Luciana Scherer*
Sandra Beatriz Vicenci Fernandes**
Louise de Lira Roedel Botelho***
Ronnie Schroeder****
Universidade Federal da Fronteira Sul, Brasil
lucianascherer@yahoo.com.brRESUMO
O presente artigo visa uma reflexão sobre desenvolvimento, turismo e gastronomia. O objeto de análise é a Rota Via Orgânicos, lançada em 2016 em Garibaldi, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, a qual é composta por 10 empreendimentos que tem como elemento nucleador a oferta de produtos orgânicos. O município citado possui tradição no desenvolvimento de produtos turísticos baseados na gastronomia e em produtos agroalimentares, como a enogastronomia e a ecogastronomia, estratégia essa que vai além dos benefícios econômicos, resgatando a auto-estima e desenvolvimento sócio-cultural das regiões tradicionalmente voltadas para a agricultura familiar. Compreende-se que a inovação, aliando gastronomia e turismo, focada na estruturação de um importante segmento da oferta turística como o turismo gastronômico resulta em nova realidade no que concerne aos olhares sobre o desenvolvimento local, seja em ambientes urbanos ou rurais. A metodologia utilizada é própria das ciências sociais, de caráter qualitativo, com as seguintes técnicas: pesquisa bibliográfica sobre turismo, gastronomia, turismo gastronômico e desenvolvimento, além da interpretação e análise do Roteiro Via Orgânicos e demais documentos, e sustenta o posicionamento de que ações apresentadas por meio do turismo e da gastronomia maximizam possibilidades de benefícios culturais, sociais e econômicos para a localidade.
PALAVRAS-CHAVE: Turismo. Gastronomia. Turismo Gastronômico. Desenvolvimento Local. Inovação.
RUTA VÍA ORGÁNICA - UNA ESTRATEGIA DE DESARROLLO LOCAL BASADA EN TURISMO Y GASTRONOMÍA
RESUMEN
En este artículo se aporta una reflexión sobre el desarrollo, el turismo y la gastronomía. El objeto de análisis es la Ruta Vía Orgánica, lanzada en 2016 en Garibaldi, Estado de Río Grande do Sul, Brasil, que consta de 10 proyectos cuyo elemento de nucleación de la oferta de productos orgánicos. El consejo citó ha tradición en productos turísticos basados desarrollo en los productos alimenticios y agroalimentarios, como la comida y el vino y la eco-gastronomía, una estrategia que va más allá de los beneficios económicos, la recuperación de la autoestima y el desarrollo socio-cultural de las regiones centrado tradicionalmente en Agricultura familiar. Se entiende que la innovación, la combinación de la gastronomía y el turismo, centrado en la estructuración de un importante segmento de turismo y turismo gastronómico resultados en la nueva realidad con respecto a los puntos de vista sobre el desarrollo local, ya sea en entornos urbanos o rurales. La metodología utilizada es la misma de las ciencias sociales, cualitativa, con las siguientes técnicas: la literatura sobre el turismo, la gastronomía, el turismo y el desarrollo gastronómica, así como la interpretación y el análisis del mapa Via orgánica y otros documentos, y apoya la posición de que los recursos interpuestos por el turismo y la gastronomía maximizar las posibilidades de beneficios culturales, sociales y económicos a la ubicación.
PALABRAS CLAVE: Turismo. Gastronomía. Turismo gastronómico. El desarrollo local. La innovación.
THE ROUTE VIA ORGANIC - A LOCAL DEVELOPMENT STRATEGY BASED ON TOURISM AND GASTRONOMY
ABSTRACT
The present article intend to a reflection on development, tourism and gastronomy. The object of analysis is the Rota Via Orgância, launched in 2016 in Garibaldi, in the state of Rio Grande do Sul, Brazil, which is composed of 10 projects that have as nucleator element the supply of organic products. The mentioned municipality has tradition in the development of tourism products based on gastronomy and agro-food products, such as enogastronomy and ecogastronomy, a strategy that goes beyond economic benefits, rescuing the self-esteem and socio-cultural development of regions traditionally geared towards family farming. It is understood that innovation, combining gastronomy and tourism, focused on the structuring of an important segment of tourism, such as gastronomic tourism, results in a new reality regarding the local development, whether in urban or rural environments. The methodology used belongs to the social sciences, of a qualitative nature, with the following techniques: bibliographical research on tourism, gastronomy, gastronomic tourism and development, as well as the interpretation and analysis of the Via Organic Roadmap and other documents, and supports the position that actions presented through tourism and gastronomy maximize possibilities of cultural, social and economic benefits for the locality.
KEYWORDS: Tourism. Gastronomy. Gastronomic Tourism. Local Development. Innovation.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Luciana Scherer, Sandra Beatriz Vicenci Fernandes, Louise de Lira Roedel Botelho y Ronnie Schroeder (2017): A Rota Via Orgânica Uma estratégia de desenvolvimento local baseado no turismo e na gastronomia, Revista Turydes: Turismo y Desarrollo, n. 22 (junio 2017). En línea:
http://www.eumed.net/rev/turydes/22/rota-via-organica.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/turydes22rota-via-organica
INTRODUÇÃO
O Turismo vem conquistando espaço como campo de estudo em diversas áreas, porém muito ainda está por ser feito no sentido de produzir um conhecimento que possa revelar todas as dimensões desse fenômeno que cresce em importância no mundo. É formado por um amplo e diversificado conjunto de atividades econômicas, que englobam uma multiplicidade de setores da economia. Estudar as relações do que se entende por Turismo com as suas mais diversas atividades, características ou complementares é uma estratégia no sentido de tentar buscar entendimento sobre um tema ainda abordado de forma tímida, porém importante para o desenvolvimento regional. É também uma tentativa de contribuir, através da produção de conhecimentos e análises críticas sobre instrumentos e processos de desenvolvimento, para a mudança do quadro social no qual estão inseridas as localidades.
O presente trabalho constitui-se em um estudo no campo do turismo, da gastronomia e do desenvolvimento local, sendo o objeto em análise, o Roteiro Via Orgânicos, produto turístico recém lançado na cidade de Garibaldi, no Rio Grande do Sul.
O objetivo é, além de posicionar a importância do turismo para o desenvolvimento local, apresentar novas discussões sobre a relação do turismo com a gastronomia, e sobre o turismo gastronômico. Parte-se do pressuposto de que a gastronomia é parte integrante do Sistema Turístico, sendo considerada uma atividade de apoio ao turismo. Porém, com a necessidade de se inovar, buscar e desenvolver novos produtos gera-se uma possibilidade - que precisa ser refletida tanto pelo mercado, como pelos órgãos de estruturação do turismo, e obviamente pela academia – que é o olhar da gastronomia não só mais como apoio, e sim como fator motivador da viagem. Esse é o ponto chave para a construção de um segmento no mercado turístico. Para isso, é necessário inovar, desenvolver, qualificar e pensar produtos turísticos baseados na gastronomia integrada ao fator motivacional. Pensar em tendências, apresentar e analisar as ações colocadas em prol do desenvolvimento local é importantíssimo nesse cenário.
Em consonância com essa tendência, Garibaldi inova e lança no mercado a Rota Via Orgânica, objeto de análise aqui apresentado. A rota é composta por 10 empreendimentos que tem como elemento nucleador produtos orgânicos, fruto de uma produção orgânica certificada, todos comprometidos com uma ação sustentável.
As questões teórico-metodológicas desse estudo pautam-se, principalmente, nos seguintes pressupostos: uma pesquisa que combina esforços epistemológicos de análise interpretativa no sentido de tentar entender o turismo e a sua relação com a gastronomia a partir do fenômeno do turismo gastronômico, abordando a estratégia do município de Garibaldi para desenvolver um roteiro gastronômico inédito e criativo. A metodologia utilizada é própria das ciências sociais, de caráter qualitativo, com as seguintes técnicas: pesquisa bibliográfica sobre turismo, gastronomia, turismo gastronômico e desenvolvimento, além da interpretação e análise do Roteiro Via Orgânicos e demais documentos.
A estrutura do trabalho é composta por três sessões, além dessa introdução e das conclusões finais. A primeira discute as relações do turismo e do desenvolvimento local, com a busca de definições, entendimentos e posicionamentos sobre a complexidade desses dois termos tão utilizados nos estudos acadêmicos de âmbito regional ou local. Na sequencia, abordam-se os conceitos relativos à relação entre turismo, gastronomia e turismo gastronômico. Parte-se do pressuposto que, embora turismo e gastronomia sejam partes integrantes de um mesmo sistema, - e obviamente atividades econômicas que contribuem para o desenvolvimento de uma localidade, - para considerarmos a existência de turismo gastronômico, é necessário um passo além: trabalhar a gastronomia como fator motivador do deslocamento do turista. Por fim, é apresentado o objeto de estudo: a Rota Via Orgânica, onde são elencados aspectos sobre a tradição da cidade de Garibaldi em relação ao turismo gastronômico, as motivações do lançamento desse produto turístico, as estratégias de promoção, apoio e comercialização propriamente ditas e a importância da Rota Via Orgânica no desenvolvimento do turismo e também na produção consciente e integrada à natureza.
1. TURISMO COMO FONTE DESENVOLVIMENTO LOCAL
O turismo é um fenômeno relacionado às viagens, com a visita a um local diverso da residência das pessoas. As viagens não são uma novidade da nossa época, pois, desde que se formaram as primeiras sociedades, o homem começou a viajar pelos mais diversos motivos: econômicos, políticos, sociais, culturais, esportivos e científicos.
Entende-se o turismo como uma combinação complexa de inter-relacionamentos entre produção e serviços. O fenômeno é a composição de uma prática social com base cultural, com herança histórica, meio ambiente diverso, cartografia natural, relações sociais de hospitalidade, troca de informações interculturais. O somatório desta dinâmica sociocultural parte de um fenômeno recheado de objetividade/subjetividade, que venha a ser consumido por milhões de pessoas, enquanto síntese − o produto turístico, que está sendo tratado como um fenômeno totalizante, e não dialeticamente − uno/diverso, mas como produto final possível de total controle, suficiente em si mesmo (MOESCH, 2002).
Nos últimos anos, observa-se no mundo o crescimento contínuo do fenômeno turístico. A participação da atividade turística na economia brasileira já representa 3,7% do PIB do nosso país. De 2003 a 2009, o setor cresceu 32,4%, enquanto a economia brasileira apresentou expansão de 24,6% (MTUR, 2012). Para o World Travel & Tourism Council -WTTC, no ano de 2011, cerca de 2,74 milhões de empregos diretos foram gerados pelo turismo e com estimativa de crescimento de 7,7% para o ano de 2012, totalizando 2,95 milhões de empregos (WORLD TRAVEL & TOURISM COUNCIL, 2012). Em alguns países, principalmente naqueles em desenvolvimento, o turismo é analisado como uma das melhores alternativas capazes de introduzir melhoria na qualidade de vida da sociedade.
O turismo pode contribuir significativamente com a criação de oportunidades de emprego, favorecendo os jovens e os beneficiários dos programas sociais, visto que é uma atividade econômica que necessita de menor investimento para a criação de postos de trabalho. Para Casimiro Filho (2002), com cada milhão a mais de investimento, o país triplica o número de empregados, pois o turismo é composto de diversos setores além de ser intensivo em mão de obra, em função da natureza dos serviços envolvidos na sua cadeia produtiva. Sua contribuição para a criação de riquezas e melhoria do bem-estar dos cidadãos faz-se sentir de múltiplas formas: pelo desenvolvimento de empreendimentos de apoio que estimula, pela preservação do ambiente, pelo investimento e inovação que promove, pela recuperação do patrimônio histórico e cultural que requer e, principalmente, pela produção e empregos que gera.
Os benefícios do turismo não se restringem à esfera econômica, embora esta última constitua o argumento mais facilmente visível, e por si só, bastaria para o investimento no setor. O turismo pode contribuir para o desenvolvimento social e cultural das populações, desenvolve o enriquecimento pessoal dos viajantes, amplia os conhecimentos humanos, possibilitando acesso aos recursos naturais e culturais de uma nação. Também pode atuar nas ações para a preservação dos bens culturais, tradições e costumes, bem como em relação ao patrimônio natural de determinada região.
Autores que têm se dedicado à análise da relação entre turismo e desenvolvimento apontam que a atividade turística não deve ser vista como um fim em si, mas como uma das alavancas que podem impulsionar o desenvolvimento. Com o posicionamento de que o turismo é um vetor positivo que proporciona inúmeros benefícios e impactos desejáveis e que seu efeito multiplicador é significativo nas economias e nos aspectos político-sócio-culturais em uma região, emerge a possibilidade de pensar essa atividade como uma importante fonte de desenvolvimento local. Ao pensar na relação entre o turismo e o desenvolvimento, a primeira questão que pode ser destacada é a complexidade que ambos os conceitos apresentam. Para se entender desenvolvimento é necessário utilizar-se de perspectiva multidisciplinar e sistêmica, sem deixar de considerar aspectos culturais, sociais, naturais, econômicos e espaciais, (abordagem também necessária para entender o turismo), sendo que a multidisciplinaridade de olhares torna o desenvolvimento objeto de estudo de inúmeras disciplinas e profissionais e diversas áreas (SACHS, 1986).
A ideia de Desenvolvimento Local pode ser compreendida como uma derivação do termo Desenvolvimento, entendido como o processo de mudança que articula o avanço da estrutura produtiva da economia, a elevação da qualidade de vida da população e a conservação ambiental. Desenvolvimento, em qualquer concepção, deve resultar do crescimento econômico acompanhado de melhoria na qualidade de vida, ou seja, deve incluir as alterações do composto do produto e de recursos pelos diferentes setores econômicos, visando a melhoraria de indicadores econômico e social (tais como níveis de renda, índices de pobreza, desemprego, desigualdade, condições de saúde, alimentação, educação e moradia) (VASCONCELLOS e GARCIA, 1998). As prioridades de desenvolvimento devem ser capazes de administrar os avanços em cada uma dessas dimensões, contornando os conflitos e tensões entre a economia, a sociedade e o meio ambiente. Ao tratar-se de desenvolvimento local é necessário considerar não somente o resultado de uma construção apenas teórica ou acadêmica de conceitos, mas sim uma necessidade atual e real, que perpassa todas as regiões e seus atores, uma forma de gerir mais eficazmente os fatores de desenvolvimento, tanto no melhor uso dos recursos como na garantia de uma maior participação dos diferentes atores. Deve, ainda, procurar soluções para os problemas criados pela dinâmica da economia global, especialmente no que respeita à atenuação dos, cada vez mais, evidentes desequilíbrios espaciais.
O processo de desenvolvimento local comporta as ações das sociedades locais na formulação de estratégias com o intuito de discutir questões peculiares das suas regiões, o que torna as pessoas e as localidades, um sujeito ativo no próprio processo de desenvolvimento. Uma das estratégias abordadas nesse estudo é o desenvolvimento da uma região a partir do turismo, da gastronomia e do turismo gastronômico, apresentando, além das discussões teórico-referenciais sobre o tema, um exemplo estratégico típico de aplicação de conceitos e envolvimento da sociedade local.
2. TURISMO E GASTRONOMIA: REFLEXÕES PARA CONSTRUÇÃO DO TURISMO GASTRONÔMICO
As distintas possibilidades para pensar a alimentação fazem da gastronomia uma questão multidisciplinar, e de uma forma especial, podem-se destacar as suas interrelações com o turismo. A gastronomia como uma atividade de apoio, integrante do Sistema Turístico 1 é uma abordagem consolidada e sem maiores questionamentos, pois não é possível considerar o turismo sem prever - entre outros serviços de apoio, a alimentação para curta ou longa estada, sendo que o turista dificilmente poderá abster-se dela, e desta forma, surge a possibilidade, de um lado, de o turista vivenciar a culinária e a gastronomia da localidade, e de outro, dos empreendimentos gastronômicos beneficiarem-se com o turismo.
Se a gastronomia como um serviço de apoio ao turismo é um tema consolidado, o novo olhar vai ao encontro de considerar a gastronomia como um atrativo ou até mesmo um produto motivador da viagem para determinado destino. Essa nova abordagem é muito importante do ponto de vista turístico, pois a relação entre o turismo e a gastronomia apresenta possibilidades, não tão novas, porém insuficientemente exploradas, que são as diversas formas de turismo voltadas para as características gastronômicas de cada região (FURTADO 2004).
Refletir sobre gastronomia e turismo significa compreender processos sociais e culturais que não são necessariamente quantificáveis, e essa reflexão perpassa, também, o entendimento sobre cultura e turismo. A cultura pode ser definida como:
...o conjunto de práticas, das técnicas, dos símbolos, e dos valores que se devem transmitir às novas gerações para garantir a reprodução de um estado de consciência social. [...] cultura pressupõe uma consciência grupal operosa e operante que desentranha da vida presente os planos para o futuro (BOSI, 1992 p.11).
Uma das manifestações da cultura é a gastronomia, entendida como:
o conhecimento fundamentado de tudo o que se refere ao homem, na medida em que se alimenta. Seu objetivo é zelar pela conservação dos homens, por meio da melhor alimentação possível. Ela atinge esse objetivo dirigindo, mediante princípios seguros, todos os que pesquisam, fornecem ou preparam as coisas que podem se converter em alimentos (BRILLAT - SAVARIN,1995: 57)
Ainda nesse contexto, Revel (1994) entende que a gastronomia está para além da cozinha, definida por ele como um aperfeiçoamento da alimentação, que passou pelo estágio da cozinha e alcançou um nível de especialização até então jamais visto. A comida, uma ação da cultura sobre o alimento, ganharia distância da natureza à medida que essa transformação adquire maior complexidade.
Embora a identidade cultural não esteja unicamente vinculada à cozinha ou à gastronomia, é resultado de relações estabelecidas entre distintos grupos no sentido de delimitar suas fronteiras. Portanto, separar a gastronomia da cultura é tarefa difícil, já que cada sociedade ao longo do tempo e da variação geográfica caracteriza-se, dentre outros aspectos, pelos pratos e costumes gastronômicos a partir do que é consumido na coletividade, e a partir dessa culinária, é possível construir a identidade regional.
O turismo, como a gastronomia, é outra manifestação da cultura. Ao longo das últimas décadas do século XX, o turismo buscou uma segmentação como uma forma de organizar o turismo para fins de planejamento, gestão e mercado. A segmentação de mercado no turismo não é uma noção acadêmica, mas sim uma estratégia que busca encontrar, através de recursos de marketing uma maior otimização do setor, seja pelo lado das empresas do sistema turístico na tentativa de maximizar seus lucros, seja pelo lado dos turistas na tentativa de maximizar sua satisfação (LAGE, 1992).
Os segmentos turísticos podem ser estabelecidos a partir dos elementos de identidade baseada tanto em oferta2 como em demanda3 , sendo aos poucos caracterizado em diversos tipos de turismo, visando aproximar-se dos mais diversos públicos. Dentre esses segmentos da oferta turística, podem ser destacados o turismo cultural e o turismo gastronômico. O turismo cultural caracteriza-se como aquele que “compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura” (MTURa, 2007 p.13). Esse tipo de turismo tem sido considerado a partir de um triplo enfoque: como a superação do turismo consumista e de evasão, como forma de unir os povos e como meio de desenvolvimento econômico para regiões sem a oferta clássica de lazer e entretenimento (BAUDRIHAYE, 1997 p.43).
A partir do exposto, cabe lançar um olhar particular ao fenômeno turístico, alicerçado na cultura e gastronomia, com vistas ao desenvolvimento local. Claro está que a gastronomia faz parte do turismo, mas isso, por si só, não define o turismo gastronômico. Para qualquer tipo de segmentação da oferta turística há que se prestar atenção em dois aspectos: a característica da região receptora (sob o aspecto da oferta turística) e também na motivação do turista (sob o aspecto da demanda turística). Assim, para caracterizar o segmento do turismo gastronômico, além da existência do produto gastronômico deve considerar-se a condição motivadora do turista, ou seja: dentre as forças que o fazem viajar e visitar determinado local, há a vontade de viver a gastronomia local? Se SIM, é possível configurar a viagem como uma viagem de turismo gastronômico, se NÃO, aborda-se somente – mas não menos importante – um fenômeno de turismo e gastronomia.
O turismo gastronômico no escopo desse trabalho, portanto, é entendido como aquele em que a gastronomia é a principal motivadora do deslocamento (PECCINI, 2013). De acordo com Long (2004) essa nomenclatura surgiu, em parcos estudos, no fim dos anos 1990.
Para fins de mercado e identificação de produto turístico, o turismo gastronômico é considerado como um sub-segmento do turismo cultural, sendo que para o Ministério do Turismo, é necessário observar que estejam preservados os princípios da tipicidade e identidade cultural dos produtos gastronômicos. (MTURa, 2007).
Segundo Schluter (2003 p. 89), “a gastronomia, sem dúvida, está ganhando terreno como atração tanto para residentes como para turistas. Não só nutre o corpo e o espírito, mas faz parte da cultura dos povos” e na mesma linha, Ignarra (1999), corrobora que um atrativo turístico é um recurso da natureza ou da cultura que atrai o turista para visitação. Seguindo este raciocínio, subentende-se que a gastronomia pode ser considerada, enquanto elemento cultural, como um atrativo para o turismo, sendo que a organização de produtos turísticos com elementos gastronômicos passa a ser uma ferramenta de divulgação dos destinos turísticos e consequentemente, uma estratégia de atração de turistas e visitantes4 , a exemplo do lançamento da Rota Turística Via Orgânica, no município de Garibaldi, na região da Serra no Rio Grande do Sul.
3. ROTA VIA ORGÂNICA: UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO LOCAL
O município de Garibaldi localiza-se na Encosta Superior do Nordeste do Rio Grande do Sul, a 110 quilômetros de Porto Alegre e conta com uma população é 32.578 habitantes. O município pertence à 1ª Colônia da Imigração Italiana e integra a Região Uva e Vinho da Serra Gaúcha e o Vale dos Vinhedos. É reconhecido como a Capital Brasileira do Espumante devido ao pioneirismo e qualidade de seus vinhos e espumantes. A cidade, com um charme especial, guarda as características de um ambiente tranquilo, com uma paisagem bucólica que lhe dá um ar particularmente distinto do nosso tempo.
A economia tem como base econômica a indústria, que responde por 65% de toda a economia do município, e a agricultura, tendo no turismo um dinamizador em função da sua atratividade gastronômica, suas vinícolas e seus espumantes. A conquista do título de Terra do Champanha, ou Capital Nacional do Espumante deu-se em função do pioneirismo nessa produção no mercado brasileiro, em 1913 pela família Peterlongo 5. Durante quatro décadas o espumante de Garibaldi foi o único produto do gênero produzido no Brasil (www.garibaldi.rs.gov.br).
A sua tradição na relação entre turismo, gastronomia e produtos agroalimentares dá-se muito em função de ser detentor do título de Terra do Champanha / Capital Nacional do Espumante, da Festa Nacional do Champanhe e dos seus roteiros turísticos baseados na gastronomia italiana e degustação de espumantes.
Um dos roteiros mais importantes da cidade é a Estrada do Sabor, no qual é oferecida ao visitante a oportunidade de estar em contato com a paisagem, de caminhar pelos vinhedos, degustar vinhos elaborados com um minucioso processo de vinificação, provar os deliciosos pães cozidos em forno a lenha, geléias, grapas e licores caseiros, produzidos em sistema de agricultura ecológica. As copas, os salames e, claro, a mesa farta com antigas receitas mantidas em segredo, que ofertam sutis e delicadas combinações de condimentos e ingredientes, e representam o patrimônio e orgulho das famílias italianas.
Com fins de dinamizar ainda mais essa oferta de turismo e gastronomia, foi desenvolvida, no município, a rota turística Via Orgânica, lançada em outubro de 2016, com uma proposta focada no turismo voltado para a gastronomia, para cultura e para a sustentabilidade. O projeto foi desenvolvido a partir de uma iniciativa conjunta entre o SEBRAE/RS e a Secretaria de Turismo de Garibaldi com o objetivo de criar um destino turístico específico de espaços que cultivem e revendam produtos orgânicos.
Uma rota turística pode ser entendida como um percurso continuado e delimitado cuja identidade é reforçada ou atribuída pela utilização turística, sendo um itinerário com base em um contexto histórico e/ou temático. Uma rota pode contemplar vários roteiros e perpassar várias regiões turísticas (MTURb, 2007).
A Via Orgânica é apresentada como uma das primeiras rotas do Brasil em propriedades orgânicas certificadas. Além de turismo rural, o roteiro inclui restaurante, vinhos e espumantes alternativos, cooperativa, comércio, hospedagem e indústria – todos dentro da temática do alimento aliado à saúde, à sustentabilidade ambiental, social e cultural.
O inicio da formatação do projeto deu-se no ano de 2014, quando foi criada a Comunidade do Alimento do Convivium Slow Food Primeira Colônia Italiana, dando início ao processo de qualificação para o serviço turístico. Essa organização é apoiadora do movimento internacional Slow Food 6, fundado em 1986 por Carlo Petrinni, tornando-se uma associação internacional sem fins lucrativos em 1989. Configura-se hoje, um movimento que opera, em cada país, através de uma rede nacional atenta as características e especificidades de cada território. A sede internacional do Slow Food é em Bra, na Itália. O movimento tem alcance tanto localmente como mundialmente junto a organizações internacionais.
A atenção às características de cada território, aliado ao principio básico do movimento - o direito ao prazer da alimentação, por meio da utilização de produtos artesanais de qualidade, produzidos de forma que respeite tanto o meio ambiente quanto as pessoas responsáveis pela produção - foi o que deu origem à ideia para a formatação de um roteiro turístico composto somente de estabelecimentos comprometidos com a produção orgânica de alimentos e bebidas.
A cultura do alimento orgânico vem sendo difundida no município de Garibaldi e conta com incentivo da Secretaria de Turismo da cidade, talvez, muito em função da cidade participar do movimento Slow Food, já que o lançamento da Via Orgânica reforça o conceito do alimento bom, justo e limpo. Na nova rota, o turista encontra paisagens, resgate de antigas formas de cultivo, aprimoradas pelas novas tecnologias, contato direto com a simplicidade e a experiência de quem produz e prepara o alimento.
Ao todo, dez empreendimentos integram a Rota, com o propósito de valorizar o cultivo orgânico e de abrir seus espaços para receber turistas: Arte da Vinha, Cooperativa Vinícola Garibaldi, Econatura, Família Boroto, Família Marini, Morro São Francisco, Sabor Ecológico, Sítio Crescer, Sítio do Celo e Valle Rústico. A Rota pode ser visualizada na figura 2.
Os 10 empreendimentos integrantes da rota possuem propriedade e produtos certificados como orgânicos. A certificação é resultado de um processo que assegura ao consumidor a qualidade do produto ofertado, em consonância com as regras de produção orgânica. O atestado de conformidade é emitido por um organismo ou entidade credenciada para tal, que após criteriosa análise e avaliação de todas as etapas de produção emite um certificado de conformidade orgânica.
Os empreendimentos integrantes da Rota são:
Um aspecto muito importante a ser analisado no contexto de uma rota, roteiro ou produto turístico são as questões referentes a estratégias de promoção, apoio a comercialização e comercialização propriamente dita. A promoção turística diz respeito ao item do composto de marketing que abrange todas as ferramentas mercadológicas utilizadas para estabelecer comunicação com o mercado, incluindo as técnicas a serem aplicadas para promover o produto turístico e a forma como a promoção será transmitida ao consumidor: imagem, linguagem de comunicação etc. O apoio a comercialização diz respeito às ações desenvolvidas por poder público, instituições e organizações públicas ou privadas que visam facilitar o processo de comercialização do produto no mercado turístico. Já a comercialização turística é executada pelo empreendimento, pelo negócio em si. “Resumidamente, o processo de comercialização turística acontece quando um operador distribui produtos turísticos às agências de turismo, que os vendem ao consumidor final” (MTURb, 2007: 41)
No caso em análise, as estratégias de promoção e apoio a comercialização da rota iniciaram-se mesmo antes do lançamento. Agências e operadoras de turismo receberam informações sobre o produto turístico e foram convidados para participar do lançamento. Segundo o Ministério do Turismo,
A promoção turística é fundamental para que o roteiro torne-se conhecido e desejado, levando ao aumento da visitação, do tempo de permanência e do gasto médio do turista nos destinos brasileiros. Neste contexto, a montagem de uma estrutura sólida de comercialização é vital para que seja possível, a todos os interessados, o acesso ao produto promovido (MTURb, 2007:42).
As principais ações voltadas para o mercado, tanto turístico como final, já realizadas são:
Além disso, destaca-se o esforço de fazer o produto conhecido, por meio de veiculações de reportagens em revistas, jornais, programas de televisão, e internet. Os exemplos já realizados são:
Em relação ao trade 19 turístico, a Via Orgânica foi apresentada durante o Festival de Turismo de Gramado20 , em novembro de 2016. O Festuris é um evento de promoção e apoio a comercialização do turismo bastante consolidados do país.
A rota possui sinalização turística, indicando os caminhos e os empreendimentos. Esse é outro ponto a destacar: a importância da sinalização em uma rota turística. A falta dela pode provocar grandes transtornos aos turistas, prejudicando a experiência no local, e em casos extremos, influenciar na decisão de não mais retornar àquelas localidades. Na pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo, a fim de medir o Índice de Competitividade dos Destinos Indutores do Turismo, um dos itens avaliados é a existência e a qualidade da sinalização turística.
Segundo o Guia Brasileiro de Sinalização Turística (MTUR, 2015)21 , com a sinalização são apresentadas as informações que garantem o posicionamento e o reconhecimento espacial, além de serem supridas as necessidades básicas de orientação para deslocamentos em territórios desconhecidos. Cumpre ainda significativo papel quando oferece dados suplementares a respeito do universo e da natureza dos atrativos dispostos ao longo da malha viária urbana, ou nos percursos rodoviários existentes entre eles.
Essa sinalização é a comunicação efetuada por meio de um conjunto de placas de sinalização implantadas sucessivamente ao longo de um trajeto estabelecido, tem por objetivo melhorar a mobilidade e o deslocamento de pessoas e garantir a eficiência e a segurança do sistema viário para os usuários das vias urbanas e rurais, auxiliando-os a atingir os destinos pretendidos.
A sinalização de orientação turística, com mensagens que contribuem para a difusão do conhecimento dos atrativos e para o desenvolvimento da atividade turística, reveste-se de grande importância, pois tem função educativa e indicativa, além de dinamizar o setor turístico e integrar o turista com a paisagem visitada.
No caso específico da Rota Via Orgânica, os estabelecimentos contam com a sinalização indicativa da marca da respectiva rota, conforme apresentado na figura 4.
A identidade visual é outro ponto a destacar. A criação de uma marca que identifica a Rota Via Orgânica pode ser entendida como uma ação de promoção e apoio a comercialização que visa facilitar o impulso da imagem do produto junto ao mercado consumidor. “A marca é um ativo da empresa que tem ganho cada vez mais importância e, assim, tem captado de forma crescente a atenção dos profissionais de marketing. Hoje, a marca é um sinônimo de competitividade e de permanência no mercado”. Uma das funções da marca é criar valor para o consumidor e para a organização, sendo a marca considerada uma garantia de origem e de qualidade que identifica e favorece o conhecimento do produto, além de favorecer a fidelização (LENDREVIE et al. 1996 : 467). Ainda para os autores, acrescenta valor ao produto valorizando-o fortemente.
No caso da Rota, embora não seja uma “empresa”, essa correlação com a importância da marca pode ser estabelecida no sentido da importância da marca sustentar a identidade visual do produto turístico. Apresentar um produto turístico ao mercado com uma marca é uma estratégia que busca identificar, dar valor, dar vida e identidade àquilo que está sendo ofertado. A identidade da marca é um conjunto único de associações que reflete o que a marca deverá representar, incluindo uma potencial promessa aos visitantes, e é esta identidade que os responsáveis pelo marketing estratégico de destinos turísticos almejam conquistar ou manter.
Para que um destino, ou nesse caso, uma rota turística, possa ser apresentado com sucesso ao seu publico consumidor, terá primeiro que definir o que está implícito na sua individualidade – ou seja, a sua identidade. Enquanto a imagem de uma marca tende a ser tática, a sua identidade deverá ser estratégica e reflexo de uma estratégia organizacional capaz de conduzir a vantagens sustentáveis, além de ser capaz de refletir as qualidades duradouras da marca (AAKER, 2007). A marca da Rota Via Orgânica pode ser visualizada na figura 5.
A Rota Via Orgânica, baseada em uma proposta onde o turista poderá vivenciar a filosofia que alia o alimento à saúde, à sustentabilidade ambiental, social e cultural, traz para a oferta turística gaúcha, importantes contribuições acerca da inovação, criatividade e sustentabilidade para aliar o turismo, a gastronomia e o turismo gastronômico como estratégia o desenvolvimento local.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O crescente fluxo de visitantes nas localidades que acreditam no seu potencial turístico contribui para a melhoria da renda dos residentes. Isso ocorre devido à geração de empregos, ao crescimento da produção artesanal, ao incentivo ao desenvolvimento imobiliário e hoteleiro, canalizando recursos para as cidades do interior. Ainda, essa afluência de turistas contribui para a preservação da identidade cultural e gastronômica, particularmente por meio da manutenção do patrimônio natural, material ou imaterial. Dessa forma, as novas formas de produção, desenvolvimento e promoção de novos produtos turísticos constitui-se em uma importante ferramenta de desenvolvimento local.
A gastronomia é muito relevante para o turismo e possibilita inúmeras oportunidades para todos aqueles que souberem explorar esse segmento turístico, direta ou indiretamente. A experiência da Rota Via Orgânica mostra que a gastronomia como produto turístico é um importante motivador, e mesmo quando não é o motivo e/ou elemento principal, sempre estará inserida no contexto e terá o seu papel de destaque na experiência turística.
A gastronomia frequentemente compreendida como coadjuvante, como um serviço de apoio ao turismo pode assumir um papel de protagonismo ao ser assumida como nucleadora de um produto turístico. No caso abordado no presente trabalho, esse produto turístico assume um caráter inovador, não unicamente por associar uma forma de produção de grande apelo a um conceito de alimentação saudável, mas essencialmente em razão de sua identificação com um modo de vida. Os diversos movimentos voltados à produção agroecológica pautam-se pela ética de respeito ao consumidor ao ofertar um produto de qualidade superior e também a um modo de produção que respeita a vida e preserva o ambiente. Tais valores representam mais do que um mero apelo mercadológico, residindo aí seu caráter inovador.
Sendo como coadjuvante, se tratado como um serviço de apoio ao turismo, ou em casos especiais a serem estudados e considerados nos saberes sobre estratégia de desenvolvimento do turismo, nos quais pode vir a ser o grande e principal produto turístico, a gastronomia, de qualquer forma, está presente. Do exposto é fundamental divulgar a cultura local a partir de suas cozinhas para contribuir para desenvolvimento regional através do Turismo e do Turismo Gastronômico, pois a gastronomia representa uma fonte inesgotável de recursos turísticos.
Todos os empreendimentos apresentam uma preocupação com a simplicidade, com a hospitalidade, com o atendimento personalizado e detalhado, e com a cultura orgânica de produção. Essas são características que fazem esse produto turístico ser inovador e importante no cenário turístico do Rio Grande do Sul. Novos conceitos, novas produções, novas formas de fazer turismo e desenvolvimento regional são propostas nessa Rota Turística.
Em tempos de complexidade tecnológica, de impactos ambientais, esgotamento dos recursos naturais e incontáveis consequências decorrentes do consumo de agrotóxicos na alimentação, Garibaldi apresenta uma rota turística que desafia essa realidade e provoca uma reflexão ao buscar um modo de vida mais próximos da natureza: simples, saudável e, principalmente, mais humano. O Município reúne produtores e empreendedores de orgânicos que seguem uma relação não predatória com a natureza e também uma maior proximidade entre quem produz e quem consome, e por meio do turismo, da gastronomia, da cultura e da sustentabilidade, promove uma alternativa importante para o desenvolvimento regional
Iniciativas como esta, adquirem valor por, implicitamente gerarem espaços que convergem tanto iniciativas de desenvolvimento da região como concorrem para a efetiva construção de uma cultura da sustentabilidade, de valorização da cultura local. Ao mesmo tempo, inserem-se num contexto internacional de difusão de um movimento que cresce no mundo inteiro, o Slow Food.
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SLOW FOOD - http://www.slowfood.com/
* Doutoranda no Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade do Noroeste do Rio Grande do Sul - Unjuí. Bacharel em Turismo e em Administração, Mestre em Ciências Sociais. lucianascherer@yahoo.com.br
** Doutora, Agrônoma. Professora no Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul - Unijuí. sandravf@unijui.edu.br
*** Pós Doutora em Engenharia e Gestão do Conhecimento, Administradora. Professora na Universidade Federal da Fronteira Sul. loiusebotelho@uffs.edu.br
**** Administrador e Especialista em Recursos Humanos. Servidor na Universidade Federal da Fronteira Sul. ronnie.schroeder@uffs.edu.br
1 O SISTUR – Sistema de Turismo constitui-se num modelo referencial desenvolvido por Mário Beni, a partir da conceituação de sistema como o conjunto de procedimentos, doutrinas, ideias e princípios logicamente ordenados e coesos. Para o autor o turismo é um sistema aberto e buscando descrevê-lo como um sistema sintetizador dinâmico que demonstrasse as combinações de força e energia, sempre em movimento, Beni (1998) relacionou uma série de funções inerentes a natureza da atividade de turismo, tais como: o conjunto de fatores motivadores das viagens e a escolha das áreas das destinações turística; o deslocamento de indivíduos no continuo espaço tempo; o tempo de permanência na área receptora; a disponibilidade de solicitação de equipamentos de alojamento hoteleiro e extra-hoteleiro, mas também de equipamentos complementares da alimentação; o processo de produção e distribuição desses bens e serviços; a fruição dos bens turísticos; e também a estrutura e o comportamento dos gastos do turista. A partir dessa lista, Beni configura o que denomina de diagrama de contexto do Sistema de Turismo, formado por três grandes conjuntos: o das Relações Ambientais, o da Organização Estrutural e o das Ações Operacionais que interagem entre si. Cada componente desses conjuntos pode ser considerado um subsistema em si pois apresenta funções próprias e especificas, assumindo características individualizadas.
2 A partir da oferta, a identidade pode ser conferida pela existência em determinada localidade as práticas e tradições (agropecuária, pesca, esporte, manifestações culturais, manifestações de fé), os aspectos e características (geográficas, históricas, arquitetônicas, urbanísticas, sociais) e também determinados serviços e infra-estrutura específicos (de saúde, de educação, de eventos, de hospedagem, de lazer). Configura tipos de TURISMO.
3 Com enfoque na demanda, a segmentação é definida pela identificação de certos grupos de consumidores caracterizados a partir das suas especificidades em relação a alguns fatores que determinam suas decisões, preferências e motivações, ou seja, a partir das características e das variáveis da demanda. Configura os tipos de TURISTA.
4 Segundo a OMT (1999), visitante é o indivíduo que se desloca a um local situado fora do seu ambiente habitual, por um período inferior a 12 meses, cujo motivo principal é outro que não o exercício de uma atividade remunerada no local visitado. Existem duas categorias de visitantes: os excursionistas e os turistas. Os três critérios fundamentais para distinguir os visitantes de outros viajantes são os seguintes: a deslocação deve efetuar-se a um local fora do seu ambiente habitual; a estada no local visitado não deve ultrapassar doze meses consecutivos; o objetivo principal da visita não deve ser o exercício de uma atividade remunerada no local visitado. Vale destacar que, embora seja a definição oficial, merece ressalvas quanto a exclusão do turista de negócios. Turista é entendido como o Visitante que permanece, pelo menos, uma noite num alojamento coletivo ou particular no lugar visitado.
6 Maiores informações sobre o movimento Slow Food podem ser encontradas no site http://www.slowfood.com/
7 Sitiotur é um conceito proposto pela Rota Via Orgânica, em alusão ao citytur – que configura a visita aos atrativos e produtos turísticos de uma localidade. Seria um paralelo ao citytur, mas no meio rural.
8 https://www.facebook.com /rotaviaorganica/?fref=ts
9 http://revistaadega.uol.com.br/artigo/brasil-lanca-nova-rota-vinhos-organicos_1 0781. html#WBhBKv jt8X4
10 http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/viagem/ noticia/2016/11/conheca-a-via-organica-nova-rota-turistica-de-garibaldi 8190568 .html
11http://zh.clicrbs.com.br/rs/opiniao/colunistas/marta-sfredo/noticia/2016/10/rs-ganha-novo-roteiro-turisti co-focado-em-produtos-organicos
12 http://paladar.estadao.com.br/blogs/blog-da-belle/vinhos-organicos-e-azeites-balsamicos-farinhas-e-outros-no-sul-do-brasil/
13 http://www.redesul.am.br/garibaldi-am/noticias/economia/17-10-2016/turistica-via-organica-em-garibaldi
14 https://www.facebook.com/NegociosdaTerra/ ou http://negociosdaterra.com.br/
15 http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/bom-dia-rio-grande/videos/t/edicoes/v/partiurs-garibaldi-se-destaca-pela-producao-organica/5473137/
16 http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/jornal-do-almoco/videos/v/partiurs-conheca-a-via-organica-o-novo -roteiro-de-garibaldi/5475892/
17 http://g1.globo.com/globo-reporter/videos/t/edicoes/v/jovem-faz-sucesso-produzindo-vinho-na-garagem -de-casa/5459824/
18 http://ucstv.com.br/Player2013/PlayerUCStv.html
19 Trade turístico são todas as entidades, instituições e integrantes públicos e privados do turismo.
20 O Festival de Turismo de Gramado é um evento de promoção, apoio e comercialização do turismo. Em novembro de 2016 ocorreu a 28ª edição do evento, que contou com 8.031 compradores. A expectativa é de que os negócios futuros gerados pelo evento cheguem a marca de R$ 253,3 milhões. www.festurisgramado.com.br
21 O Guia Brasileiro de Sinalização Turística é um manual de sinalização que apresenta meios para se garantir a eficiência e a segurança do sistema viário para os usuários das vias urbanas e rurais, direcionando-os e auxiliando-os a atingir os destinos pretendidos.
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