Revista: Turydes Revista Turismo y Desarrollo.
ISSN 1988-5261


TURISMO RURAL: UM EXERCÍCIO DE RESENHA*

Autores e infomación del artículo

Wilkem Brendon de Lima

Discente do Curso de Turismo da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN, Brasil

Brendon.lima@outlook.com

O livro Turismo Rural, de Olga Tulik (geógrafa, mestre em geografia e doutora em ciências humanas), publicado pela Editora Aleph no ano de 2003, é constituído de 95 páginas, divididas em 6 capítulos, de conteúdo introdutório que busca discutir temas básicos para entender o Turismo Rural, analisando conceitos, definições e apontando características de experiências internacionais e brasileiras.
            Em resumo, a obra aborda concepções sobre a prática do turismo rural e discute alguns temas básicos, analisando conceitos e mostrando características brasileiras e influências internacionais com objetivo de apontar propostas e implementá-las no caso brasileiro.
            O Turismo rural é uma expressão usada para qualquer atividade turística no espaço rural, trazendo em suas definições características e transformações tanto do espaço rural quanto urbano, que atribuem conceitos diferentes em relação a alguns países, especialmente os da União Europeia, que diante das várias modalidades de turismo, passam a experiência e servem de base para a prática do Turismo Rural no Brasil. A visão difundida em vários países da Europa, principalmente na França, Portugal, Espanha e Itália, valoriza a ideia que as expressões TER/TAR (Turismo no Espaço Rural/Turismo na Área Rural) têm o mesmo significado, sendo confundido com turismo rural, pois essas atividades consistem na manifestação cultural relacionada ao meio rural; no entanto sua base estrutural está assentada em alojamentos do espaço rural, principalmente constituídos por hotéis especializados em temas ou atividades, pequenas hotelarias familiares e alojamentos específicos de agroturismo. A experiência europeia foi fundamental para estimular o Turismo Rural no Brasil, levando conhecimento das formas de Turismo no Espaço Rural em diferentes situações nas regiões do país, concentrando em núcleos atuantes do sul e sudeste, de certa forma adaptando-se as especificidades regionais e locais decorrentes da herança cultural, muitas destas formas frequentemente utilizadas como o turismo verde, turismo interior, turismo endógeno, etc., todas com os principais objetivos do Turismo Rural de complementar renda, gerar emprego e promover o desenvolvimento local.
            Várias questões relacionadas ao desenvolvimento local também são notadas em relação as atividades que envolvem o Turismo Rural, abordando a administração das médias e grandes propriedades com pouca ligação entre o proprietário, o ambiente e a cultura do local quando a renda é complementada por ganhos e não por atividades agrícolas, exemplificando que a busca por maior rentabilidade pode provocar intensificação das atividades e serviços ao turista colocando em risco a ligação com o meio rural.
            Na introdução, Olga Tulik explica que Turismo Rural, de uma maneira mais extensiva é qualquer atividade turística no espaço rural. Usando critérios como identificação e delimitações das zonas rurais e urbanas, Tulik mostra as características e classificações desse tipo de turismo. Também são citadas influências de desenvolvimento europeu que foram proliferadas no mundo inteiro, por consequência de suas experiências de sucesso nas questões culturais, de organização econômica, social e política de diversas localidades, difundido o conceito de turismo e excluindo outras formas como Turismo de Aventura e Ecoturismo.
            No primeiro capítulo, intitulado "ESPAÇO RURAL E ESPAÇO URBANO" o texto aborda atividades que estão relacionadas ao turismo rural como: uso de termos como área, espaço, zona e meios aplicados ao rural; critérios para delimitar o urbano e o rural;  e características e transformações do espaço rural. Como resultados desses dados são mencionadas expressões como Turismo no Espaço Rural (TER) e Turismo nas Áreas Rurais (TAR); em seguida, são citados três grandes grupos: oposição entre rural e urbano; tamanho e características demográficas; delimitação do perímetro urbano, com  base na experiência de vários países, destacando que o entendimento de rural varia entre países, mostrando de forma geral que os limites entre urbano e rural não são claros.
            O lazer e o turismo ocupam espaço nas novas atividades não-agrícolas e estão relacionados à crescente urbanização no meio rural mostrando que o turismo e manifestações de caráter urbano estão ligados no espaço rural e resultando em atividades nem sempre relacionadas ao conteúdo rural.
            No segundo capítulo, intitulado "O TURISMO RURAL NO CONJUNTO DAS MODALIDADES E DOS TIPOS DE TURISMO" são abordadas modalidades e tipos de turismo como: Turismo Alternativo; Turismo no Espaço Rural (TER)/Turismo na Área Rural (TAR); Turismo em Áreas Rurais e Naturais; Turismo na Natureza; Turismo Cultural; Agroturismo; Turismo Rural, todas essas relacionadas a um conjunto de características e conceitos que englobam as manifestações do turismo no espaço rural. Mesmo que algumas atividades não interajam com as atividades rurais, os espaços rurais proporcionam aos moradores urbanos a saída do caos da cidade, levando-os ao encontro de uma vida mais relaxante em contato com a natureza ou em uma atividade que traga bem estar (SCHULZ, 2006).
            No terceiro capítulo, intitulado "TURISMO RURAL NA PERSPECTIVA EUROPEIA: ALGUNS CASOS", o Turismo Rural é visto na perspectiva europeia com todas as suas características e mediante sua experiência que foi difundida por vários países chegando também ao Brasil. Segundo Carvalho (2008, p. 69), "o movimento do mundo rural faz parte das preocupações da União Européia desde a sua gênese". Alguns casos da União Européia como França, Portugal, Espanha e Itália foram essenciais e serviram como exemplo para várias outras nações em relação ao Turismo Rural, demonstrando seus principais fatores como: residências e hotéis de prestígio; hotéis especializados em temas ou atividades turísticas; alojamentos específicos de agroturismo, que foram a base estrutural da União Européia, pois existe uma grande diversidade terminológica de turismo rural, fruto das condições humanas e geográficas de cada país e região. Assim, foram identificadas condições que devem estar presentes para que a atividade turística seja considerada como Turismo Rural, como a relação entre visitantes e o autóctone, atividade realizada no espaço rural e na inter-relação com a comunidade local. O capítulo também mostra que alguns fatores estimularam o crescimento desses países que não tiveram desenvolvimento regular nem uniforme de Turismo Rural, como o desenvolvimento privado ou de controle do mercado, de controle público ou estatal e o modelo intermediário.
            No quarto capítulo, intitulado "TURISMO RURAL NO BRASIL" é discutido a importante influência que os países europeus tiveram sobre o Brasil, pois com o sucesso e experiência, proporcionaram um estímulo enorme para esse crescimento do Turismo Rural. A prática do turismo nas zonas rurais ampliou o desenvolvimento de alguns núcleos atuantes no sul e sudeste que são providos de uma herança cultural muito forte, destacando o Rio Grande do Sul que é ligado a uma colonização europeia presente e o Paraná fundamentado com o tropeirismo em roteiros gastronômicos. Vários outros estados ainda estão em fase de crescimento com uma situação recente e precária na prática do Turismo Rural.
            No quinto capítulo, intitulado "BRASIL: A EVOLUÇÃO DOS CONCEITOS" Tulik levanta questões sobre os conceitos de Turismo Rural, que na maioria das vezes foi absorvida de modelos europeus. As formas frequentes utilizadas são: turismo diferente, turismo interior e turismo verde, que foram expressões usadas diante das necessidades de ordenar as atividades e de elaborar as diretrizes para o território nacional, que apoiavam-se na diversidade de renda das propriedades rurais, objetivando gerar emprego e renda ao desenvolvimento local. O Turismo Rural apesar de ser uma atividade recente no Brasil vem se adequando nas atividades das unidades familiares de produção agrícola, onde o trabalhador rural começa a fazer outras funções no meio rural sem deixar suas antigas tarefas de lado (RIBEIRO; SILVA, 2006).
            No sexto e último capítulo, intitulado "ALGUMAS QUESTÕES COMPLEXAS" Tulik fala sobre temas de relevância social sobre a fragilidade econômica das zonas rurais e aborda questões da renda e da fixação do Homem no espaço rural para mostrar o Turismo Rural como alternativa de desenvolvimento sustentável, em vista que o espaço rural é codificado pelo patrimônio cultural e natural protagonizado por estratos sociais. Também são mencionadas características de proprietários e de propriedades rurais identificados em autêntico, sazonal e investidor, colocando em evidência a busca por maior rentabilidade e as consequências no meio rural em alguns casos.
            Nas considerações finais Tulik enfatiza que as experiências de Turismo Rural estão apoiadas nas tendências europeias. Mesmo em casos como o Turismo Sertanejo, expressão regional e marca nacional, também percebe-se a tendência europeia. Também são citados meios de hospedagens que reproduzem estruturas urbanas como por exemplo, hotéis-fazenda, spas e residências secundárias, que fazem parte das manifestações que ocorrem em função do Turismo no Espaço Rural, sendo notado uma diferença em questão do Turismo rural que está relacionado à produção rural.
            Diante disso, em resumo, a obra Turismo Rural busca mostrar as perspectivas entre o urbano e o rural nas questões com o turista e os produtores rurais em meio as atividades turísticas, evidenciando a marcante influência europeia no caso brasileiro, devendo respeitar a realidade nacional no que tange a cultura e as especificidades locais e regionais.
            A obra tem a característica de ser um texto didático, com uma linguagem acessível. Destinada a alunos de graduação e interessados na temática, o livro tem como foco difundir o conhecimento e argumentar sobre temas pouco conhecidos no segmento.

Referências

CARVALHO, Paulo. União Europeia, políticas públicas e desenvolvimento rural. Caderno de Geografia, Coimbra, FLUC, n. 26/27, p. 67-76, 2008. Disponível em: <http://www.uc.pt/fluc/depgeo/Cadernos_Geografia/Numeros_publicados/CadGeo26_27/artigo06>. Acesso em: 02. jun. 2017.

RIBEIRO, Alexandre Bernardes, SILVA, Paulo Sergio. Ensaio sobre as novas tipologias no rural brasileiro: O turismo rural no contexto da pluriatividade. Dialogando no Turismo,  Rosana, v. 2, n. 1, p. 26-46, nov. 2006. Disponível em:<http://www.rosana.unesp.br/Home/graduacao/turismo4761/revistadialogandonoturismo5272/v1n2a3.pdf>. Acesso em: 02. jun. 2017.

SCHULZ, Ester Cristina Back. Turismo no Espaço Rural na Área de Influência de Maringá – Paraná. 2006, 127 f. Dissertação (Mestrado)-UNIVALI Balneário do Camboriú, SC, 2006. Disponível em:<https://siaiap39.univali.br/repositorio/bitstream/repositorio/1283/1/Ester%20Back%20Schulz_1.pdf>. Acesso em: 02. jun. 2017.

TULIK, Olga.Turismo Rural. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2004.

* RESENHA DE: TULIK, Olga. (2004). “Turismo Rural”. 2. ed. São Paulo: Aleph.

Recibido: Julio 2017 Aceptado: Diciembre 2017 Publicado: Diciembre 2017



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