Revista: Turydes Revista Turismo y Desarrollo.
ISSN 1988-5261


PERFIL DE USUÁRIOS DE UM ESTABELECIMENTO TURÍSTICO (POUSADA SANTA ROSA) NO MUNICIPIO DE APIACÁS – MATO GROSSO (BRASIL): UMA ANÁLISE DO ECOTURISMO LOCAL

Autores e infomación del artículo

Alexander Stein de Luca*

Maria Aparecida Toledo Panoff**

Lucimar Rodrigues Vieira Curvo***

Sonia Biaggi Alves de Alencar****

Roberto César da Silva Campos****

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Brasil

ast.luca@gmail.com

RESUMEN: En las últimas décadas, hay un cresciente interés por el turismo, y uno de sus temas de mayor discusión es el ecoturismo, lo qual promueve actividades turisticas vueltas para la conservación hambiental y el desarrollo socio económico local. Una destas actividades es la pesca deportiva, conocida también como Pesque & Suelte, considerada como el deporte de mayor adhesión de la actualidad, y que ha aumentado su práctica nestes  ríos. Para obtener un conocimiento mayor sobre esta realidad y el grado de información que las personas tienen sobre educación y preservación hambiental, fue elegida la Posada Santa Rosa para la realización deste proyecto, que tuvo como objetivo, avaluar el perfil de sus clientes en relación al nivel socio económico cultural y sus preferencias en relación a las especies de los peces. En el período de agosto hasta noviembre del año de 2004, y en enero del año de 2005, fueron interrogados y/o entrevistados treinta y cinco individuos, involucrando ciudadanos de Alta Floresta y usuarios originários de otras regiones.

PALABRAS CLAVES: turysmo, ecoturysmo, recursos naturales, peces y pesca deportiva.

ABSTRACT: In the last decades, there is a growing interest in tourism and one of its most discussed segments is ecotourism, which promotes tourism activities focused on environmental conservation and local socio-economic development. The objective of this work was to identify activities in the context of sport fishing, also known as Pesque & Solte. A qualitative-quantitative approach was used to obtain data about this reality and the degree of information that the users of Pousada Santa Rosa have on education and environmental preservation. Evaluated the profile of its clients regarding socioeconomic-cultural level and their preferences regarding fish species. Thus, in the period from August to November 2004, and in January 2005, semi-structured interviews were applied in 35 (thirty-five) participants, involving tourists from Alta Floresta, in the state of Mato Grosso - Brazil And users from other regions of Brazil.

KEYWORDS: tourism, ecotourism, natural resources, fish and sport fishing.


Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Alexander Stein de Luca, Maria Aparecida Toledo Panoff, Lucimar Rodrigues Vieira Curvo, Sonia Biaggi Alves de Alencar y Roberto César da Silva Campos (2017): “Perfil de usuários de um estabelecimento turístico (Pousada Santa Rosa) no municipio de Apiacás – Mato Grosso (Brasil): uma análise do ecoturismo local”, Revista Turydes: Turismo y Desarrollo, n. 22 (junio 2017). En línea:
http://www.eumed.net/rev/turydes/22/pousada-santa-rosa.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/turydes22pousada-santa-rosa


1.  INTRODUÇÃO

O turismo enquanto modalidade de lazer e atividade econômica rentável em ascensão,  tem sido objeto de estudo em todos os segmentos da sociedade.
 Considera-se turismo, em seu sentido amplo, o processo por meio do qual se desempenham as mais variadas e harmônicas atividades, pelas iniciativas de órgãos públicos e privados, no sentido de incentivar e promover o deslocamento da pessoa física, individualmente ou em grupo, de sua residência habitual para outros locais do próprio país ou do exterior, em caráter transitório, objetivando não só a sua recreação, o seu desenvolvimento social, político, cultural ou religioso, mas também o desenvolvimento industrial, comercial ou econômico do país (UNWTO, 2008) ). 
Um dos segmentos do turismo é o ecoturismo, o qual, utiliza o patrimônio natural e cultural da região na qual está inserida a sua atividade. Vários autores o define de diferentes formas, porém, todos são unânimes no pensamento de que o ecoturismo, enquanto movimento de pessoas e utilização dos recursos naturais, deve ser planejado, respeitar a legislação ambiental vigente e ser economicamente sustentável. Portanto, faz-se necessário levantamento de dados que possam subsidiar o seu planejamento para que a sua execução seja responsável e, que haja integração e equilíbrio entre a atividade e a conservação ambiental. Até porque, somente dentro desta postura torna-se possível a continuidade da geração de bens e serviços, bem como da manutenção dos atrativos dos recursos naturais para as gerações futuras.
Para Ziffer (1989):

O ecoturista utiliza os recursos naturais e de vida selvagem de forma não predatória e contribui para a área visitada por intermédio de meios financeiros, ou com seu esforço pessoal, com o objetivo de beneficiar diretamente a conservação do local e o bem-estar econômico dos habitantes” (Ziffer, 1989).

A Carta de Québec, elaborada em maio de 2002, documento aprovado em 10 de junho do mesmo ano pelo Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP) e pela Organização Mundial do Turismo (OMT), estabelece recomendações para a implementação do ecoturismo no contexto do desenvolvimento sustentável, considerando seus impactos ambiental, econômico e social. Enfatiza que o ecoturismo, quando realizado de forma sustentável, constitui excelente oportunidade econômica para a população local e contribui para a conservação do ambiente; porém, reforça que qualquer atividade turística mal planejada e implementada, além de contribuir para o aumento da pobreza, degrada a paisagem, descaracteriza a cultura tradicional e reduz a qualidade da água, da vida silvestre e biodiversidade da área utilizada para o empreendimento (Iinstituto Ecobrasil).
Dentre tantas razões, o ecoturismo nasce da necessidade das pessoas se libertarem da opressão dos núcleos urbanos em busca de locais saudáveis onde possam desenvolver um lazer de contemplação da natureza e/ou praticar alguma atividade prazeirosa e sustentável, como é o caso da pesca esportiva.
A pesca esportiva como atividade econômica tem tido grande impacto na economia de diversos países e regiões, no que se refere à geração de renda e emprego, alavancando esse segmento turístico (StoeckL, Greiner, MayocchI, 2006; Albano; Vasconcelos, 2013; Silva, 2015).
Muito embora esteja em ascensão como segmento turístico, a pesca esportiva – apesar de considerada de baixo impacto – não está livre de críticas na literatura, pois a sua prática e gestão inadequadas podem vir a torná-la mais impactante do que outros tipos de pesca, pois na pesca esportiva as pessoas acabam buscando ecossistemas considerados “críticos” para as diversas fases do ciclo de vida e reprodução das espécies de peixes (Cooke; Cowx, 2004; Albano; Vasconcelos, 2013; Silva, 2015), além de permitir uma interação – mesmo que curta e sazonal – entre visitantes e os residentes locais.
Para Bartholo (2009) há uma densidade de olhares pode ajudar na compreensão do sentido de proximidade entre o elemento ‘comunidade’ e ‘visitante’, com a possibilidade de se apontar políticas e ações que favoreçam a materialização de vivências e experiências mútuas, dinâmicas, e inter-relações desejáveis, considerando-se a diversidade sociocultural de grupos humanos que habitam a Amazônia, sendo isso uma das matérias-primas para o fortalecimento das diferentes modalidades e práticas turísticas na região, em particular, aquelas que são alicerçadas pelos princípios da sustentabilidade e protagonizadas pelas comunidades..
Assim, a pesca esportiva, devido a sua relevância econômica e a sua prática em todas as camadas sociais, é considerada o esporte individual que mais cresce em todos os tempos, não somente na região citada acima, mas em todo o território nacional e/ou internacional que ofereça condições favoráveis ao seu exercício.
Segundo Barroso (2002) "Os peixes e as demais espécies geradas e desenvolvidas na água, e que nela se mantiveram, tornaram-se naturalmente integrantes, nas duas pontas da cadeia alimentar animal, não obstante a proteção do seu meio ambiente”
O praticante da pesca esportiva deve ter consciência e sensibilidade da legislação que a regulamenta (Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de l998), esta Lei a qual trata de crimes ambientais.
O turista usuário da Pousada Santa Rosa, objeto deste trabalho, geralmente é aficionado pela pesca e, em sua maioria, desloca-se dos grandes centros urbanos em busca da tranqüilidade da vida silvestre, da qualidade do ambiente natural e do prazer de pescar que a região oferece em grande escala.
A Pousada Santa Rosa é uma empresa constituída com a razão social Teles Pires Pousada Ltda, inscrita no CNPJ sob o nº 04.691.368/0001-02 e sujeita às normas do Ministério do Meio Ambiente e Embratur. Está há 15 anos em atividade, possui 21 (vinte e hum) leitos e emprega 12 (doze) funcionários no período de abril a outubro considerado como Alta Temporada, com lotação de 100% e permanência média de 05 (cinco) dias. Nos demais meses, tido como Baixa Temporada, o nº de funcionários cai para 03 (três) e a lotação para 30%, mantendo a média de permanência.
A pousada está situada a margem esquerda do rio Teles Pires, distante 280 km da cidade de Alta Floresta - MT (Brasil), próxima a confluência dos rios Santa Rosa e Teles Pires, no município de Apiacás – MT (Brasil). É um empreendimento voltado para a pesca esportiva e oferece aos seus usuários uma infra-estrutura de hotelaria completa (hospedagem, lavanderia e alimentação), guias, barcos e equipamentos de pesca.
Para conservar o ambiente natural no qual a pousada está inserida e melhorar a qualidade do atendimento ao cliente, faz-se necessário um conhecimento mais profundo do perfil sócio-econômico-cultural desta clientela. Na estimativa de que esse perfil seja heterogênio do ponto de vista cultural e, homogênio quanto ao enfoque sócio-econômico, espera-se uma percepção ecoturística aprimorada sobre a preservação dos recursos naturais.
O Objetivo deste estudo foi coletar e analisar dados sobre a Pousada Santa Rosa para subsidiar estudos que venham fornecer que o auxiliará não somente na melhora da qualidade de sua prestação de serviço, mas também no desenvolvimento de uma política de sensibilização sobre a necessidade de uma postura responsável e ecológica na utilização dos recursos naturais, direcionando as informações para a necessidade de coordenar o lazer proporcionado pela pesca com a conservação ambiental, sendo esta uma condição imprescindível para se evitar danos ambientais irreparáveis à região.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Turismo e Ecoturismo

O Ecoturismo tem crescido constantemente e agora é amplamente considerado como um subcomponente como maior crescimento no comércio de serviços do mundo (Wu & Carrasco, 2017).
Para Márquez et, al., (2016 p. 118);  Wu & Carrasco (2017) o ecoturismo surgiu nos finais da década de oitenta como resultado direto da aceitação mundial a favor de práticas produtivas mais sutentáveis e com menor impacto ao meio ambiente. Para tanto, o ecoturismo se configura como uma ferramenta que fomenta o desenvolviemento sustentável. Assim, por um lado, melhora o desenvolvimento socioeconomico da comunidades locais e das organizações e ainda melhora a conservação dos recursos naturais.
Para Ruschmann (1997), o turismo contemporâneo é um grande consumidor da natureza e, sua evolução ocorreu como conseqüência das pessoas procurarem fugir do tumulto dos centros urbanos, em busca da recuperação do equilíbrio psicofísico estando em contato com ambientes naturais durante o seu tempo de lazer. Ainda segundo a autora:

A vulnerabilidade de um atrativo ou local turístico depende da fragilidade dos ecossistemas que compõem o meio e, para preservar sua integridade é preciso delimitar a capacidade de carga que este pode suportar sem comprometer as características que originaram sua atratividade.
Salvati  (S/D) o turismo, com sua força econômica, não pode deixar de ser visto sob o prisma da sustentabilidade. Mas a discussão sobre os impactos do turismo no ambiente e nas culturas locais é complexa e ainda inicia-se o desenvolvimento de metodologias e experimentos que analisem todos os seus aspectos.
Neste sentido, a Organização Mundial do Turismo (OMT), juntamente com o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) e a entidade Earth Council, vêm procurando orientar o mercado para um melhor posicionamento frente aos problemas que o desenvolvimento do turismo vem causando em nível global; e, entendem que:

o turismo sustentável é aquele que busca as necessidades dos turistas enquanto protege e incrementa as oportunidades para o futuro, por meio de produtos que são operados em harmonia com o meio ambiente local, comunidades e culturas, de modo que estas tornem-se as grandes beneficiárias, e não, as vítimas do desenvolvimento do turismo.
O ecoturismo, um dos principais segmentos da atividade turística, deve abranger em sua conceituação, a dimensão do conhecimento da natureza, a experiência educacional interpretativa, a valorização das culturas tradicionais locais e a promoção do desenvolvimento sustentável (Instituto EcoBrasil). De acordo com o Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo e do Ministério do Meio Ambiente e Amazônia Legal, o ecoturismo é conceituado como:

O segmento da atividade turística que utiliza de forma sustentável o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do meio ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas.

2.2 Pesca Esportiva

A arte de pescar remonta dos primórdios da história, em milhares de anos, onde todos os povos e gerações fizeram uso do peixe como fonte de alimento; e, em toda a evolução do homem, a pesca não se manifesta apenas como uma modalidade econômica, mas também de lazer. Segundo Zimmerman (1951: p.15) "os recursos não são, eles se tornam; não são estáticos, mas se expandem e se contraem em resposta às ações humanas”.
Segundo o texto Regras para Pescar & Soltar, da Equipe Pescarte a pesca esportiva foi introduzida e dinamizada por Lee Wulff, a partir de 1940, nos Estados Unidos da América; e aqui no Brasil, encontrou na pessoa de Rubinho Almeida Prado a sua principal forma de defesa e de propagação entre os pescadores brasileiros.
Ainda no mesmo texto, é citado que estudos econômicos revelaram que o peixe vivo, economicamente vale mais que o seu quilo morto no mercado de consumo alimentar. A pesca esportiva então deixou de ser apenas diversão para se transformar em atividade lucrativa aos empreendimentos turísticos e aos fabricantes de equipamentos de pesca. Mas, o Pesque & Solte, como é denominada esta modalidade esportiva, ainda carece de pesquisas científicas quanto à sua matéria-prima que é o peixe, e de uma legislação que realmente garanta a sobrevivência das espécies. “O Pesque & Solte, para ser levado à prática como forma de preservação das espécies selvagens, necessita de conhecimento e aprendizagem. Em verdade, respeito à natureza, consciência de preservação ambiental e amor pelos peixes (tomado como um parceiro imprescindível do esporte) dinamicamente se misturam para acionar a totalidade do processo”. (Pescarte, S/d)
Cada vez mais, aumenta os adeptos do Pesque & Solte, despertando o interesse de empresários que estão investindo nesta prestação de serviços. O esporte que ontem significava acampar em barracas às margens dos rios, hoje dispõe de uma infra-estrutura de pousadas e barcos-hotéis com todo o conforto oferecido por hotéis 5 estrelas nos centros urbanos.
A pesca esportiva tem como produto principal o peixe, portanto, mantê-lo vivo é essencial para que o negócio prospere, pois, se não houver matéria-prima, não haverá mercado. Mesmo assim, polêmicas e/ou contradições existem a respeito da prática deste esporte sem que haja risco para a preservação das espécies; inclusive porque até o período de defeso ou piracema, que na língua tupi significa “saída para a desova”, que visa a proteção da desova e reprodução dos peixes, nem sempre é respeitado, ocorrendo a insubordinação na prática da pesca predatória e a negligência na fiscalização pelos órgãos governamentais competentes. O Defeso da Piracema é determinado pela DECRETO Nº 8.424/2015, com a colaboração de órgãos estaduais do meio ambiente, Intituições de pesquisa e associações envolvidas com a atividade pesqueira em cada bacia hifrográfica Brasileira (ICMBio, 2016)
            Por outro lado, a pesca esportiva se gerenciada com responsabilidade, promove o aprimoramento de mão-de-obra especializada como os guias de pesca que ensinam o cliente a utilizar corretamente os equipamentos de pesca; os piloteiros que conduzem o pescador ao local da pesca; e, todo o envolvimento da infra-estrutura de hotelaria. A pesca esportiva pode ser um bom atrativo para regiões que estão investindo no turismo, e ainda não definiram sua vocação, porém estão situados próximos a grandes rios, represas e lagos. Onde habitam uma ou mais espécies de peixes esportivos, estes locais de pesca devem estar preservados e mantendo se possível, suas características naturais; matas ciliares e curso original dos rios.
            O Brasil possui potencial para ser o maior pólo ecoturístico do mundo, mas se uma definição mais rígida nas regras que normatizam as atividades de exploração dos recursos naturais não forem estabelecidas e respeitadas, provavelmente, a nossa realidade do futuro será incontestavelmente de perdas e danos. A filosofia é: “não mate nada a não ser o tempo; não tire nada do lugar a não ser fotos; não deixe nada a não ser pegadas; não leve nada a não ser recordações” (Corrêa, 2003).

2.3 Cuidados com os Peixes

            Segundo as culturas adotadas por pescadores no Brasil da prática do Pesque & Solte exige, no mínimo, alguns procedimentos básicos na manipulação e soltura dos peixes, tais como:

a) manter o peixe dentro d’água durante a tarefa de remoção dos anzóis;
b) utilizar alicates apropriados para executar a remoção dos anzóis e, se o anzol estiver fisgado profundamente, o melhor a fazer é cortar a linha, pois os ácidos estomacais dissolvem o anzol em pouco tempo;
c) usar equipamento apropriado ao porte de cada tipo de peixe – é recomendável que o peixe, após ser fisgado, seja trazido o mais rapidamente possível para a terra ou barco para que seja menor o stress que a luta da captura promove no peixe, a qual libera ácido láctico em sua musculatura; e, a sua soltura deve ocorrer em menor tempo possível;
d) manusear o peixe o mínimo possível, com as mãos molhadas e o mais gentilmente; assim, estará ajudando a manter o muco que recobre o corpo e que protege o animal contra infecções;
e) nunca envolver o peixe com pano ou outro material, sendo que, a melhor maneira de segurá-lo é na posição horizontal;
f) evitar tocar nas brânquias do peixe, pois, esta é uma região vital e extremamente sensível;
g) não jogar o peixe na água, pois o impacto pode causar alguma lesão em seus órgãos internos como num tombo; o mais recomendável é colocá-lo delicadamente na água e mantê-lo parado até que se recupere, evitando o movimento para frente e para trás, pois este movimento em nada ajuda na sua reoxigenação e ainda aumenta o stress;
h) antes de liberar o peixe, verificar as suas condições e mantê-lo na água durante alguns segundos, até que ele possa sair nadando por suas forças (Dados de Pesquisa)..

3.  MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Área de Estudo

A Pousada Santa Rosa está localizada no município de Apiacás, no estado Brasileiro de Mato Grosso, estremo norte do Brasil, na divisa com o estado do Pará, entre as Coordenadas Geográficas  S08º49.109’/W057º 19.750’. O acesso por via terrestre e fluvial ou por via aérea (Figura 1).

            Ainda segundo IBGE (2016b) o município de Apiacás - MT, onde se localiza a Pousada Santa Rosa, possuí uma população estimada em 2016 de 9.551 habitantes, distribuida emmuma área territorial de 20.337.499 km2 , apresentando uma densidade demográfica de 0,4 hab/ km2.

3.2 Metodologia

A coleta de dados deste trabalho foi feita no período de agosto a novembro do ano de 2004, e em janeiro de 2005, através de entrevistas semi-estruturadas de acordo com os pressupostos metodológicos de Alves (19920. Utilizou-se inicialemnte como público alvo o pessoal administrativo e de apoio da pousada para a obtenção de dados sobre a infraestrutura local; As entrevista com os usuários da Pousada Santa Rosa,  no hangar da Jato Aerotaxi Ltda ou no Hotel Lisboa Palace quando vindo de outra região.
O Universo amostral desta pesquisa abrangiu 35 (trinta e cinco) usuários. Preocupou-se em coletar dados referentes ao perfil (faixa etária, origem, nível sócio-econômico-cultural), a consciência ecológica e a freqüência com que a pousada é utilizada. A análise dos resultados é dada pelo percentual da amostragem dentro de cada questão levantada.

4.  RESULTADOS E DISCUSSÕES

A coleta de informações para se efetivar um delineamento do perfil sócio-econômico-cultural do usuário da Pousada Santa Rosa, da consciência ambientalista que ele possuí e do grau de satisfação manifestada quanto ao empreendimento e aos recursos naturais do local. Evidenciou-se que a faixa etária predominante dos entrevistados é a que está entre 35 a 50 anos, abrangendo 13 pessoas,  representando 37,16% da amostragem; 11 usuários tem entre 51 a 60 anos, representando 31,42%; Detectou-se 08 usuários acima dos 60 anos, representando 22,85%; e 03 indivíduos entre 18 a 25 anos, detendo apenas 8,57%. (Figura 1)

Quanto ao sexo, a pesquisa revelou que a parcela masculina detém a maioria absoluta, representada por 29 homens, equivalente a 82,86% da amostragem, contra 06 mulheres, o que representou 17,14% dos usuários da pousada (Figura 2).

Quanto ao estado civil os indivíduos casados são em número de de 24 representam a maioria, detendo 68,57% da amostragem; seguido dos solteiros e divorciados que apresentaram a mesma quantidade sendo 04 para cada estado civil, significando um total de 22,86% da amostragem; e apenas 03 (três) viúvos representando 8,57% do total dos usuários entrevistados (Figura 3).

            A análise do Grau de escolaridade dos usuários identificou-se que  22 indivíduos possuem escolaridade de nível superior, sendo 10 graduados, 04 com pós-graduação, 06 com mestrado e 02 doutorados; os usuários com o nível médio são 12 e apenas 01 com ensino fundamental, conforme demonstração abaixo (Tabela 1).

Os resultados desta pesquisa revelam uma enorme variedade dos profissionais de nível superior e também uma parcela considerável de indivíduos sem profissão definida. Isto ocorre principalmente com os usuários com escolaridade de nível médio que, quando proprietários de estabelecimentos comerciais de bens ou serviços se intitulam como “empresários”; Já os indivíduos entrevistados que ocupam cargos em órgãos do governo, se posicionam enquanto profissionais na qualificação de “funcionários públicos”. Os resultados ainda indicam a presença de um elemento que não participa da considerada força produtiva de trabalho, que é a insubstituível profissional “do lar”. Esta variação profissional pode ser observada abaixo (Tabela 2).

Quanto à ocupação, a amostragem revela uma maioria para os cargos de gerência, chefia e diretoria, seguido pelo de proprietário que, normalmente, também exerce a posição de diretor na empresa. Estes e os demais cargos estão abaixo representados (Tabela 3). Apesar de “funcionário público” não ser considerado um cargo ou função, foi assim que alguns elementos da amostragem se identificaram.

Em relação à localidade onde residem, os dados coletados demonstaram que a maioria dos entrevistados é oriunda da região Sudeste, detendo 65,73%, sendo que o estado de São Paulo apresenta a maior procedência com o número de 13 usuários; seguido por Minas Gerais com 09 usuários e Rio de Janeiro com 1; a região Centro Oeste apresenta com 28,57%, destacando o estado de Mato Grosso com 10; a região Sul e a Norte apresentam 1 indivíduo cada uma, sendo 01 oriundo do estado do Paraná e outro do Pará; as demais regiões brasileiras não tiveram expressão (Figura 4).

Os dados indicam um nível econômico com maioria acima de 41 salários, sendo que 25,72% dos indivíduos apresentaram renda acima de 50 salários; 40,00% dos indivíduos com renda entre 41 a 50 salários. As faixas salariais de até 10 salários, de 11 a 20 salários e 31 a 40 salários, apresentaram 3 indivíduos cada uma, o que representa 8,57 da amostragem por faixa salarial. A faixa entre 21 a 30 salários obteve 5,72% da amostragem com 02 indivíduos; e, apenas uma pessoa não possui renda própria, o que significa 2,85% da amostragem (Figura 5).

Devido à distância da pousada em relação à cidade de Alta Floresta e a precariedade da malha rodoviária, o transporte aéreo detém a maioria absoluta, sendo utilizado por 31 usuários, o que significa 88,57% e apenas 4 usuários da região de Alta Floresta é que utilizaram a via terrestre e fluvial para se deslocarem até a Pousada, o equivalente a 11,43% dos entrevistados (Figura 6).

                      Como na região há várias pousadas que tem a cidade de Alta Floresta como ponto de apoio, quase todos os turistas vindos de outras localidades passam necessariamente pela cidade. Assim, algumas pessoas já vieram mais de uma vez a Alta Floresta, sem que necessariamente tenha sido para irem à Pousada Santa Rosa (Figura 7).
Como dissertado no item anterior, o número de vindas à Alta Floresta de um mesmo indivíduo pode não ser igual ao número de idas à pousada  objeto deste trabalho. Assim, dentre os entrevistados, 15 pessoas estavam indo pela primeira vez à pousada, representando 42,86%; 12 estavam retornando pela segunda vez, detendo 34,28%; 03 usuários completavam sua terceira visita ao local, numa representatividade de 8,57% e 05 apresentaram uma freqüência acima de quatro vezes, o que significa o percentual de 14,29% da amostragem, estes inclusive, todos moradores de Alta Floresta (Figura 8).

Os motivos e/ou atrações que incentivaram a procura pela Pousada Santa Rosa foram variados, inclusive, todos os indivíduos da amostragem apontaram mais de uma razão para optarem pelo local. No item outros, os motivos mais citados foram a possibilidade de estar em contato com a natureza, o poder contemplar um ambiente selvagem, conhecer um lugar diferente, curtir o prazer e a descontração de estar com amigos e até mesmo fazer um “passeio de índio” (Figura 9).

Os veículos através do quais os usuários tomaram conhecimento da Pousada Santa Rosa foram variados. No entanto, a grande maioria dos indivíduos ficaram sabendo da existência deste local através de amigos, representando 62,26% da amostragem; 24,55%  foi através de folders; 7,54% via internet;  3,77% através de agências de viagens; apenas 1,88% teve como via de informações revistas e ou jornais (Figura 10).

 Os dados coletados demonstram que, apesar da pousada estar voltada para a prática da pesca esportiva, 05 indivíduos, representando 14,28% da amostragem, não são praticantes deste esporte e se deslocaram ao local para conhecer um lugar diferente dos centros urbanos, curtir a natureza e estar com amigos. Os outros 30 elementos, representantes de 85,72% da amostragem, são praticantes e consideram a pesca como o lazer mais prazeroso oferecido pela natureza (Figura 11).

Dentre os turistas entrevistados, 07 praticantes da pesca esportiva normalmente a fazem uma vez por ano em lugares distantes de sua origem, no período de férias no trabalho; 10 a praticam duas vezes por ano, podendo ser uma em localidade distante no período de férias do trabalho e outra aproveitando algum feriado em localidade próxima à cidade em que residem; 02 elementos têm uma freqüência anual de três vezes, na mesma circunstância anterior; 11 pescam quatro ou mais vezes por ano; e, 05 não tem o hábito de pescar.
Um dado coletado interessante é que todos os indivíduos moradores de Alta Floresta e participantes da amostragem estão inclusos no grupo de quatro ou mais (Tabela 4).

Todos os indivíduos da amostragem manifestaram preferência por mais de uma espécie de peixe, no entanto os que apresentaram maior indicação foram: piraíba, jaú, pintado, cachara e pirarara (Tabela 5).

A grande maioria dos indivíduos da amostragem foi à pousada na companhia de amigos, outros de amigos e familiares e apenas um participava do grupo por intervenção de agência de viagem (Figura 12).

Quanto a qualificação foram selecionados 08 (oito) itens para que a pousada fosse  avaliada por sua clientela  (Tabela 6).

Quanto ao grau de satisfação do usuário em relação à sua expectativa sobre a pousada, os dados revelam que 30 indivíduos, representando 85,72% da amostragem se sentiram satisfeitos com a estrutura que encontraram na pousada e maravilhados com o cenário natural da região. Apenas 05 turistas, representando 14,28%, esperavam um pouco mais do que realmente encontraram, e assim mesmo, se referiam às opções de lazer, tais como, trilhas e sala de televisão e jogos (Figura 13).

Sobre a interferência da pesca esportiva no comportamento dos peixes, os dados levantados mostram uma minoria de indivíduos, apenas 03 elementos, representando 8,57% , que acreditam na interferência negativa da pesca no comportamento dos peixes e até mesmo se preocupam com a sobrevivência das espécies; alguns usuários, também em nº de 03, significando 8,57% dos entrevistados, não souberam avaliar por não se sentirem capacitados e/ou por não terem conhecimento científico sobre o assunto; 15 indivíduos, ou seja, 42,85% da amostragem, tem a opinião de que a pesca esportiva não interfere no comportamento e na sobrevivência das espécies; e, 14 entrevistados, correspondendo a 40,00% da amostragem, acham que somente há interferência se o peixe for manipulado de forma incorreta. No entanto, este último grupo não soube dissertar sobre o assunto (Figura 14).

Quanto às sugestões ao empreendimento, os usuários da pousada indicaram várias alternativas que poderão contribuir para melhorar a estrutura do local e incentivar a alta da permanência na região, mas quase todos sugeriram que a conservação da natureza como ela se encontra deve ser sempre a maior prioridade do empreendimento (Tabela 7).

Em relação a opinião sobre Ecoturismo e Educação Ambiental não houve definições ou conceitos, apenas que os dois itens são necessários, e que, ecoturismo não pode ser feito sem a presença da educação ambiental, a qual deve deixar de ser  sensacionalista e se direcionar ao esclarecimento maciço sobre as espécies e o seu papel dentro do meio ao qual pertencem, sensibilizando os indivíduos para o respeito pelo ambiente natural dessas espécies. Para alguns indivíduos da amostragem, somente com esclarecimento e/ou cultura, o ecoturismo poderá continuar sendo a opção de lazer mais prazerosa e gratificante para o cidadão dos grandes centros urbanos.
Dentre os indivíduos da amostragem, 16 (dezesseis) além de responderem ao questionário, também foram entrevistados. Ao ser feita a pergunta se educação ambiental garante a conservação dos ecossistemas inseridos nas áreas de lazer, quase todos afirmaram que sim, porém, foram evasivos na colocação de como isto acontece. Em relação a prática da pesca esportiva com garantia de preservação do meio ambiente, as respostas mais coerentes ao assunto foram: a) utilizar profissionais qualificados na área de ecologia e preparados para atuar junto ao praticante da pesca; b) pescar de maneira correta, com uso adequado de equipamentos e conhecimento das peculiaridades de cada espécie, e; c) aplicar na prática, os conhecimentos adquiridos.
Poucos usuários declararam que a preservação não está garantida, porém, opinaram que com conhecimento e utilização de métodos adequados, a degradação pode ocorrer em menor escala e, conseqüentemente, os paraísos ecológicos ainda se manterão para agraciar as futuras gerações.
Em relação ao exercício da pesca em outras regiões, os que a praticam o fazem em lugares diversos, tais como: Pantanal,  Rio São Benedito, Rio Juruena, Rio Piracicaba, Rio Araguaia, Rio da Pedras, e Rio Tapajós.
Quanto a atitude individual de cada um para ajudar a não poluir o rio, todos foram unânimes quanto a coleta do lixo, ressaltando a importância de não jogar qualquer resíduo dentro do rio ou deixar em suas margens.
Sobre a contribuição da pesca esportiva na preservação das espécies, a maioria dos entrevistados afirmou que a devolução do peixe ao rio é o suficiente para promover a sua reprodução e, com isto, a sobrevivência da espécie. Poucos se mostraram preocupados com a possibilidade do peixe morrer após ser fisgado e, portanto, machucado.
Para os indivíduos da amostragem, a opção pela Pousada Santa Rosa em primeira instância foi promovida pelo convite de amigos, mas para os que retornaram, o fizeram pelo prazer de poderem estar em um paraíso natural, como é considerada a região.

 5. CONCLUSÃO

Em plena era de questionamentos e debates sobre preservação e conservação da natureza e de toda a divulgação ecológica sobre o aproveitamento dos recursos naturais de forma responsável e sem destruição, a sociedade capitalista continua se apropriando desses recursos, uns para comercializar e outros para usufruir, explorando-os sem muito critério ou conhecimento científico sobre o ecossistema no qual está inserido o empreendimento, colocando em risco a sobrevivência das espécies e o suso sustentável dos recursos naturias..
Quanto a Pousada Santa Rosa, após análise dos resultados através dos dados obtidos foi possível averiguar que a sua clientela retorna entusiasmada vislunbrando a belza da naturezau, tendo envolvido o local com tanta harmonia natural. Inclusive, denominam a região de “paraíso ecológico”.
De um modo geral os ususários entrevistados pensan que é preciso conservar a singularidade da área, mas poucos souberam dissertar ou sugerir uma fórmula, ou mesmo, apontar mecanismos que devam ser utilizados no processo de conservação da região para que ela possa continuar sendo uma geração de bens e serviços, de lazer e de reflexão;  principalmente, no que diz respeito a pesca esportiva que é o produto oferecido pelo empreendimento.
Assim, faz-se necessário a busca de um conhecimento maior sobre os impactos que este esporte proporciona ao comportamento e na reprodução dos peixes e demais indivíduos que façam parte deste ecossistema; o que infelizmente, carece de informação literária.
O perfil sócio-econômico-cultural do usuário da pousada aponta uma diversidade de profissionais, mas com padrão financeiro equivalente à classe média-alta; e, com indivíduos profissionalmente definidos e economicamente estabelecidos. Este resultado já era esperado, até porque a pesca esportiva exige investimento de hotelaria e uma infra-estrutura adequada a pratica deste esporte, o que conseqüentemente, envolve alto custo operacional.
Quanto a consciência ambientalista, percebe-se que ainda há um caminho à percorrer, tanto por parte dos empreendedores quanto dos usuários.Assim entende-se que  toda a sociedade em geral possa continuar usufruindo dos recursos naturais sem medo de que eles não mais existam para as gerações futuras; ou ainda, para que tenhamos a garantia de que não seremos assolados por catástrofes, como uma resposta da natureza pelas ações desordenadas de ocupação e uso realizada pela espécie humana em nosso planeta.

6.  REFERÊNCIAS  BIBLIOGRÁFICAS

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* Doutor em Ciências pela Universidade Federal de São Carlos/SP (Brasil). Professor de Educação Básica, Técnica e Tecnológica. Orientador de Cursos Lato Sensu a nível de pós-graduação (especialização) na área de concentração e Ecoturismo e Educação Ambiental.

** Ex-aluna do curso de Especialização do Curso de ecoturismo e Educação Ambiental da Universidade do Estado de Mato Grosso, Instituto de Ciências Naturais e Tecnológicas - Alta floresta/MT (Brasil).

*** Docente na área de Biologia/Meio Ambiente. Mestre em Ecologia e Produção Sustentável pela PUC/GO. Pesquisadora na Área socioambiental.

**** Mestre em Ensino de Ciências Naturais pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e em Ciências da Educação pela Universidad Tecnológica Intercontinental (PARAGUAY).

***** Mestre em Ciências Ambientais pela Universidade de Cuiabá/MT. Pesquisador do IFMT na área socioambienta.


Recibido: 06/04/2017 Aceptado: Junio de 2017 Publicado: Julio de 2017

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