo e possibilitar o entendimento a respeito.

Fonte: Adaptado de PHILIPP, Paul. Celulose e Papel – Tecnologia de fabricação de pasta celulósica. São Paulo: IPT, 1988.

1.3 O FOMENTO NACIONAL

O termo fomento é utilizado para caracterizar atividades centradas na promoção do desenvolvimento rural, tanto na área florestal como na agropecuária, historicamente, tem contemplado os mais diversos segmentos da produção agro silva – pastoril. São projetos e programas de iniciativa pública, privada ou integradas, com o objeto de estimular cultivos diversos.

O número de Empresas por Segmento do Setor Florestal no país.

Tabela x: Número de Empresas por Segmento do Setor Florestal

Tipo

Número de Empresas

Serrarias

10.000

Compensado

250

Madeira beneficiada (1)

2.000

Móveis

13.500

Celulose e Papel

220

Fonte: ABIMCI 2003; BRACELPA 2003.

(1) Inclui painel sarrafeado, blanks, molduras, portas e outros.

Novo pólo florestal da metade sul do Rio Grande do Sul.

Mais de 14 municípios da metade sul do estado estão plantando árvores exóticas. Este contexto é reflexo do projeto do governo gaúcho que está incentivando, através de financiamentos, desenvolver, principalmente, a metade sul com plantações de árvores exóticas. O problema é que esta região que estava estagnada economicamente, passou a contar com recursos provenientes da cultura da madeira.

Segundo a SBS – SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA (2006)

O município de Piratini - RS possui 50.000 ha de florestas de acácia negra, pinus e eucalipto que representam 13% da área do município sendo o inicio da implantação de pinus em 1976, acácia em 1990 e eucalipto em 2004. Existem 55 empresas florestais entre serrarias, marcenarias, reflorestadores produtores de carvão e usina geradora de energia elétrica através de resíduos florestais, O setor emprega 1830 pessoas ou 10% da população e existem 6500 pessoas que se beneficiam direta e indiretamente da atividade representando 33% da população do município. Por palavras do Prefeito Municipal durante o Seminário florestal de Caçapava do Sul em novembro deste ano, "Piratini tem seu problema de desemprego resolvido, e,inclusive, emprega mão-de-obra de municípios vizinhos para trabalhar nas florestas. O índice de participação do município na receita estadual está crescendo ano passando de 0,18 no ano de 2001 para 0,21 no ano de 2006. O valor adicionado o município cresceu de R$ 21 milhões em 1997 para R$ 144 milhões no ano 2006. Fonte: Engº. Ftal Rodolfo Perske; Emater Bagé/RS.

Este é o melhor exemplo a ser citado para o melhor entendimento do pólo florestal no estado do Rio Grande do Sul.

No primeiro semestre de 2005 as exportações de cavaco de madeira apresentaram um incremento de 7,1% na comparação com o mesmo período de 2004. O volume passou de 355.578 toneladas, no ano passado, para 380.968 toneladas. Para o fechamento do ano é esperado um crescimento de 17% - o saldo atingirá cerca de 917 mil toneladas, 133 mil toneladas a mais em relação ao ano passado. No comando das exportações de cavaco de madeira está a empresa Tanac, localizada no Distrito Industrial de Rio Grande. Ela utiliza o cais do terminal da Bianchini, no porto.

Com a alta na demanda do mercado japonês - emprega o cavaco como matéria prima na produção de celulose -, aumentou a quantidade de navios no porto.

As operações dos navios este ano estão mais ágeis - não precisam esperar para atracar. Um dos motivos é a queda no volume da soja. O fato reduziu as ações no cais da Bianchini.

Em 2004, quando a movimentação da safra de soja foi alta, houve a espera de navios e o pagamento de multas. Essa situação levou a empresa a aumentar a sua capacidade de atendimento. A Tanac decidiu investir R$ 5 milhões na ampliação de 60% da sua planta industrial de cavaco de madeira, em Rio Grande, e aumentar o número de funcionários. Ela também destinou R$ 15 milhões para a compra de terras na Metade Sul. A empresa tem hoje 28 mil hectares de florestas plantadas no Estado.

Grande parte do cavaco exportado pelo porto de Rio Grande é originário das regiões de Piratini e Pinheiro Machado. Numa parceria com a Bianchini, a Tanac ainda proporciona a aplicação de R$ 50 milhões na ampliação do cais do terminal: passará de 284 metros para 509 metros. Esses recursos também serão utilizados na colocação de mais cinco torres de transferência.

Ao desenvolver atividades que aumentem a capacidade de competição do setor produtivo brasileiro no mercado mundial, visando a geração de emprego, ocupação e renda, melhorias no Balanço de Pagamentos (aumento das exportações, competição com as importações e competição com serviços internacionais), Desenvolvimento Tecnológico e Regional.

Integrar, fortalecer e promover o desenvolvimento e a capacitação de fornecedores, articulados em redes de empresas, visando ao adensamento das cadeias produtivas e á sua inserção competitiva no cenário internacional.

Ao se caracterizar o setor florestal, contrastado-o com os demais setores da economia, pode-se afirmar que a gestão do negócio florestal no Brasil é diferenciada da gestão da maioria de outros negócios no País. Isso se dá com base no complexo contexto macroambiental, extremamente coercitivo, no qual as empresas florestais estão situadas.

O ambiente organizacional funciona como um campo dinâmico de forças que interagem entre si provocando mudanças e influências, diretas e indiretas, sobre as organizações.

E uma fonte de recursos e oportunidades da qual a organização extrai os insumos necessários ao seu funcionamento e subsistência, mas é também uma fonte de restrições, limitações, coações, problemas, ameaças e contingências para a sua sobrevivência e desenvolvimento.

No atual cenário socioeconômico, político e ambiental brasileiro, muitos são os desafios a serem enfrentados pelas empresas florestais. A estrutura organizacional do setor florestal é de gestão descentralizada, e voltada, prioritariamente, à questão do meio ambiente. a produção florestal é entendida como parte de gestão ambiental.

1.4 COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL

No inicio do século XVIII os economistas Adam Smith e David Ricardo, abordaram o tema das vantagens do comércio internacional.

Para Smith, (1996: p.439),

“Se um pais estrangeiro estiver em condições de nos fornecer uma mercadoria a preço mais baixo do que o da mercadoria fabricada por nós mesmos, é melhor comprá-la com uma parcela da produção de nossa própria atividade, empregada de forma que possamos auferir alguma vantagem.”

Ao analisar a teoria de Smith, observa-se que um pais tinha vantagens de custo em função das suas vantagens naturais, que algumas vezes era tão irrelevante que seria inútil tentar competir. Entretanto, essa discussão ocorre em um período cujos principais fatores de produção eram os recursos naturais e o trabalho, desenvolvendo-se, ainda, as utilizações do capital e da tecnologia.

Já Ricardo (1996: p.98) menciona:

“Que um país dotado de grandes vantagens em maquinaria e em capacidade técnica, e que consiga, portanto, produzir certas mercadorias com muito menos trabalho que seus vizinhos, poderá importar em troca dessas mercadorias parte dos cereais necessários a seu consumo, mesmo que sua terra seja mais fértil e nela os cereais pudessem ser cultivados com menos trabalho do que no pais no qual são importados.”

A especialização em bens com maior valor agregado explicaria a capacidade de alguns países terem resultados positivos e outros negativos nas suas balanças comerciais.

1. Fatores determinantes da Logística de exploração e transporte florestal

Entende-se por exploração florestal o conjunto de trabalhos executados para a colheita da madeira, compreendendo o corte ou a derrubada, a extração, o desgalhamento, o descascamento, o carregamento e o conseqüente transporte.

O transporte de madeiras está atrelado às leis de transporte de cargas vigentes no Brasil devendo obedecer as normas de carga máxima por eixo e comprimento máximo dos implementos no caso de carretas. Para se obter um transporte eficiente e com custo menor, deve-se otimizar o sistema todo, como segue:

§ Reconhecimento dos caminhos florestais a serem utilizados: escolher os que apresentarem uma melhor relação entre distância e velocidade média.

§ Realizar o processo de carregamento e descarregamento de maneira rápida e precisa a fim de se reduzir o tempo de ciclo entre o carregamento no estaleiro e o descarregamento na indústria.

§ Utilizar o caminhão ou carreta com implemento adequado ao sistema de colheita escolhido.

§ Realizar um treinamento com o operador a fim de se obter o máximo de produtividade sem danificar o caminhão.

§ Utilização dos Equipamentos.

§ A definição dos índices de mecanização nas diferentes fases do sistema de colheita de madeira se faz com a elaboração de relações de custo-beneficio entre os diferentes tipos de equipamentos e sistemas. As principais fontes de análise para a elaboração da relação custobeneficio são: condições climáticas, produtividade eficiência, disponibilidade, mecânica, custo por unidade volumétrica.

1.5 CERTIFICAÇÃO FLORESTAL

Certificação Florestal tem como fundamento a garantia dada ao consumidor de que determinado produto é originário de manejo florestal ambientalmente adequado.

As bactérias técnicas e desafios são encontrados por exportadores que são normalmente as cotas impostas por países importados entre eles os Estados Unidos.

Para os empreendimento florestais brasileiros sujeitos a fortes pressões de demanda ambiental muita delas nitidamente caracterizada como barreiras não tarifárias aos produtos de origem florestal. O setor florestal brasileiro vem crescendo continuamente, e a falta por pessoas treinadas demonstra uma enorme disporidade entre as técnicas conhecidas e os pessoal que deve executá-los.

A competitividade brasileira na exportação de cavacos de madeira.

Existem índices que medem essas vantagens, entre eles o de vantagem comparativa revelada, do economista Bela Bolassa, aprimorada por Lafay. Quanto ao cavaco de madeira, o país tem se demonstrado competitivo nos últimos anos, pois as exportações são significativas e raramente o produto é importado causando, assim uma competitividade frente.

A Vantagem Comparativa Revelada, (VCR), proposta Balassa (1965,1977), específica os preços pós-comércio e, é um dos métodos mais utilziado para determinar a vantagem comparativa. É uma medida revelada, tendo em vista que seu cálculo está baseado em dados observados ex-post ao comércio. A idéia é que o comércio “revela” vantagens comparativas “reveladas” naquele setor analisado.

Em outras palavras, os índices de VCR servem para descrever os padrões de comércio que estão tendo lugar na economia, mas eles não permitem (ainda) dizer se esses padrões são ótimos ou não.

Onde:

Xtpaís é o valor das exportações do bem K do país;

Xtpaís é o valor total das exportações do país;

Xkmundo é o valor das exportações do bem k no mundo;

Xtmundo é o valor total das exportações do mundo;

O índice de VCR fornece um indicador da estrutura relativa das exportações de uma região ou país. Quando uma região exporta um volume grande de um determinado produto, em relação ao que é exportado pelo país desse mesmo produto, isso sugere que a região conta com a vantagem comparativa na produção desse bem. A tabela x serve de base de dados para a obtenção do índice VCR a ser analisado.

Exportações de cavaco por país, exportações totais por país analisado e exportação total mundial.

Situação

2000

2001

2002

2003

2004

Exportação de cavaco da Austrália

420.113

366.940

427.642

505.836

622.151

Exportação total da Austrália

32.867.312

31.367.391

29.905.902

32.038.318

33.378.56

Exportação de cavaco da África do Sul

151.188

171.961

186.435

247.086

268.701

Exportações totais da África do Sul

24.966.252

22.866.904

22.738.194

26.930.258

26.624.360

Exportações de cavaco dos Estados Unidos

418.311

305.391

206.871

169.849

178.159

Exportações totais dos Estados Unidos

50.039.651

54.128.605

51.984.808

48.924.089

47.211.668

Exportações de caaco do Canadá

120.935

137.217

128.776

143.853

171.535

Exportações totais do Canadá

54.661.534

55.570.011

55.508.611

60.353.948

56.263.639

Exportações total do Brasil

52.489

48.642

51.892

61.241

86.296

Exportação total do Brasil 6.171.313

55.086.000

58.223.000

60.362.000

73.084.000

96.475.000

Exportações totais de cavaco no mundo

6.051.715

7.780.670

6.895.257

6.171.313

6.699.925

Exportação total do mundo

7.621.000.000

7.444.000.000

7.842.000.00

9.089.000.000

11.032.000.000

Fonte: Adaptado de International Trade Centre UNCTAD/WTO, 2006

A análise deve ser feita com a seguinte interpretação:

Índice < 1 – desvantagem comparativa; e

Índice > 1 – vantagem comparativa.

No caso do Brasil, verificou-se que possui vantagem comparativa, nas exportações de cavaco de madeira, mas ainda é sugerido pela Austrália, África do Sul, Estados Unidos e Canadá.

Índice VCR – Balassa

Índice – VCR do Cavaco de madeira

País

2000

2001

2002

2003

2004

Austrália

16,10

11,19

16,26

23,25

30,69

África do Sul

7,63

7,19

9,32

13,51

16,62

Estados Unidos

10,53

5,40

4,53

5,11

6,21

Canadá

2,79

2,36

2,64

3,51

5,02

Brasil

1,2

0,8

0,98

1,23

1,47

Fonte: Elaboração dos Autores

CONCLUSÃO

Constata-se, no mercado internacional, que as vantagens comparativas passam pela exigência de se ter um custo de logística internacional baixo, pois este é normalmente minimizado por uma boa estrutura de distribuição localizado no país de destino.

Ao se analisar os resultados de VCR do Brasil este demonstra que o país é competitivo nesse item, revelando números superiores a 1,2 nos últimos anos, o que significa que a sua participação no comércio de cavaco de madeira é relevante. A Austrália é o país que detém o melhor índice de VCR, destacando-se dos demais com uma vantagem sem igual, a participação do Brasil vem crescendo, isso significa que o país diversificou suas exportações. O aumento do VCR para o produto cavaco de madeira, retrata um alto grau de especialização e divisão internacional do trabalho.


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